PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

Santa Missa da Quinta-feira da 14ª semana comum

TESTEMUNHAS DO REINO


Não levem ouro nem prata, nem dinheiro nos seus cintos (Mt 10, 9)
09 de julho de 2020

Jesus enviou os seus discípulos em missão e lhes disse: “Em seu caminho, anunciem: ‘O Reino dos Céus está próximo’. Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios”.


O envio dos doze apóstolos é uma página missionária da Igreja. Os doze representam a nossa comunidade, comunidade que nasceu do trabalho missionário de Jesus. Essa referência aos doze mostra uma comunidade organizada, em continuidade com o povo do Antigo Testamento. A missão é de todo o povo de Deus, com seus líderes à frente. E o envio dos doze é para que anunciem o Reino de Deus. O Reino é o reinado de Deus em nossas vidas e em nosso mundo. O reinado de Deus supera e vence o reinado do mal, por isso os missionários recebem poder sobre o demônio e sobre a doença. A doença é a cara do sofrimento que o mal e a morte espalham.

O Reino é um dom, é a libertação da dominação do mal e da morte, para estarmos como filhos e filhas na comunhão com o Senhor nosso Deus. Não é o resultado de uma estratégia bem montada pelos missionários. Eles são simples instrumentos. É obra de Deus. Aliás, o Reino é de Deus e o que os enviados conseguem realizar é pela sua força, pelo seu poder. Por isso a recomendação: “Não levem ouro nem prata nem dinheiro nos seus cintos; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão”.

Bastão ou cajado é um sinal de defesa e segurança. Devem renunciar a isso. Deus é sua segurança. Sacola representa a confiança nos bens, nos instrumentos. O Reino não é uma estratégia. É um dom. Também não devem levar ouro, nem prata, nem dinheiro. A missão não depende de dinheiro, depende do testemunho e do amor do missionário. É preciso confiar na Providência. Nem duas túnicas, duas mudas de roupa. A proteção necessária é a de Deus. Tudo isso é simbólico, para dizer: o missionário deve por sua confiança em Deus.

O envio não é apenas uma ordem de Jesus, é uma experiência concreta que os enviados vêm fazendo, desde o início. É um caminho que muitos já percorreram, em obediência ao mandato do Senhor e às suas recomendações. Em Santa Paulina, por exemplo, a santa de hoje, podemos ver tudo isso: no meio de muitas privações e provações, ela fundou uma bela comunidade de pessoas consagradas a Deus, completamente a serviço dos pobres e doentes, a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Como elas, muitos grupos suscitados pelo Espírito Santo continuam se dedicando inteiramente à missão.

Guardando a mensagem

A missão é de todos. E a missão é comunicar que o Reino de Deus chegou com Jesus. É sugerir às pessoas que abram o seu coração, abram as portas de suas vidas para acolhê-lo. O Reino de Deus ou o seu reinado é a vitória sobre o mal no mundo e o pecado, gerando uma família de filhos livres e amados. O Reino não é o resultado de uma intensa propaganda de massa. É um segredo facilmente captado pelos simples e humildes, ou melhor, revelado a eles por Deus. E não se implanta pela força ou pelo prestígio de alguém. Não somos um exército impondo uma nova ordem. O Reino supõe a liberdade. Se não abrirem as portas, o Reino não entra. Não é uma invasão. A gente só bate à porta, não a arromba. Por isso, o missionário precisa se despojar de qualquer pretensão de grandeza ou de segurança puramente humana.

Não levem ouro nem prata, nem dinheiro nos seus cintos (Mt 10, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Demoramos a compreender que estamos sendo enviados em missão, que somos responsáveis pelo anúncio do Reino de Deus em nossa casa, no lugar onde trabalhamos, em nossos ambientes de convivência, em todos os setores da sociedade. Proclamar o Reino é testemunhar que fomos alcançados pelo amor de Deus, amor gratuito e misericordioso que se manifestou em ti, Senhor Jesus. Não é um produto destinado a ser um sucesso de vendas. É uma boa notícia que muda a nossa vida, e dela, somos apenas portadores e testemunhas. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Em seu momento de oração, hoje, reze por todas as lideranças da Igreja: catequistas, animadores, ministros ordenados, missionários, educadores, comunicadores cristãos. Que você, eu e todos nós sejamos missionários do jeito que Jesus mandou no evangelho de hoje.

Sendo hoje quinta-feira, celebro a Santa Missa às 11 horas, nas suas intenções. E você pode participar conosco pelo youtube, pelo facebook ou pelo aplicativo Tempo de Paz. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O REINO ESTÁ BEM PERTINHO

No caminho, vocês anunciem: O Reino dos céus está próximo (Mt 10, 5)
08 de julho de 2020

Jesus chamou os doze, deu-lhes poder sobre a doença e sobre o mal e os enviou em missão. Entre outras coisas, recomendou que avisassem ao povo que o Reino estava próximo. O evangelista Mateus, por escrever seu evangelho entre comunidades formadas por judeus, evita dizer o nome “Deus”, substituindo-o por “céus”. Reino dos céus. Doze é uma representação do povo de Deus e de sua organização, de sua liderança. O povo do Antigo Testamento era o povo das doze tribos, dos doze patriarcas. A escolha e o envio de doze líderes mostra a intenção de Jesus: ele está construindo um novo momento do povo de Deus, o povo que estará unido a Deus pela nova e eterna aliança.

Jesus dá várias instruções aos doze. De uma forma ativa, eles se associam à missão de Jesus. E a missão de Jesus está descrita um pouco antes, no final do capítulo 9: Jesus vendo as multidões, se compadeceu delas e as ensinava, pregando o Reino de Deus e curando as suas enfermidades. Compadecia-se de sua situação e lhes anunciava o Reino de Deus que chegou com ele para liberdade e salvação de todos. Eles deviam anunciar que o Reino estava próximo, isto é, aproximou-se, chegou para eles. O Reino é Deus nos salvando em Cristo. Assim, os apóstolos pelo caminho devem avisar ao povo essa novidade, com palavras, mas também com gestos e ações onde se reconheça que Deus está agindo em favor do seu povo necessitado. O Reino é Deus nos libertando. É isso que está sinalizado nas curas de enfermidades e expulsões de espíritos impuros.

Meditando o evangelho, nos damos conta do amor de Deus que vem nos encontrar, da presença de Jesus que continua nos buscando e nos encontrando nos caminho de nossa vida e de nossa história. Nossa tarefa é também avisar a todos que o Reino do amor de Deus chegou, vencendo o ódio, a dor, o pecado. Esse é a boa nova, o evangelho a ser anunciado; a grande novidade a ser comunicada.

Guardando a mensagem

A missão de Jesus é anunciar o Reino de Deus. O Reino de Deus é o próprio Jesus entre nós, nos libertando. Ele anuncia o Reino com a pregação, mas também o concretiza com ações pelas quais as pessoas estão sendo resgatadas da doença, da exclusão, da dominação do mal, do pecado. Escolhendo e enviando doze em missão, Jesus está visivelmente construindo um novo momento de organização do povo eleito em aliança com Deus. A missão dos doze, como a de Jesus, é anunciar a proximidade do Reino. O Reino, por meio de Jesus, se aproximou de nós, está bem pertinho, agora é só a gente abrir as portas para acolhê-lo; as portas do coração, de nossa vida familiar, de nossa vida em sociedade.

No caminho, vocês anunciem: O Reino dos céus está próximo (Mt 10, 5)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Mandaste os doze anunciar ao povo, pelo caminho, que “o Reino de Deus está próximo”, que o céu se aproximou para resgatar e sarar toda ferida. A nós que vivemos imersos em um mundo materialista, esta palavra nos consola: Deus não nos esqueceu, ele vem ao nosso encontro, com o seu Reino. Concede-nos, Senhor, que não percamos o horizonte da vida eterna, mesmo carregando os fardos de nossa existência, às voltas com as tarefas de cada dia. Que no corre-corre de nossa vida, permaneça sempre no nosso coração esse sentido do teu Reino, reino de amor e justiça que começa aqui, mas só se realiza plenamente na eternidade. Dá-nos, Senhor, viver lembrados e embalados por essa verdade do teu amor: O Reino está próximo, está pertinho de cada um. É só abrir a porta do coração e deixar-te entrar. Tu anuncias o Reino, tu fazes o Reino de Deus acontecer entre nós com tua palavra e teu poder restaurador. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Repita várias vezes, durante o dia de hoje, aquela palavrinha do Pai Nosso: “Venha a nós o vosso Reino”.

Amanhã, quinta-feira eucarística, presido a Santa Missa às 11 horas, com transmissão pelas redes sociais. Vou rezar especialmente por você que me acompanha, diariamente, na Meditação.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

LIVE DA ORAÇÃO DA NOITE

LIVE DA ORAÇÃO DA NOITE

O MUDO COMEÇOU A FALAR


Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar (Mt 9, 33)
07 de julho de 2020



Você é um cidadão. Você é uma cidadã. Coisa muito boa, parabéns. Mas, é um cidadão que participa ou que apenas assiste o que está acontecendo? Olha que aqui vai uma grande diferença, não é verdade? Há cidadãos que acompanham o movimento da sociedade, formam sua opinião, discutem, dão palpite... de alguma forma, participam. E há cidadãos que estão por fora, estão à margem, não se sentem em condições de dar sua opinião. Estão mudos, silenciosos. Não participam. Você conhece pessoas assim?

Por que será que há pessoas assim, mudas, num país democrático e numa Igreja de comunidades? Talvez o país não seja tão democrático assim. E a Igreja não esteja assim tão comunitária. O fato é este e é grave: há pessoas deixadas à margem, sem efetiva participação, que não têm opinião para dar ou que apenas repetem a visão dos grupos econômicos detentores dos grandes veículos de comunicação.

Esse problema, com certeza, havia no tempo de Jesus. Gente calada, silenciada por uma educação autoritária ou por uma situação política repressora. Gente acostumada a viver à margem, desconsiderada, só contada para os impostos, mas sem nenhuma participação e envolvimento na vida do país. No evangelho de hoje, está dito que Jesus, vendo o seu povo, compadeceu-se dele, vendo, naquela gente cansada e abatida, ovelhas sem pastor. E por onde ele andasse – povoados, cidades, sinagogas – ensinava, pregava o evangelho do Reino e curava todo tipo de doença e enfermidade. As curas eram uma forma de concretização do efeito da pregação. A Palavra de Deus resgata a dignidade da pessoa, acorda a sua condição de filho de Deus, devolve sua condição de protagonista de sua própria história. Boa parte das doenças se alimenta do abatimento das pessoas, de sua permanente humilhação, de sua falta de horizonte. Jesus, com a força divina, anunciava o amor de Deus, libertando, curando, expulsando o mal da vida das pessoas.

E é aí que entra a história do homem mudo que apresentaram a Jesus. Como eles entendiam, estava mudo porque estava possuído por um demônio. Justo. Povo calado, silencioso, sem opinião sobre nada de importante só pode mesmo estar possuído por uma força maligna que o impede de se sentir e de se expressar como filho de Deus, como cidadão participante e informado, capaz de dizer sua palavra sobre o mundo. Quando o demônio foi expulso, ele começou a falar.

É isso que ocorre com a pregação do Evangelho, o amor de Deus comunicado pela presença de Jesus... os que estão à margem são chamados para o centro; aos que não estão enxergando, os cegos, é dada a luz da fé; os que estão possuídos pelo mal, pela doença, experimentam o poder libertador de Deus. O mudo começa a falar... o cidadão passivo começa a participar.

Guardando a mensagem

Apresentaram um mudo a Jesus. Quase sempre a doença era explicada pela dominação de um mau espírito. Jesus expulsou o demônio e o mudo começou a falar. Em nossa sociedade, há um grande número de cidadãos mudos, silenciosos, à margem dos processos sociais. A verdadeira evangelização liberta essas pessoas de sua mudez, fazendo delas cidadãos participantes na sociedade e na Igreja.

Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar (Mt 9, 33)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Ficamos felizes quando percebemos que a pregação da Palavra de Deus está gerando cristãos conscientes, responsáveis e participativos na vida da Igreja. É assim que tu continuas curando os mudos, libertando-os das correntes da dominação do mal. Ficamos felizes quando percebemos que cidadãos antes passivos, desconsiderados, começam a ter sua opinião, a se sentir envolvidos e participantes nos processos. É assim que tu continuas curando os mudos, libertando-os das correntes da dominação do mal. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Talvez hoje se apresente uma situação em que você precise emitir sua opinião. Faça um esforço para participar. Participando, a gente contribui, esclarece, aprende, forma opinião. A evangelização cura as pessoas de sua mudez.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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