PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

Alguém precisa de você

Quanto mais a população se concentra nos centros urbanos, menos comunicação interpessoal,  mais anonimato, mais indiferença. A indiferença é a gente passar um pelo outro, como se o outro não existisse. A indiferença e o individualismo enfraquecem o tecido social e empobrecem a nossa convivência humana.

Vivendo em sociedade, cada um tem um papel a cumprir, uma função social, uma tarefa profissional. Quem, como nós, leva o nome de ‘cristão’ e tem a responsabilidade de honrar a sua fé, não se contenta apenas em cumprir socialmente um papel. A perspectiva do evangelho é mais do que a simples convivência pacífica e educada entre todos, em sociedade. O evangelho nos impulsiona a um encontro mais profundo com as pessoas. Todos somos irmãos, estamos no mesmo barco e precisamos uns dos outros.

Marta e Maria

“Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária" (Lc 10, 41-42)

Na vida, estamos sempre diante de uma encruzilhada, precisando escolher qual caminho seguir. O Salmo número 1, na abertura dos saltério, nos apresenta dois caminhos: o caminho dos justos e o caminho dos ímpios. No evangelho, Jesus contou a história de dois homens: o publicano humilde e o fariseu soberbo. Deu também o exemplo de dois irmãos a quem o Pai pediu para irem trabalhar em sua vinha: um disse que ia e não foi; o outro disse que não ia, e foi. Outros dois irmãos estão na parábola do filho pródigo: um reingressou, arrependido, na casa do seu pai e outro, longe de ser misericordioso como o Pai, ficou fora de casa. Afinal, na estrada da vida, temos que escolher entre dois caminhos.

VÁ E FAÇA A MESMA COISA

 


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0 de Julho de 2016


Eu já andava desconfiado que o bom samaritano do evangelho fosse Jesus. Agora, já não tenho mais dúvidas.

Bom, Jesus contou a história do bom samaritano (Lc 10). Um peregrino caiu nas mãos de assaltantes na estrada. Além de assalta-lo, eles o espancaram muito. Jesus fez questão de dizer que eles “foram embora, deixando-o quase morto”. Três pessoas passaram por aquele mesmo caminho. Os dois primeiros, homens da religião de Israel, viram e foram embora. Você escutou? - “foram embora!”. A falta deles – a omissão de socorro – está quase no mesmo nível dos assaltantes, pois foram embora também, indiferentes à sorte daquela vítima. O terceiro que passou pelo caminho foi um samaritano, um estrangeiro. Esse viu e teve compaixão. Essa palavra “compaixão” se repete muitas vezes nos evangelhos, referindo-se a Jesus quando se encontra com os sofredores. E o que fez o samaritano? Ele realizou uma obra completa, perfeita, misericordiosa. Obra assim, só Deus faz. O Senhor Deus criou o mundo em sete dias. O que o samaritano fez está descrito em sete ações (conte aí): aproximou-se – fez curativos com óleo e vinho – transportou o homem na sua própria montaria – levou-o a uma hospedaria – cuidou dele lá – pagou a hospedagem com duas moedas de prata – quantas ações até agora? Seis. Então, está faltando uma. E essa deve ser o coroamento de todas. É assim na linguagem poética da literatura daquele tempo. Qual será a sétima ação? A sétima é esta: Vai pagar o que tiver de despesa a mais, quando voltar. O pagamento completo será na volta. Quem é que vai voltar? Claro, Jesus é quem vai voltar. Ele vai acertar as contas, na volta. Vai premiar quem tomou conta do seu irmão, em sua volta no fim dos tempos.

Eu não tenho dúvida. Jesus é o bom samaritano. A situação do homem assaltado e quase morto é a condição com que ele nos encontrou no caminho da história, gente ferida pelo pecado. Ele se aproximou de nós, pela sua encarnação. Curou-nos com o derramamento do seu sangue (o vinho) e do Espírito Santo (o óleo). Tomou sobre si nossas dores e nosso pecado (transportou o homem no seu animal). Inseriu-nos, pelo batismo, na comunidade da Igreja (levou-o para uma hospedaria). É a Igreja, que como uma mãe, nos acompanha, nos alimenta, nos educa, cuida de nós (na hospedaria, ele cuidou do ferido). Garantiu que nem um copo d’água ficará sem recompensa (pagou as duas moedas ao dono da hospedaria). E, no seu retorno glorioso, vai dar a vida eterna a quem acolheu, alimentou, vestiu, visitou, lutou pelo pobre e pelo pecador (Na volta, pagará o que houver de despesa). É ou não é Jesus, esse samaritano?

Se for Jesus, ele está se colocando como exemplo, para nós o seguirmos, o imitarmos, fazermos como ele. Veja o que está escrito no finalzinho desse texto do evangelho: O próximo do assaltado foi o que usou de misericórdia para com ele. “Misericórdia”, você ouviu bem essa palavra? Claro, foi Jesus que usou de misericórdia para conosco. É pra isso que ele está contando essa história: para nós o imitarmos. E olha como termina esse texto do evangelho... diz tudo: “Vá e faça a mesma coisa" (Lc 10, 37)

Pe. João Carlos Ribeiro

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