PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

O AMOR É A LÓGICA DO EVANGELHO


O que Deus uniu, o homem não separe (Mc 10, 9)

07 de outubro de 2018.

Jesus está ensinando ao povo. O que ele ensina? Ele descreve o Reino de Deus, que já está acontecendo por sua presença, por suas palavras e por suas ações. Não se trata de uma lei a ser cumprida, mas de um amor a ser acolhido e amado. Jesus revela o Pai que ama o mundo e envia seu filho para resgatá-lo. E o filho, que por amor aos seus, entrega a sua vida. O convite é que entremos nessa dinâmica de amor: amemos a Deus, amemos o próximo, imitemos o Pai que dá seu filho e o filho que dá sua vida. O amor é a lógica do Evangelho.

A obra de Jesus foi restaurar o projeto original de Deus. Nele, a humanidade decaída em Adão e Eva encontra a reconciliação, o perdão. E o ser humano redimido  vai se identificando progressivamente com Cristo, pela fé, pelo batismo, pela prática da palavra. É ramo enxertado na videira. Para ele ou para ela, o matrimônio é uma vocação, um chamado de Deus, vivido como caminho de santidade. O casamento não é uma formalidade, um rito social. É a acolhida de um dom maravilhoso, da graça de Deus e do seu Espírito para realizar, na família, o amor de Deus pelo seu povo, o amor de Cristo por sua Igreja. No matrimônio, um se entrega ao outro. E nisso expressam e realizam o amor nupcial de Cristo e de sua Igreja. “Já não serão dois, mas uma só carne”. Os cônjuges realizam, em sua vida e em sua sexualidade, a unidade de Deus, a comunhão.  

Mesmo mergulhados na ótica do amor de Deus, os casados continuam frágeis e sujeitos a quedas. Na sua fraqueza humana, são, no entanto, sustentados pela graça de Cristo e aplicam-se mutuamente o remédio do perdão. Na sua vida de casal e na família que formam exprimem o amor de Deus no cuidado um com o outro, no carinho com que se tratam, no cuidado mútuo, na comunhão de bens, na abertura à vida que chega como fecundidade do amor. O matrimônio cristão está no nível do amor do Reino de Deus, não no nível do simples cumprimento de leis. Participa da experiência do amor de Deus pela humanidade  e de Cristo por sua Igreja. Por isso, é experiência de unidade (“já não dois, mas uma só carne”) e de fidelidade (não é um vínculo que se dissolve, que se desfaz).

O casamento é obra do Criador, que o concebeu como expressão de verdadeira comunhão. Jesus restaurou o projeto original de Deus em relação ao casamento. Mesmo que os casais do seu tempo encontrassem dificuldades e limites na vida a dois, Jesus confirmou o ensinamento da Escritura: a unidade (os dois serão uma só carne) e a indissolubilidade (o que Deus uniu, o homem não separe). Feliz o casal que chega a viver o seu matrimônio como expressão de amor e de obediência a Deus e ao seu projeto de felicidade e salvação!

Guardando a mensagem

Jesus elevou o casamento, obra divina, ao nível de sacramento, sinal visível do amor de Deus que se manifestou nele como salvação . Você é casado, é casada? Então, viva essa condição como verdadeira graça de Deus. Nos dias de hoje, há muita coisa que conspira contra o matrimônio. Mas, não se deixe seduzir pelo mal. Não assuma o pensamento do mundo sobre o casamento. Assimile o pensamento de Deus, como Jesus o exprimiu no seu evangelho. A vida a dois é exigente, porque pede esforço de superação do egoísmo, do individualismo;  mas, conta com o perdão e a graça de Deus para superar os pequenos e grandes desencontros.

O que Deus uniu, o homem não separe (Mc 10, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

Abençoa os casais que estão enfrentando turbulências no seu casamento. Senhor, que eles possam beber da fonte do amor que és tu mesmo e em ti encontrar forças para perseverar no amor, exercitando a paciência e o perdão. Cura, Senhor, as chagas abertas pela infidelidade no matrimônio. Dá a graça da reconciliação, da restauração da vida matrimonial a tanta gente que se vê tocada pela tua graça. Abençoa, Senhor, com a bênção dos filhos, a união matrimonial dos casais jovens. Abençoa, com a bênção dos netos, os casais mais adultos. Repete no coração de todos que o casamento é santo, lugar de santificação e de união com Deus. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Neste dia de eleições gerais, dedique um momento de oração pelo Brasil. Como disse o Salmo 127: “Se o Senhor não construir a casa, em vão trabalham os que a edificam”.

Pe. João Carlos Ribeiro – 07.10.2018

A LOUVAÇÃO DE JESUS


Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos (Lc 10, 21).

06 de outubro de 2018.

Alguém pode até ficar com raiva. Mas, Deus escolhe os pequenos. Escolheu o adolescente Davi, pastor de ovelhas. Escolheu José, um jovem carpinteiro de um lugarejo de nada. Escolheu Maria, uma moça humilde de Nazaré. Não escolhe os que o mundo seleciona. Escolhe os que o mundo escanteia. Escolhe os pequenos para lhes revelar o Reino. Jesus, imitando o Pai, escolheu Mateus, colaborador dos romanos. Escolheu Pedro, rude pescador do grande lago. Escolheu Paulo, perseguidor dos cristãos. Como o Pai, escolhe o fraco para confundir o forte.

No evangelho de hoje, Jesus está em oração. Ele louva o Pai porque o Reino está sendo revelado aos pequeninos. Igualmente o louva porque, revelando o Reino a uns, o Pai o esconde a outros, os sábios e entendidos. E o que é que está havendo com os sábios e entendidos, isto é, com os estudados, os professores da Lei, os que se sentiam conhecedores da Palavra de Deus? Estes fecharam o coração. Não conseguiram ver em Jesus de Nazaré a revelação do Pai amoroso e fiel que fez aliança com Israel. Encheram o peito de presunção de que já sabiam de tudo. E de inveja, sentindo-se ameaçados pela fama de Jesus, de seus ensinamentos e de seus milagres.

Embora Jesus pregasse pra todo mundo, a todos procurasse iniciar no Reino, via-se cercado de gente simples e pobre, pecadores, sofredores de todo tipo. Os grandes também se aproximavam, mas para censurar, para tentar coibir a sua palavra, para desafiá-lo... Estes tentavam desmoralizar o seu ministério ou encontrar motivo para denúncias e perseguições. Os grandes fecharam o coração. Os pequenos abriram-se à obra de Deus. É o que Jesus está vendo. E por isso está louvando o Pai.  E louvando o Pai, em alta voz.

Guardando a mensagem

Jesus rezou, publicamente, louvando o Pai porque este estava revelando o Reino aos pequeninos. E o estava revelando por meio do Filho. Em Jesus, reconhecemos a bondade e a misericórdia do nosso Deus, atuando em favor do seu povo. Os grandes fecharam o coração. As elites rejeitaram Jesus. Os pobres e os pecadores aproximaram-se dele, acolhendo o Reino que ele anunciava. A lógica de Jesus é a lógica do Pai. Ele escolhe os pequenos. A lógica de Jesus deve ser a nossa também. Valorizemos os pequenos. O Reino é deles. Tornemo-nos pequenos, sejamos solidários com eles, se quisermos ter parte no Reino.

Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos (Lc 10, 21)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Na oração que nos ensinaste, pedimos ao Pai: “venha a nós o vosso Reino!” . Tu nos ensinaste a rezar assim para que entendamos que o Reino é um dom que nos vem do Pai, não é uma conquista de nossas ações ou de nossa santidade. O Reino vem a nós por pura bondade e graça de Deus, nosso Pai. E és tu, Senhor Jesus, que nos revelas o Pai, que nos comunicas o seu Reino, sua presença amorosa em nossa história. Venha a nós o vosso Reino! Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, durante o dia, reze com Jesus, mais de uma vez: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos”. 

Pe. João Carlos Ribeiro – 06.10.2018

ACORDAR ENQUANTO É TEMPO

Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! (Lc 10, 13).
05 de outubro de 2018.
Muitas comunidades não mostram crescimento em seu caminho de identificação com o evangelho do Senhor. Entra ano e sai ano, e continuam patinando no mesmo egoísmo, nos mesmos desentendimentos, na mesma mediocridade. Comunidades e cristãos também.
Olha só o que temos no Evangelho de hoje! Jesus comparou localidades da Galileia onde ele investiu a maior parte do seu trabalho missionário (Corazim, Betsaida e Cafarnaum) com cidades pagãs que talvez tivessem sido mais receptivas ao Evangelho (Tiro e Sidônia).
Corazim e Betsaida eram localidades da Galileia, na terra de Jesus. A Galileia foi a área de maior atuação do nosso Mestre. Por aquela região, ele circulou muitas vezes, pregou em suas sinagogas, curou muita gente.  Tiro e Sidônia eram localidades fora da área de Israel, consideradas terras de pagãos. Mesmo que estivessem nas fronteiras do povo eleito, eram comunidades estrangeiras. É verdade que Jesus fez diversas incursões pelo território dos pagãos, pelo estrangeiro.
Corazim e Betsaida, como as outras localidades da Galileia por onde Jesus circulou com tanto zelo e prioridade, não responderam ao Mestre com entusiasmo, com adesão vibrante, com muitas conversões. Mostraram-se frias, apáticas, reticentes. Em Nazaré, Jesus tinha se queixado que “o profeta só não é bem recebido em sua própria pátria”.
A experiência dos apóstolos, depois da ressurreição de Jesus, foi a adesão entusiasta dos pagãos em muitos pontos do Império Romano. Paulo e Barnabé logo experimentaram isso em Antioquia, na vizinha região Síria. E depois, Paulo e os outros apóstolos, largaram-se mundo afora nas cidades da área do Mar Mediterrâneo, sempre encontrando pouca adesão nas sinagogas dos judeus e vibrante acolhida entre os pagãos.
Guardando a mensagem
Corazim e Betsaida, hoje, podem ser você, eu, sua família, sua comunidade. Apesar do trabalho de missionários, de sacerdotes e de tantas oportunidades que temos tido de conhecer o Evangelho, pode ser que se veja pouco crescimento e conversão entre nós. Pode ser que nós estejamos imitando Corazim e Betsaida, que apesar de terem tido Jesus pregando e libertando pessoas em seu meio, não se tocaram para uma verdadeira conversão. Se esse for o caso, a repreensão profética desses ais são para nós.  
Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! (Lc 10, 13).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Talvez, nossa vida tenha traços de Corazim e Betsaida, localidades que resistiram à tua presença, ou mantiveram-se apáticas, mesmo escutando tua pregação e vendo os teus milagres. Senhor, se esse for o nosso caso, nós te pedimos, nos sacode com o teu Espírito para que vençamos a acomodação, a preguiça, a desconfiança... Queremos seguir-te com entusiasmo, enfrentar a vida ao teu lado com fidelidade e destemor. Concede-nos, Senhor, que cresçamos mais no conhecimento de tua Palavra, corrigindo-nos naquilo que houver de menos evangélico em nossa vida e entusiasmando as pessoas com quem convivemos a te amarem e a te seguirem de todo o coração. Seja bendito o teu nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Como é que anda a sua adesão ao pedido do Papa Francisco para esse mês de outubro? Ele está fazendo um apelo muito sério a cada fiel católico. Nesse mês do rosário, rezar o Terço todo dia, pedindo a proteção de Maria sobre a Igreja. Vivemos dias difíceis.
Ao rezar o Terço, lembre que hoje é dia dos mistérios dolorosos: A oração no Horto - A flagelação à coluna -  A corOação de espinhos – O caminho do calvário – A crucifixão e morte do Senhor.

Pe. João Carlos Ribeiro – 05.10.2018

QUANDO VOCÊS NÃO FOREM BEM RECEBIDOS

Eis que envio vocês como cordeiros para o meio de lobos (Lc 10, 3)
04 de outubro de 2018.
Jesus escolheu e enviou setenta e dois discípulos. Ele os enviou à sua frente, pelos lugares que ele iria passar. Eles preparariam o terreno, avisariam ao povo a chegada do Reino de Deus. Jesus lhes fez diversas recomendações. E também lhes indicou que poderiam encontrar também dificuldade, problemas, oposições. “Eis que envio vocês como cordeiros para o meio de lobos”.
O conteúdo da evangelização é maravilhoso. O Reino de Deus se aproximou de nós. Em Cristo, chegou a salvação e a graça para todos. É um mundo novo que se abre. Deus se abaixou para nos encontrar, nos resgatar, nos conduzir. Quem poderia ficar contra uma mensagem tão especial? Infelizmente, há quem não se agrade dessa notícia, ou não se interesse por ela e até quem a rejeite, perseguindo os enviados.
Aí Jesus orientou. Quando chegarem numa casa, comecem fazendo a saudação: “A paz esteja nesta casa!”. Havendo ali um amigo da paz, maravilha. A paz fica com ele. Mas, pode ser que ali não tenha um amigo da paz. Então, nada feito. A paz não entra lá. Então, quer dizer, que não basta que a mensagem da qual somos portadores seja muito boa. É preciso que ela seja acolhida por um bom coração.
O missionário pode ser bem recebido, mas também pode ser mal recebido. “Quando vocês entrarem numa cidade e forem bem recebidos, comam do que lhes servirem, curem os doentes que houver por ali e anunciem que o Reino de Deus está próximo”. O Reino de Deus também está próximo de quem os receber mal. Por isso, Jesus falou:  ‘Neste caso, saindo pelas ruas, digam: “Até a poeira que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vocês. Mas, fiquem sabendo, o Reino de Deus está próximo”. Então, os missionários devem estar preparados tanto para a boa acolhida, como para a má acolhida. Mas, não se iludam que vão ser um sucesso, sempre.
A cena do envio dos setenta e dois discípulos é uma imagem de todos nós, discípulos e discípulas do Senhor. Setenta e dois é um múltiplo de doze (12 x 6). Em continuidade com o povo das doze tribos, nós o povo dos doze apóstolos, somos um povo de missionários. Temos uma mensagem a comunicar nas casas, nos caminhos, nas cidades. Podemos não ser bem recebidos, mas não podemos deixar de anunciar.
A Igreja em sua missão sempre encontrou obstáculos, dificuldades. Há sempre alguém que não é amigo da paz e cidades que maltratam os missionários e rejeitam sua mensagem. Nos dias de hoje, a Igreja também encontra oposição ao seu serviço evangelizador, claro.
No início deste mês de outubro, o próprio Papa pediu à sua Rede Mundial de Oração, formada pelo Apostolado da Oração e outros grupos, que estimulem todos os fiéis da Igreja mundo afora a rezarem diariamente o Terço de Nossa Senhora, neste mês de outubro, invocando sua proteção sobre a Igreja. Ele sente na pele que o mundo vive uma grande crise, crise que se reflete também na Igreja. Recomendou também que, na conclusão do Terço, rezemos a tradicional prece “À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus” e também a São Miguel, pedindo-lhe que nos defenda no combate.
O pedido do Papa é para que os fiéis rezem para que Maria “coloque a Igreja sob seu manto protetor”, e não apenas a defenda, mas, como ele disse, a faça “mais consciente das suas faltas, dos seus erros, dos abusos cometidos no presente e no passado e comprometida a lutar sem qualquer hesitação para que o mal não prevaleça”.
Guardando a mensagem
Ao enviar os setenta e dois discípulos, Jesus alertou sobre as oposições e dificuldades que eles encontrariam. A rejeição pode acontecer na casa e na cidade, isto é, na família e na sociedade. Dificuldades estão fora da Igreja e também dentro dela. O alerta de Jesus foi para que os discípulos, mesmo encontrando oposição, não esmoreçam, não deixem de comunicar a todos que o Reino de Deus está próximo deles. O nosso Papa Francisco, que em sua liderança pastoral sente de perto o peso dos problemas do mundo que se refletem na Igreja, está nos pedindo para, neste mês de outubro, mês do rosário, rezarmos diariamente o Terço de Nossa Senhora, invocando a sua proteção sobre a Igreja.
Eis que envio vocês como cordeiros para o meio de lobos (Lc 10, 3)
Rezando a palavra
Sendo hoje o dia de São Francisco de Assis, que viveu um intenso processo de conversão evangélica, rezemos com suas palavras:
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Vivendo a palavra

Você vai aceitar o convite do Papa para rezar o Terço todos os dias deste mês do rosário? Bom, no final do Terço, lembre-se da oração que ele recomendou:
“À Vossa Proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita”.

Pe. João Carlos Ribeiro – 04.10.2018

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