Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo! (Lc 14, 33)
08 de setembro de 2019
– 23º Domingo do Tempo Comum
Numa boa parte do evangelho de São Lucas, Jesus está em
viagem para Jerusalém. Vão com ele os doze, discípulos e discípulas. Lucas diz
o nome de quatro dessas mulheres discípulas, indicando que no grupo estavam muitas
outras. Essa grande viagem de Jesus é a sua última viagem. Em Jerusalém, o
esperam prisão, morte e ressurreição, o ponto alto de sua missão. O texto de
hoje começa com essa observação: ‘grandes multidões o acompanhavam’. Então,
Jesus está subindo a Jerusalém, na caminhada de sua missão que terá seu coroamento
em sua morte redentora em Jerusalém. Discípulos e discípulas sobem com ele. Nos
seus contatos com a multidão que o cerca pelo caminho ou em algum momento de reunião,
Jesus lhes fala sobre as condições para alguém segui-lo.
Caminhar com Jesus para Jerusalém é um modo de entendermos a
nossa condição de discípulos e discípulas, hoje também. Quando Lucas escreveu o
seu evangelho, ele estava de olho no povo de suas comunidades. Ele via muita
gente chegando, se aproximando da comunidade ... que bom, mas, calma aí! Seguir
Jesus não é uma brincadeira. É uma coisa muito séria, exige uma decisão
consciente, comporta renúncias. Ser cristão é como caminhar com Jesus subindo
para Jerusalém, com o seu mesmo sentimento de adesão à vontade de Deus. O ponto
alto da peregrinação de Jesus foi a entrega de sua própria vida.
Bom, então, Jesus falou ao povo, à multidão. E disse assim: “se
alguém quiser ir comigo nessa viagem, se lembre que tem que deixar tudo pra
trás, carregar sua própria bagagem e me acompanhar”. Bom, não falou assim
assim. Mas, esse era o sentido. “Se alguém quiser ir comigo nessa viagem, se
lembre que tem que deixar tudo pra trás, carregar sua própria bagagem e me
acompanhar”. Primeiro, colocar Jesus em primeiro lugar em sua vida. E colocar todos
e tudo o mais em segundo lugar. Aí Lucas fez a lista de sete pontos: pai, mãe,
mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a sua própria vida. Ao entrar na viagem com
Jesus, isto é segui-lo, a primeira coisa é colocar Jesus em primeiro lugar. É a
partir dele que amamos e cuidamos dos outros e de nós mesmos. É como se eu me
despedisse deles, para seguir com Jesus para Jerusalém. E segundo, carregar a
própria cruz, ao lado de Jesus ou atrás dele. A cruz bem que poderia ser a
nossa bagagem: as dificuldades, os problemas, as preocupações, tudo o que pesa
sobre nossos ombros.
Você está me
entendendo, não está? Jesus está subindo com os discípulos para Jerusalém, para
a sua páscoa. O povão o cerca pelo caminho ou o escuta, em algumas ocasiões. Muita
gente quer ir com ele naquela peregrinação, isto é, quer ser discípulo. Ele
explica que segui-lo é fazer o seu mesmo caminho de renúncia e entrega, de
adesão à vontade de Deus. É um caminho que exige renúncia e entrega. Não é uma
brincadeira. Para isso ficar bem claro, ele contou duas pequenas parábolas. Um
construtor está para construir uma torre. Um conselho para ele: calcular os
gastos, para ver se dá para começar e terminar. Ficando pelo meio do caminho,
vai ser motivo de galhofa da parte dos outros. Um rei está para entrar em
guerra. O conselho: vamos com calma: se o seu exército for mais fraco que o
inimigo é melhor negociar as condições de paz. Moral da história: Quem quiser seguir
Jesus precisa da prudência do rei e da
sabedoria do construtor. Vai acompanhar Jesus? Pense bem, para tomar a decisão
certa e ser fiel até o fim.
Agora, você ficou pensando, então Jesus está nos
desmotivando para segui-lo, achando que é melhor a gente ficar quieto e não seguir
com ele para Jerusalém. Nada disso. Jesus está lhe dizendo que a coisa é séria,
exige renúncia, entrega, perseverança. O convite continua: “Vem e segue-me!”. Sobre
isso, o livro da Sabedoria nos dá uma dica muito boa: Ninguém acerta o caminho,
se não tiver a sabedoria do Espírito Santo. Está escrito assim: “Acaso alguém
teria conhecido o teu desígnio, sem que lhe desses sabedoria e do alto lhe
enviasses teu santo espírito?” (Sb 9, 17). Então, peça ao Senhor a sabedoria
para conhecer a sua vontade e a ela aderir de todo o coração, como discípulo,
como discípula, caminhando com Jesus para Jerusalém.
Guardando a mensagem
Somos seguidores de Jesus, somos cristãos. É como se
estivéssemos subindo com ele, na grande peregrinação da páscoa para Jerusalém.
Pelo caminho, ele vai nos instruindo. Daquele povão que o encontra pelo
caminho, da multidão que em algum lugar o cerca, ele também quer tirar
discípulos, gente que o adote como caminho, verdade e vida. Passar de anônimo
na multidão a discípulo é uma mudança que requer decisão prudente e sábia, pois
implica renúncias e entrega da própria vida. Está bem clarinho: discípulo é
quem caminha com Jesus, tendo-o como senhor, mestre e salvador; anônimo na
multidão é quem ainda está só olhando de longe, com curiosidade e admiração. Assuma
sua identidade de discípulo, de discípula, com o seu nível de renúncia e
exigências na caminhada com Jesus. Com ele e como ele, você está indo na
direção da plenitude de sua vida (Jerusalém).
Do mesmo modo, portanto, qualquer um
de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo! (Lc
14, 33)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Somos teus discípulos
e discípulas. Andamos ao teu lado, no caminho para Jerusalém. Em cada Missa,
celebramos contigo essa peregrinação, ouvindo tua palavra, acolhendo tuas
instruções. Hoje, nos falas das exigências de nossa vida de discípulos. Não é
uma excursão, é uma peregrinação. Comporta renúncia, desapego, entrega. Na
Missa, também nos sentamos contigo na última Ceia, no Cenáculo. Ali, consagras
a entrega de tua própria vida em nosso favor. Ali renovas o teu sacrifício
redentor em favor da humanidade. E sempre nos dizes: “Façam isso em memória de
mim”. Obrigado, Senhor, por seres o nosso mestre e nos ensinares com a tua vida
e a tua palavra o caminho da salvação. Seja bendito o teu santo nome, hoje e
sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Acompanhe hoje, com sua prece, a visita apostólica do Papa Francisco
a Moçambique, Madagascar e Ilhas Maurício nestes dias. Hoje, ele está em
Madagascar. Que por sua presença, Jesus seja anunciado como caminho de realização
e salvação para todo ser humano.
Pe. João Carlos
Ribeiro – 08 de setembro de 2019.