PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

Um novo Moisés

E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutem-no!” (Mt 17, 5).

E chegamos ao segundo domingo da Quaresma.  No primeiro domingo, subimos com Jesus ao Monte das Tentações. Ali, ele enfrentou o Tentador e venceu as tentações. Com ele, entramos no novo tempo em que o pecado de Adão foi superado pela obediência do novo homem, Jesus. Então, no primeiro domingo da Quaresma, Jesus foi comparado com Adão. Ele é o vencedor da tentação, do pecado.   

Nesse segundo domingo da Quaresma, subimos com Jesus à montanha da transfiguração.  A Lei e os Profetas, os livros santos de Israel representados por Moisés e Elias, nos dizem quem é esse Jesus. Ele é o novo Moisés, libertador do povo, restaurador da aliança. E o próprio Deus intervém, como no tempo do Sinai, para dizer que Jesus é o seu filho amado e para nos recomendar que o escutemos.

As três tentações

Jesus lhe disse: “Vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor, teu Deus, e somente a ele prestarás culto’” (Mt 4, 10).



Três tentações. Três é uma conta certa, completa. As três tentações resumem todas as tentações na vida de Jesus e na nossa vida também.

A primeira tentação é essa: vida sem sacrifícios. Foi a tentação de transformar pedra em pão. O pão representa tudo o que toca à sobrevivência: a comida, a roupa, o trabalho, a saúde, o bem estar... Está com fome? Transforme pedra em pão. Nada de fome, de mortificação, de jejum. Nada de esforço, de luta, de sacrifício. E é isso mesmo! Queremos ganhar bem, mas com o mínimo de esforço possível. Possivelmente, ganhar na loteria. Ou ter um cargo comissionado, que só precise ir assinar uma vez por mês. Vida sem sacrifício. Cozinhar, demora, dá trabalho.  Vai de fast food, de refrigerante, de enlatados... Vida sem luta, nem sofrimento. Uma dorzinha de cabeça, corre, compra um remédio. Vai dar à luz, cesariana. Parto natural é doloroso. Desentendeu-se, separa, é mais fácil do que dialogar, do que perdoar.  A primeira tentação é ‘vida sem sacrifícios’. Transformar pedra em pão.  Na vida de Jesus, essa tentação foi vencida. Ele nunca usou o seu poder em benefício próprio. Levou vida itinerante, em grande despojamento. A cruz foi a grande marca de sua entrega em favor de todos. Para os seus seguidores, recomendou a renúncia a si mesmos, a partilha, a solidariedade com os sofredores, a caridade para com os pobres.

A vida que renasce das cinzas

Um dia Jerusalém foi tomada pelos babilônios, um império muito poderoso e cruel. O exército inimigo, depois de um longo período de cerco à cidade, entrou com tudo. Uma parte da corte e a elite da capital foram levados como escravos. O exército dos babilônios destruiu tudo o que podia. Os soldados derrubaram os muros da cidade, roubaram as coisas preciosas do templo e tocaram fogo no próprio templo, quebraram tudo. A cidade de Jerusalém, a bela capital da nação judaica, a cidade onde Deus morava no seu templo foi humilhada, queimada, destruída. O povo se dispersou, o reino de Israel se acabou. Isso foi por volta do ano 587 a.C.

Todos os anos, mais ou menos no aniversário daquela desgraça – a destruição da cidade santa de Jerusalém – muita gente voltava àquelas ruínas para visitá-las, lamentar-se pelo ocorrido e pedir a Deus que tivesse piedade do seu povo. No fundo, todos sabiam que tudo aquilo fora consequência dos atos irresponsáveis do próprio povo e de suas lideranças. O rei, os sacerdotes, a corte, os nobres, a população toda ... esses eram os verdadeiros culpados, pois distanciaram-se da aliança com Deus, foram infiéis às orientações dele, traíram sua fé com outros deuses e suas ideologias. O livro das Lamentações, parte da Bíblia, tem hinos desse tempo.

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