PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

SIMPLES SERVOS

 

10 de novembro de 2020


EVANGELHO

Lc 17,7-10

Naquele tempo, disse Jesus: 7“Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa para a mesa?’ 8Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso poderás comer e beber?’ 9Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado? 10Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”.


MEDITAÇÃO

Quando vocês tiverem feito tudo o que lhes mandaram, digam: ‘Somos servos inúteis’ (Lc 17, 10)
Todo mundo adora elogios, não é verdade? Ficamos felizes quando nosso trabalho é reconhecido, valorizado. Reconhecimento é importante. Mas, há quem, a custa de elogios nem sempre verdadeiros, viva na fantasia de ser insubstituível; ou de ser o supra sumo da perfeição no que faz. Puro engano. Sempre se pode melhorar, evoluir. E ninguém é insubstituível.
No evangelho de hoje, Jesus trata exatamente desse assunto, aplicando o ensinamento sobretudo às nossas tarefas na comunidade. Ele conta a parábola do patrão e do servo. Na história, retrata como era a relação patrão-servo no seu tempo e tira daí ensinamentos importantes. O servo trabalha no campo, planta e cuida dos animais. Ao voltar do serviço, no fim do dia, o patrão solicita que prepare o seu jantar e o sirva. Só depois, é o que o servo vai poder jantar e descansar. Dessa cena que se repetia na sociedade do seu tempo, Jesus tira uma lição: “Vocês, também, quando tiverem feito tudo o que lhes mandaram, digam: ‘Somos servos inúteis. Fizemos o que devíamos fazer’”.
Quem é o servo? Você. Nós. Servimos a quem? Bom, o nosso primeiro senhor é Deus. Então, podemos pensar: Somos servidores de Deus. E uma coisa podemos aprender com o empregado da parábola. Como servo de Deus, devo colocar os interesses do meu Senhor acima dos meus. Devo dar prioridade às coisas de Deus em minha vida. Agora, você sabe, nem sempre acontece assim. Muita gente pensa primeiro em si, em seus interesses, em seu final de semana.... Depois, em Deus, se sobrar um tempinho, se ainda estiver com disposição. Buscar o Reino de Deus em primeiro lugar, e tudo o mais nos será dado em acréscimo, ensinou Jesus. Neste sentido, servir é uma atitude de fé, porque damos a Deus o primeiro lugar.
Mesmo cuidando diligentemente dos interesses de Deus nosso Senhor, nunca podemos pensar que com o nosso trabalho adquirimos direitos sobre os dons de Deus. O dom de Deus, sua bênção, a sua graça, a redenção em Cristo nos são dados, não porque merecemos pela nossa santidade ou por nossas obras, mas porque Deus é bom e misericordioso. O apóstolo Paulo lembrou que, sem merecimento algum de nossa parte, enquanto ainda éramos pecadores, ele veio ao nosso encontro com o dom da salvação em Cristo. Neste sentido, nosso muito trabalho, nossas numerosas e beneméritas obras são apenas respostas do nosso amor, gratidão pelo bem que ele fez em nosso favor.
Nós também somos servidores dos outros. E servimos com nosso exemplo, as tarefas que desempenhamos, nosso serviço profissional. Somos servos dos outros, não patrões, nem senhores. O maior é o servidor de todos, ensinou Jesus. Como servos, nossa alegria é servir. Quem não vive para servir, não serve para viver, dizia Dom Hélder Câmara. Maria, depois de ter recebido a boa notícia do anjo que seria a Mãe do Salvador, colocou-se nas mãos de Deus, dizendo: “eu sou a serva do Senhor”. E logo, viajou pelas montanhas de Judá, para servir a Izabel. Servir é a marca do cristão.
Guardando a mensagem
Na parábola do senhor e do servo, Jesus quis que aprendêssemos lições importantes. A parábola não justifica a desigualdade que vemos em nossa sociedade, é apenas um retrato da realidade a partir da qual Jesus está transmitindo suas belas lições de vida. A primeira lição é que, em nossa relação com Deus, devemos, como servos, colocar seus interesses em primeiro lugar. Uma segunda lição é que, de verdade, a graça de Deus é um dom do alto, não é uma conquista de nossa bondade ou de nossas obras. Nosso serviço é um sinal de gratidão, é uma resposta de amor ao amor de Deus que já nos alcançou, sem merecimento de nossa parte. Uma terceira lição é que somos também servidores dos irmãos. Nossa grande alegria é servir. Neste sentido, seja na relação com Deus, seja na relação com os irmãos, toda tentação de vaidade, de presunção, de vanglória pelo que se fez é pura ilusão. Somos servos. Nossa grandeza é sermos servos de Deus e dos irmãos.
Quando tiverem feito tudo o que lhes mandaram, digam: ‘Somos servos inúteis’ (Lc 17, 10)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Somos servos. É verdade que não somos tão inúteis assim. Mas, de verdade, nosso muito trabalhar não compra a tua graça. Ela nos vem por tua infinita misericórdia. Naquela história que contaste, o fariseu, no Templo, gabou-se de ser praticante e muito santo. Não reconheceu, como o publicano, que era um servo inútil, sem merecimento. Não saiu abençoado, como se podia esperar. É verdade, Senhor, precisamos aprender a humildade, para realizar bem nossos trabalhos, nossos compromissos, sem nos deixar levar pela vaidade, pela presunção, querendo barganhar contigo. Somos simples servidores. Nossa grandeza é estar a serviço do nosso Deus e dos nossos irmãos. Seja o teu santo nome bendito, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Foque em uma de suas tarefas de hoje. Procure fazer bem feita essa tarefa. Como servidores, nossa alegria é realizar bem nossa missão, fazer bem feito o que tem que ser feito.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O TEMPLO DE DEUS


09 de novembro de 2020

EVANGELHO

Jo 2,13-22

13Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. 14No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. 15Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. 16E disse aos que vendiam pombas: “Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!” 17Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: “O zelo por tua casa me consumirá”. 18Então os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agir assim?” 19Ele respondeu: “Destruí este Templo, e em três dias o levantarei”. 20Os judeus disseram: “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu o levantarás em três dias?” 21Mas Jesus estava falando do Templo do seu corpo. 22Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra del
e.

MEDITAÇÃO

 Destruí este Templo, e em três dias o levantarei (Jo 2, 19)

Hoje, a Igreja está celebrando o aniversário de dedicação da Catedral de Roma, a Basílica do Latrão. A dedicação de uma Igreja é sempre uma festa. Unge-se o altar com óleo e as paredes da Igreja também. A igreja-de-pedra é uma representação da igreja-comunidade, templo de Deus. De fato, na carta de São Pedro, está escrito: “quais outras pedras vivas, vocês também se tornam os materiais deste edifício espiritual, um sacerdócio santo, para oferecer vítimas espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo" (1 Pr 2, 5). Os fieis em Cristo são pedras vivas desse Templo espiritual, um sacerdócio santo para oferecer sacrifícios do agrado de Deus. A igreja é o templo vivo de Deus.


Jesus estava chegando para celebrar a páscoa em Jerusalém. Nesta páscoa, ele seria imolado em sacrifício, na cruz. Ele entrou no Templo. E viu um bocado de coisa errada. O Templo de Deus, o único templo erguido em Israel, foi construído para ser um sinal da presença de Deus no meio do seu povo e para ser um local de encontro do povo fiel com o seu Deus. No Templo, o povo, em sinal de gratidão e adoração, oferecia sacrifícios e louvores. Aquele povo tinha uma história com Deus. Tinha sido libertado por ele do cativeiro do Egito, celebrado uma aliança com o Senhor, caminhado por 40 anos no deserto sob sua proteção e tomado posse da terra que ele prometera aos pais. O Templo era o testemunho de tudo isso. E a páscoa era a grande festa para lembrar aquele gesto maravilhoso que Deus tinha realizado em favor daquele povo: tirá-lo da escravidão e constituí-lo um povo livre, naquela terra.


E o que Jesus viu no Templo? Jesus viu o Templo entregue aos interesses de uma elite manipuladora, que instrumentaliza o Templo em favor dos seus interesses econômicos e políticos. A sede do Sinédrio que o condenou era lá. Lá, mandavam os saduceus, beneficiados pela dominação romana em seus negócios e em sua liderança. Jesus viu um Templo que perdeu a razão para a qual existia: ser um lugar de encontro da comunidade de Israel com o Deus dos seus pais, o Deus de sua história.


Como Jesus reagiu? Primeiro, ele expulsou os comerciantes que vendiam animais para os sacrifícios ou faziam o câmbio das moedas, no interior do Templo. Foi uma forma de reagir à má utilização que os líderes estavam fazendo do Templo. Segundo, ele disse, com todas as letras que ele é quem era o Templo de verdade. De fato, em Jesus encontramos e honramos o Pai que o enviou. É no seu corpo entregue e no seu sangue derramado, o único sacrifício que agora conta, que somos reconciliados com Deus. É só por meio dele que chegamos ao Pai. Ele é o Templo de verdade. Foi assim que ele disse: “Destruam esse Templo e eu o construirei em três dias”. De fato, foi isso que aconteceu. Eles destruíram o templo do seu corpo, pela cruel morte de cruz, mas Jesus ressuscitou ao terceiro dia. Mas, isto, claro, ninguém ali na hora entendeu.


Guardando a mensagem


Celebramos hoje o aniversário de dedicação da Catedral de Roma. Como é o Templo que representa todos os outros templos do cristianismo, todos nos alegramos nessa festa. E recordamos que o verdadeiro templo é a comunidade dos fiéis, o povo batizado, a Igreja. O templo-de-pedra representa a comunidade-povo-de-Deus. E nos lembramos de Jesus que, no tempo da páscoa, entrou no grande Templo de Jerusalém e, depois de ter expulsado os vendedores de animais e os cambistas, apresentou-se como o verdadeiro Templo. Ele é o sacerdote que oferece o sacrifício de sua própria vida, sacrifício que, de verdade, agrada a Deus e com ele nos reconcilia. Jesus é o templo de verdade.


Destruí este Templo, e em três dias o levantarei (Jo 2, 19)


Rezando a palavra


Senhor Jesus,

Gostamos muito de nossas igrejas, de nossos templos. Nem sempre nos lembramos que mais importante do que as paredes de pedra são as pessoas que formam a igreja viva, a comunidade santa, o povo de Deus. Claro, Senhor, precisamos zelar por nossas igrejas-templo, para que elas estejam sempre limpas, bonitas, acolhedoras. Mas, mais amor e maior cuidado precisamos ter com a comunidade dos cristãos que ali se reúne. E somos templo porque estamos unidos a ti, Templo vivo de Deus, pedra que os construtores rejeitaram, mas que tornou-se a pedra angular. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra


Muita gente ainda guarda o bom costume de, ao cruzar por uma igreja, benzer-se, saudando Jesus que lá está, sacramentalmente, no sacrário. Se tiver oportunidade hoje, faça o mesmo. E pense neste evangelho ... Você também é uma pedra viva do maravilhoso templo que é Cristo e sua Igreja.


Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

NÃO DEIXE A LAMPARINA APAGAR



08 de novembro de 2020


EVANGELHO

Mt 25,1-13

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos esta parábola: 1“O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo. 2Cinco delas eram imprevidentes e as outras cinco eram previdentes. 3As imprevidentes pegaram as suas lâmpadas, mas não levaram óleo consigo. 4As previdentes, porém, levaram vasilhas com óleo junto com as lâmpadas. 5O noivo estava demorando, e todas elas acabaram cochilando e dormindo. 6No meio da noite, ouviu-se um grito: ‘O noivo está chegando. Ide ao seu encontro!’ 7Então as dez jovens se levantaram e prepararam as lâmpadas.

8As imprevidentes disseram às previdentes: ‘Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando’. 9As previdentes responderam: ‘De modo nenhum, porque o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós. É melhor irdes comprar dos vendedores’. 10Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou, e as que estavam preparadas entraram com ele para a festa de casamento. E a porta se fechou.

11Por fim, chegaram também as outras jovens e disseram: ‘Senhor! Senhor! Abre-nos a porta!’ 12Ele, porém, respondeu: ‘Em verdade eu vos digo: Não vos conheço!’ 13Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia nem a hora”.

MEDITAÇÃO


O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo (Mt 25,1)

O evangelho de hoje conta a história de cinco moças que foram barradas numa festa, numa festa de casamento. E o mais chato, sabe o que foi, é que elas eram pajens do noivo, faziam parte de um grupo que acompanharia o ingresso do noivo na cerimônia. Eram dez moças que iriam acompanhar a entrada do noivo... olha que história!

Bom, dez jovens estavam aguardando a hora de entrar com o noivo na festa do casamento. Cada uma com sua lâmpada de óleo na mão. O noivo demorou a chegar. Elas acabaram cochilando e dormindo. Acordaram com alguém gritando: “o noivo está chegando!”. Foi aquele alvoroço. Apareceu logo um problema: cinco lâmpadas estavam já se apagando. E suas donas não tinham levado uma reserva de óleo para reabastecê-las. E agora? Pediram às outras cinco para dividir com elas o óleo de reserva que cada uma tinha levado. ‘Não dá. Assim, no meio da festa, todas as lâmpadas de óleo vão se apagar. É melhor vocês saírem para comprar óleo’. Lá se foram esbaforidas as cinco jovens, atrás de comprar óleo numa hora daquelas. O noivo chegou, entrou todo mundo, as portas se fecharam. Quando voltaram, coitadas, não puderam mais entrar. Até o noivo mandou dizer que não sabia quem eram elas.

As cinco moças esqueceram-se de levar um óleo de reserva. Por que esqueceram? Com certeza, porque participar do casamento, mesmo como damas de acompanhamento, não estava entre suas maiores preocupações. Com certeza, tinham sido escolhidas para essa tarefa, mas elas não estavam realmente focadas nisso. Não se prepararam adequadamente prevendo uma reserva de óleo, nem tiveram tempo nem cabeça pra isso, com outras tarefas do dia ou mesmo por distração, sei lá.

Para aquelas moças, terem ficado do lado de fora foi o fracasso de suas vidas. Sabe por quê? Porque elas viviam para esse grande momento, para o encontro com o noivo. Bom, aqui precisaria maior explicação, mas vamos assim mesmo. Porque o noivo era o noivo delas. O noivo é Jesus. As moças somos nós, sua Igreja. E vivemos para esse grande encontro com o Senhor que está chegando. Reparou que, na história, não tem noiva? As noivas são elas. A Igreja é a noiva que aguarda a chegada do seu Senhor, para a celebração das núpcias eternas. As noivas, compreendam, somos nós. Não entrar na festa é perder a salvação eterna.

Guardando a mensagem

O que será que Jesus quis ensinar com essa parábola? A lição está no fim da história. “Portanto, fiquem vigilantes, porque ninguém sabe o dia, nem a hora”. Está no contexto da preocupação de Jesus pra gente não relaxar, enquanto esperamos a sua volta. O noivo está demorando. O noivo é ele. Está demorando, mas chega a qualquer momento. A noiva somos nós, a Igreja. Reparou que cinco se perderam? Ninguém se perde sozinho, já dizia Santa Terezinha. Por isso mesmo, nada de baixar a guarda, de descuidar-se... O tempo de espera é tempo de compromisso, de construção. Vigilância é a marca desse tempo, enquanto estamos aguardando a sua volta. Vigilância é não deixarmos para depois o que temos que fazer hoje, é fazer bem o que temos que fazer, e é estarmos com tudo pronto para o grande encontro. Porque ninguém sabe o dia, nem a hora.

O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo (Mt 25, 1)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Como são bonitas as tuas histórias. Nesta parábola de hoje, tu és o noivo e estás sendo aguardado. Essse tempo de espera é tempo de vigilância, lâmpadas acesas, sustentadas pelo óleo da fé, da esperança e da caridade para clarear a grande festa que se aproxima, o casamento profetizado no final do livro do Apocalipse. A Igreja trajada de noiva, a nova Jerusalém, aguarda ansiosamente a tua volta. Como diz o livro santo: “A Igreja e o Espírito dizem: Maranatha! Vem, Senhor Jesus”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Estar vigilante é como não deixar o óleo faltar para manter a lamparina acesa. Identifique, na sua vida, que óleo não pode faltar pra você se manter vigilante à espera do encontro com o Senhor.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A MAMONA DA INIQUIDADE


07 de novembro de 2020

EVANGELHO

Lc 16,9-15)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 9“Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. 10Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. 11Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? 12E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? 13Ninguém pode servir a dois senhores: porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. 14Os fariseus, que eram amigos do dinheiro, ouviam tudo isso e riam de Jesus. 15Então, Jesus lhes disse: “Vós gostais de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações. Com efeito, o que é importante para os homens, é detestável para Deus”.

MEDITAÇÃO


Usem o dinheiro injusto para fazer amigos (Lc 16, 9).

No evangelho de hoje, vários ditos de Jesus estão reunidos em torno do tema “dinheiro”, palavra que se repete quatro vezes nesses poucos versículos.  Como entender esse “usar o dinheiro injusto para fazer amigos”? Pode parecer um estímulo à desonestidade, não acha? O que será que Jesus está querendo dizer?
O que veio antes desse texto? A parábola do administrador que seria demitido e achou um jeito de assegurar o seu futuro. Administrador era o servo encarregado de cuidar da casa e da propriedade rural do seu patrão. Esse fulano da história foi acusado de esbanjar os bens do patrão, de estar gastando descontroladamente. O patrão lhe avisou que seria demitido. Qual seria o seu futuro?  Por isso, ele chamou os devedores do patrão e diminuiu ou dispensou a sua comissão. Claro, os devedores do patrão ficaram logo seus amigos. Na hora da dificuldade, já tinha com quem contar.
Agora, vamos ao evangelho de hoje. ‘Usem o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas” (Lc 16, 9). Como podemos compreender essa palavra “dinheiro injusto”?  Vamos ver como está escrito no original em grego e em sua tradução latina que é usada na Igreja. O latim traduz por “MAMMONA INIQUITATIS”, mamona da iniquidade. Então, ‘dinheiro injusto’ está traduzindo as palavras “mamona da iniquidade” ou “mamona iníqua”.  ‘Mamona’ é uma palavra usada também em outros lugares no evangelho para falar da riqueza que é sedutora. De fato, a riqueza tem uma sedução que pode levar a pessoa a se esquecer de Deus e dos outros ou de fazer da riqueza um falso deus, um ídolo. Então, por esse “dinheiro injusto” devemos entender “a riqueza sedutora”. O administrador não foi propriamente desonesto, foi esperto. Usou o dinheiro para angariar amigos que o acolheriam quando caísse na indigência.
Então Jesus falou: “Usem o ‘dinheiro injusto’, traduzindo mais claro ‘usem a riqueza sedutora’ para fazer amigos, pois, quando acabar, eles receberão vocês nas moradas eternas”. Os amigos do administrador demitido iriam recebê-lo em suas casas, iriam tratá-lo como aliado, como amigo. Pois então, se usarmos a riqueza, os bens que nós temos (que são tão sedutores) para fazer o bem, para socorrer os sofredores, para ajudar os outros, nós vamos estar preparando um futuro seguro, na eternidade. Eles, os pobres, os beneficiados, vão nos receber na casa de Deus, eles vão abrir as portas do céu para nós.
Guardando a mensagem
Os bens deste mundo podem nos atrapalhar, nos afastar de Deus e dos nossos semelhantes. Eles têm uma sedução especial. São riquezas sedutoras, “mamona iniquitatis”. Mas, elas podem ser usadas com sabedoria. Na parábola do administrador demitido, ele foi elogiado pelo seu patrão porque agiu com sabedoria, quando soube que ia pra rua. Ele chamou os devedores do patrão e dispensou a sua comissão. Os devedores, gratos pelo alívio em suas contas, tornaram-se seus amigos que o socorreriam nas dificuldades que viriam. Há muita gente que tem riquezas e não as usa com inteligência, com sabedoria, com preventividade;  não se vale de sua ‘riqueza sedutora’ para apoiar bons projetos, para realizar algo de bom para a coletividade ou mesmo para socorrer um parente pobre... isso é fazer amigos com a “mamona iniquitatis”, a riqueza sedutora. Isso é preparar bem o futuro, se vier a falir, ou ser demitido de seu bom emprego ou mesmo quando a morte lhe demitir dessa vida.
Usem o dinheiro injusto para fazer amigos (Lc 16, 9).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
É verdade, os bens deste mundo têm uma sedução especial. Corremos o risco de endeusá-los. E disseste claro: ‘Não se pode servir a dois senhores. Ou Deus ou Mamona. Ou Deus ou a riqueza sedutora’. Estás nos ensinando também que o dinheiro pode ser usado com sabedoria. Ele pode preparar o nosso futuro, se ele servir também para ajudarmos quem está em situação de necessidade. Obrigado, Senhor, por nos ensinares a lidar corretamente com a sedução do dinheiro neste mundo. Assim, nos preparamos para receber os bens eternos que para nós estão preparados desde toda a eternidade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Não me diga quanto você ganha. Responda a si mesmo (a si mesma). De tudo que recebo mensalmente, quanto empenho na preparação do meu futuro em Deus?  Não estou me referindo a plano de saúde, nem aposentadoria, nem seguro funerária. Estou falando do seu futuro na eternidade.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

APRENDENDO SEMPRE



06 de novembro de 2020

EVANGELHO


Lc 16,1-8

Naquele tempo, 1Jesus disse aos discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. 3O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’.
5Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ 6Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!” O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinquenta!’ 7Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega tua conta e escreve oitenta’. 8E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”.

MEDITAÇÃO


Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz (Lc 16, 8)

Jesus contou uma história onde o patrão elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Não aprovou a desonestidade dele. Mas, louvou a sua esperteza, isto é, a maneira inteligente com que soube se safar de uma grande dificuldade. Foi demitido e, antes de deixar o cargo, encontrou uma forma de não ficar desamparado. Bom, vamos explicar melhor. O empregado foi acusado de esbanjar os bens do patrão e o patrão pediu contas da administração e o demitiu. Portanto, era um sujeito desonesto. E, em vias de ser demitido, ainda arrumou um jeito de se dar bem. Negociou débitos de credores com a empresa, dando-lhes um bom desconto. Assim, saindo, haveria sempre alguém que poderia lhe dar um emprego ou algum amigo a quem recorrer. Jesus chamou a atenção sobre a sagacidade desse mau empregado. Soube se sair bem, o sujeito.

O que queria Jesus com essa observação? Chamar a atenção dos filhos de Deus para sermos igualmente criativos e estratégicos, na hora de enfrentar as dificuldades. Sermos igualmente capazes de dar a volta por cima nos desafios da vida, com inteligência, com jogo de cintura.  Evidentemente, Jesus não nos quer desonestos, corruptos, fraudulentos como aquele sujeito da parábola. Mas, está nos estimulando a sermos propositivos, a não ficarmos esperando que o pior nos aconteça. Ele nos quer gente esperta, construindo saídas, fazendo boas parcerias, planejando novas estratégias. Nada mais triste do que ver cristãos paralisados diante de uma dificuldade, acovardados diante de um problema. É pra gente não se deixar vencer pelos problemas, mas agir com confiança, dando a volta por cima.

Jesus disse: ‘Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz’. E será que podemos aprender alguma coisa  com os filhos deste mundo? Parece que sim. Por exemplo, eles parecem planejar bem suas ações e encontram um jeito de financiar os seus projetos. É claro que não é para nós imitarmos o modo como eles conseguem recursos, mas podemos ser mais organizados e mais sérios na área financeira. Eles fazem aliança entre si e se protegem. Precisamos ser mais unidos, fazer mais parcerias, trabalhar juntos, nos apoiar mutuamente. Eles planejam o mal contra a família, contra a vida, contra a dignidade humana. O bem também precisa ser planejado, precisamos agir com propósitos, com metas, com organização.

Guardando a mensagem

Jesus elogiou a esperteza do administrador desonesto. Não aprovou a sua desonestidade, mas a sua esperteza. Fez uma constatação: ‘Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz’ (Lc 16, 8). Ele está dizendo isso para os filhos da luz se tocarem. Olhando para os espertos deste mundo, algumas coisas nós poderíamos aprender deles, sem ser a sua desonestidade. Ser bons não significa ser bobos e desorganizados. Nós podemos ser mais espertos, mais organizados e mais propositivos... É assim, que com a graça de Deus, o bem vai triunfar.

Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz (Lc 16, 8)

Rezando a palavra 

Senhor Jesus,

Olhando ao nosso redor, notamos que as coisas poderiam andar melhor em nossa sociedade, se os bons fossem mais unidos; se as pessoas de bem agissem mais em conjunto, de maneira mais organizada; se os cristãos renunciassem ao ciúme, às queixas de uns contra os outros, ao isolamento de cada grupo para atuarmos em conjunto. Tu tens razão, Senhor, se a gente não se junta, não se organiza, não se mexe... os maus tomam conta, decidem, destroem. Culpa nossa. Falta-nos, Senhor, conversão: conversão ao teu amor, compromisso com a paz, com a família, com a vida, com a justiça, com a fraternidade. Tua palavra, hoje, Senhor, nos inspira, nos alerta, nos impulsiona... Ajuda-nos, pelo teu Santo Espírito, a pô-la em prática. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Talvez você deva sair de um certo isolamento e se juntar a outros irmãos para uma atuação em conjunto mais proveitosa para a evangelização.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O SENHOR É O MEU PASTOR


05 de novembro de 2020


EVANGELHO


Lc 15,1-10

Naquele tempo, 1os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”.3Então Jesus contou-lhes esta parábola: 4“Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, 6e, chegando à casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’ 7Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. 8E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? 9Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’ 10Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”.

MEDITAÇÃO


Alegrem-se comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida (Lc 15, 6)

Na primeira comunidade onde trabalhei como padre novo, havia uma catequista, uma jovem senhora casada, muito dinâmica e fervorosa. Envolveu-se, infelizmente,  em um desentendimento com outras pessoas da comunidade, ficou muito magoada e afastou-se da Igreja. Começou, em seguida, a frequentar uma igreja evangélica. Passados alguns dias, em reunião das lideranças, acertamos fazer uma visita a esta ovelha desgarrada. Numa noite, sem avisar, chegamos em sua casa, eu e umas outras cinco pessoas da comunidade. Depois do susto pela nossa chegada, dissemos a ela que tínhamos ido rezar com ela. Não perguntamos nada, não cobramos nada, só rezamos e cantamos com ela. Do meio pro fim, ela só chorava. No domingo seguinte, lá estava ela de volta à comunidade e, aos poucos, retomou seus compromissos pastorais na Igreja.
No evangelho de hoje, Jesus conta a história de uma ovelhinha que se perdeu. Ele contou que o pastor deixou as noventa e nove no deserto e foi atrás desta que se perdeu. E procurou, procurou, até encontrá-la. E quando a encontrou, colocou-a nos ombros, cheio de alegria, e a levou pra casa. Quando chegou em casa, reuniu os amigos e vizinhos para festejar com ele o reencontro de sua ovelha.
Você certamente já se perdeu alguma vez, ou não? Todo mundo, quando criança, alguma vez se perdeu dos pais. E pode lembrar o sofrimento que é se sentir perdido, sem ter mais a referência do pai ou da mãe. A criança fica apavorada, sobe uma angústia no peito, é um sofrimento impressionante. De repente, se sente sozinha, sem direção. Tem que procurar alguma saída, mas nem sabe por onde começar. Sente-se abandonada e desamparada. Essa é a condição da ovelha perdida.
Na história da ovelha, Jesus fez uma relação entre o justos e o pecador. Ele disse: “Há mais alegria no céu por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão”. A ovelha que se perdeu é o pecador, a pecadora. A conversão é a sua volta pra casa. E a sua volta pra casa é, antes de tudo, obra do pastor amoroso que largou tudo para procurá-la e encontrá-la, trazê-la nos ombros e festejar a sua volta.
Nesta parábola, vemos claramente o amor misericordioso que moveu Jesus a vir procurar e salvar a ovelha perdida; um coração compassivo que não descansa enquanto não nos encontra em nosso exílio e nos reintegra no seu rebanho. Vemos também a maneira como ele nos salva, carregando-nos nos ombros, como carregou o madeiro da cruz e festejando nossa volta, em todas as mesas que frequentava, especialmente, na última ceia que renovamos em cada Missa.
Guardando a mensagem
O pecador é alguém que se afastou do rebanho, como a catequista de minha comunidade. O pecador é a ovelha que se perdeu. E a sensação de estar perdido, de se estar sozinho, de se sentir sem chão você conhece, desde criança, quando se perdia de sua mãe ou de seu pai. Na história que Jesus contou, ficamos sabendo que não fomos esquecidos, que ele vem ao nosso encontro, não descansa enquanto não nos resgata. É assim que ele faz conosco, quando nos perdemos, quando o pecado nos afasta de Deus e dos irmãos. É assim que precisamos fazer uns com os outros, não abandonando quem se perde ou se afasta. Alegremo-nos com ele. Ele continua realizando, com êxito, a sua missão.
Alegrem-se comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida (Lc 15, 6)
Rezando a palavra
nhor Jesus,
Tu és o pastor que estás preocupado e comprometido com o resgate da ovelha que se perdeu. Sabemos que não estamos na conta dos noventa e nove, pois também nós precisamos de conversão. Somos, isto sim, ovelhas resgatadas por tua misericórdia, transportadas em teus ombros e inseridas na família de Deus. Dá-nos, Senhor, a graça de participar da grande alegria do teu coração de encontrar e salvar a ovelha perdida; e de estar contigo, apoiando, ajudando e imitando-te em tua missão redentora. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Leia o evangelho de hoje (Lucas 15, 1-10) e, a partir do texto, escreva uma oração a Jesus, o bom pastor, falando-lhe de alguma ovelha perdida. Você que recebe diariamente a Meditação, através do link tem acesso ao Evangelho do dia e à própria Meditação escrita.
Às 11 da manhã de hoje, celebro a Santa Missa em suas intenções. Acesse pelo link enviado.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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