PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: demônio
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A VERDADE QUE CONSTRÓI A PAZ


Quem não é contra nós é a nosso favor (Mc 9, 40)

30 de setembro de 2018.

Vivemos numa sociedade pluralista: muitas opiniões, muitas visões de mundo, muitas escolhas possíveis. Houve um tempo, no Brasil, em que o pensamento cristão católico era dominante. Todo mundo pensava conforme a tradição da fé católica. Quem pensasse diferente era repreendido e descriminado. Hoje, a coisa já não é mais assim. Sentimos que o pensamento cristão é cada vez mais, na sociedade, um pensamento, ao lado de outros. Sabemos que estamos com a verdade, mas não somos donos da verdade. Há outros que também expressam essa mesma verdade, seja porque são cristãos de outras igrejas, seja porque são pessoas de boa vontade que estão buscando sinceramente o bem.

Essa nova condição que vivemos hoje nos assusta. Pertencemos a uma instituição bimilenar, que vem guardando fielmente o depósito da fé, desde o tempo dos apóstolos. Mas, agora convivemos com pessoas e instituições que expressam sua fé, suas crenças, independentemente de nós.  Algumas dessas crenças parecem próximas das nossas, outras parecem bem diferentes e até opostas às nossas. Não é que tudo agora seja relativo e esteja todo mundo certo. Isso não. Mas, já não somos os únicos, nem podemos negar que outros possam estar próximos da verdade.

Em outros tempos, essas divergências podiam se resolver facilmente pela negação do diferente, por sua proibição ou pela repressão às novas crenças e atitudes. Hoje, se espera que estejamos em condição de agir de forma diferente.

O evangelho (de hoje – Marcos 9) vem em nosso auxílio. Os apóstolos encontraram alguém expulsando demônios em nome de Cristo. Mas, esse tal não fazia parte do grupo deles. Então, eles o proibiram. “Quem já se viu, usando o nome de Cristo, expulsando demônios em seu nome e não pertencer ao nosso grupo!”. Jesus não concordou com essa atitude. “Não façam isso. Não proíbam. Ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor”.

O que essa cena nos ensina? A missão não estava só no grupo dos discípulos, mesmo eles tendo a presença de Jesus. A missão também estava acontecendo fora do grupo deles. Aquela pessoa não era um inimigo, nem estava usurpando o poder deles.  A mão de Deus operava também lá, mesmo fora do grupo deles. A visão de Jesus é surpreendente: “Quem não é contra nós é a nosso favor”. Isto é, é alguém que está somando conosco.

E aquela cena do livro dos Números (Nm 11)? Deus distribuiu um pouco do espírito de Moisés com 70 anciãos. Dois deles nem estavam na reunião. Estes, lá no acampamento, começaram a profetizar. O ajudante de Moisés correu para avisar: “Moisés, meu senhor, manda que eles se calem”. Olha a resposta de Moisés: “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito”.

O que essa cena nos ensina? Deus distribui seus dons de maneira surpreendente. O Espírito sopra onde quer. Cabe-nos, com espírito de fé, reconhecer a ação de Deus, que age para além dos nossos limites culturais e religiosos.

Guardando a mensagem

Já no Concílio Vaticano II, a Igreja, examinando sua presença no mundo, reconheceu que as sementes do Verbo estão em todas as culturas; e que, mesmo aonde não chegaram os nossos missionários, o Espírito Santo já chegou e lá vem atuando para que todos cheguem ao conhecimento da verdade.  Mesmo nos reconhecendo portadores do Evangelho do Senhor ao mundo, nos cabe sempre uma atitude de humildade, de diálogo, de abertura para com quem não pensa como nós ou que não pertence ao nosso grupo. Moisés não se deixou levar pelo ciúme: “Quem nos dera que todo o povo do Senhor profetizasse”. Jesus nos deixou o exemplo maior:  “Quem é não é contra nós é a nosso favor”. Humildade, diálogo, tolerância, para sermos significativos no Brasil de hoje e contribuirmos na construção de um mundo melhor.

Quem não é contra nós é a nosso favor (Mc 9, 40)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Essa tua palavra chega mesmo numa hora em que estamos, em nosso país, em um momento de extrema polarização e nenhum diálogo. Queremos aprender contigo: dialogar, não eliminar o  adversário; expor a nossa verdade, não impor a nossa verdade; saber conviver com quem pensa diferente, sem deixarmos de ser fiéis aos nossos princípios. Senhor, ajuda-nos, com teu Santo Espírito, a  aprender também com os outros e nos sentirmos aliados de quem luta pela vida, pela justiça e pela paz. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, sendo o dia da Bíblia, leia Marcos 9, 38-40 e comente com alguém de sua amizade sobre estes ensinamentos de Jesus tão atuais e oportunos para os nossos dias.

Pe. João Carlos Ribeiro – 30.09.2018

A HISTÓRIA DE UM PAI AFLITO

Senhor, tem piedade do meu filho (Mt 17, 15)
11 de agosto de 2018.
Todo pai pede a Deus para que o seu filho venha com saúde. Às vezes, a natureza traz o filho com problemas. Não se pode colocar a culpa em Deus, de jeito nenhum. Deus faz tudo bem feito. O homem ou a natureza é que embaralham as coisas. Muita coisa a ciência ainda não sabe, está pesquisando. O certo é que, venha como vier, os pais recebam a sua criança com todo carinho. E Deus que é pai de todos está sempre por perto para socorrer, abençoar, providenciar o melhor para aquela família. Tenho visto que muitas vezes, por ter um filho com alguma deficiência (autismo, síndrome de down, uma grave alergia e tanta coisa mais...), exatamente por causa da fragilidade do filho, os pais terminam por se aproximar mais de Deus.
Bem na véspera do dia dos pais, nos vem esse belo texto do evangelho de São Mateus. Na cena do evangelho, “um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se e disse: “Senhor, tem piedade do meu filho”. Jesus estava no meio de uma multidão. Mas, aquele pai, vencendo qualquer respeito humano, apresenta seu pedido desesperado ao Mestre. Já tinha tentado que os discípulos resolvessem, mas eles não tinham conseguido ajudar. Aproximou-se de Jesus... Aproximar-se de Deus é a atitude número um de um pai.  Aproximar-se do Senhor, ficar perto dele. O pai e a mãe, na verdade, já têm uma aproximação com Deus, porque eles participam do seu poder criador. Uma pessoa de fé sabe disso. O nascimento de uma criança é um dom maravilhoso de Deus, pela mediação de um pai e de uma mãe. A paternidade e a maternidade já deixam pai e mãe mais achegados a Deus.
Relendo o texto: Um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se...  Ajoelhar-se é a atitude de quem está diante de Deus. É uma atitude de adoração, de reconhecimento de sua dependência de Deus. A gente se ajoelha para acompanhar respeitosamente a consagração na Santa Missa ou diante de Jesus Eucarístico, em adoração. Ajoelhar-se é estar diante de Deus, com respeito e em reconhecimento de sua grandeza.  Foi ajoelhado diante de Jesus que o pai pediu: “Senhor, tem piedade do meu filho”. Também esta palavra “Senhor” na boca desse pai tem sabor de reconhecimento de que está diante de Deus. Reconhecer que Jesus é o Senhor é uma profunda atitude de fé. A oração desse pai é uma oração de intercessão. E esta é uma das atribuições da missão paterna ou materna: interceder diante de Deus pelos seus filhos, pedir a Deus que os abençoe, os proteja dos perigos, os guarde, livre-os do mal.
“Senhor, tem piedade do meu filho. Ele é epiléptico, e sofre ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água”, disse o pai. Ainda hoje quem tem epilepsia é alvo de preconceito. Imaginemos o que não era há mais de 2.000 anos atrás, ainda mais naquele povo antigo que explicava qualquer doença como sendo uma possessão do demônio. Olha a aflição desse pai: seu filho epilético está tendo ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água. Imagine o cuidado permanente daquela família com esse filho.
Jesus mandou que trouxessem o menino, ou quem sabe já um adolescente. Dentro da lógica de sua gente, Jesus exorcizou o demônio da doença e o menino ficou bom, naquela mesma hora.
Guardando a mensagem
Um pai aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se e pediu em favor do seu filho epilético. Pela paternidade e pela maternidade, pai e mãe já estão mais próximos de Deus. Ajoelhar-se é um reconhecimento da divindade de Jesus. O pai não foi com dúvidas se Jesus podia ajudar ou não. O pai mostrou, por ter tratado o Mestre de ‘Senhor’ e por ter se ajoelhado, a sua completa confiança em Jesus. Ele pediu clemência para o filho epilético. E Jesus o curou, exorcizando o mal que estava nele. O pai quer sempre o melhor para o seu filho. E nunca pode esquecer de que ele, na obra da geração humana e na obra da educação, é parceiro de Deus.
Senhor, tem piedade do meu filho (Mt 17, 15)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
No Evangelho, de vez em quando um pai vem ao teu encontro, pedindo em favor de um filho que está em situação desesperadora.  Jairo, por exemplo, veio te contar a situação de sua filha adolescente, que havia morrido e pediu tua intervenção. Esse pai do evangelho de hoje, com um filho epilético, implorou a tua misericórdia.  A todos, Senhor, tu atendias segundo a sua fé, não segundo os seus merecimentos. Continua, Senhor, ouvindo as preces dos pais e mães de hoje que te apresentam continuamente seus rogos em favor de seus filhos, sobretudo de quem está em perigo na alma e no corpo. Derrama, Senhor, tuas bênçãos sobre os pais, amanhã vamos festeja-los, no seu dia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
O melhor presente que você pode dar ao seu pai vivo ou falecido é rezar por ele. O maior presente é, com certeza, oferecer a Santa Missa em favor dele. Então, programe-se para, amanhã, participar da celebração em sua comunidade e oferecer a Santa Missa por seu pai.

Pe. João Carlos Ribeiro – 11.08.2018

PARTICIPAÇÃO RIMA COM OPINIÃO


Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar (Mt 9, 33)
10 de julho de 2018.
Você é um cidadão. Você é uma cidadã. Coisa muito boa, parabéns. Mas, é um cidadão que participa ou que apenas assiste o que está acontecendo? Olha que aqui vai uma grande diferença, não é verdade? Há cidadãos que acompanham o movimento da sociedade, formam sua opinião, discutem, dão palpite... de alguma forma, participam. E há cidadãos que estão por fora, estão à margem, não se sentem em condições de dar sua opinião. Estão mudos, silenciosos. Não participam. Você conhece pessoas assim?
Por que será que há pessoas assim, mudas, num país democrático e numa igreja de comunidades? Talvez o país não seja tão democrático assim. E a Igreja não esteja assim tão comunitária. O fato é este e é grave: há pessoas deixadas à margem, sem efetiva participação, que não têm opinião para dar ou que apenas repetem a visão dos grupos econômicos detentores dos grandes veículos de comunicação.
Esse problema, com certeza, havia no tempo de Jesus. Gente calada, silenciada por uma educação autoritária ou por uma situação política repressora. Gente acostumada a viver à margem, desconsiderada, só contada para os impostos, mas sem nenhuma participação e envolvimento na vida do país. No evangelho de hoje, está dito que Jesus, vendo o seu povo, compadeceu-se dele, vendo, naquela gente cansada e abatida, ovelhas sem pastor.  E por onde ele andasse – povoados, cidades, sinagogas – ensinava, pregava o evangelho do Reino e curava todo tipo de doença e enfermidade. As curas eram uma forma de concretização do efeito da pregação. A Palavra de Deus resgata a dignidade da pessoa, acorda a sua condição de filho de Deus, devolve sua condição de ator ou atriz de sua própria história. Boa parte das doenças se alimenta do abatimento das pessoas, de sua permanente humilhação, de sua falta de horizonte. Jesus, com a força divina, anunciava o amor de Deus, libertando, curando, expulsando o mal da vida das pessoas.
E é aí que entra a história do homem mudo que apresentaram a Jesus. Como eles entendiam, estava mudo porque estava possuído por um demônio. Justo. Povo calado, silencioso, sem opinião sobre nada de importante só pode mesmo estar possuído por uma força maligna que o impede de se sentir e de se expressar como filho de Deus, como cidadão participante e informado, capaz de dizer sua palavra sobre o mundo. Quando o demônio foi expulso, ele começou a falar.
É isso que ocorre com a pregação do Evangelho, o amor de Deus comunicado pela presença de Jesus... os que estão à margem são chamados para o centro; aos que não estão enxergando, os cegos, é dada a luz da fé; os que estão possuídos pelo mal, pela doença, experimentam o poder libertador de Deus. O mudo começa a falar... o cidadão passivo começa a participar.
Vamos guardar a mensagem
Apresentaram um mudo a Jesus. Quase sempre a doença era explicada pela dominação de um mau espírito. Jesus expulsou o demônio e o mudo começou a falar. Em nossa sociedade, há um grande número de cidadãos mudos, silenciosos, à margem dos processos sociais. A verdadeira evangelização liberta essas pessoas de sua mudez, fazendo delas, cidadãos participantes na sociedade e na Igreja.
Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar (Mt 9, 33)
Vamos rezar a palavra
Senhor Jesus,
Ficamos felizes quando percebemos que a pregação da Palavra de Deus está gerando cristãos conscientes, responsáveis e participativos na vida da Igreja. É assim que tu continuas curando os mudos, libertando-os das correntes da dominação do mal. Ficamos felizes quando percebemos que cidadãos antes passivos, desconsiderados, começam a ter sua opinião, a se sentir envolvidos e participantes nos processos. É assim que tu continuas curando os mudos, libertando-os das correntes da dominação do mal. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a palavra
Talvez hoje se apresente uma situação em que você precise emitir sua opinião. Faça um esforço para participar. Participando, a gente contribui, esclarece, aprende, forma opinião. Pessoas evangelizadas foram curadas de sua mudez.

Pe. João Carlos Ribeiro – 10.07.2018

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