PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

O fariseu e o publicano

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Dois homens subiram ao Templo para rezar. Um era fariseu. E o outro, publicano. O pecador voltou pra casa, abençoado. O que se julgava santo, não.  

O que é que houve de errado na oração do fariseu? A oração do fariseu não agradou a Deus porque foi uma auto-exaltação idolátrica e porque discriminou o seu irmão.

O louvor que ele fez foi a ele mesmo: “não sou como os outros (ladrões, desonestos, adúlteros), isto é, os que não cumprem os mandamentos da lei de Deus. Pelo contrário, eu cumpro direitinho a lei de Deus, o Decálogo, os 10 mandamentos. Foi uma exaltação de si mesmo. Mostrou-se presunçoso, orgulhoso. Jesus descreveu a postura dele: rezava de pé, para si mesmo. E mais: era tão bom cumpridor da lei que fazia mais do que estava prescrito: jejuava duas vezes por semana (quando a lei mandava jejuar apenas uma vez por ano) e dava o dízimo de toda a sua renda (contribuindo sobre itens que nem estavam previstos pela lei).

E por que Deus não gostou dessa oração? Porque o fariseu se colocou no lugar de Deus. Ele era o santo, o perfeito, merecendo ele mesmo ser honrado e louvado. Ele estava tomando o lugar de Deus, louvando-se a si mesmo. Quando você reza assim, não há mais lugar para Deus. Você está no centro, no lugar que cabe a ele. E olha que tem muita oração assim. Não há mais lugar para Deus quando nós nos bastamos a nós mesmos. Não há lugar para o mistério de Deus quando nós somos a nossa própria referência. A Palavra de Deus já não nos orienta, nem corrige quando estamos convencidos que sabemos o caminho e não precisamos mais mudar em nada. Então, não é mais oração. É idolatria. E Deus somos nós.

O fariseu gabou-se de não ser como os outros, de ser muito praticante da religião e de não ser como o cobrador de impostos. Assim, estava julgando seu irmão. E quem julga é Deus. Mas a oração no estilo fariseu é de quem tomou o lugar de Deus. Com a própria oração, estava desclassificando, discriminando, ofendendo o seu irmão. Em vez de reconhecer o outro como irmão, a oração idolátrica reforça as atitudes de discriminação, de exclusão, de violência contra o outro que não seja igual a mim. Falou mal do irmão na frente do Pai. Rompeu com a caridade, que é o coração da lei de Deus. Claro, que Deus não gostou dessa oração. Claro, que esse orgulhoso não saiu abençoado do Templo.

Por que Deus se agradou da oração do publicano? O publicano era o nome dado aos cobradores de impostos (a rede de cobrança do imposto para o império romano). Eles eram mal vistos, porque agiam como aliados das forças de ocupação e por suas práticas extorsivas na arrecadação dos impostos. E numa cultura em que se dava tanto valor à pureza ritual, os publicanos eram impuros por sua proximidade com os pagãos romanos. Ser publicano, portanto, era viver na condição de pecador diante de todos.

Por que Deus se agradou da oração do publicano? Porque sua oração foi um mergulho na misericórdia de Deus. Realmente, ele se sentia pecador. E, com humildade, batia no peito, dizendo: “Senhor, tem piedade de mim, que sou um pecador”. É uma verdadeira oração. Não toma o lugar de Deus. Reconhece sua condição de distanciamento da lei do Senhor. E Jesus descreve as quatro atitudes que denotam sua humildade e sua reverência a Deus: “ficou à distância, de olhos baixos, batendo no peito e clamando a misericórdia de Deus”. Diferentemente do fariseu, não se gabou de si mesmo, nem menosprezou quem quer que fosse. Fez uma oração de verdade, porque Deus estava no centro e o seu coração estava aberto à ação de Deus que é misericórdia.


O que é que teve de errado na oração do fariseu? A oração do fariseu não agradou a Deus porque foi uma auto-exaltação idolátrica e porque discriminou o seu irmão. E por que Deus se agradou da oração do publicano? Porque sua oração foi um mergulho na misericórdia de Deus.

Pe. João Carlos Ribeiro - 23.10.2016

Servos inúteis

Assim também vocês: quando tiverem feito tudo o que lhes mandaram, digam: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’ (Lc 17, 10)

Essa parábola do patrão e do seu servo, o seu empregado, só tem no Evangelho de Lucas. Na verdade, Jesus comenta como era esse relacionamento e tira daí ensinamentos muito importantes. O servo trabalha no campo, planta e cuida dos animais. Quando volta do serviço, no fim do dia, o patrão lhe pede para preparar o seu jantar e servi-lo. Só depois, é o que o servo  vai jantar e descansar.  A conclusão do Mestre foi: “Vocês, também. Quando tiverem feito tudo o que lhes mandaram, digam: “Somos servos inúteis.  Fizemos o devíamos fazer”.

Quem é o servo? Você. Nós. Servimos a quem? Bom, o nosso primeiro senhor é Deus. Então, podemos pensar: Somos servidores de Deus.  E uma coisa podemos  aprender com o empregado da parábola. Como servo de Deus, devo colocar os interesses de Deus acima dos meus. Devo dar prioridade às coisas de Deus em minha vida. E nem sempre acontece assim... muita gente pensa primeiro em si, em seus interesses, em seu final de semana.... depois, Deus, se sobrar um tempinho, se ainda estiver com disposição. Buscar o Reino de Deus em primeiro lugar, e  tudo o mais nos será dado em acréscimo, ensinou Jesus. Neste sentido, servir é uma atitude de fé, porque damos a Deus o primeiro lugar.

Não posso dormir no ponto

Sejam como pessoas que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrir a porta, logo que ele chegar e bater. (Lucas 12, 36)

O mesmo assunto está tratado, nesta parte do evangelho, com diversas comparações. Em cada comparação, podemos perceber novas facetas do mesmo tema. O tema é da vigilância, da prontidão. Recebemos uma tarefa, vamos prestar contas a qualquer momento. Precisamos estar atentos e vigilantes. Nada de dormir no ponto.

O empregado está esperando a volta do seu patrão, que foi a uma festa, e volta a qualquer momento. Precisa estar acordado na hora em que o patrão voltar. O patrão, de tão satisfeito, é quem vai por a mesa para o seu empregado. O dono da casa está atento à segurança de sua família. Nenhum ladrão vai pegá-lo de surpresa.  O administrador ficou responsável pela casa do patrão e pelos seus funcionários e está fazendo tudo direito, conforme a vontade do seu Senhor. A esse, o patrão, de tão satisfeito, vai dar mais responsabilidades ainda.

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