Na foto: Ruínas da cidade de Betsaida
04 de outubro de 2024
Memória de São Francisco de Assis
Evangelho.
Lucas 10,13-16
Naquele tempo, disse Jesus:
13Ai de ti, Corazim! Aí de ti, Betsaida!
Porque se em Tiro e Sidônia
tivessem sido realizados os milagres
que foram feitos no vosso meio,
há muito tempo teriam feito penitência,
vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas.
14Pois bem: no dia do julgamento,
Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós.
15Ai de ti, Cafarnaum!
Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno.
16Quem vos escuta, a mim escuta;
e quem vos rejeita, a mim despreza;
mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.
Meditação.
Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! (Lc 10, 13).
Muitas comunidades não mostram crescimento em seu caminho de identificação com o evangelho do Senhor. Entra ano e sai ano, e continuam patinando no mesmo egoísmo, nos mesmos desentendimentos, na mesma mediocridade. Comunidades e cristãos também.
Olha só o que temos no Evangelho de hoje! Jesus comparou localidades da Galiléia onde ele investiu a maior parte do seu trabalho missionário (Corazim, Betsaida e Cafarnaum) com cidades pagãs que talvez tivessem sido mais receptivas ao Evangelho (Tiro e Sidônia).
Corazim e Betsaida eram localidades da Galiléia, na terra de Jesus. A Galiléia foi a área de maior atuação do nosso Mestre. Por aquela região, ele circulou muitas vezes, pregou em suas sinagogas, curou muita gente. Tiro e Sidônia eram localidades fora da área de Israel, consideradas terras de pagãos. Mesmo que estivessem nas fronteiras do povo eleito, eram comunidades estrangeiras. É bem verdade que Jesus fez diversas incursões pelo território dos pagãos, pelo estrangeiro.
Corazim e Betsaida, como as outras localidades da Galiléia por onde Jesus circulou com tanto zelo e prioridade, não responderam ao Mestre com entusiasmo, com adesão vibrante, com muitas conversões. Mostraram-se frias, apáticas, reticentes. Em Nazaré, Jesus tinha se queixado que “o profeta só não é bem recebido em sua própria pátria”.
A experiência dos apóstolos, depois da ressurreição de Jesus, foi a adesão entusiasta dos pagãos em muitos pontos do Império Romano. Paulo e Barnabé logo experimentaram isso em Antioquia, na vizinha região da Síria. E depois, Paulo e os outros apóstolos, largaram-se mundo afora nas cidades da área do Mar Mediterrâneo, sempre encontrando pouca adesão nas sinagogas dos judeus e vibrante acolhida entre os pagãos.
Estamos vivendo um tempo de Pentecostes, com a celebração do Sínodo, em Roma. Um tempo de escuta, de acolhida da voz do Espírito que nos fala a partir da realidade, da experiência de muita gente, do clamor dos sofredores, das Escrituras; um tempo que pede conversão do coração de quem está no Sínodo em nosso nome e de todos nós. Podemos viver este e tantos outros momentos de graça com um coração insensível, indiferente ou arredio, como o povo de Corazim, de Betsaida ou de Cafarnaum; ou deixar-nos cativar pelo sopro do Espírito, com corações dóceis e exultantes, deixando-nos mover pela graça da conversão e pela adesão entusiasta a Jesus e à sua Igreja.
Guardando a mensagem
Corazim e Betsaida, hoje, podem ser você, eu, sua família, sua comunidade. Apesar do trabalho de missionários, de sacerdotes e de tantas oportunidades que temos tido de conhecer o Evangelho, pode ser que se veja pouco crescimento e conversão entre nós. Pode ser que nós estejamos imitando Corazim e Betsaida, que apesar de terem tido Jesus pregando e libertando pessoas em seu meio, não se tocaram para uma verdadeira conversão. Se esse for o caso, a repreensão profética desses ais são para nós.
Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! (Lc 10, 13).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
talvez, nossa vida tenha traços de Corazim e Betsaida, localidades que resistiram à tua presença, ou mantiveram-se apáticas, mesmo escutando tua pregação e vendo os teus milagres. Senhor, se esse for o nosso caso, nós te pedimos, sacode-nos com o teu Espírito para que vençamos a acomodação, a preguiça, a desconfiança... Queremos seguir-te com entusiasmo, enfrentar a vida ao teu lado, com fidelidade e destemor. Concede-nos, Senhor, que cresçamos mais no conhecimento de tua Palavra, corrigindo-nos naquilo que houver de menos evangélico em nossa vida e entusiasmando as pessoas com quem convivemos a te amarem e a te seguirem de todo o coração. Seja bendito o teu nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Eu e, quem sabe, você também, estejamos merecendo, hoje, essa queixa de Jesus: não estarmos respondendo à sua Palavra e à sua graça com uma vida convertida e missionária. Temos hoje o bom exemplo de São Francisco de Assis. Aos 20 anos, ouvindo a pregação do evangelho, ele deixou tudo para seguir radicalmente a Cristo, em profunda comunhão de vida com os pobres e sofredores e com todas as criaturas de Deus. Com sua vida de despojamento, oração e caridade e sua pregação popular do evangelho, ajudou a reconstruir a igreja do seu tempo e continua, hoje, a nos inspirar no seguimento de Jesus.
Comunicando
Não é demais lembrar o desafio desse mês: rezar o terço mariano, todos os dias. Mais de 2 mil ouvintes me confirmaram que estão se esforçando para isso.
Ontem, fiz show na cidade de Ipixuna, no estado do Amazonas. Hoje, presido Missa no encerramento da festa de São Francisco, no bairro Miritizal, na cidade de Cruzeiro do Sul, estado do Acre. Segunda-feira, temos Encontro dos Ouvintes no Recife, na Paróquia do bairro da Mustardinha.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb