PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: fariseus
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NÃO FAÇAM O QUE ELES FAZEM

Não imitem as suas ações  (Mt 23, 3)
Jesus está fazendo uma denúncia muito forte contra os mestres da Lei e os fariseus. Afinal, quem eram eles? No tempo de Jesus e das primeiras comunidades cristãs, os fariseus e seus mestres constituíam um grupo muito forte no meio do povo de Deus. Formavam uma espécie de confraria de homens observantes da Lei de Moisés. Eram muito influentes e respeitados pelo povo.
Esse movimento começou no tempo do exílio. Com a destruição do Templo e o exílio de uma parte da população na Babilônia, os sacerdotes perderam sua função e sua influência na religião. Foi-se formando um movimento leigo que manteve a religião judaica, não mais em torno do Templo, mas em torno da Lei. Na volta do exílio, esse movimento continuou a crescer junto às sinagogas. Um historiador da época, Flávio Josefo, calculou que havia uns 6.000 homens nessa confraria por todo o país, no tempo de Jesus. Eles zelavam para que a Lei de Moisés fosse cumprida em todos os seus detalhes. Muitos deles estudavam bastante essa Lei escrita e oral, frequentando escolas de grandes mestres. E passavam a explicá-la ao povo nas sinagogas e no Templo de Jerusalém também. Esses grandes catequistas eram chamados mestres ou doutores da Lei.
Resumindo: os mestres ou doutores da Lei eram membros do movimento dos fariseus (ou também de outro movimento chamado saduceus) que ensinam a Lei ao povo. Na verdade, não só interpretavam a Lei, mas transmitiam ao povo as tradições e leis orais. Eles mantinham, portanto, grande influência junto à população. E estavam também no poder, pois vários deles faziam parte do Sinédrio de Jerusalém, que era uma espécie de governo da Judeia.
Com certeza, os fariseus eram um grupo muito próximo de Jesus. Mas, fizeram grande oposição a Jesus, talvez por inveja ou mesmo porque Jesus ensinava de maneira diferente e isso desestabilizava a liderança deles.  E Jesus percebeu neles alguns defeitos muito sérios. Quais? Eles exigiam demais do povo, quando na verdade eles não praticavam tudo aquilo; Eles desprezavam quem não conhecesse a Lei ou não estivesse em condições de cumpri-la;  Na verdade,  em seu legalismo, eles  fecharam o coração e não acolheram Jesus e a sua mensagem.
Na passagem de hoje, Jesus está alertando o povo e os discípulos para fazerem o que eles ensinam, mas não imitarem as suas ações. Façam o que eles dizem, mas não façam o que eles fazem. E aí ele fez uma lista completa de sete falhas do comportamento dos fariseus e de seus mestres.  Defeitos que os novos líderes do povo de Deus precisavam evitar. Com certeza, a preocupação de Jesus era com os novos líderes de sua comunidade, seus apóstolos e quem viesse a ocupar o seu lugar na animação das comunidades: não imitarem os mestres e os fariseus.
E por que não devem imitá-los? Olha os pecados que Jesus denunciou (pode fazer a conta – são sete, para ser uma lista completa): Ensinam, mas não praticam; Amarram fardos pesados nas costas dos outros; Fazem tudo para aparecer;  Exageram nos símbolos religiosos (largas faixas na testa e no braço com trechos da Lei e longas franjas na túnica); Estão atrás de privilégios;  Gostam de ser cumprimentados em público; Adoram ser chamados de mestres . Sete defeitos dos fariseus e seus mestres. Essas são tentações  permanentes também no meio do povo de Deus de hoje. Coisas que as lideranças das comunidades cristãs não podem imitar, de jeito nenhum.

OS DOIS MANDAMENTOS

Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? (Mt 22, 36)
No tempo de Jesus, havia grupos religiosos muito influentes no meio do seu povo. Um desses grupos era o dos fariseus. Eles formavam uma grande confraria que era formada exclusivamente por homens e seus adeptos estavam espalhados por todas as comunidades. Eles eram reconhecidos como fieis cumpridores da Lei de Moisés, das normas religiosas que estavam escritas e das que se conheciam oralmente. Por serem assim tão praticantes da Lei, os fariseus discriminavam as outras pessoas que lhes pareciam relaxadas, ignorantes, pecadoras. Uma parte dos fariseus dedicava-se ao estudo das Escrituras Sagradas. Estes se tornavam mestres ou doutores da Lei, ensinando ou pregando a Lei nas sinagogas ou no Templo.
Claro, esse grupo dos fariseus não se batia bem com Jesus. Eles achavam Jesus um relaxado, um mau cumpridor da Lei de Moisés. Aborreciam-se muito porque Jesus curava em dia de sábado, acusando Jesus de estar profanando o dia santo. Outra crítica era porque Jesus frequentava a casa de gente tida como pecadora, como os cobradores de impostos. Na verdade, eles não engoliam aquela intimidade que Jesus demonstrava com Deus e a sua pregação sobre o Reino. Também não suportavam aquela atenção especial que Jesus dava aos pobres, aos sofredores, aos marginalizados. Mais tarde se uniriam a outros grupos poderosos e passariam a fazer parte de um complô, visando a prisão e a morte de Jesus.
Um dia, vieram com uma pergunta para o lado de Jesus. Claro, eles não estavam querendo tirar uma dúvida. Queriam encontrar motivos para condenar Jesus diante do povo, para apontá-lo como um infiel, um herege. A pergunta era simples e já era um dos temas de debate nas reuniões dos mestres e doutores da Lei. De todas as Leis Sagradas, escritas e orais, qual era a mais importante? Essa pergunta era importante na vida religiosa do povo eleito e eles já sabiam a resposta. A resposta já estava na oração diária de todo judeu daquele tempo, conforme está no Livro do Deuteronômio, a oração do Shemá (Ouve, ó Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor....e assim vai). Jesus respondeu com as palavras da oração do Shemá: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento”. E concluiu: esse é o maior e o primeiro mandamento.
E Jesus completou a resposta sobre o maior mandamento. Disse que havia outro mandamento semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’, o segundo mandamento. Em outras partes da Escritura, já estava esse mandamento do amor ao próximo. Mas, Jesus juntou os dois,  dizendo que eles resumem toda a Escritura (a Lei e os Profetas). Um ensinamento de Mestre. Os fariseus ficaram quietos, calados.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Os fariseus, para arrumar problema, perguntaram a Jesus qual era o maior mandamento da Lei. O maior mandamento já estava na oração diária deles, o Shemá. Jesus disse, com as palavras da oração, que o maior mandamento era amar a Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todo entendimento. E, completou dizendo que esse grande amor encontra sua contrapartida no amor ao próximo. Como escreveu depois o evangelista João em uma de suas cartas, amar a Deus sem amar o próximo, é uma mentira. Adorar a Deus sem defender e servir os sofredores é uma contradição.

O fermento

Os discípulos estavam discutindo a respeito de pão, de comida. Eles tinham se esquecido de levar pão para a viagem. Jesus tinha alimentado a multidão com poucos pães. E tinham restado vários cestos de sobra de pães. E outras coisas mais. Discutiam afinal sobre o pão. Foi quando Jesus fez uma advertência que eles não entenderam: "tenham cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes". Eles não entenderam. E você entendeu?

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