PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

De olho nos sinais.



   29 de novembro de 2024   

Sexta-feira da 34ª Semana do Tempo Comum 


  Evangelho.   

Lc 21,29-33

Naquele tempo, 29Jesus contou-lhes uma parábola: “Olhai a figueira e todas as árvores. 30Quando vedes que elas estão dando brotos, logo sabeis que o verão está perto. 31Vós também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto. 32Em verdade, eu vos digo: tudo isso vai acontecer antes que passe esta geração. 33O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.



  Meditação.  

Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está perto (Lc 21, 31).

Jesus falou pra gente aguçar a capacidade de discernimento dos sinais dos tempos. Ele partiu da experiência do povo do tempo dele. Vendo que estavam nascendo brotos na figueira e nas árvores, logo se concluía que o verão estava chegando. Da mesma forma, vendo os sinais da grande crise da história, especialmente a perseguição contra os cristãos, saibamos que o Reino de Deus está próximo. Tudo isso já é anúncio da manifestação final do Reino de Deus, do coroamento da história humana com a volta gloriosa de Jesus. Então, o Mestre está nos pedindo que fiquemos atentos aos sinais, que saibamos interpretá-los corretamente.

Nós precisamos usar sempre nossa capacidade de discernimento. Toda grande crise começa dando sinais. Se a gente souber entendê-los, captá-los, a gente pode fazer alguma coisa a tempo, antes que o desastre aconteça, não é verdade? Por exemplo, há situações em que dentro de casa estão sendo emitidos sinais de que os vínculos familiares estão se desfazendo, que o laço do matrimônio está se desatando.... é marido e mulher que não conversam mais, é filho que não dá mais notícia do que anda fazendo, é briguinhas sem quê nem pra quê.... São sinais da tormenta que está se formando. Daqui a pouco, o desmantelo está feito. Separação, droga na vida dos filhos, abandono da Igreja e muito mais. O desastre não chega de repente. Muitos sinais já vão sendo emitidos. Quem, como Jesus disse, tem a capacidade de ler os sinais da realidade, corre pra salvar a família enquanto há tempo. Depois, vai ficar mais difícil.

Você está entendendo?! Um temporal não chega de repente. É precedido por sinais: calor excessivo, vento forte, trovões, relâmpagos... Lendo esses sinais, entendendo o que vem por aí, a gente cuida logo de voltar pra casa, de fechar as janelas, tirar a roupa do varal ou procurar logo uma proteção. Sem ler os sinais dos tempos, o temporal nos pega de surpresa.

É preciso prestar atenção aos sinais. Jesus tinha falado de guerra, de fome, peste, terremoto, de perseguição por causa da fé... Isso tudo indica que a hora final está se aproximando. De fato, situações exatamente assim precederam as duas grandes guerras mundiais, que foi já um fim daquele mundo. A grande crise da história, no dizer de Jesus, vai preceder a chegada, a manifestação final do Reino de Deus. Claro que será um momento de glória para os justos. Mas, será igualmente de desmascaramento e castigo para os maus. É o grande momento de avaliação. Temos que ficar atentos, para não sermos pegos de surpresa, como um aluno que chega na hora da prova sem ter estudado.

No Concílio Vaticano II, no documento sobre a Igreja no mundo contemporâneo (Gaudium et Spes), se lê: “Para levar a cabo a missão, é dever da Igreja investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho“. Como Jesus está nos dizendo hoje, fiquemos atentos aos sinais dos tempos. Por eles, poderemos perceber para onde as coisas estão caminhando e agir enquanto é tempo.




Guardando a mensagem

Jesus estava falando dos sinais que anunciam o final da história. E nos disse para estarmos atentos, com capacidade para ler os sinais dos tempos. Assim, poderemos nos preparar melhor, agir com maior incidência e investir no nosso futuro em Deus. Essa capacidade de leitura dos sinais precisa ser exercida em todas as nossas crises pessoais, familiares e sociais. Fique atento aos sinais que estão sendo emitidos em sua casa! Pode ser que um temporal esteja se preparando. Mexa-se, enquanto é tempo.

Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está perto (Lc 21, 31).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
a gente vê muitos sinais em nossa sociedade: violência, corrupção, droga, miséria, suicídios... Tu estás nos instruindo para que saibamos ler esses sinais, o que eles apontam, aonde eles vão nos levar. Sem discernimento, não temos como enfrentá-los. Senhor, que a tua santa Palavra nos eduque a ler os sinais dos tempos, com os olhos da fé, para que sejamos sempre testemunhas do Reino da verdade, da justiça e do amor que um dia se manifestará como vitória de Deus e de seus justos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Arrume, hoje, um tempinho pra rezar por sua família.

Comunicando

Neste domingo, 1º de dezembro, vou estar em Juazeiro do Norte, pregando no 16º Sempre Encontrando do ECC da Diocese do Crato. No domingo à noite, presido a Missa dominical das 19 horas no Santuário Salesiano do Sagrado Coração. 

Pe. João Carlos Ribeiro , sdb 

O glorioso dia da volta.

  


   28 de novembro de 2024.  

Quinta-feia da 34ª Semana do Tempo Comum



  Evangelho  


Lc 21,20-28

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 20“Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, ficai sabendo que a sua destruição está próxima. 21Então, os que estiverem na Judéia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade. 22Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. 23Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando naqueles dias, pois haverá uma grande calamidade na terra e ira contra este povo. 24Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações, e Jerusalém será pisada pelos infiéis, até que o tempo dos pagãos se complete. 25Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. 26Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas. 27Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória. 28Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”.

  Meditação.  


Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima (Lc 21, 28)

Nessa semana, estamos lendo o capítulo 21 do evangelho de São Lucas. A propósito do tema de sua volta gloriosa no fim dos tempos, Jesus nos orienta como devemos nos comportar nas pequenas e grandes crises de nossa vida ou da história: pondo nossa confiança em Deus, testemunhando nossa fé e perseverando nas provações.

O povo de Deus viveu muitas e grandes crises, verdadeiros fins de mundo. Uma dessas crises foi o exílio, quando os exércitos babilônicos destruíram Jerusalém e deportaram muita gente. Jesus mesmo viveu próximo de uma crise que se deu quarenta anos depois de sua morte: a destruição de Jerusalém e do Templo, pelos romanos.

No texto de hoje, Jesus, primeiro, refere-se à destruição de Jerusalém. Serão dias de muito sofrimento e humilhação. A leitura que Jesus faz é que o que acontecerá à cidade santa e ao seu povo será uma consequência do seu pecado. Os romanos pagãos seriam instrumentos de Deus para o julgamento de Jerusalém. Dá para compreender bem essa palavra de Jesus: “Jerusalém será pisada pelos infiéis, até que o tempo dos pagãos se complete”.

Na outra parte do texto de hoje, Jesus fala de sua volta, no meio de uma grande teofania. Vou explicar melhor. Sempre que se narra a presença ou a chegada de Deus, o povo do Antigo Testamento descreve uma verdadeira revolução na natureza (terremoto, trovões, raios, sinais no sol, na lua e nas estrelas...). É o que chamamos de teofania, isto é uma forma de passar a grandiosidade, a majestade de Deus que se revela. Então, essa revolução na natureza de que Jesus está falando, com imagens do Antigo Testamento, é uma forma de passar a grandeza desse momento em que ele estará de volta com poder e glória. Será a grande avaliação da humanidade. Mas, para o povo santo de Deus, não há razões para medo e pânico. Pelo contrário, para os discípulos, esse é o dia da completa realização.





Guardando a mensagem

A grande crise da destruição do Templo e de Jerusalém anunciada por Jesus virou uma espécie de molde de toda crise enfrentada pelo povo de Deus na história. A destruição é uma consequência do pecado. É como se fora o julgamento de Deus sobre a cidade, executado pelos pagãos romanos. Você mesmo tem experiência e conhece alguém que contraiu uma doença grave em consequência do vício de fumar, de se embriagar, de consumir drogas, por exemplo. A grande crise de sua enfermidade é uma consequência dos seus atos, não é verdade? É a mesma lógica. O texto também fala da volta de Jesus. A sua vinda, narrada no meio de uma teofania, não é razão de apreensão e medo para nós. Pelo contrário, na sua volta, aparecerá claramente nossa condição de filhos de Deus. Será o coroamento de sua obra redentora.

Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima (Lc 21, 28)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
no meio dos problemas, dificuldades e crises desse mundo, tu nos ensinas a nos portarmos com destemor, com esperança e confiança em Deus. Tu nos lembras, todavia, que a destruição é uma consequência do pecado, dos nossos erros. De fato, Senhor, o projeto família, por exemplo, pode ir à falência pela infidelidade, pela falta de diálogo, pela falta de perdão. Educa-nos, Senhor, a aguardar a tua volta, em vigilante atitude de conversão e vida nova. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Um exame de consciência cairia bem, no dia de hoje. Exame de consciência é parar e se perguntar: O que a graça de Deus precisa consertar em minha vida?

Comunicando

Como todas as quintas-feiras, temos, hoje, a Santa Missa às 11 horas, transmitida pelo rádio e pelo Youtube. Envie sua intenção pelo  formulário enviado ou pelo WhatsApp 81 3224-9284. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Fiéis e perseverantes nos tempos difíceis.


   27 de novembro de 2024   

Quarta-feira da 34ª Semana do Tempo Comum 

   Evangelho  


Lc 21,12-19

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 12“Antes que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. 13Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé. 14Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa; 15porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater. 16Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós. 17Todos vos odiarão por causa do meu nome. 18Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. 19É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” 

   Meditação  


Esta será a ocasião em que vocês vão testemunhar a sua fé (Lc 21, 13)
Estamos lendo o capítulo 21 de São Lucas. Jesus prepara os discípulos para os momentos de crise da caminhada e para a grande crise final que antecederá o seu retorno glorioso. Ainda ontem, o ouvimos falar de guerras, revoluções, terremotos, fome, pestes. E recolhemos três preciosos ensinamentos que ele deixou: não confiar em grandiosidades humanas, não nos deixar enganar pelos aproveitadores e não nos apavorar com os acontecimentos adversos.
No texto de hoje, lemos mais um trecho desse capítulo 21 de São Lucas. O tema é o da perseguição. Por causa de Jesus, por causa do seu evangelho, sofremos perseguições.  E de onde procedem essas perseguições? Jesus responde: Da sociedade (por meio de suas autoridades), de setores religiosos (representados na antiga sinagoga) e até da própria família (pais, irmãos, parentes e amigos).
E Jesus está narrando tudo isso não para nos amedrontar, mas para nos incentivar a permanecer serenos, perseverantes e fieis no meio das dificuldades que possam aparecer, sobretudo em tempos de perseguição. E perseguição sempre aconteceu. As primeiras comunidades cristãs, por exemplo,  atravessaram quase três séculos de ameaças, clandestinidade e martírios. Perseguição, na verdade, sempre houve em nossa história cristã, mesmo nos dias atuais. Basta lembrar Dom Oscar Romero, assassinado em El Salvador em 1980. E o grande número de países, em que, hoje, não há liberdade religiosa. E os ataques a templos cristãos no Oriente Médio, o massacre de comunidades cristãs em vários países e muitas atitudes de intolerância e violência acontecendo perto de nós também.
A perseguição por causa da fé em Cristo não está tão longe assim. Ela pode se manifestar nas redes sociais, nas rodas de conversa, no ambiente de trabalho, na sala de aula e até dentro de casa. Se você andar em dia com o mundo, ninguém vai censurar você. Agora, ande segundo o evangelho da verdade, da justiça, da fraternidade... Aí, não vão lhe faltar críticas, incompreensões, apelidos, xingamentos... e muito mais.
Diante da realidade da perseguição – a atual e a que pode vir – Jesus nos deixa, no evangelho de hoje, três orientações:
A primeira é o testemunho. Disse ele: “Essa será a ocasião em que vocês testemunharão a sua fé”.  O tempo de perseguição é o tempo do grande testemunho.
A segunda orientação é a confiança em Deus. Disse Jesus: “façam o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa”. O Senhor nos dará palavras acertadas com que calaremos o inimigo.
A terceira orientação é a perseverança. Disse Jesus: “É permanecendo firmes que vocês vão ganhar a vida”. Dom Helder deixou escrito: “É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca”. Disse tudo.


Guardando a mensagem
Nós seguidores de Jesus, como ele, em nosso caminho, encontramos muitas barreiras e até perseguições. Os mártires são exemplos para nós: eles resistiram e ficaram fiéis até o fim às suas convicções, ao evangelho de Jesus. Em meio às dificuldades, incompreensões e perseguições por causa de nossa fé, Jesus nos deixa três orientações: testemunho, confiança em Deus e perseverança. Os momentos de crise ou mesmo de perseguição são tempos de purificação de nossa fé, de crescimento em fidelidade e fraternidade e de robustecimento da confiança no Senhor que jamais nos abandona.

Esta será a ocasião em que vocês vão testemunhar a sua fé (Lc 21, 13)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
dificuldades e problemas nos cercam. Fazem parte de nossa limitação humana e de nossa condição de pecadores. Por causa de nossa adesão ao evangelho, estamos expostos a incompreensão, comentários maldosos, difamações... Muitos irmãos, por causa da fé, chegam até a sofrer violência física e verbal. Dá-nos, Senhor, como nos indicaste para estas ocasiões, oferecer com destemor o nosso testemunho, navegando nessas tormentas com grande confiança em Deus e perseverando fielmente no bem e na verdade.
Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Resistência, perseverança, fidelidade se alcançam com a graça de Deus acolhida na Oração, na leitura da Palavra, na recepção dos Sacramentos. 

Comunicando

No próximo domingo, 1º de dezembro, prego no 16º Sempre Encontrando do ECC da Diocese do Crato. O evento será no Ginásio Poliesportivo de Juazeiro do Norte. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Confie em Deus.


   26 de novembro de 2024.   

Terça-feira da 34ª Semana do Tempo Comum


   Evangelho.  


Lc 21,5-11

Naquele tempo, 5algumas pessoas comentavam a respeito do Templo que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas. Jesus disse: 6“Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. 7Mas eles perguntaram: “Mestre, quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para acontecer?” 8Jesus respondeu: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ E ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! 9Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”. 10E Jesus continuou: “Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro país. 11Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares; acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu”.

   Meditação.   


Quando vocês ouvirem falar de guerras e revoluções, não fiquem apavorados (Lc 21, 9)

O quadro descrito por Jesus é, no mínimo, preocupante. Jesus anuncia guerras, revoluções, terremotos, perseguições. E, ainda assim, nos tranquiliza.

A destruição do Templo de Jerusalém é uma representação de toda situação de crise. “Não ficará pedra sobre pedra”, disse Jesus a quem estava admirando a grandeza e a beleza do Templo de Herodes. Viria tudo abaixo. Coisa que não se poderia esperar, nunca. O Templo de Jerusalém não era só o símbolo da nação judaica, sede do Sinédrio, meta de peregrinações... Era a casa de Deus, onde ele recebia as oferendas e sacrifícios do seu povo, onde estava a arca com as tábuas da Lei, lugar de sua presença poderosa. Quarenta anos depois dessas palavras de Jesus, vieram os romanos e queimaram, saquearam, destruíram o Templo e a cidade. A crise atingiu todos os níveis: o desmantelamento das instituições, o desencanto com a fé, a dispersão do povo. A destruição do Templo de Jerusalém é o modelo de toda crise.

Crises, os discípulos e a comunidade enfrentariam, sempre. Então, Jesus descreveu três níveis de crise, que, na verdade, nunca faltaram na história: guerras, desastres naturais e perseguição. Guerras e revoluções, seguidas de fome e pestes. Cataclismos naturais como terremotos e outros. E perseguição e prisão dos discípulos, movidas até pelos próprios familiares.

Jesus não somente descreve as situações de crise, mas nos orienta como nos comportar nesses momentos. Assim, no evangelho de hoje, podemos recolher três dos seus ensinamentos.

O primeiro ensinamento é este: não confiar em grandiosidades humanas. O Templo de Jerusalém causava admiração por sua beleza, seu esplendor e sua riqueza. Jesus disse claro: não ficará pedra sobre pedra. E olha que ele, com certeza, falava assim com o coração partido. Como judeu piedoso, ele amava o Templo de Deus e o visitava regularmente como peregrino. Mas, tudo seria destruído, como de fato aconteceu quarenta anos mais tarde, na guerra entre judeus e romanos. Aqui nesse mundo, é em vão por a confiança em instituições humanas, por mais sólidas que elas pareçam. Elas passam, caducam, desmoronam. Por a confiança em Deus. Não confiar em grandiosidades humanas.

O segundo ensinamento é este: não se deixar enganar. Jesus alertou que muitos se apresentariam em seu nome. Não devemos segui-los. Sempre existiram falsos profetas e falsos pastores, que se aproveitam da credulidade dos ingênuos ou do medo dos fracos. Seguir Jesus, não se deixar enganar pelos falsos profetas.

O terceiro ensinamento é este: não se apavorar. São sinais, não é o fim ainda. De fato, basta pensar nas guerras mundiais, que fim-de-mundo não foram... Na hora das crises, manter a calma, a serenidade, não se apavorar; manter a tranquilidade de quem se sabe orientado e assistido por Deus, mesmo no meio das tormentas.




Guardando a mensagem

Crises existem. Crises, nós vivemos hoje, em vários níveis, na família, na Igreja, na sociedade. Há sempre crises na história, situações difíceis, guerras, fome, terremotos... Não é de agora que isso acontece. Jesus, no evangelho de hoje, está nos deixando orientações preciosas para as horas de crise: não se fiar em grandiosidade, nem se deixar enganar por falsos profetas e manter sempre a calma. Em horas de crise, aparece todo tipo de falsos profetas e videntes sem noção. A orientação de Jesus: não se deixar levar por eles. Confiemos em Deus que assiste e conduz sua Igreja por meio dos nossos pastores. Amemos e confiemos em sua liderança. O Senhor continua a nos instruir e orientar por sua santa Palavra. Busquemos e pratiquemos a Palavra do Senhor, que a Tradição Apostólica nos oferece como alimento e luz para nossa caminhada.

Quando vocês ouvirem falar de guerras e revoluções, não fiquem apavorados (Lc 21, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
o medo pode nos paralisar e nos fazer ver o mundo com pessimismo. Só a serenidade de quem se sente amado e protegido por Deus nos liberta para agir e transformar a realidade. Tens razão, Senhor, a exagerada confiança na grandiosidade e no poderio das instituições humanas, na ciência, na tecnologia podem nos levar a dispensar a confiança em Deus. É assim que o Templo toma o lugar de Deus. Dá-nos, Senhor, a graça de pôr nossa confiança unicamente em Deus, de seguir-te como nosso único Mestre e de permanecer serenos nas dificuldades e crises desta vida. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

As guerras, especialmente na Ucrânia e na Terra Santa, nos preocupam. As catástrofes provocadas pelo aquecimento global nos aterrorizam. A palavra de Jesus nos tranquiliza, nos orienta, não nos quer alheios aos problemas, acomodados ou alienados da realidade. O Papa Francisco, neste sentido, tem indicado à humanidade dois caminhos: cuidar da casa comum, do planeta, salvá-lo da degradação e trabalhar pela fraternidade, construindo paz e solidariedade em favor de nossa única humanidade.

Comunicando

Gostei muito do nosso estudo de ontem, na Segunda Bíblica. A imagem do rio que nasce do lado direito do Templo e comunica vida por onde passa é como um comentário dos efeitos da morte redentora de Jesus. Ezequiel capítulo 47. Minha sugestão é que você veja o encontro no meu canal do Youtube. O canal é Padre João Carlos.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

As duas moedas




   25 de novembro de 2024.   

Segunda-feira da 34ª Semana do Tempo Comum

   Evangelho.   


Lc 21,1-4

Naquele tempo, 1Jesus ergueu os olhos e viu pessoas ricas depositando ofertas no tesouro do Templo. 2Viu também uma pobre viúva que depositou duas pequenas moedas. 3Diante disso, ele disse: “Em verdade vos digo que essa pobre viúva ofertou mais do que todos. 4Pois todos eles depositaram, como oferta feita a Deus, aquilo que lhes sobrava. Mas a viúva, na sua pobreza, ofertou tudo quanto tinha para viver”.

   Meditação.   


Em verdade lhes digo que essa pobre viúva ofertou mais do que todos (Lc 21, 3).

Quando eu trabalhei nas comunidades de Caetés, área metropolitana do Recife, junto a outros irmãos salesianos, num certo período, trabalhamos muito para a construção da igreja da área mais central. Nós e o povo das comunidades fizemos muitas campanhas para levantar recursos. 

Uma das campanhas era sairmos pelas ruas, todas as tardes, com uma carroça puxada por um Jeep antigo, com uma comissão, angariando donativos. Iam os padres disponíveis, as senhoras, alguns homens e muitas crianças. Um alto-falante no jeep anunciava o objetivo da campanha: “a comunidade católica está construindo sua igreja e vem pedir a sua ajuda”. Tudo era bem-vindo: roupas usadas para o bazar, alimentos para a barraquinha solidária, sobras de reforma das casas (areia, cimento, tijolos), dinheiro - claro! -, mas, se nada tivesse o morador, valia também os recicláveis (ferro, vidro, garrafas peti,…). No final da tarde, voltávamos com a carroça cheia de trecos. O resultado financeiro era pouco, mas a  mobilização da comunidade valia muito a pena.

Mesmo os evangélicos, ao menos muitos deles, também participavam da campanha, tocados pelo espírito de alegria daquela trupe missionária. Numa das vezes, em uma rua de embriões - embriões são as casas sem quarto - batemos à porta de um morador que parecia não ter o que oferecer. Ele olhou ‘prum’ lado, olhou pro outro e não achou com que participar da campanha. Entrou e saiu de casa, procurando qualquer coisa, mas não achou nada. Já íamos desconversando e saindo, para evitar maior constrangimento ao pobre homem, ainda jovem, quando ele teve uma ideia. Pegou uma escada na casa do vizinho e alcançou o telhado. Tirou 3 telhas do seu telhado e nos entregou. A criançada fez festa e levou as telhas pra carroça. Eu agradeci, emocionado, quase sem palavras.

Quando me lembro desse fato, vem-me logo à mente a história da viúva que Jesus viu depositando as suas duas únicas moedas no tesouro do templo. Ela deu do que lhe faria falta, como se estivesse entregando-se a si mesma. Como disse Jesus: foi a maior doação entregue. Os ricos, a quem ele também viu doando grandes somas, deram do que lhes estava sobrando. Mas ela deu tudo o que tinha.


Veja bem, dando as duas moedas que lhe fariam falta, ela deu algo de si mesma. As duas moedas a ajudariam em alguma coisa, um pão, um pouco de leite, quem sabe... Não deu do que lhe estava sobrando. Propriamente, não deu coisas fora de si. Empenhou-se a si mesma nesta oferta. O morador também ofereceu algo que lhe faria falta: deixou a biqueira de sua casa com uma falha. Deu algo de si mesmo. Foi uma oferta muito preciosa, aos olhos de Deus e aos olhos da comunidade.

Os ricos que depositaram muito dinheiro no cofre do Templo, ofereceram muita coisa, mas não ofereceram nada de si, compreende? Nada daquilo representava mesmo algo de si mesmos. Aquele dinheiro todo não lhes faria falta, era coisa que já estava sobrando. Jesus podia até elogiá-los reconhecendo que tinham sido generosos. Mas, não. Não estavam implicados na oferta. A viúva, ah essa sim, fez a maior oferta. Deu de sua própria vida, tirou do seu próprio sustento. Sacrificou-se ao dar. Na verdade, a sua oferta era ela mesma.





Guardando a mensagem

No gesto de dar uma oferta no Templo, a viúva pobre não deu apenas algo fora de si, que não a empenhava, nem a implicava. Especialmente, entregou-se a si mesma, deu-se na sua pobreza e na sua necessidade. E o que é que a viúva tem com você? É fácil: na sua relação com a Igreja, espera-se que você não dê apenas coisas, exteriormente. O evangelho da viúva indica que você precisa entregar-se a si mesmo, a si mesma. Isso vale para toda a sua vida cristã: a sua vida de oração, a missa do domingo, a caridade para com os pobres, o dízimo... O compromisso do dízimo é importante, mas só vale mesmo se você for a oferta principal, não o seu dinheiro. O que você faz ou dá não é o mais importante. Só é importante se sua vida estiver sendo oferecida e entregue no sinal da oferenda.

Em verdade lhes digo que essa pobre viúva ofertou mais do que todos (Lc 21, 3).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
temos que reconhecer que nosso dízimo e nossas ofertas na Igreja estão muito longe do sentimento de entrega da viúva. Ela propriamente se deu em oferta, oferecendo o que lhe faria falta. A nossa oferta deveria representar a oferta de nós mesmos a Deus, mas quase sempre são apenas esmolas e migalhas que representam apenas o nosso pouco compromisso com a Igreja e com a sua missão. Converte-nos, Senhor. Dá-nos o coração da viúva pobre que a si mesmo se ofereceu em sua oferta. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Vale repetir o que já foi dito: O que você faz ou dá não é o mais importante. Só é importante se sua vida estiver sendo oferecida e entregue naquilo que você faz ou que oferece.

Comunicando

Hoje é dia de Segunda Bíblica. Aliás, hoje é o nosso penúltimo encontro bíblico deste ano. Vamos estudar o Capítulo 47 do Profeta Ezequiel. A gente se encontra, às oito e meia da noite, no meu Canal do Youtube. Não esqueça a sua bíblia.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb


Cristo Rei do Universo.


   24 de novembro de 2024.  

Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo
Dia Nacional dos Leigos e Leigas


   Evangelho.  


Jo 18,33b-37

Naquele tempo, 33bPilatos chamou Jesus e perguntou-lhe: “Tu és o rei dos judeus?” 34Jesus respondeu: “Estás dizendo isto por ti mesmo ou outros te disseram isto de mim?”
35Pilatos falou: “Por acaso sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?”
36Jesus respondeu: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”.
37Pilatos disse a Jesus: “Então tu és rei?”
Jesus respondeu: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”.

   Meditação.  


Pilatos disse a Jesus: “Então tu és rei?” (Jo 18,37)

E chegamos ao encerramento do ano litúrgico, com a Solenidade de Cristo Rei do Universo. E, com esta celebração, festejamos também o Dia Nacional dos Leigos e Leigas.

No evangelho, acompanhamos o inquérito de Jesus no tribunal de Pilatos. Este quer saber se Jesus é o rei dos judeus, o que andou fazendo para ser preso e se, de verdade, é rei. Jesus não responde se é rei dos judeus. Pergunta se isso era uma dúvida pessoal do próprio Pilatos. Também não respondeu o que andava fazendo. Disse que o seu reino não era deste mundo. E se era rei, disse que sim, que veio dar testemunho da verdade.

Esse texto do evangelho de São João, que estamos lendo hoje, vem acompanhado por dois textos muitos especiais: o profeta Daniel e o Apocalipse. O escrito do profeta Daniel, mesmo contando uma história do tempo do exílio, vem de um tempo em que o povo de Deus estava sofrendo muito, debaixo da opressão dos selêucidas, um grupo de cultura grega que perseguiu, matou e tudo fez para impor sua cultura e sua religião. O escrito do Apocalipse igualmente surgiu para animar comunidades perseguidas pela política do imperador Domiciano, que inclusive queria ser adorado como deus. Ser cristão era um crime a ser pago com a prisão e a morte cruel em espetáculos públicos.

No meio do sofrimento do seu povo, o profeta Daniel falou do filho do homem, um representante do povo sofredor, que receberia de Deus a realeza, um reino eterno. Em meio à perseguição do império romano, o apóstolo João, no Apocalipse, fala de Jesus, a testemunha fiel do amor de Deus, que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus. No evangelho de hoje, o mesmo apóstolo João, conta como em Jesus, no meio de sua paixão, revela-se a sua realeza. Ele é rei de verdade, dando sua vida por nós.

Então, essa festa de Jesus Rei não vem num clima de exaltação, de ufanismo, de triunfalismo. É uma afirmação do senhorio de Deus, por meio do seu filho Jesus, no mundo, no meio de tantas dificuldade e provações. O povo de Deus, na perseguição dos selêucidas, pode sentir como Deus era rei e lhes fortalecia na resistência contra a invasão cultural dos gregos. As comunidades perseguidas por Domiciano proclamaram Jesus como rei que lhes precedia na fidelidade ao projeto do Pai, em contraposição à prepotência e à violência do império. As comunidades cristãs de todos os tempos, ouvindo a paixão de Cristo narrada nos evangelhos, tomam consciência que o único e absoluto senhor da história é Jesus, que perseguido e morto, reinou dando sua vida e, ressuscitado, vai à frente dos seus irmãos e irmãs na construção de um mundo onde reinem a verdade, a justiça, o amor e a paz.



Guardando a mensagem

Falar de Jesus como rei é um tanto perigoso. Podemos ser tentados a associar Jesus, com esse título de rei, aos grandes deste mundo. Se isto acontecesse, estaríamos desfazendo do evangelho, colocando Jesus na mesma galeria dos senhores deste mundo, que governam com a força das armas e nem sempre no interesse da maioria. Esse título de rei foi dado a Jesus em situações de sofrimento e perseguição do povo de Deus. Com Daniel, o povo se sentiu representado no filho do homem a quem Deus deu uma realeza eterna. Com o Apocalipse, as comunidades cristãs se sentiram fortalecidas na sua resistência à violência do império, ao se reconhecerem comunidade esposa do cordeiro imolado e vitorioso sobre a morte e o mal. No evangelho, contemplando Jesus em sua paixão e morte, reconhecemos claramente a sua realeza. Ele é rei dando a vida por nós, sendo testemunha fiel do amor do Pai até o fim. A cruz é o seu trono. Não é à toa que Pilatos mandou escrever aquela plaquinha no alto de sua cruz: “Jesus Nazareno Rei dos Judeus”. De verdade, ali ele era rei. Este, sim, é o nosso rei.

Pilatos disse a Jesus: “Então tu és rei?” (Jo 18,37)

Rezando a palavra

Vamos rezar com as palavras da Missa deste domingo:

Senhor Jesus,
com óleo de exultação, tu foste consagrado sacerdote eterno e rei do universo. Oferecendo-se na cruz, como vítima pura e pacífica, tu realizaste a redenção da humanidade. Submetendo ao teu poder toda criatura, entregarás ao Pai um reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

O que de melhor fazer hoje para celebrar o dia de Cristo Rei e Dia dos Leigos e Leigas? Sem dúvida, participar da Santa Missa em sua comunidade. 

Comunicação

Na manhã deste domingo, em Campina Grande, PB, faço Palestra no Encontro Diocesano do Apostolado da Oração, no Clube Campestre. Na noite de hoje, faço show em Orobó, PE. 
Domingo próximo, dia 1º de dezembro, estarei em Juazeiro do Norte, CE, no evento 'Sempre Encontrando' do ECC da Diocese do Crato. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A vida futura é muito mais.


   23 de novembro de 2024.   

Sábado da 33ª Semana do Tempo Comum

   Evangelho.   


Lc 20,27-40

Naquele tempo, 27aproximaram-se de Jesus alguns saduceus, que negam a ressurreição, 28e lhe perguntaram: “Mestre, Moisés deixou-nos escrito: se alguém tiver um irmão casado e este morrer sem filhos, deve casar-se com a viúva a fim de garantir a descendência para o seu irmão. 29Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou e morreu, sem deixar filhos. 30Também o segundo 31e o terceiro se casaram com a viúva. E assim os sete: todos morreram sem deixar filhos. 32Por fim, morreu também a mulher. 33Na ressurreição, ela será esposa de quem? Todos os sete estiveram casados com ela”.

34Jesus respondeu aos saduceus: “Nesta vida, os homens e as mulheres casam-se, 35mas os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura, nem eles se casam nem elas se dão em casamento; 36e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos, serão filhos de Deus, porque ressuscitaram.

37Que os mortos ressuscitam, Moisés também o indicou na passagem da sarça, quando chama o Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó’. 38Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele”. 39Alguns doutores da Lei disseram a Jesus: “Mestre, tu falaste muito bem”. 40E ninguém mais tinha coragem de perguntar coisa alguma a Jesus.


   Meditação.   


Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele (Lc 20, 38) 

Um grupo de saduceus traz uma questão a Jesus, como se fazia nos debates dos rabinos. Até chamam Jesus de ‘Mestre’. Os saduceus eram uma espécie de partido religioso, com forte influência no Sinédrio. O Sinédrio era um plenário das lideranças do povo de Israel. Quem era saduceu? Saduceus eram os sumos-sacerdotes, escribas e os anciãos, representantes da aristocracia rural que faziam parte do Sinédrio. Os saduceus discordavam dos fariseus em vários pontos. Um deles era a ressurreição dos mortos. Para eles -  gente rica e preocupada com a manutenção de sua condição social -  a vida termina por aqui mesmo.

Trazem, então, uma questão, que com certeza, já tinham debatido com os fariseus. A Lei do Levirato do tempo de Moisés mandava o irmão se casar com a cunhada viúva, no caso de ela não ter filhos, isso para garantir a propriedade dos bens do falecido, uma vez que a mulher não tinha direito de posse. Mas isso, claro, não impedia de esse irmão ter sua família. No caso inventado pelos saduceus, um irmão morreu, o outro teve de se casar com a cunhada viúva. Morreu também esse, e lá foi o outro se casar com ela. Afinal, a mulher terminou se casando com os sete irmãos – olha que história! Se existir outra vida, pensavam, vai ser uma confusão: de quem essa mulher vai ser esposa? Isso prova, pensavam eles, que não existe outra vida depois da morte, não tem ressurreição coisa nenhuma.

Jesus explicou duas coisas: 1ª – Deus é Deus dos vivos. Há ressurreição, sim senhor. 2ª – Na ressurreição, não tem mais casamento. Estamos todos na casa do Pai, como irmãos.

Jesus foi explicando.... No episódio da sarça ardente, Deus falou com Moisés e se apresentou: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó”. Ele não disse: eu fui o Deus de Abraão, não, ele disse “eu sou o Deus de Abraão”. Então, Abraão está vivo, embora tenha morrido há séculos. Deus é o Deus de Isaac, é o Deus de Jacó. Não foi o Deus deles quando eles estavam na terra. Eles estão vivos com Deus. Deus é o Senhor deles, o seu Deus. Então, existe ressurreição. Foi o que Jesus concluiu: “Deus não é Deus de mortos, mas de vivos”.



Guardando a mensagem

Para aquela gente materialista (os saduceus), Jesus deu uma grande lição. A vida futura não é uma simples continuação da atual. É uma nova forma de viver, uma condição perfeita de existir. E é para esta vida em Deus que nos preparamos aqui. É para lá que nós estamos indo, se estivermos marchando no caminho certo. Então, é o caso de orientarmos nossa existência atual na direção da eternidade.

Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele (Lc 20, 38)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
concede-nos, viver esta nossa vida humana como uma graça preciosa que de Deus recebemos. Não nos permitas que nos fixemos apenas nas coisas que a nossa vista alcança, pois os verdadeiros bens ainda estão por vir. Vivendo, estamos apenas a caminho da vida verdadeira e plena que concedes aos que crêem. A nossa verdadeira casa é a tua, a casa do teu Pai, pela qual já ansiamos de coração inquieto. Dá-nos, Senhor, que não nos apeguemos demais às coisas dessa terra, pois nosso verdadeiro lar é contigo, por toda a eternidade, como filhos do único Deus e Pai, na grande festa do teu amor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Precisamos ter cuidado para manter o nosso coração em Deus, nas coisas do alto. Se ficarmos muito agarrados às coisas deste mundo, podemos cometer o erro de por a nossa esperança naquilo que passa. "Coração ao alto!" - é o convite na Santa Missa. E a nossa resposta é: "O nosso coração está em Deus". Isto seja verdade na sua vida.

Comunicando

Amanhã é o domingo de Cristo Rei, último domingo do ano litúrgico. No outro domingo, já estaremos no tempo do advento, nos preparando para o natal. Então, programe-se para não faltar à Missa de amanhã, o Domingo de Cristo Rei, que é também o domingo dos leigos e leigas.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O Templo de Deus é santo.




   22 de novembro de 2024.   

Memória de Santa Cecília, mártir.


  Evangelho  


Lc 19,45-48

Naquele tempo, 45Jesus entrou no Templo e começou a expulsar os vendedores. 46E disse: “Está escrito: ‘Minha casa será casa de oração’. No entanto, vós fizestes dela um antro de ladrões”. 47Jesus ensinava todos os dias no Templo. Os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os notáveis do povo procuravam modo de matá-lo. 48Mas não sabiam o que fazer, porque o povo todo ficava fascinado quando ouvia Jesus falar.

   Meditação.   


Jesus disse: Está escrito: ‘Minha casa será casa de oração’ (Lc 19, 46)

Jesus expulsou os vendedores. Mas, os vendedores eram apenas funcionários de quem comandava o Templo. No evangelho de hoje são nomeados os que queriam matar Jesus: os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os notáveis do povo (os anciãos). Eram esses que controlavam o Templo; eles é que eram os donos do comércio de animais para o sacrifício e do câmbio de moedas. Eram esses que se beneficiavam daquele dito “sacro comércio”.

E porque se fazia aquele comércio no Templo? Bom, os animais – bois, ovelhas e aves – serviam para os sacrifícios em honra de Deus. E o câmbio era porque o Templo tinha a própria moeda. E, quem chegasse com “dinheiro do mundo”, deveria trocá-lo pela moeda do Templo, para poder fazer sua oferta e comprar os animais para o sacrifício. Assim, na mentalidade deles, as coisas santas não seriam contaminadas com coisas impuras, como dinheiro estrangeiro.

Olha o que Jesus disse: “Está escrito: ‘Minha casa será casa de oração’. No entanto, vocês fizeram dela um antro de ladrões”. Por que Jesus disse isso? Quem eram os ladrões: os vendedores ou os donos daquele comércio? Bem, aquele grupo que estava na liderança do Templo estava mais interessado na busca dos seus próprios interesses do que na glória de Deus. O Templo de Deus devia ser a casa do povo de Deus. Mas, se tornara coisa deles. Digamos assim, que, em certa medida, eles sequestraram a casa do povo de Deus, fazendo dela uma propriedade sua, um modo de ganhar dinheiro e de manter o seu poder. Aquele estilo de religião tinha roubado o Templo do seu povo.

Mas, há ainda outra razão pela qual Jesus disse que eles tinham transformado o Templo num antro de ladrões. A vocação daquele grande Templo da nação judaica era ser casa de oração, casa de encontro com Deus. Pela oração, os filhos se reuniam com o seu pai, recordavam as grandes obras de Deus em seu favor, a começar pela libertação do poder do Faraó, da entrada na terra da promessa vencendo os reis cananeus. A casa era um testemunho de toda a história da salvação desse povo. Uma casa de oração, de memória, de exaltação da glória do Deus fiel. Mas, Jesus disse que o transformaram num antro de ladrões. E o que será que esses ladrões estavam roubando? Eles transformaram o relacionamento do povo com Deus numa relação comercial. Parecia que os fiéis, com suas oferendas e sacrifícios, estavam comprando a benevolência de Deus, o seu perdão, a sua bênção. Aquele estilo de religião tinha roubado Deus do seu povo.




Guardando a mensagem

Os dirigentes do Templo eram representantes de grupos muito poderosos e influentes no país. Jesus denunciou que eles tinham feito da Casa de Deus um antro de ladrões. Ladrões eram eles, porque estavam tirando o Templo do próprio povo de Deus; e estavam transformando o relacionamento com Deus num balcão de negócios, tirando Deus do seu povo. Que coisa preciosa é a religião! Que coisa santa é um Templo! Mas, todo cuidado é pouco para que não se transforme a religião em mais uma fonte de exploração e de opressão, e, o pior, em nome de Deus.

Jesus disse: Está escrito: ‘Minha casa será casa de oração’ (Lc 19, 46)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
tua ação no Templo de Jerusalém, expulsando os vendedores e denunciando os ladrões, valeu como uma purificação da religião de Israel e de toda religião. Temos que tomar cuidado para que a religião não se torne uma fonte de exploração, de enriquecimento e de controle das pessoas por gente poderosa e interesseira. Contigo aprendemos que a religião que praticamos em nossos Templos deve nos ajudar a viver em fraternidade, na comunhão com o Senhor nosso Deus e Pai. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Todo mundo tem a sua paróquia, uma comunidade eclesial à qual pertence e onde vive e celebra a fé. Em geral, é a que está mais perto da própria casa. No seu caderno espiritual, escreva o nome de sua paróquia, o nome do seu padroeiro ou padroeira e o nome do pároco.

Comunicando

Neste final de semana, vou estar em Campina Grande, Paraíba. No sábado à noite, celebro a Santa Missa na Igreja do Seminário Diocesano, às 19h30. Na manhã do domingo, faço palestra no Encontro Diocesano do Apostolado da Oração, no Clube Campestre. E na noite deste mesmo domingo, vou estar em Orobó, PE, em um show de música religiosa. 


Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Apresentação de Nossa Senhora





   21 de novembro de 2024.   

Memória da Apresentação de Nossa Senhora


   Evangelho   


Mt 12,46-50

Naquele tempo, 46enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo”. 48Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” 49E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. 50Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.


   Meditação.   

E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos (Mt 12, 49).

Celebramos, hoje, a memória da apresentação de Nossa Senhora, no Templo. Através de uma antiga tradição, não presente nos evangelhos bíblicos, temos notícia de que os pais de Maria (São Joaquim e Santa Ana) a consagraram ao serviço de Deus. Na vida religiosas, muitas comunidades aproveitam esta data para seus novos membros emitirem os seus votos, consagrarem-se a Deus, como Maria. 

No evangelho de hoje, temos uma cena da vida pública de Jesus, onde está inserida sua mãe. Olhamos para ela, hoje, no grupo dos parentes de Jesus, sendo testemunha ocular de um ensinamento precioso do Mestre.

Jesus está falando ao povo. Um grupo de parentes chega e fica do lado de fora, não se integra. E manda um aviso que quer falar com ele. Jesus ensina que o verdadeiro laço de parentesco com ele é a obediência à vontade do Pai. É isso que o define: ser cumpridor da vontade de Deus. Assim, ele deixa claro que o lugar dos parentes é dentro da casa ou da comunidade, como discípulos, aprendendo o caminho do Reino. Eles estão do lado de fora. Então, a palavra de Jesus é um convite para eles se tornarem discípulos, para entrarem.

O texto nos ajuda a perceber como os parentes próximos de Jesus tiveram dificuldade para entender o que ele andava fazendo. A Bíblia chama primos de irmãos. “Os irmãos” são seus primos, ao lado de quem Jesus cresceu em sua terra natal. Houve um tempo em que eles pensaram que Jesus tinha ficado louco. Só aos poucos, eles foram se integrando na grande comunidade que se formou ao redor de Jesus. A resposta de Jesus é um convite claro a que eles se integrem, não fiquem do lado de fora. Este é o verdadeiro laço de parentesco que vai contar: fazer a vontade do Pai.

Olha a palavra de Jesus, apontando para os discípulos: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Fazer a vontade de Deus é que nos faz discípulos, parentes de Jesus.

E Maria, estava no meio daqueles parentes que não estavam entendendo Jesus? Bom, dizer “tua mãe e teus irmãos” é uma forma de falar da família dele. Pelo modo de dizer, o pai dele não estava mais vivo. Se o principal é fazer a vontade de Deus, então isso é um elogio à sua mãe. De fato, Maria foi elogiada no Evangelho por ser cumpridora fiel da vontade do Pai. Izabel a bendisse porque ela acreditou na Palavra do Senhor que lhe fora comunicada. A vontade de Deus, na sua vida, estava acima de qualquer interesse ou projeto pessoal. Ela prontamente aceitou cumpri-la, quando o anjo Gabriel lhe disse o que Deus queria dela.

Santo Agostinho, em um de seus sermões, escreveu: “Acaso a Virgem Maria não fez a vontade do Pai, ela que creu pela fé, que pela fé concebeu, que foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação? Ela foi criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado. Ela fez totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que sua mãe”.

















Guardando a mensagem

O que nos faz próximos de Jesus, seus parentes, é a obediência à vontade do nosso Deus e Pai, mais do que qualquer laço sanguíneo ou qualquer cargo na Igreja. Parente de Jesus é aquele que cumpre a vontade de Deus, da qual ele é o primeiro cumpridor. O discípulo fiel imita Maria, sua mãe, a Virgem obediente. Maria sempre colocou a vontade de Deus acima de tudo e de todos. A vontade de Deus é a lei que rege a vida daquele que crê. Maria é modelo para todo discípulo.


E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos (Mt 12, 49).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
queremos, hoje, te expressar nossa gratidão pela mãe que nos deste, como preciosa herança quando morrias na cruz. Na pessoa do teu discípulo João, nós a acolhemos em nossas casas, em nossas famílias, em nossos corações. Ela é a nossa boa mãe que continua cuidando de nós, como cuidou de ti, Jesus, com imenso amor e dedicação. Obrigado, Senhor, pela boa mãe que nos deste. Nós a temos como modelo de adesão e obediência à vontade do Pai. No teu evangelho de hoje, aprendemos que temos parentesco contigo e com tua mãe, na medida em que nos tornamos fiéis cumpridores da santa vontade do nosso Deus. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Hoje, dia da apresentação de Nossa Senhora, fazendo memória de sua consagração a Deus, reze pelos adolescentes de sua família. Peça ao Senhor a graça de eles conhecerem e abraçarem generosamente a sua santa vontade.

Comunicando

Hoje, quinta-feira, temos a Santa Missa das 11 horas, rezando por associados e ouvintes. Acompanhe pelo rádio ou pelo Youtube.    Envie a sua intenção através do nosso Whatsapp 81 3224-9284. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb  


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