PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Lc 15
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ELE ME SALVOU

Alegrem-se comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida (Lc 15, 6)
07 de novembro de 2019.
Na primeira comunidade onde trabalhei como padre novo, havia uma catequista, uma jovem senhora casada, muito dinâmica e fervorosa. Envolveu-se, infelizmente,  em um desentendimento com outras pessoas da comunidade, ficou muito magoada e afastou-se da Igreja. Começou, em seguida, a frequentar uma igreja evangélica. Passados alguns dias, em reunião das lideranças, acertamos fazer uma visita a esta ovelha desgarrada. Numa noite, sem avisar, chegamos em sua casa, eu e umas outras cinco pessoas da comunidade. Depois do susto pela nossa chegada, dissemos a ela que tínhamos ido rezar com ela. Não perguntamos nada, não cobramos nada, só rezamos e cantamos com ela. Do meio pro fim, ela só chorava. No domingo seguinte, lá estava ela de volta à comunidade e, aos poucos, retomou seus compromissos pastorais na Igreja.
No evangelho de hoje, Jesus conta a história de uma ovelhinha que se perdeu. Ele contou que o pastor deixou as noventa e nove no deserto e foi atrás desta que se perdeu. E procurou, procurou, até encontrá-la. E quando a encontrou, colocou-a nos ombros, cheio de alegria, e a levou pra casa. Quando chegou em casa, reuniu os amigos e vizinhos para festejar com ele o reencontro de sua ovelha.
Você certamente já se perdeu alguma vez, ou não? Todo mundo, quando criança, alguma vez se perdeu dos pais. E pode lembrar o sofrimento que é se sentir perdido, sem ter mais a referência do pai ou da mãe. A criança fica apavorada, sobe uma angústia no peito, é um sofrimento impressionante. De repente, se sente sozinha, sem direção. Tem que procurar alguma saída, mas nem sabe por onde começar. Sente-se abandonada e desamparada. Essa é a condição da ovelha perdida.
Na história da ovelha, Jesus fez uma relação entre o justos e o pecador. Ele disse: “Há mais alegria no céu por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão”. A ovelha que se perdeu é o pecador, a pecadora. A conversão é a sua volta pra casa. E a sua volta pra casa é, antes de tudo, obra do pastor amoroso que largou tudo para procurá-la e encontrá-la, trazê-la nos ombros e festejar a sua volta.
Nesta parábola, vemos claramente o amor misericordioso que moveu Jesus a vir procurar e salvar a ovelha perdida; um coração compassivo que não descansa enquanto não nos encontra em nosso exílio e nos reintegra no seu rebanho. Vemos também a maneira como ele nos salva, carregando-nos nos ombros, como carregou o madeiro da cruz e festejando nossa volta, em todas as mesas que frequentava, especialmente, na última ceia que renovamos em cada Missa.
Guardando a mensagem
O pecador é alguém que se afastou do rebanho, como a catequista de minha comunidade. O pecador é a ovelha que se perdeu. E a sensação de estar perdido, de se estar sozinho, de se sentir sem chão você conhece, desde criança, quando se perdia de sua mãe ou de seu pai. Na história que Jesus contou, ficamos sabendo que não fomos esquecidos, que ele vem ao nosso encontro, não descansa enquanto não nos resgata. É assim que ele faz conosco, quando nos perdemos, quando o pecado nos afasta de Deus e dos irmãos. É assim que precisamos fazer uns com os outros, não abandonando quem se perde ou se afasta. Alegremo-nos com ele. Ele continua realizando, com êxito, a sua missão.
Alegrem-se comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida (Lc 15, 6)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Tu és o pastor que estás preocupado e comprometido com o resgate da ovelha que se perdeu. Sabemos que não estamos na conta dos noventa e nove, pois também nós precisamos de conversão. Somos, isto sim, ovelhas resgatadas por tua misericórdia, transportadas em teus ombros e inseridas na família de Deus. Dá-nos, Senhor, a graça de participar da grande alegria do teu coração de encontrar e salvar a ovelha perdida; e de estar contigo, apoiando, ajudando e imitando-te em tua missão redentora. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Leia o evangelho de hoje (Lucas 15, 1-10) e, a partir do texto, escreva uma oração a Jesus, o bom pastor, falando-lhe de alguma ovelha perdida.

Pe. João Carlos Ribeiro – 07 de novembro de 2019.

OS DOIS FILHOS DO SENHOR DEUS

Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão (Lc 15, 7)

15 de setembro de 2019 – 24º. Domingo do Tempo Comum

É uma coisa maravilhosa ver pessoas que viviam distante de Deus se aproximando da fé. É a conversão. Gente voltando para Deus, abraçando o evangelho, integrando-se na comunidade cristã... Isso não tem preço, não é verdade? Era isso que estava acontecendo no ministério de Jesus. Os pecadores estavam se convertendo.

Na mentalidade dos fariseus, era descabida essa atenção de Jesus aos publicanos e pecadores. E mais, eles não podiam ser justificados, perdoados assim. O pecado precisava de sacrifícios expiatórios no templo de Jerusalém. Só assim poderiam ser recebidos de volta, serem perdoados. Mas, com Jesus a coisa estava sendo diferente. As pessoas se sentiam acolhidas, reintegradas, perdoadas no seu encontro com ele. Aqui estava a diferença. Aproximavam-se de Jesus. Nele, se sentiam reintegrados, reconciliados. Eles não ofereciam a vida de carneiros e touros, como a Lei mandava, para obterem o perdão. Eles eram acolhidos por Jesus. Só isso. 

Para os fariseus entenderem melhor o que estava acontecendo, Jesus contou a parábola do pai e seus dois filhos, a história do filho pródigo, como nós a costumamos chamar.  Jesus contou logo três histórias. Na primeira, o pastor encontrou a ovelha perdida e festejou o fato com seus amigos. Na segunda, a mulher achou a sua moeda perdida e chamou as amigas para festejar. Na terceira, um pai tinha dois filhos. E o filho mais novo afastou-se de casa, ganhou o mundo, gastou a sua herança, afundou-se numa situação de miséria e humilhação, mas um dia voltou arrependido. E o pai fez uma linda festa para celebrar a sua volta. Veja que nas três parábolas alguém estava perdido e foi encontrado. Como disse o Pai da parábola, explicando a razão da festa: “meu filho estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado”. 

O filho mais velho, quando voltou pra casa e viu que havia uma festa para acolher o irmão mais novo, ficou com muita raiva. Ele pensava como os fariseus. Reclamou que o pai nunca tinha lhe dado um cabrito para ele festejar com os amigos. E, para o irmão pecador, mandou matar o novilho gordo. Veja que cabrito e novilho (carneiro e touro) eram os sacrifícios que se ofereciam. Por estes sacrifícios expiatórios, segundo a Lei, é que se obtinha o perdão. Na história que Jesus contou, foi diferente. Quando o filho que estava voltando para casa ainda estava longe, o pai correu ao seu encontro, o abraçou e o beijou, mesmo antes que ele fizesse o pedido de perdão. E mandou preparar uma festa para comemorar a sua volta. O novilho foi só pra festejar, não para pagar pelo pecado. 

Jesus anunciava o amor de Deus pelos seus filhos. Um amor de pai pelo filho mais novo (o pecador) e pelo filho mais velho (o que se julgava justo). O pecador volta porque tem um Pai que o ama, que respeita a sua liberdade e espera a sua volta. Como a ovelha perdida, ele é encontrado pelo pastor. Como o filho mais novo, ele é recebido e reintegrado como filho por pura misericórdia do Pai. 
São Paulo, na Primeira Carta a Timóteo, comentou como Deus usou de misericórdia para com ele. Ele tinha sido um blasfemo, um perseguidor. E Jesus o alcançou com sua misericórdia, fazendo dele um anunciador de sua palavra. Paulo tirou uma bela conclusão: “Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores. E eu sou o primeiro deles!”.

Guardando a mensagem

No ministério de Jesus, os pecadores estão voltando pra casa: em contato com Jesus, eles estão se aproximando de Deus, estão reconstruindo sua vida na fé. Já os que se pensam justos reagem contra Jesus e estão descontentes porque os pecadores estão encontrando vida nova no Senhor. Eles imaginam que a reconciliação é alcançada pelo oferecimento de sacrifícios no altar do Templo. Jesus conta a história do filho pródigo para mostrar o grande amor de Deus pelos seus filhos, amor que explica o reencontro da ovelha perdida, por iniciativa do pastor; e a acolhida pra lá de generosa do filho mais novo que saiu de casa, esbanjou os seus bens e voltou arrependido.   Nessas histórias de Jesus, fica claro também a grande alegria de Deus pela volta do seu filho pecador (o filho mais novo) e a paciência com a qual está tentando que também os fariseus (o filho mais velho) entrem em casa e participem da alegria de Deus pela volta do seu filho pródigo.

Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão (Lc 15, 7)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Essa história do evangelho de hoje podia ter outro título: “A parábola do pai misericordioso”, porque nela aparece o grande amor do nosso Deus pelos seus filhos. Quando o filho mais novo voltou, ele o avistou de longe e correu para abraça-lo e beijá-lo. E fez uma festa para celebrar a sua volta. Essa história, Senhor, nos encoraja em nossa caminhada de conversão. Em ti, encontramos vida nova. E não por merecimento nosso, mas pelo imenso amor do nosso Deus que nos reconciliou consigo, por meio de tua cruz. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, arrume um tempinho para rezar, com calma, o Salmo 50 (Tende Piedade, ó meu Deus, misericórdia). 
Aqui, na Arquidiocese de Boston, nos Estados Unidos, onde estou em missão, hoje é o dia da festa das comunidades brasileiras. Reze por nós.  

Pe. João Carlos Ribeiro – 15 de setembro de 2019.

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