PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

A compaixão é a marca de Jesus.





04 de fevereiro de 2023

Sábado da 4ª Semana do Tempo Comum



EVANGELHO

Mc 6,30-34

Naquele tempo, 30os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer. 32Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. 33Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé, e chegaram lá antes deles.
34Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.


MEDITAÇÃO

Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor (Mc 6, 34)

A pregação da palavra de Deus é uma coisa maravilhosa. Ninguém duvida. A celebração ou liturgia, outra coisa fantástica. Mas, nem a pregação, nem a celebração se explicam sem a compaixão, a caridade. A evangelização e a celebração começam e terminam na caridade. Está tudo no evangelho de hoje.

“Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”. Aí começa tudo, na compaixão. Jesus viu aquele povo que o procurava e lhe doeu o coração vê-lo tão necessitado, tão fragilizado. Para uma pessoa do interior como Jesus, dava pena ver um rebanho sem pastor: as ovelhas se dispersam, os carneirinhos viram presas fáceis para as feras e os ladrões, não têm quem guie a um bom pasto. E olha que Jesus estava levando os discípulos para um lugar afastado para eles descansarem um pouco, pois estavam voltando, muito cansados, de uma missão. Diante daquela cena – ovelhas sem pastor – esqueceu-se o descanso e Jesus começou a “ensinar-lhes muitas coisas”, diz o evangelho.

O que será que Jesus ensinou àquela gente? Podemos imaginar, pois o que ele disse ao povo, certamente, é o que está no evangelho. Ele explicava, contando parábolas, como Deus ama os seus filhos, como fica feliz quando um filho ou uma filha escolhe o bom caminho; como o Pai cuida das aves e das plantas e mais ainda cuida de cada filho. E ainda: como são felizes aqueles que Deus ama. E Deus preza antes de tudo os mais pobres e os mais sofridos. Aí, ele lhes falava do Reino de Deus. Ah, esse mundo fica melhor se Deus for obedecido como bom pai que é e se cada filho for fraterno e bom com seu irmão, com sua irmã. Quanta coisa Jesus tinha para dizer àquele povo maltratado pela violência, pela doença, pela pobreza! E aqueles corações amargurados iam se enchendo de paz, de esperança. Riam com as histórias de Jesus (‘Imagine, o filho disse que ia, mas não foi, mas que malandro!’ - ‘E a festa que o Pai fez pra receber o filho que saiu de casa, ô festão!’ –‘ ‘Mas aquelas moças que foram para o casamento e esqueceram o óleo, que povo sem juízo!). Gente, olha a hora!

Quem falou “olha a hora!”? Os discípulos. Já está ficando tarde. Isso aqui é um lugar deserto. Esse povo precisa voltar pra casa. Já está tudo com cara de fome. Tenha paciência Jesus, a conversa está muito boa, mas está na hora de mandar o povo embora. ‘Mandar o povo embora, como assim? Sem comer nada? Vocês providenciem alguma coisa’. Aí a coisa esquentou... Providenciar, nós? Aí, eles foram pragmáticos, como muitos administradores de hoje. Gastar dinheiro para alimentar essa gente? Não tem dinheiro que chegue. Mande esse povo embora enquanto é tempo. Eles se viram por aí... Olha a mentalidade deles: gastar dinheiro, despedir, mandar embora, não se sentir responsável por ninguém. E Jesus acalmou o grupo. Pera aí... O que vocês têm aí pra comer? Vão, vão ver... Cinco pães e dois peixes? Tragam pra cá. Aí Jesus mandou todo mundo se sentar, formaram grandes grupos, ele pegou aqueles poucos pães e peixes, deu graças a Deus, fez a oração da bênção dos alimentos, partiu (preste atenção a este “partiu”) e ia dando os pedaços aos discípulos para que eles distribuíssem com o povo. Depois, dividiu também os peixes. O resultado, você já sabe. E até a sobra recolhida foi grandiosa. Olha a mentalidade de Jesus: alimentar, por em comum, partilhar, repartir, dividir, somos responsáveis uns pelos outros.




Guardando a mensagem

Antes de tudo, a compaixão. Jesus viu o povo e sentiu seu coração amargurado por vê-lo tão sofrido, tão fragilizado. Ele deixou de lado outro projeto e dedicou-se a “ensinar-lhe muitas coisas”. Isto é a evangelização. A evangelização é o anúncio do amor do Pai pelo seu povo, que nos mandou Jesus como pastor e salvador. A evangelização nasce da compaixão. E gera compaixão, caridade, amor a Deus e ao próximo.

Antes de tudo, a compaixão. Era tarde, o lugar deserto, o povo faminto. Jesus envolveu os discípulos numa linda celebração. Pode ver que todos os detalhes lembram a última ceia, como se fosse uma preparação para a Santa Missa. A celebração nasce da compaixão de Deus pelo seu povo e de nossa compaixão pelo próximo. E gera compaixão, solidariedade, caridade, novas relações.

Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor (Mc 6, 34)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
hás de nos desculpar. Nós continuamos a pensar igualzinho aos discípulos naquela cena da multiplicação dos pães. Vemos as situações de sofrimento e abandono e cruzamos os braços. Ficamos paralisados por nossa mentalidade pragmática: não temos dinheiro, não temos condições, nem é responsabilidade nossa. A solução que temos é mandar embora, cada um se virar. Senhor, ajuda-nos em nossa conversão. Na evangelização e na celebração, aprendemos contigo outra forma de ver e agir: sermos responsáveis uns pelos outros, fazer alguma coisa com o que temos e, sobretudo, confiar na providência de Deus que se manifesta na partilha e na solidariedade. Sendo hoje o Dia Mundial do Câncer, nós te pedimos, Senhor, por todas as pessoas que estão enfrentando momentos difíceis na busca pela cura de doenças agressivas como o câncer; pelas crianças hospitalizadas com leucemia; por todas as pessoas com câncer, que se sentem sós e desamparadas nestes momentos tão angustiantes. Sê para todos força, conforto e luz. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Leia o texto do evangelho de hoje em sua Bíblia: Marcos 6,30-34. Anote alguma frase deste evangelho no seu caderno espiritual.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Os caminhos do Batista continuam nos caminhos de Jesus




03 de fevereiro de 2023

Primeira sexta-feira do mês

Dia de São Brás


EVANGELHO


Mc 6,14-29

Naquele tempo, 14o rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tinha tornado muito conhecido. Alguns diziam: “João Batista ressuscitou dos mortos. Por isso os poderes agem nesse homem”. 15Outros diziam: “É Elias”. Outros ainda diziam: “É um profeta como um dos profetas”.
16Ouvindo isto, Herodes disse: “Ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou!” 17Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado.
18João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. 20Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava.
21Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galileia. 22A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Pede-me o que quiseres e eu te darei”. 23E lhe jurou dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”.
24Ela saiu e perguntou à mãe: “Que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. 25E, voltando depressa para junto do rei, pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”.
26O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o sepultaram.



MEDITAÇÃO


Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão (Mc 6, 14).

No aniversário de Herodes, certamente no palácio de sua capital Tiberíades, oferece-se um banquete aos grandes da Galileia: a corte, os oficiais, os cidadãos importantes. Herodes se casara com a cunhada, Herodíades, mulher do seu irmão Filipe. A filha dela, enteada do rei, boa dançarina, apresentou-se dançando na festa. A dança e os gingados da moça agradaram em cheio os convidados e o rei. Este lhe prometeu um presente, o que ela pedisse, mesmo que fosse metade do seu reino. A mãe combinou com ela que pedisse a cabeça de João Batista. O rei, mesmo entristecido com o pedido, cumpriu sua promessa. É a triste história do martírio de João Batista.

Por que o evangelho de Marcos nos conta essa história tão triste? Uma primeira razão é ir preparando o nosso coração para a morte de Jesus. Na história de João Batista, o ódio da mulher do rei desencadeou a morte do profeta. Na história de Jesus, foi o ódio das lideranças do seu povo que o levaram à morte. Herodes mostrou-se fraco, reticente, objeto de manipulação de Herodíades. Na história de Jesus, foi Pilatos, o governante fraco e manipulado pelo Sinédrio dos hebreus.

Por que o evangelho de Marcos nos conta essa história de tanta violência? Um segunda razão: para podermos fazer uma comparação entre o banquete da morte e a multiplicação dos pães, o banquete da vida, que vem logo em seguida. No banquete de Herodes, o prato é a violência, a cabeça decapitada de João Batista. No banquete de Jesus, o prato é a partilha, a providência divina, a própria vida de Jesus entregue. Cinco mil homens se alimentaram com o que seria cinco pães e dois peixes.

Por que o evangelho de Marcos nos conta essa história de final tão desalentador? Uma terceira razão: para aprendermos o caminho da fidelidade com o profeta João Batista. No anúncio, ele foi claro e forte, denunciando os desmandos e o mau exemplo da vida irregular do rei e sua concubina. João foi fiel até o fim, sem se acovardar, nem recuar na palavra que devia proclamar.

Por que o evangelista Marcos nos conta essa história? Uma quarta razão: para nos indicar que o caminho de João Batista continua no caminho de Jesus. Exatamente depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galileia e começou a pregação, proclamando o evangelho do Reino de Deus.

Guardando a mensagem

Em todos os tempos, os profetas são perseguidos. Jesus disse que, em contraponto, os falsos profetas são aplaudidos. Lendo o fim de João Batista, nos preparamos para a paixão de Jesus. Ele tomará o caminho dos profetas, homens da verdade de Deus, que terminam incompreendidos pelo povo e perseguidos pelas autoridades. Também nos ajuda a entender a graça da multiplicação dos pães que prepara a Eucaristia: Jesus comunica vida, dando-se a si mesmo. Herodes comunica morte, poupando-se a si mesmo. João Batista foi fiel à sua missão, denunciando o erro e perseverando na provação. Esse é o caminho do cristão. Não desistir, não se intimidar diante das dificuldades. Jesus continua o caminho de João. Nós continuamos o caminho de Jesus.

Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão (Mc 6, 14).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
a atuação do governante Herodes, violento no exercício do poder e escandaloso em sua vida pessoal, produziu morte na história do seu povo: exploração, fome, perseguição política. É o que nos diz essa cena do martírio de João Batista. Já a tua atuação, Jesus, a atenção às necessidades daquela gente e o compromisso com Deus produziram vida na história do teu povo: acolhimento, partilha, fartura. É o que nos diz a cena da multiplicação dos pães que vem logo em seguida. Dá-nos, Senhor, tomar distância dos banquetes dos Herodes de hoje e pautarmos nossa vida e nossas opções pelo teu banquete no deserto. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Hoje é um dia bom pra você fazer um exame de consciência. Pergunte-se, em um momento de recolhimento do seu dia, se está sendo fiel ao que Deus tem lhe confiado como missão.

Comunicando

Hoje é Dia de São Brás, bispo e mártir, invocado como  intercessor contra os males da garganta. No dia de hoje, a Igreja dá a bênção da garganta, invocando este santo mártir. Na Rádio Amanhecer, vamos dar a bênção da garganta ao meio dia desta sexta-feira, após a oração do Ângelus. Para acompanhar, é só baixar o aplicativo da Rádio Amanhecer em seu celular.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A Festa da Apresentação do Senhor e o Dia da Vida Consagrada




02 de Fevereiro de 2023

Festa da Apresentação do Senhor

Dia da Vida Consagrada


EVANGELHO


Lc 2,22-32

22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. 24Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos – como está ordenado na Lei do Senhor. 25Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29“Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”.


MEDITAÇÃO


O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele (Lc 2, 33)

E, hoje, nós celebramos a Apresentação do Senhor. Esta é uma festa que vem dos primeiros séculos do cristianismo, celebrada quarenta dias depois do natal. Ela nos recorda a revelação sobre Jesus, quando seus pais o levam ao Templo, para cumprir o que manda a Lei de Moisés: a purificação da mãe e o resgate do primogênito.

Como o parto envolve sangue, o tempo de purificação da mãe (no caso de um filho homem) era de quarenta dias. Depois disso, ela oferecia um sacrifício no Templo (um cordeiro de um ano ou, sendo pobre, um par de rolinhas ou de pombas). Está tudo bem explicado no Livro do Levítico (Lv 12). Todo primeiro filho, dos humanos ou dos animais, pertencia a Deus. Os primogênitos dos animais eram sacrificados no Templo, como oferta ao Senhor. Os primogênitos dos humanos eram resgatados, substituídos pelo sacrifício de um animal. Tudo explicado no Livro do Êxodo (Ex 13).

O que temos? Um jovem casal, chegando ao grande Templo, em Jerusalém, com sua criança nos braços, em cumprimento das leis do seu povo. Tudo como outros tantos casais, agradecendo a bênção de terem gerado um filho varão e cumprindo os ritos que a tradição de sua fé mandava. Como tantos, o cansaço da viagem, a alegria de estar chegando à casa do seu Deus, o encontro com parentes e conhecidos, todos felizes pela bênção de um primogênito. Nesta cena, vemos algo da encarnação, como disse São Paulo: “Deus enviou o seu filho, nascido de uma mulher, sujeito à Lei” (Gl 4). Nós o vemos na normalidade da vida, no ritmo normal da existência humana de vinte séculos atrás. Um Deus encarnado.

Mas, o véu da normalidade encobre uma realidade maravilhosa. Aquele menininho frágil é o prometido de Deus, anunciado pelos profetas. Seus pais - não parece - têm uma história pessoal de colaboração com Deus. A encarnação na história passa por eles: são sua família, estarão ao seu lado no seu desenvolvimento humano, no seu crescimento espiritual, na sua inserção na história do povo eleito. Ele não é só o primogênito de José, ele é o primogênito de Deus.

Essa verdade profunda escondida sob o véu da normalidade, do habitual, da simplicidade do jovem casal é revelada por dois idosos profetas, como que representando toda a história daquele povo com Deus e sua tradição profética. Simeão, movido pelo Espírito Santo, toma a criança nos braços e revela: ‘Ele é salvação que Deus mandou, luz para iluminar o mundo todo, a glória do seu povo santo’. Simeão abençoa o pai e a mãe do menino e revela que Maria terá parte nas dores do filho: “Uma espada te transpassará a alma”. E Ana, idosa profetiza que vivia no Templo, começa a louvar a Deus e a falar do menino a quem estava passando por ali.

Em uma de suas mensagens para esta comemoração, a Ir. Maria Inês, presidente da Conferência Nacional dos Religiosos, explicou: "Neste dia 02 de fevereiro, a Vida Consagrada é chamada a celebrar o seu Dia Mundial. É, também, a festa de N. Sra. da Candelária e da Apresentação do Senhor. Os dois símbolos são a luz e a oferta, os dois pombinhos. A luz que representa o Cristo Senhor resplandecente em nossas vidas, retirando as trevas de nossas incertezas e medos, iluminando os caminhos tortuosos do nosso peregrinar. A oferta são nossas vidas de pessoas consagradas solidárias com as alegrias e esperanças do mundo, dos destinatários(as) de nossos carismas fundacionais e a inserção nas igrejas locais em processo sinodal".


Guardando a mensagem

Celebramos hoje a festa da Apresentação do Senhor. José e Maria e seu primogênito chegam ao Templo para cumprir a Lei de Moisés: a purificação da mãe e a consagração do primogênito. O mistério do filho de Deus, enviado como Messias e Salvador da humanidade, está escondido na normalidade, na simplicidade dos seus piedosos pais e na sua fragilidade de criança de braço. O evangelista nos leva, por um momento, a retirar o véu e descobrir a beleza e a grandeza da presença de Deus no meio do seu povo. Simeão e Ana, profetas idosos, representando a tradição da fé do povo eleito, reconhecem nele o Messias prometido e louvam o Senhor que está cumprindo suas promessas. A liturgia nos ajuda a celebrar essa revelação: ele é o Anjo da Aliança que está chegando no Templo, o Senhor da glória para o qual os portões se abrem, o sumo-sacerdote que expiará o pecado do povo.

O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele (Lc 2, 33)

Rezando a palavra

Senhor nosso Deus,
escolheste a encarnação, como o jeito pelo qual o teu Filho se aproximou, fez-se um de nós, expiou nossa culpa por sua morte e, ressuscitado, nos conduz na história. Assim, consagraste o nosso dia-a-dia, o nosso cotidiano, como lugar de salvação. Um véu de normalidade cobre a nossa vida, mas, a verdade é mais profunda e luminosa: somos teus filhos, Jesus está conosco, somos o povo santo em páscoa. Só com a luz da fé, podemos perceber a glória de filhos e filhas que nos habita, pelo dom do teu Santo Espírito. Na vida dos consagrados, nossos irmãos e irmãs que vivem em comunidades nos conventos, nos mosteiros, nas casas religiosas ou vivem sua consagração em suas 
famílias, na normalidade de sua vida de oração e serviço, já brilha a radicalidade de nossa fé, no seguimento a Cristo. Neles e nelas, todos suspiramos: “Só Deus nos basta”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Peça, hoje, ao Senhor que chame e inspire muitos jovens para o seguimento de Jesus na vida consagrada.

Comunicando

Como todas as quintas-feiras, hoje, temos a Santa Missa das 11 horas, transmitida pelo rádio e pelas redes sociais. Com a festa da Apresentação do Senhor, hoje, celebramos o Dia da Vida Consagrada. Se você - membro de congregação ou ordem religiosa - quiser participar da Santa Missa virtualmente nas preces dos fiéis, entre em contato para enviarmos o link. Vou lhe deixar o whatsapp para este contato: 81 9 9964-4899.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A comunidade de Nazaré perdeu a grande oportunidade

 


01 de fevereiro de 2023

Quarta-feira da da 4ª Semana do Tempo Comum


EVANGELHO


Mc 6,1-6

Naquele tempo: 1Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. 2Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: 'De onde recebeu ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? 3Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?' E ficaram escandalizados por causa dele. 4Jesus lhes dizia: 'Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares'. 5E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. 6E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando.


MEDITAÇÃO


Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares (Mc 6, 4)

Diga-me uma coisa: a sua família é numerosa ou é bem pequena? ... O pessoal de outra geração tinha família muito grande, não é verdade? No tempo de Jesus, na Palestina, as famílias eram numerosas. Todos os aparentados com o chefe da casa ou que morassem juntos pertenciam à mesma família. Os parentes moravam na mesma casa ou eram vizinhos. E os filhos, claro, se criavam juntos, convivendo com os parentes da mesma idade. No hebraico, não há palavras específicas para parentes próximos. Todos são chamados de irmãos. Irmãos podem ser primos, tios, sobrinhos, etc. Irmãos são todos os que pertencem à grande família.

No evangelho de hoje, aparece uma lista de irmãos de Jesus. Seriam irmãos mesmo ou é uma forma de designar os parentes próximos? 

Vamos à sinagoga de Nazaré pra ver o que está acontecendo. Jesus está pregando. É um dia de sábado. As pessoas dali mais ou menos devem ser conhecidas dele. É verdade que ele ficou um tempo fora, mas foi ali que se criou. As pessoas estão admiradas com sua pregação. Mas, já começa um burburinho, gente que está estranhando ou querendo desqualificar a presença de Jesus. Vamos ouvir... “Oi, este homem não é o carpinteiro? É ele mesmo. Oi, e ele não é o filho de dona Maria? Não é irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E as irmãs dele não vivem todas por aqui? Onde é que arrumou tanta sabedoria? E esses milagres que dizem que ele anda fazendo por aí? Como é isso?”.

Vamos sair um pouquinho da sinagoga, para eu lhe dar uma explicação. Venha aqui fora... Escute só: “Irmãos” é uma forma de nomear os parentes próximos, possivelmente seus primos, aqueles com quem ele tinha se criado. Esses supostos irmãos Tiago, José, Simão e Judas aparecem em outras partes do evangelho, como filhos de outros pais e outras mães. A Igreja sempre entendeu, lendo a Bíblia Sagrada e escutando a Tradição desde o tempo dos apóstolos, que Maria teve apenas Jesus. Ele é o seu primeiro e único filho. Ser primogênito no povo de Deus era uma coisa muito especial, porque tinha uma relação especial com Deus, era consagrado ao Senhor. Jesus era um primogênito. Mas, isso não quer dizer que depois dele, vieram outros filhos. Tira qualquer dúvida o fato de Jesus, antes de sua morte na cruz, ter entregue sua mãe aos cuidados do seu discípulo João, este era filho de Zebedeu. Se Maria não ficou com nenhum filho é porque não os tinha, como não tinha mais o seu esposo José, àquela altura.

Bom, o importante é notar que ter conhecido Jesus, tê-lo visto crescer entre os seus muitos parentes, foi uma razão para muita gente em Nazaré não acolher a sua pregação. Tinham um conhecimento superficial da pessoa de Jesus. Julgavam conhecê-lo. E isso foi para eles um motivo para fechar o coração para a mensagem de Deus da qual ele era portador, para a pessoa divina que ele era e para sua mensagem sobre o Reino de Deus.


Guardando a mensagem

O povo de Nazaré, por ter acompanhado superficialmente a infância e a juventude de Jesus, por conhecer seus pais e seus parentes, negaram-se a crer na sua pregação. Fecharam o coração às maravilhas de Deus que ele testemunhava com suas palavras, suas atitudes e seus milagres. Que grande oportunidade eles perderam para reconhecer e acolher a manifestação de Deus na pessoa do seu filho humanado! Eles fecharam-se no sentimento mesquinho da inveja e do preconceito. Isso pode acontecer com você, com todos nós. Podemos permanecer com uma vaga ideia sobre a pessoa de Jesus, perdendo a chance de nos deixar evangelizar com maior profundidade. Ou nos deixar iludir por discussões inúteis que nos tiram do foco a pessoa do filho de Deus e seu anúncio sobre o Reino. Não faça como o povo de Nazaré, pelo amor de Deus.

Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares (Mc 6, 4)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
ficaste triste em Nazaré, decepcionado. Não te acolheram. Então, não acolheram o Pai que te enviou. Deram as costas ao anúncio do Reino de Deus. Foi quando disseste, com certo amargor: “É, um profeta só não é estimado em sua própria pátria, entre seus parentes e familiares”. Senhor, longe de nós, hoje, te decepcionar. Não queremos que nenhum preconceito ou opiniões duvidosas nos impeçam de acolher o evangelho do Reino que tu nos trazes. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Sabe quem conhece bem Jesus, em sua humanidade? A mãe dele. Ela pode lhe dizer muita coisa sobre ele. Faça hoje uma prece a essa nossa boa mãe: “Mãe, me diz quem é Jesus, me fala sobre ele”.

Comunicando

Quero registrar um agradecimento muito sincero a todos os que compareceram ontem no show especial que fiz em Juazeiro do Norte, CE, gravado para a televisão. Foi um momento artístico e orante, de muita densidade espiritual. Obrigado a quem foi participar, obrigado a quem orou pelo seu bom êxito.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Quem me tocou - o amor que vence a morte!



31 de janeiro de 2023

Dia de São João Bosco


EVANGELHO


Mc 5,21-43


Naquele tempo, 21Jesus atravessou de novo, numa barca, para a outra margem. Uma numerosa multidão se reuniu junto dele, e Jesus ficou na praia. 22Aproximou-se, então, um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Quando viu Jesus, caiu a seus pés, 23e pediu com insistência: “Minha filhinha está nas últimas. Vem e põe as mãos sobre ela, para que ela sare e viva!” 24Jesus então o acompanhou. Uma numerosa multidão o seguia e o comprimia.
25Ora, achava-se ali uma mulher que, há doze anos, estava com uma hemorragia; 26tinha sofrido nas mãos de muitos médicos, gastou tudo o que possuía, e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais. 27Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se dele por detrás, no meio da multidão, e tocou na sua roupa. 28Ela pensava: “Se eu ao menos tocar na roupa dele, ficarei curada”. 29A hemorragia parou imediatamente, e a mulher sentiu dentro de si que estava curada da doença.
30Jesus logo percebeu que uma força tinha saído dele. E, voltando-se no meio da multidão, perguntou: “Quem tocou na minha roupa?”
31Os discípulos disseram: “Estás vendo a multidão que te comprime e ainda perguntas: ‘Quem me tocou?’”
32Ele, porém, olhava ao redor para ver quem havia feito aquilo. 33A mulher, cheia de medo e tremendo, percebendo o que lhe havia acontecido, veio e caiu aos pés de Jesus, e contou-lhe toda a verdade.
34Ele lhe disse: “Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença”. 35Ele estava ainda falando, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, e disseram a Jairo: “Tua filha morreu. Por que ainda incomodar o mestre?” 36Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: “Não tenhas medo. Basta ter fé!” 37E não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João.
38Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a confusão e como estavam chorando e gritando. 39Então, ele entrou e disse: “Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu, mas está dormindo”. 40Começaram então a caçoar dele. Mas, ele mandou que todos saíssem, menos o pai e a mãe da menina, e os três discípulos que o acompanhavam. Depois entraram no quarto onde estava a criança. 41Jesus pegou na mão da menina e disse: “Talitá cum” – que quer dizer: “Menina, levanta-te!” 42Ela levantou-se imediatamente e começou a andar, pois tinha doze anos. E todos ficaram admirados. 43Ele recomendou com insistência que ninguém ficasse sabendo daquilo. E mandou dar de comer à menina.



MEDITAÇAO


Filha, a tua fé te curou. Vai em paz! (Mc 5, 34)

No tempo de Jesus, havia um clima muito sofrido no meio do seu povo: medo, baixa estima, doença, um clima sombrio de morte. Medo da repressão dos romanos, baixa estima em relação à prática religiosa por causa das cobranças dos fariseus, doenças sem cura. Um clima de morte.

No evangelho de hoje, vê-se claramente esse clima de morte. A menina de 12 anos estava nas últimas. A mulher há 12 anos sofria de uma hemorragia. Para a cultura daquela gente, sangue era vida. Perder sangue era estar morrendo. A mulher gastou tudo quanto possuía com os médicos e piorava a cada dia. Na casa da menina, a multidão estava gritando e chorando, lamentando a morte da garota. O clima é de morte.

Pense um pouco. Veja como a menina e a mulher, na condição de estarem caminhando para a morte, para além dos seus dramas pessoais, representam a própria comunidade que está mergulhada num clima de morte. Percebe? É como se toda a comunidade estivesse representada nelas. Não é à toa que as duas estão ligadas pelo número doze, o número do povo de Deus, o povo das doze tribos. A menina tem doze anos. A mulher está doente há doze anos.

No meio dessa situação, encontramos Jesus. Jesus é a resposta de Deus ao seu povo que vive um clima de morte. No livro da Sabedoria, está dito: ‘Deus não fez a morte. Deus fez todas as suas criaturas saudáveis. Deus criou o homem para a imortalidade, não para a morte. A morte é coisa do inimigo invejoso e de quem pertence a ele’.

No evangelho, as pessoas vencem a morte unindo-se a Jesus, pela fé. Deus é a fonte da vida. Jesus é Deus que veio nos comunicar a vida plena que vence a morte. A fé é o modo como nos abrimos para o amor de Deus. 

Disseram a Jairo: ‘Não incomode mais Jesus, sua filha morreu”. Jesus disse a Jairo: “Não tenha medo. Basta ter fé”. Jairo tinha mostrado sua fé em Jesus caindo aos seus pés, pedindo sua ajuda. A mulher também tinha mostrado sua fé em Jesus tocando-lhe a barra de sua veste, numa atitude de quem se prostra a seus pés. A ela Jesus disse: “Minha filha, a tua fé te curou”.

No evangelho, dá pra ver como Jesus revelou o amor de Deus que nos comunica vida, vencendo a morte. O texto diz logo que Jesus chegou de barco da outra margem. Jesus está no meio do seu povo. É quase um comentário ao mistério de sua encarnação. Jesus se aproximou de nós. E ele atende o pedido de Jairo, dirigindo-se à sua casa. Mostra o amor de Deus que se preocupa conosco, que presta atenção às nossas dores. No caminho, parou querendo saber quem o tinha tocado de uma maneira tão especial. Ouviu o relato da mulher e a confortou. Um Deus que comunica vida. Na casa de Jairo, tomou a menina pelo braço e a levantou, pedindo que lhe dessem de comer. E não quis que saíssem espalhando o acontecido. Jesus está revelando e comunicando o amor de Deus que vence a nossa morte.

Com Jesus, nós os seus discípulos, a sua Igreja, aprendemos a estar presentes nesse mundo, aproximando-nos de quem está enlutado, desempregado, faminto, desorientado. Com Jesus, aprendemos a ser solidários, a partilhar, a confortar, a socorrer. Somos testemunhas do Deus que toma a defesa dos humilhados. Somos, como Jesus e com ele, portadores do amor que restaura e liberta, amor que comunica luz e esperança.


Guardando a Mensagem

O povo de Jesus vivia num clima de sofrimento e morte. No evangelho de hoje, vemos duas mulheres sendo restauradas. Elas representam toda a comunidade do povo de Deus. Em suas histórias está todo o drama e sofrimento do seu povo: a humilhação, a exclusão, a doença, a morte. Na ação de Jesus, vemos o amor de Deus que vem ao nosso encontro, comunicando-nos a vida que vence a morte. Com Jesus, aprendemos a nos comprometer com a vida e a saúde dos irmãos, a mantermos acesa a chama da fé, da fraternidade, da esperança.

Filha, a tua fé te curou. Vai em paz! (Mc 5, 34)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
tu nos salvaste com teu amor, carregando-te de nossas dores, tomando nosso lugar na morte. Tu, Senhor, deste tua vida para nos resgatar do pecado, do domínio do mal, da morte. Contigo, aprendemos a não ser indiferentes à dor dos irmãos, a sermos solidários em suas situações de luto e sofrimento, a sermos comunicadores do amor de Deus que, na vida de quem crê, é perdão, paz, esperança.  
Ajuda-nos, Senhor, a ser testemunhas do teu amor que vence a morte. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Hoje, Dia de São João Bosco. Rezemos:

São João Bosco, Pai e Mestre da juventude, dócil aos dons do Espírito e aberto às realidades do teu tempo, foste para os jovens, sobretudo humildes e pobres, um sinal do amor e da predileção de Deus. Sê nosso guia no caminho da amizade com o Senhor Jesus, para podermos perceber n’Ele e no seu Evangelho o sentido da nossa vida e a fonte da verdadeira felicidade. Amém.

Vivendo a Palavra

Aparecendo uma oportunidade hoje, ajude alguma pessoa doente a viver o seu momento de enfermidade como verdadeiro encontro com o Senhor.

Comunicando

É hoje, a gravação de um show especial para um DVD Orante, em Juazeiro do Norte. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Por que eles expulsaram Jesus?

 


30 de janeiro de 2023

Segunda-feira da 4ª Semana do Tempo Comum

EVANGELHO


Mc 5,1-20

Naquele tempo, 1Jesus e seus discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2Logo que saiu da barca, um homem possuído por um espírito impuro, saindo de um cemitério, foi a seu encontro. 3Esse homem morava no meio dos túmulos e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4Muitas vezes tinha sido amarrado com algemas e correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava as algemas. E ninguém era capaz de dominá-lo. 5Dia e noite ele vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras. 6Vendo Jesus de longe, o endemoninhado correu, caiu de joelhos diante dele 7e gritou bem alto: “Que tens a ver comigo, Jesus, Filho do Deus altíssimo? Eu te conjuro por Deus, não me atormentes!” 8Com efeito, Jesus lhe dizia: “Espírito impuro, sai desse homem!” 9Então Jesus perguntou: “Qual é o teu nome?” O homem respondeu: “Meu nome é ‘Legião’, porque somos muitos”. 10E pedia com insistência para que Jesus não o expulsasse da região. 11Havia aí perto uma grande manada de porcos, pastando na montanha. 12O espírito impuro suplicou, então: “Manda-nos para os porcos, para que entremos neles”. 13Jesus permitiu. Os espíritos impuros saíram do homem e entraram nos porcos. E toda a manada — mais ou menos uns dois mil porcos — atirou-se monte abaixo para dentro do mar, onde se afogou. 14Os homens que guardavam os porcos saíram correndo e espalharam a notícia na cidade e nos campos. E as pessoas foram ver o que havia acontecido. 15Elas foram até Jesus e viram o endemoninhado sentado, vestido e no seu perfeito juízo, aquele mesmo que antes estava possuído por Legião. E ficaram com medo. 16Os que tinham presenciado o fato explicaram-lhes o que havia acontecido com o endemoninhado e com os porcos. 17Então começaram a pedir que Jesus fosse embora da região deles. 18Enquanto Jesus entrava de novo na barca, o homem que tinha sido endemoninhado pediu-lhe que o deixasse ficar com ele. 19Jesus, porém, não permitiu. Entretanto, lhe disse: “Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”. 20E o homem foi embora e começou a pregar na Decápole tudo o que Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados.

MEDITAÇÃO


Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti, em sua misericórdia (Mc 5, 19)

Eu vou tentar lhe explicar essa história dos porcos que se afogaram no mar. Uma manada de porcos se perdeu. A economia daquelas famílias ficou arruinada. Resultado: o povo daquela região mandou Jesus embora.

E o que tinha acontecido? Jesus chegou a uma região já fora do seu país, uma região de pagãos. Era do outro lado do Mar da Galiléia. Jesus e os discípulos chegaram lá de barco. Veio ao encontro deles um homem possuído por um espírito impuro, que vivia no cemitério apavorando o povo do lugar. Ele se incomodou com a presença de Jesus. E Jesus deu ordens para que saísse daquele homem. Na verdade, eram muitos demônios e se chamavam Legião e pediram para entrar nos porcos. Havia muitos porcos por ali. Jesus libertou o homem e os porcos desceram de ladeira abaixo e se jogaram no mar. O povo do lugar não gostou do resultado e expulsou Jesus de suas terras.

Jesus está numa região de pagãos, logo tem porco por ali, na imaginação do povo da Bíblia. Você lembra que os hebreus não comiam porco e não criavam porco de jeito nenhum. Porco, para eles, era um sinal de coisa ruim, de gente que vivia longe da fé no Deus vivo. Era símbolo dos pagãos, uma fonte de impureza. Lembra a parábola do filho pródigo? O jovem judeu que terminou no fundo do poço, empregou-se como cuidador de porcos. Foi a máxima humilhação.

Mais do que uma história, a narração quer mostrar o significado da ação libertadora de Jesus também fora do povo de Deus. Para isso, os dados da narração podem ter ficado um tanto inflacionados. Quem conta um conto, sempre aumenta um ponto. Nessa narração de São Marcos, a manada de porcos tinha mais ou menos uns dois mil porcos. A quantidade de porcos e o tanto de demônios – Legião – são elementos para sublinhar como o estrangeiro está possuído pelo mal, na mentalidade dos hebreus e dos seguidores de Jesus.

A primeira coisa que o texto está anunciando é que a ação salvadora de Jesus vai além do povo de Israel, atravessa as suas fronteiras e chega ao estrangeiro, aos pagãos. A segunda coisa é que a ação de Jesus que liberta o homem de todas as amarras e opressões não é bem recebida por todo mundo. Uma sociedade má reage contra Jesus, expulsa-o. Por exemplo, libertar pessoas das drogas. Os narcotraficantes ficam furiosos, é uma ameaça à sua economia. Libertar pessoas do analfabetismo político, tem gente que desaprova, porque se beneficia da desinformação das pessoas. Denunciar a prostituição de meninas e meninos: a rede que se beneficia desse tipo de exploração reage, fica no prejuízo. Apoiar a luta do povo sem teto ou sem terra, motivo de suspeita por parte de quem se faz de surdo à gritante desigualdade social do país. É o que está dito no texto de hoje. A população pagã daquela região viu-se prejudicada no triste fim da manada de porcos. Preferia que os demônios continuassem oprimindo aquele homem que morava no cemitério, que continuassem mandando naquela terra. ‘Educadamente’, pediram para Jesus se retirar de suas terras.

A terceira lição do texto de hoje é maravilhosa. Aquele homem liberto tornou-se um discípulo, uma testemunha do amor de Deus em sua região. Ele começou a pregar na Decápole, em toda aquela região pagã, sobre o que Jesus tinha feito por ele.


Guardando a mensagem

Jesus foi a uma região pagã e ali encontrou um homem possuído pelo demônio. Ele o libertou. Os espíritos maus se apossaram dos porcos e a manada se jogou no mar e se afogou. A ida de Jesus àquela região estrangeira demonstra o seu compromisso missionário com todos, não somente com o seu povo. Para o povo hebreu, porco era uma marca das regiões pagãs, consideradas impuras. Contando esse fato sobre a ida de Jesus a uma terra estrangeira, era natural que aparecesse porco na história. É claro que essa não é uma narração jornalística. O sentido é o que importa. Os pormenores podem não ser exatos. A reação das pessoas daquele lugar à ação de Jesus é a reação ao bem que se faz. Quem faz o bem, quase sempre encontra resistência. E a atitude do homem liberto é uma grande lição para nós. Ele tornou-se uma testemunha viva da obra redentora de Jesus, na sua própria região.

Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti, em sua misericórdia (Mc 5, 19).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
nós nos entristecemos quando procuramos fazer o bem e encontramos má vontade, resistência, oposição. Foi assim naquela região pagã que visitaste. Fizeste o bem, libertando aquele homem possuído pelo mal e liberando a estrada para o povo passar sem medo. Mas, o povo, invocando prejuízos na economia, acabou te afastando dali. Essa desculpa da economia, do dinheiro, do administrativo é motivo para muita gente resistir à tua Palavra, esquivar-se da conversão e da mudança de vida. Concede-nos, Senhor, acolher a tua santa Palavra com abertura de coração e espírito de obediência. E não desistir, quando trabalhando pelo bem dos outros, encontrarmos incompreensão, oposição, perseguição. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Hoje, terceiro dia do Tríduo de Dom Bosco. Amanhã, o festejamos na liturgia da Igreja.

Rezemos:

São João Bosco, Pai e Mestre da juventude, dócil aos dons do Espírito e aberto às realidades do teu tempo, foste para os jovens, sobretudo humildes e pobres, um sinal do amor e da predileção de Deus. Sê nosso guia no caminho da amizade com o Senhor Jesus, para podermos perceber n’Ele e no seu Evangelho o sentido da nossa vida e a fonte da verdadeira felicidade. Amém.

Vivendo a palavra

Você foi libertado(a) por Jesus de muita coisa, especialmente do pecado que afastava você de Deus e dos seus semelhantes. Hoje, fale com alguém do que Jesus tem feito por você.

Comunicando

Amanhã, aqui, em Juazeiro do Norte, CE, vou gravar um DVD Orante, no Horto do Padre Cícero, começando às 10 horas da manhã. Quem mora por aqui ou está chegando para a Romaria das Candeias, sinta-se convidado(a) a participar. Podendo, chegue antes para a Santa Missa. O local é a Igreja do Bom Jesus do Horto, que está em fase de construção. Por meio do formulário que estou lhe enviando, você pode confirmar sua presença, se ainda não o fez. De toda forma, recomendo, às suas orações, este Show especial que vamos gravar amanhã. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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