PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

CAMINHAR COM CRISTO


18 de fevereiro de 2021

EVANGELHO


Lc 9,22-25

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 22“O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”.
23Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. 25Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?”

MEDITAÇÃO


Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e me siga (Lc 9, 23)

Então, começamos, ontem, a caminhada de 40 dias em direção à Páscoa do Senhor. Começamos a Quaresma. É como se tirássemos esse tempo para caminhar com Jesus, aprendendo os seus ensinamentos, o seu modo de pensar e de agir. É um grande retiro, em companhia dos irmãos, no seguimento de Cristo. Seguimento de Cristo: precisamente, este é o foco de nossa meditação de hoje, segundo dia da Quaresma.

Jesus falou para todos: “Se alguém quiser me seguir...”. Eu quero! E você? Então, escutemos as condições que ele vai nos colocar: “Renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e me siga”. Renunciar a si mesmo significa a gente se tirar a si mesmo do centro. É que no centro de nossa vida estamos nós mesmos. A gente pensa e age assim: ‘isso é bom pra mim, isso me faz bem, isso eu gosto, isso eu quero ou não quero pra minha vida’. No centro, estou eu mesmo, o que me agrada, o que me convém. Agora, Jesus está dizendo que quem quiser segui-lo, tem que ser diferente: é ele que deve estar no centro. Renunciar a si mesmo. Não dá pra você seguir Jesus, continuando no centro. Entendeu?!

Aí ele completou: “Tome a sua cruz cada dia e me siga”. Ser cristão não é deixar de ter problemas, você sabe muito bem. Tomar a própria cruz é condição para seguir Jesus. E o que é tomar a cruz de cada dia? É assumir, com toda responsabilidade, o peso que a vida lhe entrega: problemas de saúde, dificuldades financeiras, desencontros dentro de casa, crises sociais... Tomar a cruz cada dia é não correr dos compromissos ordinários da existência: trabalhar, fazer feira, acompanhar os filhos, conviver com a vizinhança, estudar... As obrigações, compromissos e problemas do dia-a-dia não nos impedem de seguir Jesus. É com essa cruz que o seguimos.

Jesus começou falando do seu caminho, de como ele sofreria muito, seria rejeitado pelos grandes do seu povo, seria morto e ressuscitaria. O caminho do Filho do Homem, como ele gostava de se referir a si mesmo, não seria um caminho cômodo, nem fácil. O caminho da verdade, da coerência, da honestidade é um caminho doloroso. Sofrimento, rejeição, morte... e ressurreição, ao final. A vitória se colhe em meio a lutas, renúncias e dificuldades.

Jesus não quis pegar o atalho da vitória sem luta, do conchavo com os poderosos ou da solução mágica para os problemas. Foram essas, aliás, as tentações do demônio, depois de um jejum de 40 dias.

Guardando a mensagem

Jesus nos chama para segui-lo. Mas, nos indica que é preciso renunciar a estar no centro, para no centro estar a santa vontade de Deus. E nos lembra que no seu caminho tem cruz. É claro que Jesus não nos está chamando simplesmente para o sofrimento. Seria masoquismo. Ele está nos convidando a tomar a estrada que ele tomou: o caminho da simplicidade, da fidelidade, da verdade..., do amor aos pequenos, os preferidos de Deus. Esse não é um caminho fácil. O mundo, pervertido pelo desejo de enriquecimento, de prestígio, de luxúria, não aplaude o discípulo de Jesus. Mas, o nosso caminho é o caminho de Jesus.

Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e me siga (Lc 9, 23)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Tu, que és Deus, percorreste o caminho humano para nos deixar um modelo a seguir. Mas, não é fácil, Senhor, assumir o teu caminho. A tentação do mais fácil, do prazeroso, a cobrança da opinião dos outros... muita coisa nos empurra para um caminho sem renúncias. No fundo, preferimos um caminho sem sofrimento, a vitória sem luta, o amor sem doação. Ajuda-nos, Senhor, a responder positivamente ao teu chamado. Queremos te seguir, com fidelidade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

A Quaresma é uma caminhada rica de estímulos para o seu crescimento. Seria muito bom você ter o seu caderno espiritual (uma agenda, um caderno de anotações). Muita gente me perguntou se é uma coisa especial que eu tenha para vender. De jeito nenhum. Compre um caderno em qualquer livraria. Ele será especial se você o utilizar bem para o seu crescimento espiritual. Bom, anote nele, hoje, uma resposta para esta pergunta: Para colocar Jesus no centro de sua vida, o que você precisa renunciar?

Como toda quinta-feira, celebro, hoje, a Santa Missa por você e por todos os que acompanham a Meditação e os nossos proramas de rádo. Acompanhe a Missa de hoje pela Rede Vida de Televisão, às 9 da manhã. Com ela, estamos abrindo um ano de comemoração dos 25 anos de nossa Associação Missionária Amanhecer, a AMA. Peço que compartilhe o pequeno vídeo que lhe enviei, ontem, avisando o horário da Missa.  

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

COMEÇANDO A QUARESMA




17 de fevereiro de 2021

EVANGELHO


Mt 6,1-6.16-18

Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: 1“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus. 2Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 3Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, 4de modo que a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
5Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 6Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. 16Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 17Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”.

MEDITAÇÃO


E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa (Mt 6, 4)

Estamos começando a Quaresma. A Quaresma se inspira no povo antigo que caminhou 40 anos no deserto, purificando-se, para entrar na posse da terra prometida. Jesus jejuou durante quarenta dias, no início do seu ministério. Recebendo as cinzas, entramos no clima desse tempo litúrgico: o reconhecimento de nossa fraqueza e a confiança no amor restaurador de Deus.

No sermão da montanha, comunicando a novidade do Reino, Jesus apresenta ao seu povo um modo novo de ver e realizar as antigas práticas religiosas. Fala da esmola, da oração e do jejum. Que tudo isso – nos pede ele – seja vivido sem demonstrações públicas, sem busca de reconhecimento dos outros. Essas três práticas de toda religião tradicional continuam valendo para nós, mas vividas com um novo espírito. 

A ORAÇÃO, sem ostentação, é um diálogo de filho, de filha, com o Pai, na intimidade do seu ser (o seu quarto). Quaresma é tempo de rezar mais e melhor. É na quaresma que se faz, a cada sexta-feira, a via-sacra. O conselho pra todo mundo é: não perder as celebrações dominicais em sua comunidade, nesse período. Nesse tempo de Quaresma, cabe um esforço especial para cada um ter seu momento de oração pessoal, todos os dias. A leitura frequente da Palavra de Deus é também parte de nossa vida de oração.

O JEJUM, sem exibicionismo, nos priva do alimento ou de alguma outra coisa. Todas as religiões que se prezam recomendam esta prática. O jejum, durante a Quaresma, está marcado para os católicos para hoje, quarta-feira de cinzas e a sexta-feira da Paixão. E abstinência de carne todas as sextas-feiras da quaresma. O jejum educa a gente, vocês sabem disto. Ajuda a quebrar o nosso egoísmo, a nossa presunção, o nosso orgulho. Sobretudo, nos ensina a solidariedade. Porque jejum que se preze é partilha: a gente passa para quem está com fome aquilo que deixamos de consumir.

A CARIDADE, sem busca de reconhecimento, nos faz realizar gestos de fraternidade. Concretamente, fazer alguma coisa pelos outros que precisam mais. Os profetas falavam de partilha da comida, da roupa, da água... Jesus fala de gestos de atenção em direção aos famintos, sedentos, enfermos, encarcerados, maltrapilhos... quem for fraterno com estes irmãos e irmãs, está sendo fraterno com o filho de Deus, Jesus Cristo. Por isso, na Quaresma também se fala de esmola. Mas, muita gente fica pensando logo num trocado que se dá a alguém. E a esmola de que se fala na Quaresma é a partilha do que temos com quem está passando necessidade.

Com a graça de Deus temos, no Brasil, a Campanha da Fraternidade, que justamente tem o seu momento forte na Quaresma. Assim, ninguém pode confundir gesto de fraternidade com apenas uma feirinha que se dá, ou uma ajuda financeira a uma família pobre. A Campanha da Fraternidade, a cada ano, aponta onde Jesus está esperando nosso compromisso de fraternidade. Neste ano, a Campanha é compartilhada com outras igrejas cristãs. Juntas, as igrejas que forMam o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC) escolheram o tema do compromisso com o Diálogo e a Paz. A Campanha nos ajuda a qualificar a nossa Quaresma, com a conversão na caridade. 

Guardando a mensagem

A Quaresma, que estamos começando com esta quarta-feira de cinzas, vale como um grande retiro para nós católicos. Quarentas dias de caminhada, de crescimento, de práticas religiosas, de gestos de fraternidade. Assim, vamos nos preparando para entrar, com Jesus, em Jerusalém para celebrar, com ele, a Páscoa. E a Quaresma começa já nos apontando três práticas religiosas especiais neste período: oração, jejum e caridade. Mergulhe de cabeça nesta Quaresma!

E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa (Mt 6, 4)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Como disse Paulo, em sua segunda Carta aos Coríntios: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação”. E nós não queremos e não podemos deixar passar essa oportunidade. A Quaresma há de ser para nós um tempo de crescimento espiritual, de fortalecimento de nossa fé e de realização de nosso compromisso de fraternidade. Abençoa, Senhor, este tempo de Quaresma que estamos começando. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Para viver a palavra de hoje, eu tenho uma boa sugestão que vale para toda a Quaresma. Você realizar, a cada dia, um momento pessoal de oração. Isso será muito vantajoso para o seu crescimento cristão. Que tal começar hoje?!

O que fazer nesse momento pessoal de oração diário: ler com calma o texto bíblico do dia, ouvir a meditação, anotar no seu caderno alguma descoberta, rezar algumas de suas orações conhecidas. 

E o convite que lhe fiz: você acompanhar a Santa Missa, amanhã, às 9 horas da manhã, pela Rede Vida de Televisão. Nesta Missa, nós vamos abrir o ano jubiliar da AMA, 25 anos de serviço missionário da nossa Associação Missionária Amanhecer. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O FERMENTO DE JESUS


16 de fevereiro de 2021

EVANGELHO


Mc 8,14-21

Naquele tempo, 14os discípulos tinham se esquecido de levar pães. Tinham consigo na barca apenas um pão. 15Então Jesus os advertiu: “Prestai atenção e tomai cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes”.
16Os discípulos diziam entre si: “É porque não temos pão”. 17Mas Jesus percebeu e perguntou-lhes: “Por que discutis sobre a falta de pão? Ainda não entendeis e nem compreendeis? Vós tendes o coração endurecido? 18Tendo olhos, não vedes, e tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais 19de quando reparti cinco pães para cinco mil pessoas? Quantos cestos vós recolhestes cheios de pedaços?”
Eles responderam: “Doze”. 20Jesus perguntou: “E quando reparti sete pães com quatro mil pessoas, quantos cestos vós recolhestes cheios de pedaços?” Eles responderam: “Sete”. 21Jesus disse: “E ainda não compreendeis?”

MEDITAÇÃO


Tomem cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes (Mc 8, 15).

Os discípulos estavam discutindo a respeito de pão, de comida. Eles tinham se esquecido de levar pão para a viagem. E olha que eles tinham presenciado Jesus alimentar a multidão com poucos pães, por duas vezes. E até, nesta ocasião, tinham recolhido vários cestos de sobra de pães. Mas, estavam discutindo, se desentendendo, um pondo a culpa no outro... a discussão estava esquentada. Foi quando Jesus fez uma advertência que eles não entenderam: "Tenham cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes". Eles não entenderam. E você entendeu?

Jesus aproveitou a situação para ajudá-los a pensar. Ele queria que eles prestassem atenção ao modo como ele conduzia a sua missão. Esse era o bom fermento que eles precisavam imitar. Era assim que eles precisavam agir. Ficassem atentos ao modo como Jesus fazia as coisas. Mas também prestassem atenção ao modo como os fariseus se comportavam em suas práticas. Comparando, poderiam perceber uma grande diferença. "Tenham cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes!"

E como era o fermento de Jesus, isto é, com que sentimentos, atitudes e valores Jesus estava no meio do povo? Com que fermento, ele fazia o seu pão, realizava a sua missão? Os discípulos podiam ver... Jesus agia com compaixão, valorizando a partilha e em espírito de serviço. Aqui estava toda a diferença. Agia com compaixão, valorizando a partilha e em espírito de serviço. Vamos explicar melhor. Compaixão é uma palavra frequente nos evangelhos falando do encontro de Jesus com os sofredores, os doentes, os excluídos. Compaixão é amor, misericórdia, ternura, solidariedade, tudo junto. Agia movido pela compaixão. E valorizava a partilha, isto é, a participação de cada um, colocando o seu pouco em comum. Ele recebeu a partilha da criança – alguns pães e poucos peixes – e repartiu com todos. Ele mesmo estava a serviço do seu povo. Não se comportava como um senhor poderoso, mas como um servo. Veio para servir, não para ser servido. No final, lavou os pés dos discípulos, para não restar qualquer dúvida sobre isso. Compaixão, partilha e serviço. Esse é o fermento de Jesus.

Os discípulos precisavam estar atentos também ao fermento dos fariseus e de Herodes, para ver a diferença. E tomar distância do estilo deles. Em que consistia o fermento deles? Consistia em agir com hipocrisia, com desprezo às pessoas e buscando sempre os próprios interesses. Jesus desmascara o comportamento hipócrita deles: exigem dos outros, mas eles mesmos não praticam; criam leis para os outros, fingindo que as cumprem. Hipocrisia. Mas também desprezavam os pobres, tomando-os por ignorantes, iletrados, pecadores. O que Herodes queria mesmo era riqueza e poder. Herodes é o poder opressor que perseguiu e decapitou João Batista. Esse é o fermento mal, o dos fariseus e o de Herodes: hipocrisia, desprezo ao povo e busca de privilégios.

Guardando a mensagem

O fermento de Jesus é o modo como ele se conduz na realização de sua missão. Três palavras podem definir o bom fermento do Mestre: compaixão, partilha e serviço. O estilo dos fariseus e o estilo de Herodes continuam hoje de outra forma. No fundo é o mesmo: buscando vantagens para si mesmos, desprezando os mais simples e fazendo apenas o jogo da aparência. Esse estilo não pode ser imitado por nós, nem pelos nossos líderes, nem pelos ministros da Igreja. Somos imitadores de Jesus. Precisamos guiar nossas ações pelo fermento de Jesus.

Tomem cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes (Mc 8, 15).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Nós somos os teus discípulos. E tomamos para nós essa tua chamada de atenção. Em nossa vida, em nosso trabalho, em nossa convivência em família ou em sociedade, é assim que precisamos viver: com o bom fermento do teu modo de agir. O teu fermento é o amor solidário, a valorização da partilha na busca de soluções e o espírito de serviço aos outros. Disseste para termos cuidado com o fermento dos fariseus e de Herodes. O fermento dessa turma é conhecido: não fazerem o que ensinam, discriminarem tudo que é popular e a gananciosa corrida para se dar bem a qualquer custo. Obrigado, Senhor, por teu ensinamento. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Amanhã, com a Quarta-feira de Cinzas, iniciaremos a Quaresma. Vá preparando o coração para entrar neste novo tempo com toda disposição. A Quaresma é uma caminhada de quarenta dias com o Senhor Jesus e sua Igreja, cultivando a conversão e o seguimento do Mestre.

E eu tenho um convite para lhe fazer. Toda quinta-feira, celebramos a Missa dos Ouvintes e Associados, às 11 horas, com transmissão pelo rádio e pelas redes sociais. Com a Santa Missa desta quinta depois das cinzas, iniciaremos as celebrações dos 25 anos de nossa Associação Missionária Amanhecer, a AMA. A Missa desta quinta será excepecionalmente às 9 horas da manhã e será transmitida pela Rede Vida de Televisão.  O convite é para você se unir a nós nesta celebração, rezando conosco pela missão. 

Pe João Carlos Ribeiro, sdb

OS SINAIS DE DEUS


15 de fevereiro de 2021


EVANGELHO



Mc 8,11-13

Naquele tempo, 11os fariseus vieram e começaram a discutir com Jesus. E, para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal do céu. 12Mas Jesus deu um suspiro profundo e disse: “Por que esta gente pede um sinal? Em verdade vos digo, a esta gente não será dado nenhum sinal”. 13E, deixando-os, Jesus entrou de novo na barca e se dirigiu para a outra margem.

MEDITAÇÃO


Por que esta gente pede um sinal? Em verdade lhes digo, a esta gente não será dado nenhum sinal (Mc 8, 12)

Os fariseus fizeram muita raiva a Jesus. Puxa vida! Eles, os mais praticantes da lei de Moisés, foram os que mais lhe criaram problema. Naquele dia, eles vieram e começaram a discutir com Jesus. Jesus gostava de dialogar com as pessoas. O diálogo é sempre útil para quem quer, de verdade, partilhar seus pontos de vista e se enriquecer com a verdade dos outros. Eles, por fim, queriam uma prova, um sinal do céu. Queriam que Jesus mostrasse algo poderoso, algo forte, convincente, que tirasse todas as suas dúvidas. Dúvidas sobre os seus ensinamentos, dúvidas sobre sua identidade.

Naquela altura da discussão, Jesus desistiu. Eles queriam um sinal do céu. Deus não gosta de agir dessa forma. Não pretende convencer com poderosos sinais, com manifestações extraordinárias de poder e autoridade. Isso está fora da lógica da encarnação. A lógica da vinda de Jesus foi a encarnação do Verbo. O Deus onipotente fez-se pequeno, humano. E desceu mais ainda na escala da grandeza, fez-se servo obediente. É o que nos diz o apóstolo Paulo na carta aos Filipenses. Então, os fariseus não contem com um sinal do céu para convencê-los.

Um sinal do céu: isto é para quem abre o coração para a ação de Deus, para quem crê. Nos milagres de Jesus, muitas vezes ele diz: “A tua fé te salvou”. A fé é essa abertura do coração humano para o amor de Deus, para a ação dele. Sem a fé, sem o coração aberto para Deus, impedimos a sua obra em nós. Em Nazaré, Jesus não pode fazer muitos milagres, porque o povo de lá não tinha fé. Deus faz maravilhas, sim, na vida de quem crê. A Virgem Maria reconheceu: “O Senhor fez em mim maravilhas”. E Izabel tinha lhe dito: “Bem-aventurada a que acreditou”. Deus faz maravilhas, sim, na vida de quem crê.

Os fariseus queriam um sinal do céu, um milagre retumbante. Só assim, pensavam eles, acreditariam em Jesus. Como tanta gente que você conhece, eles estavam se movendo na lógica do poder, da força. Julgavam que acreditariam presenciando um milagre espantoso. Mas, eles já tinham presenciado tanta coisa maravilhosa operada por Jesus. Mesmo diante de um outro poderoso sinal, eles levantariam novas suspeitas, arrumariam novas desculpas… Nessa lógica do poder, Deus se imporia com sua grandeza acachapante. A lógica da encarnação do Verbo é outra. No menino perseguido de Belém, está o próprio Deus, a pessoa do Filho. No sofredor, no humilhado, nos desvalorizados da sociedade, você encontra e alimenta, veste, visita, defende o próprio Filho de Deus. Crer não é o resultado de um impactante milagre. Crer é um ato livre, amoroso em resposta à manifestação de Deus na encarnação do Verbo. Os sinais de Deus e do seu amor estão por toda parte, em nossa vida, no cotidiano de nossa existência, bem pertinho da gente. Milagres? Claro, para quem o acolheu na fé.

Guardando a mensagem

Os fariseus queriam um sinal do céu para acreditar em Jesus. Olha o comentário do Mestre: “por que essa gente quer um sinal? A essa gente não será dado nenhum sinal”. E foi embora. A lógica de Deus é a encarnação do Verbo. Jesus veio nos salvar assumindo nossa condição humana, inclusive nossa morte. Os sinais de Deus estão por toda parte, no cotidiano de nossa existência. Coisas maravilhosas, graças, milagres continuam a acontecer... na vida de quem crê. A fé é a porta aberta para a ação maravilhosa de Deus. Então, não fique esperando uma impactante manifestação de Deus para passar a viver intensamente o seguimento de Jesus. A proclamação da Palavra (que vem de Deus, na fraqueza dos evangelizadores) pede uma resposta de sua parte. Sua resposta é a fé. A fé é a aposta do amor que acolhe o Senhor na Gruta de Belém ou na Cruz do Calvário. Entendeu? Deus se manifestou em nossa fraqueza. Que coisa maravilhosa!

Por que esta gente pede um sinal? Em verdade lhes digo, a esta gente não será dado nenhum sinal (Mc 8, 12)

Acolhendo a mensagem

Senhor Jesus,
A tua encarnação – que é a lógica de Deus – está na contramão de nossa cultura. Admiramos e nos dobramos à visão do palácio, não do casebre; da catedral, não da capela; do doutor, não do gari. Tu assumiste a nossa condição humana, e abaixando-te ainda mais, te fizeste servo e servidor de todos. No mais humilde, te manifestas com maior eloquência. No mais sofrido, falas com mais vigor. No oratório humilde, resplende ainda mais a tua glória. Ensina-nos a tua lógica, Senhor. Liberta-nos da lógica do poder e da grandeza. Seja bendito o teu santo, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No seu caderno de anotações (o seu caderno espiritual), faça uma lista dos sinais de Deus em sua vida.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

UM DOMINGO E DOIS LEPROSOS

 

14 de fevereiro de 2021
6º. Domingo do Tempo Comum


EVANGELHO


Mc 1,40-45

Naquele tempo, 40um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: “Se queres, tens o poder de curar-me”. 41Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero: fica curado!” 42No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado.
43Então Jesus o mandou logo embora, 44falando com firmeza: “Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!” 45Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.

MEDITAÇÃO


Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade, ficava fora, em lugares desertos (Mc 1, 45)

Neste 6º Domingo do Tempo Comum, temos dois leprosos na liturgia da palavra. Naamã foi purificado pelo profeta Eliseu. Eliseu mandou um recado: "vá se lavar sete vezes no Rio Jordão". O leproso do evangelho foi purificado por Jesus. Nos gestos de Jesus, vemos sua compaixão e sua proximidade dos sofredores. 

Um leproso chegou perto de Jesus e pediu para ser curado. Jesus, cheio de compaixão, tocou nele e o curou. Mas, lhe pediu para não dizer nada a ninguém. Que fosse logo ao Templo para comprovar que já estava bom e fazer a oferenda necessária, para ser reintegrado em sua comunidade. Mas, ele saiu divulgando o acontecido. Resultado: Jesus já não podia mais entrar publicamente numa cidade. Tinha que ficar fora, em lugares desertos.

No tempo da Bíblia, lepra era qualquer doença de pele que se apresentasse um tanto repulsiva. Nem tudo era propriamente a hanseníase como nós a conhecemos. Não havia cura para esse mal, diferentemente de hoje. E o leproso era afastado da convivência da família e da sociedade de uma maneira muito dramática. As leis, a um tempo civis e religiosas, estavam codificadas no Livro do Levítico, o terceiro livro da Bíblia. Por essas leis, o leproso tinha que ser excluído da comunidade, andar com as roupas rasgadas e cabelo desgrenhado, o rosto ou a barba cobertos e permanecer sempre fora das áreas de moradia. Leproso era um condenado. Devia ficar fora, excluído, afastado de todos. E ainda mais, ao se aproximar de qualquer um devia gritar que era impuro, pra ninguém chegar perto.

Impureza era um conceito a um tempo religioso e sanitário. Impuro era quem estivesse afastado da bênção de Deus. No tempo de Jesus, impuro, além do leproso, era quem entrasse em contato com estrangeiros, com sangue ou mesmo tivesse tocado num corpo sem vida. A impureza só se resolvia no Templo, oferecendo-se um sacrifício. Quem ficasse bom da lepra devia comparecer no grande Santuário, e comprovada a sua cura, oferecer um cordeiro em reparação expiatória para ser declarado puro e, só então, retornar ao convívio familiar. Por isso, Jesus sempre manda os leprosos se apresentarem aos sacerdotes, para serem declarados puros. Mas, claro, não é o Templo quem os purifica, mas sim o próprio Jesus.

O leproso no fundo é um representante do pecador. O pecador, sim, é esse impuro que se distanciou de Deus e está fora da comunhão com o seu Deus e Criador. O pecador é o Adão que foi expulso do paraíso, ficou fora. Ele e Eva, sua mulher e companheira de desobediência. João Batista identificou Jesus como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Na verdade, não é o cordeiro sacrificado no Templo que limpa o pecador, é Jesus quem nos liberta do pecado. Ele, sim, é o cordeiro de Deus que tira o pecado. E como ele fez isso? Tomando o nosso lugar, pagando por nós.

Guardando a mensagem

O leproso é um representante do pecador. São Paulo escreveu com todas as letras: "o salário do pecado é a morte". Essa é a sorte do pecador, sua pena: a morte. Na cruz, Jesus tomou o nosso lugar, morreu por nós, isto é, morreu em nosso lugar. Expiou o nosso pecado. Ele o fez oferecendo-se a si mesmo ao Pai, como humano que era e como Deus verdadeiro que sempre foi. O Pai recebeu essa oferenda expiatória: seu filho, humano e divino, ofereceu sua vida, morreu em nosso lugar. Foi expiada nossa culpa. Note como termina o evangelho de hoje. Jesus já não podia entrar na cidade, tinha que ficar fora, em lugares desertos. Ele assumiu o lugar do leproso. O leproso é quem devia ficar fora, excluído, marginalizado. Jesus tomou o nosso lugar de pecador, de leproso, ficou do lado de fora. Fisicamente, morreu fora da cidade, banido, executado como malfeitor, como pecador. Tomou o nosso lugar. Foi assim que expiou o nosso pecado.

Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade, ficava fora, em lugares desertos (Mc 1, 45)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Essa história do leproso é surpreendente. Os leprosos, somos nós os pecadores. O pecador está excluído da comunhão com Deus e com os irmãos. Pôs-se do lado de fora. O pecado nos conduz à morte. Mas, tu, na tua compaixão, nos purificaste, assumindo o nosso lugar de pecadores. Morreste no nosso lugar. Na santa missa, repetimos teus gestos e palavras ao ofereceres tua vida por nós: "Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados". Tua morte - teu sangue derramado como um cordeiro oferecido em sacrifício - expiou nossa culpa, remiu nosso pecado. Obrigado, Senhor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Seria bom você ler a história do leproso Naamã. Isso lhe dará mais compreensão da história do leproso do evangelho de hoje. Então, procure na sua Bíbia: 2 Reis 5, 9-14. 

Um domingo de saúde e de paz pra você e sua família! Sem carnaval e sem coronavírus.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

OS SETE PÃES E A EUCARISTIA



13 de Fevereiro de 2021

EVANGELHO


Mc 8,1-10

1Naqueles dias, havia de novo uma grande multidão e não tinha o que comer. Jesus chamou os discípulos e disse: 2“Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem nada para comer. 3Se eu os mandar para casa sem comer, vão desmaiar pelo caminho, porque muitos deles vieram de longe”.
4Os discípulos disseram: “Como poderia alguém saciá-los de pão aqui no deserto?” 5Jesus perguntou-lhes: “Quantos pães tendes?” Eles responderam: “Sete”. 6Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães, e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem. E eles os distribuíram ao povo.
7Tinham também alguns peixinhos. Depois de pronunciar a bênção sobre eles, mandou que os distribuíssem também. 8Comeram e ficaram satisfeitos, e recolheram sete cestos com os pedaços que sobraram. 9Eram quatro mil, mais ou menos. E Jesus os despediu. 10Subindo logo na barca com seus discípulos, Jesus foi para a região de Dalmanuta.

MEDITAÇÃO


Jesus pegou os sete pães e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem (Mc 8,6 ).

O povo está com Jesus numa região deserta. É uma multidão numerosa, umas quatro mil pessoas. Estão com fome. Jesus, com pena daquela gente, quer alimentá-los. Mas, como? - perguntam os discípulos. Com os sete pães que os discípulos tinham, Jesus alimentou todo mundo. O povo se sentou, Jesus pegou os pães, deu graças e os deu aos discípulos que os distribuíram com a multidão. O mesmo fez com alguns peixinhos. As sobras encheram sete cestos.

Uma história tão simples e tão cheia de significados Sete pães e sete cestos de sobras. Esse mesmo evangelista Marcos conta outra multiplicação de pães. Na outra, sobraram doze cestos. Doze é o número do povo de Deus. Tudo bem. Deus alimenta o seu povo. Nesta, Jesus está em território pagão. Sete é o número das nações pagãs, quando o povo chegou em Canaã. Também os pagãos têm lugar no banquete de Jesus.

Bom, mas eu queria que a gente se concentrasse no lindo significado que tem esse texto, como uma catequese que é da Eucaristia, da Santa Missa. Veja só a pista que o evangelista deixou. Os discípulos comentaram: “Como poderia alguém saciá-los de pão aqui no deserto?”. Pense comigo: quando foi que o povo foi saciado de pão no deserto? Pensou?.... lembrou-se do “maná”? Perfeito. No tempo antigo, o povo que peregrinava no deserto, com fome, sem comida, foi alimentado por Deus com o maná. Deus teve compaixão do seu povo e mandava toda manhã o maná, o pão que descia do céu.

Jesus tem compaixão daquele povo que está com ele já há três dias, com fome, e providencia o alimento. Agora, acompanhe os gestos de Jesus: “Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães, e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem. E eles os distribuíam ao povo”. Deu pra todo mundo. Ficou todo mundo satisfeito. As sobras foram recolhidas. E Jesus despediu a multidão. Essas palavras vão se repetir na última Ceia. Essa refeição coletiva é já uma preparação para a Eucaristia, uma espécie de catequese sobre a Santa Ceia. 

Na narração, percebe-se a estrutura da celebração da Eucaristia: o povo reunido em torno de Jesus; Jesus que anuncia o Reino de Deus; Jesus que toma os pães, dá graças, reparte e manda distribuir; a multidão que é alimentada; a despedida. É a estrutura da missa: a acolhida, a mesa da palavra de Deus, a mesa do pão consagrado, a despedida.

Guardando a mensagem

Olha quanta coisa podemos aprender nesse texto: antes do pão, vem a Palavra (Jesus passou três dias anunciando o Reino de Deus ao povo, antes da multiplicação dos pães); a Eucaristia é especialmente partilha, dom de si mesmo aos outros (Os discípulos só tinham sete pães e alguns peixinhos e ofereceram tudo. Eles recebiam os pedaços de pão de Jesus e os entregavam ao povo); a Eucaristia é o próprio Jesus que se entrega em alimento para a multidão faminta (Jesus mesmo parte o pão e o entrega, como se a si mesmo se desse em alimento); toda refeição em família é uma espécie de eco da Eucaristia (ali também damos graças a Deus e abençoamos a comida); as sobras devem ser recolhidas e guardadas (é assim que guardamos a reserva eucarística no sacrário e também aprendemos que devemos evitar todo desperdício de alimento).

Jesus pegou os sete pães e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem (Mc 8,6 ).

Acolhendo a mensagem

Senhor Jesus,
Vemos nessa cena da multiplicação dos pães no deserto, uma preparação para a Ceia Eucarística que celebraste com teus discípulos, antes de tua paixão e que celebras conosco todos os dias, especialmente no domingo, o dia de tua páscoa. Tu és o pão da vida. Tu a ti mesmo te deste como alimento, verdadeiro maná que alimenta para a vida eterna. Concede-nos, Senhor, que aprendamos contigo a compaixão e a partilha como disposições necessárias para celebrar contigo o sacramento da Eucaristia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Como estamos em um final de semana, podemos fazer desse texto uma preparação para a Santa Missa do domingo, o dia do Senhor. Não podendo participar presencialmente, acompanhe devotamente a Missa de sua comunidade pelas redes sociais.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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