Quanto
mais a população se concentra nos centros urbanos, menos comunicação
interpessoal, mais anonimato, mais
indiferença. A indiferença é a gente passar um pelo outro, como se o outro não
existisse. A indiferença e o individualismo enfraquecem o tecido social e
empobrecem a nossa convivência humana.
Vivendo
em sociedade, cada um tem um papel a cumprir, uma função social, uma tarefa
profissional. Quem, como nós, leva o nome de ‘cristão’ e tem a responsabilidade
de honrar a sua fé, não se contenta apenas em cumprir socialmente um papel. A
perspectiva do evangelho é mais do que a simples convivência pacífica e educada
entre todos, em sociedade. O evangelho nos impulsiona a um encontro mais
profundo com as pessoas. Todos somos irmãos, estamos no mesmo barco e
precisamos uns dos outros.
Quem
não se lembra daquela história do bom samaritano que Jesus contou? Aquela cena
é a proposta do evangelho. O homem que voltava de Jerusalém e ia para Jericó
foi assaltado. Ele era um judeu, um devoto voltando de uma peregrinação. Só
quem o ajudou foi um samaritano, um comerciante que passou por ali e teve
compaixão dele. Um era judeu, outro era samaritano, pertenciam a religiões em
conflito. Não eram parentes, nem moravam na mesma localidade... Eram quase
inimigos de raça e religião. Mas, o samaritano ajudou o judeu. Foi isso que
Jesus quis sublinhar.
Em
sociedade, um precisa ajudar o outro. Mas, não porque torcem pelo mesmo time,
ou moram na mesma rua, ou são parentes. Ajudar porque o outro está precisando,
está doente, está numa fase difícil de sua vida. Ajudar porque o outro está sem
emprego, sem comida em casa e sem passagem no bolso. O samaritano ajudou o
judeu porque ele estava caído na estrada, quase morto, fora assaltado e
espancado pelos ladrões. Ele estava precisando de ajuda.
Isso
é o que se chama Caridade. O amor respeitoso e responsável pelo bem do outro. O
apoio na hora em que o outro precisa. A ação que não está esperando recompensa,
que vai ao encontro de quem está em situação de vulnerabilidade. Não passar
pela outro que está necessitado sem se interessar por ele, ainda que não possa
contribuir financeiramente ou de outra forma para a solução do seu problema.
Mostrar interesse, proximidade. Alimentar empatia. Não ser indiferente ao drama
dos outros. Esse compromisso com o bem do outro se reflete em opções sociais e
políticas em favor de uma sociedade justa e fraterna.
Na
história do Samaritano, está um espelho pra os seguidores de Cristo. Deus é
amor. Jesus nos mostrou o seu rosto misericordioso. Pensando bem, esse
evangelho da misericórdia deveria mudar muita coisa em nossa vida. Quantas
pessoas nós não encontramos em nosso dia a dia?! Não são todos nossos parentes,
nem moram em nossa rua, nem frequentam a nossa Igreja, mas todos merecem
atenção, respeito, consideração. São nossos semelhantes, nossos companheiros de
caminhada neste mundo.
E
se você encontrar hoje alguém que está precisando de apoio, de atenção, de um
ombro amigo.... é hora de oferecer-lhe um bom conselho, uma orientação, uma
ajuda, se possível. É hora de mostrar sua cara de cristão, seu interesse pelo
bem do outro. É isso. Não dá para ser cristão e passar pela vida das pessoas
com indiferença.
Pe. João Carlos Ribeiro
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