PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

Guardar a Palava


Jesus está falando com os seus discípulos, gente que o ama, que o segue.  E diz: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra”. Imaginemos: você participando dessa reunião e Jesus dizendo isso: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra”.

Você, com a liberdade de um discípulo, um amigo de Jesus, poderia perguntar-lhe diretamente que “palavra” é essa pra gente guardar.... Vai, pergunta... Coragem, vai...Ô Jesus, desculpe, que palavra é essa pra gente guardar? Psiu, escuta bem o que ele vai dizer: ... “A minha palavra pra você guardar é o que eu disse a vocês e ao povo, o que eu fiz entre vocês, a minha vida. A palavra é a minha vida, vivida entre vocês”.  Puxa, que resposta.... pensa bem:  como é que a vida dele é a Palavra? Pergunte mais não. Eu mesmo lhe explico: Toda a vida de Jesus é uma grande palavra que Deus falou na história da humanidade. Ficou complicado? Vou dizer de outra forma: a vida de Jesus na terra, sua vida humana, é uma grande comunicação,  uma boa notícia, um evangelho. Ih, parece que você não entendeu... Então, é melhor você perguntar a Jesus.

A hora do amor maior

“Agora foi glorificado o filho do homem e Deus foi glorificado nele” (Jo 13, 31)

Um texto pequeno, o do evangelho deste 5º Domingo da Páscoa. Pequeno, e com palavras repetidas. Duas palavras se repetem: Glorificar (5 vezes) e amar (4 vezes). O contexto é a última ceia. A ceia tinha terminado, e Jesus tinha lavado os pés dos discípulos. Depois disso, revelara, muito triste, que um deles o trairia. Foi quando Judas deixou a sala e ficou todo mundo sem entender o que estava acontecendo. Nesse contexto, Jesus disse duas coisas muito importantes. A primeira, em torno da palavra “glorificar”. A segunda, em torno da palavra “amar”.

“Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo” (v. 31-32). Jesus está dizendo aos seus amigos que tinha chegado a sua hora. Agora, chegou a minha hora. Vocês lembram que, lá em Caná, na festa do casamento, ele tinha dito à sua mãe que a sua hora não tinha chegado. Mas, agora, a hora chegou. “Agora foi glorificado o filho do homem”. Impressionante: estava começando o doloroso processo da paixão e ele diz que essa é a hora de sua glorificação. O Pai estava sendo glorificado nele e logo o glorificaria. A hora da paixão é a hora da glória de Jesus. É a hora em que ele cumpre plenamente a sua missão: dá a vida por nós. Esse capítulo 13 do Evangelho de João começa assim:” Jesus sabendo que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim”. A paixão de Jesus é o seu ato maior de amor. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos”, ele tinha dito. E por que será que essa hora é a de sua glória? Porque é a hora do amor maior.

O remédio do perdão

Nossa vida em família nos traz momentos de muita alegria e felicidade, mas também é palco de muitos desencontros e problemas:  a infidelidade, o desrespeito, as agressões, o abandono, a desunião, o individualismo.... São feridas abertas. 

As feridas de nosso relacionamento precisam ser curadas. E há para isso um remédio único, maravilhoso, o perdão... o perdão para quem se arrepende, a chance de recomeçar para quem reconhece o seu erro, a porta aberta para quem saiu de casa.  A mulher adúltera ia ser apedrejada, mas Jesus desafiou aquela turba de cínicos: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”. O Papa Francisco tem insistido: “Deus jamais se cansa de nos perdoar. Nós é que nos cansamos de pedir perdão. Deus nos perdoa, saibamos perdoar os outros”.
Jesus perdoou de verdade. Olhou para Pedro e o seu olhar de amigo decepcionado lançou Pedro numa profunda crise. Pedro saiu do pátio do Sumo Sacerdote soluçando como uma criança desesperada. Depois de ressuscitado, Jesus dialogou com Pedro, deu o primeiro passo. Perguntou se lhe queria bem, se o amava de verdade. E fez Pedro responder isso três vezes, cancelando a culpa de suas três negações.  Pedro não fechou o coração ao perdão de Jesus, acolheu sua presença amiga, suas perguntas, seu perdão.

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