PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

A oração do quarto

Quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto (Mt 6, 6)
Estamos ouvindo o Sermão da Montanha. Nele, Jesus faz uma reedição da Lei, orientando os seus seguidores sobre como se conduzir em diversas situações da vida. No ensinamento de hoje, ele toca em três temas: a esmola, a oração e o jejum. ‘Quando der esmola, não toque a trombeta diante de si, não dê publicidade à sua caridade. Quando jejuar, não desfigure o rosto, ninguém precisa saber de sua penitência. Quando for rezar, não exiba sua piedade em favor de sua boa imagem’. A orientação é afastar-se do jeito dos fariseus e realizar essas práticas religiosas com um novo espírito.
Vamos prestar bem atenção à preocupação de Jesus com relação à oração. Um grande defeito da oração dos fariseus era a ostentação. Disse Jesus, com toda clareza: “Quando vocês forem rezar, não façam como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens”. Os fariseus rezavam em público, mostrando-se praticantes fieis da religião. Eles eram realmente admiráveis pelo exato cumprimento externo das normas religiosas. E olha que os fariseus tinham uma forte influência sobre o povo. O povo os tinha em muita conta. Esse modo de praticar a sua fé terminava por angariar prestígio e poder para eles. A ostentação destrói a prática religiosa.

Amar os inimigos

Amem os seus inimigos e rezem por aqueles que perseguem vocês (Mt 5, 44).
Aqui temos um diferencial: amar os inimigos. Essa atitude cristã supera o comportamento humano digamos “normal”, que estava também no Antigo Testamento: amar os amigos e odiar os inimigos. Viver na fé em Jesus Cristo nos faz superar essa posição.
Ter raiva é uma coisa natural. Deixar que a raiva tome conta da gente, aí é que não dá. Permitir que a raiva se transforme em rancor, ódio e nos cegue em nossas atitudes, aí não. Segundo o ensinamento de Jesus, o melhor caminho é acalmar o coração e tentar ver em quem nos ofende ou nos agride um irmão, uma pessoa que está equivocada, mas continua a merecer nossa consideração. Não responder-lhe na mesma medida, não desejar-lhe o mal, antes preservar sua boa imagem, querer o seu bem, rezar por ele ou por ela. É o que Jesus está nos dizendo neste evangelho.
Amar o próximo é o mandamento. Amar a Deus e amar o próximo. E se o próximo for o nosso inimigo ou a nossa inimiga? Aí a coisa se complica. Amem os seus inimigos, mandou Jesus. Esse é o caminho da perfeição, amar os inimigos. E é nessa via que nós caminhamos, porque o Pai é perfeito. ‘Sejam perfeitos como o Pai do céu é perfeito.’ Jesus foi claro: tornem-se filhos do Pai que faz nascer o sol sobre maus e bons e manda chuva para justos e injustos. O Pai é o modelo para o filho. O nosso Pai trata bem os maus, porque ele é pai de todos e a todos ama.  Como filhos, nós o imitamos.

Um tapa na cara

Não enfrentem quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! (Mt 5, 39)

Toda a história do antigo povo de Deus, suas leis, suas normas de comportamento, com a vinda de Jesus tudo ganhou mais luz, mais perfeição. No Sermão da Montanha, Jesus, como um novo Moisés, comunica a Lei ao seu povo. Ele não veio para acabar com a Lei antiga, mas para leva-la à perfeição, para aprimorá-la. A lei do Reino de Deus pauta-se pela misericórdia,  pelo amor.
No texto de hoje, ele corrige a Lei do Talião. A Lei do Talião, como está no Livro do Levítico, já era um grande avanço, porque disciplinava a reação às agressões. Não permitia o excesso. Era o mínimo de qualquer povo civilizado. Está escrito no Livro do Levítico: vida por vida, fratura por fratura, olho por olho, dente por dente. O dano que causar a alguém será a sua paga, na mesma moeda, na mesma medida. Bateu, levou. Matou, morreu. É o nível humano, disciplinando a vingança, para a vingança não sair maior do que a ofensa. Já era um grande avanço para o povo do Antigo Testamento.

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