PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

O argueiro

Tira primeiro a trave do teu próprio olho, e, então, enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão (Mt 7, 5)
A sensação de ter um cisco no olho é uma coisa muito chata. É o tal do argueiro. E a pessoa mesma pode tirar o cisco do seu próprio olho, banhando os olhos com água na torneira, no chuveiro ou derramando água no olho com um copo, por exemplo. Mas, nada de ficar esfregando o olho. E todo cuidado com as mãos sujas: elas podem aumentar o problema, irritando os olhos ou transmitindo doenças. Normalmente, a pessoa precisa da ajuda de alguém para remover o cisco do seu olho. Mas, quem vai ajudar tem que estar com as mãos bem lavadas com sabão, e precisa identificar onde está o cisco, o argueiro. Tem que olhar bem, abaixando a pálpebra do olho e pedindo à pessoa para mover o olho para um lado e para o outro. Identificando o cisco – um cílio, um lixinho ou o que seja – precisa ajudar a pessoa a lavar os olhos com água. Não tendo jeito, tem que levar logo num posto de saúde, numa UPA.
Dessa experiência tão simples, Jesus tira uma lição muito séria: “Por que observas o cisco no olho do teu irmão, e não prestas atenção à trave que está no teu próprio olho?”. Achar defeito na vida dos outros, bem que é fácil. Difícil é identificar os próprios erros e querer consertá-los. É claro que os outros precisam de nós, de nossa amizade, de nossa proximidade, de nossa correção também. Por isso, precisamos estar em condições de ajudar. Mas, ajuda a tirar o cisco do olho do outro ou da outra quem está enxergando bem, não é verdade? Você estando com a sua vista prejudicada, como se tivesse uma trave de madeira nela, não vá se meter a tirar o argueiro do olho do seu irmão!

Não tenham medo

Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais (Mt 10, 31).

O que é o que medo faz com a gente? O medo da violência nos faz andar assustados. E viver trancados dentro de casa. O medo da opinião pública nos deixa silenciosos, calados. O medo de oposição nos incentiva a superficialidade e o jogo de aparência. O medo da perseguição nos  intimida. O medo nos tira do caminho da verdade, nos paralisa, nos cala.

Mateus Capítulo 10, o evangelho de hoje, é o Sermão de Jesus sobre a missão da comunidade. O Senhor manda os discípulos em missão, dá-lhes instruções e os encoraja a não terem medo da oposição e da perseguição.

Toda a história de Jesus foi de muita oposição, rejeição, perseguição. Basta-nos lembrar a matança das crianças de Belém no seu nascimento, as tentativas de prisão e apedrejamento nos poucos anos de seu ministério e a dolorosa morte de cruz. “Se fazem isso com a lenha verde, o que não farão com a lenha seca?”, disse Jesus às mulheres de Jerusalém que se lamentavam ao vê-lo no caminho do calvário (Lc 23).  

Está começando um tempo novo

Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela (Lc 1, 58).

Por causa da rotação da terra, o sol ilumina mais ou menos tempo, deixando o dia mais curto ou mais cumprido. O inverno começa quando a noite fica maior do que o dia. É o solstício de inverno. Essa passagem anual de estação levou as populações nativas do continente americano a comemorarem essa data com muitas festas, segundo suas tradições. Com a chegada do cristianismo, quinhentos anos atrás, esses festejos de mudança de estação, esse tempo novo, se juntaram com a mudança que Deus fez na história da humanidade, preparando a vinda de Jesus. A festa de São João celebra os acontecimentos em torno do nascimento do profeta João Batista, que preparou a chegada do Salvador, dando início a um tempo novo.  É por isso que a festa de São João é ligada ao mundo rural, com fogueira, comidas de milho e folguedos tradicionais da roça. Estamos no hemisfério sul. No hemisfério norte, o solstício de inverno é em dezembro, coincidindo com a festa de natal.

O evangelho de Lucas dá notícia da admiração e da alegria que tomaram conta de vizinhos e parentes da família de Izabel e Zacarias pelo que Deus fez em favor deles e do seu povo. Um casal maduro, sem filhos, ela estéril... de repente, a mulher engravida e, no meio de muitas sinais do poder de Deus, dá à luz um menino que marca o início do novo tempo, o tempo do Messias que estava chegando. O menino, nascido de Izabel, seria o mensageiro que iria preparar a chegada do Salvador.

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