PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

O EVANGELHO NÃO É REMENDO



Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha (Mt 9, 16)
04 de julho de 2020

A reclamação era porque os seus discípulos não estavam jejuando. Os discípulos de João Batista jejuavam, porque não os seus? Reclamação de fariseu. E Jesus: “Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha”. Que roupa velha é essa? Que remendo de pano novo é esse?

Tudo que Jesus estava ensinando era como um pano novo. Sua presença era uma novidade sem precedentes. Seu Evangelho era a roupa nova. São Paulo falou clarinho numa carta: “Tirem essa roupa velha. Vistam-se do homem novo, que renasceu em Cristo”. A roupa velha é o homem velho, o ser humano segundo o pecado, a pessoa humana representada por Adão. Com Jesus, chegou o tempo do homem novo. Nele, qualquer um, qualquer uma que crer renasce, ressurge, é nova criatura. Na segunda carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo ensinou: “Quem está em Cristo é nova criatura. Tudo novo. O que era antigo já passou”. Não é mais tempo de roupa velha. É tempo de revestir-se de Cristo, do homem novo, do ressuscitado.

Falando em roupa, vem logo à lembrança aquela história do cidadão que foi tirado da sala da festa porque não estava com a roupa apropriada. Que roupa seria essa? Ainda não tinha se revestido de Cristo. Não estava revestido do homem novo. Não tinha se convertido ao Evangelho do Senhor. Vejam que Evangelho quer dizer boa nova, quase dá pra dizer: roupa nova.

Claro, não dá para por remendo de pano novo em roupa velha. O Evangelho é esse pano novo. O evangelho é o próprio Jesus, nos diz claramente o evangelista João. Querer por remendo de pano novo em roupa velha, sabe o que é? É não entender a novidade do Evangelho que renova e restaura cada um e cada uma e toda a realidade humana. É usar o Evangelho como remendo no seu modo velho de viver. É claro que isso não dá certo.

Acolher Jesus e seu Evangelho é vestir-se com a roupa nova que o Pai da parábola do filho pródigo revestiu seu filho arrependido. Encontrar-se com Jesus, crer nele, aderir ao seu Evangelho é reencontrar a vida nova, a salvação, o perdão.

Guardando a mensagem

A novidade da presença de Jesus vai além de apenas repetir a prática do jejum da religião dos antigos. É mais do que ser muito religioso. E muito piedoso. Quem encontrou Jesus e o seu Evangelho encontrou a própria vida, na sua fonte, no seu dinamismo. É nova criatura. Não dá pra fazer deste pano novo apenas um remendo no seu modo velho de viver.

Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha (Mt 9, 16) 

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Não queremos que a nossa vida cristã, nascida na fé e no batismo, seja apenas um remendo de pano novo numa roupa velha. A roupa velha é a nossa vida de pecado. Não, não. Quando recebemos o batismo, na água e no Espírito Santo, fomos revestidos da roupa nova, fomos revestidos de ti. Senhor Jesus, homem novo. Dá-nos a graça, Senhor, de viver cada dia a novidade de nossa comunhão contigo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Amanhã é domingo, Dia do Senhor. Planeje, hoje, sua participação na Santa Missa e veja se consegue envolver mais alguém de sua família na celebração do domingo, mesmo que tenha que participar ainda pelas redes sociais. Roupa nova, não remendo!

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

SÃO TOMÉ

Tomé respondeu: "Meu Senhor e meu Deus " (Jo 20, 28).
03 de julho de 2020 - Dia de São Tomé, apóstolo.

Hoje é dia do apóstolo Tomé. Ele era um discípulo de Jesus, sempre muito fiel, mas negou-se a crer na ressurreição de Jesus. Mas, claro, Deus sempre escreve certo em linhas tortas. Assim, o santo Papa Gregório Magno, escreveu “O discípulo, que, duvidando da Ressurreição do Mestre, pôs as mãos nas chagas do mesmo, curou com isso a ferida da nossa incredulidade”.

Em Tomé, está a nossa fraqueza, a nossa descrença. Mas, também a graça da fé em Cristo Jesus ressuscitado. Vendo por esse lado e aprendendo com a sua história, podemos considerar que Tomé cometeu três erros.

O primeiro foi o seguinte: Ele faltou à celebração. No domingo da ressurreição, à tardinha, os discípulos estavam reunidos... esta era a hora em que a comunidade se reunia nos primeiros tempos do cristianismo, ao entardecer do domingo. Nessa celebração do domingo de páscoa, o próprio Jesus ressuscitado se apresentou no meio deles. Tomé não estava nesta reunião. Não sei onde andava, mas faltou a esse momento tão importante. Jesus fez a saudação do shalom: A paz esteja com vocês! Mostrou-lhes as mãos e o lado, para eles terem certeza que era ele mesmo, o que fora crucificado. E a comunidade ficou, claro, exultante de alegria. Jesus lhes comunicou o Espírito Santo, soprando sobre eles. E lhes enviou em missão, a mesma missão de reconciliação que ele recebera do Pai. Tomé perdeu esse momento tão importante da vida da comunidade.

Por falar em faltar à celebração, hoje tem muito Tomé ausentando-se da celebração do domingo, mesmo em tempos de Missa pelas redes sociais. Cada um tem sua desculpa, nem sempre válida. Faltando, acabam perdendo experiências que elevam qualitativamente a vida cristã naquela comunidade. Perdem o encontro com o Senhor ressuscitado que se revela presente no meio de sua Igreja, comunicando-lhe a sua paz, enchendo os seus corações da alegria de Deus e dando-lhes o seu Santo Espírito para confirmar a todos na missão. Se você, como Tomé, faltar à celebração, você está perdendo muita coisa e vai ficando de fora da caminhada da graça em sua comunidade. Esse foi o primeiro erro de Tomé: faltou à celebração. 

Faltar já é uma coisa ruim, agora, duvidar... ah, esse foi o seu segundo erro: Tomé duvidou do testemunho da comunidade. Todo mundo lhe disse o que tinha acontecido. Jesus ressuscitado em pessoa esteve lá, mostrou as marcas de sua crucifixão, soprou sobre eles, os enviou em missão. ‘Não acredito’. Mas, como assim não acredita? ‘Isso é invenção, é fantasia, é conversa de vocês’. Não, Tomé, nós vimos o Senhor. ‘Viram nada! Se eu não vir a marca dos pregos na sua mão e não por a mão no seu lado aberto pela lança, eu não acredito’. ‘Não diga uma coisa dessas, Tomé!’. Duvidou do testemunho da comunidade.

Quando o cristão se ausenta das celebrações da Igreja, começa a se distanciar da fé. Vai incorporando o espírito do mundo: começa a duvidar, a achar defeito na sua religião, a por sob suspeita os ministros da Igreja e por aí vai. Perde a graça comunicada pelo Ressuscitado em cada celebração e vai perdendo o amor pelo seu Senhor e por sua comunidade. É bom não faltar. Mas, se faltar, tenha cuidado para não se distanciar da Igreja. Não deixe que o individualismo do mundo lhe diga que você se resolve diretamente com Deus. A comunidade é quem tem o testemunho sobre Jesus. Não deixe a dúvida entrar no seu coração.

O terceiro erro de Tomé mereceu uma boa reprimenda de Jesus. Precisou ver para crer. Ele só acreditou porque viu. No domingo seguinte ao da ressurreição, eles estavam reunidos de novo, à tardinha. Jesus de novo se apresentou no meio deles e fez a saudação de paz. Chamou logo Tomé e o mandou por o dedo nas marcas das chagas de suas mãos e no seu lado. E lhe disse: “Não seja incrédulo, seja fiel”. Tomé, graças a Deus, mostrou-se humilde e cheio de fé. Exclamou: “Meu Senhor e meu Deus”. Estava reconhecendo que Jesus era o Senhor, o servo glorificado. E que ele era Deus, como o Pai. “Meu Senhor e meu Deus”.

Guardando a mensagem

Tomé cometeu três erros: Faltou à celebração, duvidou do testemunho da comunidade e precisou ver para crer. Por sorte, teve um acerto de contas misericordioso com Jesus: “Meu Senhor e meu Deus!”. Tomé - é você que falta à celebração, que está deixando o mundo encher o seu coração de dúvidas e suspeitas contra a fé. Você também tem a chance de reencontrar Jesus na comunidade e de crer nele de todo o coração. Que hoje seja o dia de sua experiência pessoal com Cristo! Que hoje seja o seu dia de Tomé que tocou nas chagas do Senhor.

Tomé respondeu: "Meu Senhor e meu Deus " (Jo 20, 28).

Rezando a Palavra

Senhor Jesus,
Ainda está ressoando a tua palavra dita à comunidade, naquela tarde de domingo: “Bem-aventurados os que crerem sem terem visto!”. Nós realmente não te conhecemos presencialmente, nunca te vimos, mas cremos em ti. Cremos que tu vives e estás conosco. Tens razão, não podemos nos guiar só pela lógica da comprovação, só aceitar o que for cientificamente provado ou querer entender tudo de Deus, como se tudo coubesse em nossa cabeça ou em nossa lógica humana. Só pela fé, podemos encontrar-te, Senhor, acolher a tua Palavra, celebrar a tua Eucaristia. Obrigado, Senhor, pela fé que habita os nossos corações. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém

Vivendo a Palavra

Na sua família, talvez haja alguém como Tomé. Hoje, é o dia de você contar-lhe a história deste apóstolo.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O DRAMA NÚMERO 01



Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados! (Mt 9,2)
02 de julho de 2020
Trouxeram-lhe um paralítico numa cama. Vendo a fé dos que conduziram o doente, Jesus perdoou-lhe os seus pecados. “Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados!”. Isso foi motivo de escândalo para os mestres da Lei. Julgaram que Jesus estivesse blasfemando, ofendendo a Deus com aquela conversa. Para que soubessem que ele tinha poder para perdoar os pecados, Jesus curou também o paralítico. “Levanta-te, pega a tua cama e vai para a tua casa”. Foi um espanto só. Perdoou os pecados e curou da doença.
O evangelho está cheio de gente sofrida: doentes, cegos, paralíticos, leprosos, possessos... Jesus se aproxima dessas pessoas ou essas pessoas se aproximam dele. Jesus lhes dá atenção, toca nelas, as cura, as liberta... Isso tudo pode passar uma imagem equivocada da missão de Jesus. Ele não é um curandeiro. Não curou todos os cegos, nem todos os doentes, nem todos os leprosos. A mensagem que está sendo transmitida é que o encontro com Jesus, o enviado do Pai, resulta em transformação de vida, em mudança radical na própria existência, em libertação de todas as amarras e opressões.

A enfermidade, a cegueira, a lepra, a possessão apontam para um drama maior na vida das pessoas e da sociedade, o pecado. São Paulo resumiu bem essa percepção, quando disse: ‘o salário do pecado é a morte’. O pecado gera destruição, morte. Basta lembrar o caso de Adão e Eva, que é o símbolo do desastre que foi a humanidade dar as costas a Deus, rompendo a amizade com ele. Então, o sofrimento estampado no evangelho é uma indicação do pecado, o pecado como rompimento da aliança com Deus, por parte das pessoas e por parte de toda a comunidade de Israel.
A vinda de Jesus está explicada no próprio evangelho, em relação ao perdão dos pecados. O pai de João Batista, o sacerdote Zacarias, referiu-se à missão do Messias que viria trazer a salvação do povo pela “remissão dos seus pecados”. O próprio João Batista identificou e apontou Jesus como o “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. O resultado da obra de Jesus, finalmente, é a salvação, o perdão dos pecados. E sua obra é a pregação, a morte de cruz e a ressurreição. No Sermão no dia de Pentecostes, tendo anunciado Jesus morto e ressuscitado, Pedro convocou o povo à conversão e indicou o batismo para o perdão dos seus pecados.
Nesta cena do paralítico deitado numa cama, aparece Jesus no exercício de sua missão. Ele veio para perdoar os nossos pecados. E fez isso, por sua morte expiatória na cruz. Ele nos reconciliou com o Pai, por meio de sua cruz. O perdão nos põe na comunhão amorosa com o Pai, por meio do Filho, no seu Espírito. E em comunhão também com os nossos irmãos.
Guardando a mensagem
A missão de Jesus está descrita, nos evangelhos, em relação ao perdão dos pecados. O pecado é o drama número um do povo de Deus, por sua infidelidade à aliança. É o drama número um também da humanidade, como consta na história de Adão e Eva. Jesus veio para nos reconciliar com o Pai e nos alcançou isso por sua morte e ressurreição. Os doentes e sofredores, tão numerosos nos evangelhos, apontam para a presença do pecado no mundo. O pecado gera sofrimento e morte. Jesus veio para nos comunicar a vida, o perdão de Deus. Curar os doentes, exorcizar os demônios, purificar os leprosos eram ações que prefiguravam a obra por excelência de Jesus em nosso meio: a salvação, a remissão dos pecados, a vida nova da graça. Não peçamos apenas a Jesus a cura dos nossos males físicos ou a solução dos nossos problemas. Ele veio a nós para muito mais. Peçamos-lhe, em primeiro lugar, a graça da conversão e o perdão dos nossos pecados. A obra dele, por excelência, é a salvação.
Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados! (Mt 9,2)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Quando curaste o paralítico, o mandaste ficar de pé, carregar o leito e ir para casa. Tu o devolveste perdoado e sadio à sua família. Essa é a graça de vivermos santa e sadiamente: fazermos alguma coisa para os outros, a começar pelos de nossa casa. A sogra de Simão que tu ajudaste a se levantar de sua febre pôs-se logo a serviço. Servir é o que dá sentido à vida do cristão com saúde no corpo e na alma. Rezamos, hoje, Senhor, pelos enfermos. Dá-lhes conversão, oportunidade para receberem o perdão dos seus pecados e saúde para estarem a serviço, em suas famílias e em suas comunidades. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Mostre interesse, particularmente hoje, por um enfermo ou por alguém que esteja em isolamento. Pergunte por sua saúde, mande uma mensagem ou telefone. Mostre interesse pelo seu bem. E o bem maior, você sabe, vai muito além da saúde física.
Às 11 horas de hoje, celebro a Santa Missa nas suas intenções. Acompanhe pelo youtube, pelo facebook ou pelo aplicativo Tempo de Paz. Para me encontrar nessas redes, digite Padre João Carlos.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A HISTÓRIA DOS PORCOS


Quando viram Jesus, pediram-lhe que se retirasse de sua região (Mt 8, 28)
01 de julho de 2020.
Eu vou lhe explicar essa história dos porcos que se afogaram no mar. Uma manada de porcos se perdeu. A economia daquelas famílias ficou arruinada. Resultado: a cidade inteira saiu ao encontro de Jesus e o expulsou de sua região. E o que tinha acontecido? Jesus chegou a uma região já fora do seu país, uma região de pagãos. Apareceram dois homens possuídos pelo mal. Os demônios ficaram incomodados e pediram a Jesus, no caso de serem expulsos, de irem para a manada de porcos. Dito e feito. Os dois homens foram libertos, mas os porcos desceram de ladeira abaixo e se jogaram no mar. O povo da cidade não gostou do resultado e expulsou Jesus de suas terras.
Agora, vamos fazer uns descontos. Você lembra que o povo de Israel não comia porco e não criava porco de jeito nenhum. Porco era um símbolo da impureza, um sinal dos pagãos. Lembra a parábola do filho pródigo? O jovem judeu terminou no fundo do poço, empregou-se como cuidador de porcos. Foi a máxima humilhação. Então, vejam, Jesus está numa região de pagãos, logo tem porco por ali. Porco, para os judeus, era um sinal de coisa ruim, de gente que vivia longe da fé no Deus vivo. Mais do que uma história, a narração quer mostrar o significado da ação libertadora de Jesus também fora do povo de Deus e a reação negativa das pessoas. Para isso, a narração pode ter ficado um tanto aumentada. Quem conta um conto, sempre aumenta um ponto.
A verdade é que a ação de Jesus que liberta o homem de todas as amarras e opressões não é bem recebida por todo mundo. Uma sociedade má reage contra Jesus, expulsa-o. Por exemplo, libertar pessoas das drogas - os narcotraficantes ficam furiosos, é uma ameaça à sua economia. Libertar pessoas do analfabetismo político - alguém vai logo dizer que é comunismo, porque se beneficia da ingenuidade dessa gente. Denunciar a prostituição de meninas e meninos - a rede que se beneficia desse tipo de exploração reage com violência, pois fica no prejuízo. É o que está dito no texto de hoje. A população pagã daquela região viu-se prejudicada no triste fim da manada de porcos. Preferia que os diabos continuassem oprimindo aqueles homens, mandando naquela terra, impedindo que o povo andasse por aquelas estradas. Expulsaram Jesus de sua região.
Guardando a mensagem
A ida de Jesus àquela região pagã é uma amostra de seu compromisso missionário com todos, não somente com os judeus. O povo hebreu não comia porco, nem criava porco. Porco era uma marca das regiões pagãs, consideradas impuras. Contando esse fato sobre a ida de Jesus a uma terra estrangeira, era natural que aparecesse porco na história. Livrar a terra dos porcos é também uma forma de falar da purificação daquele ambiente. É claro que essa não é uma narração jornalística, é uma história polarizada pelas disputas entre judeus e pagãos. A reação da cidade à ação de Jesus é a reação ao bem que se faz. Quem faz o bem sempre encontra resistência.
Quando viram Jesus, pediram-lhe que se retirasse de sua região (Mt 8, 28)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Nós nos entristecemos quando procuramos fazer o bem e encontramos tanta má vontade, resistência, oposição. Foi assim naquela região pagã que visitaste. Fizeste o bem, libertando aqueles dois homens possuídos pelo mal e liberando a estrada para o povo passar sem medo. Mas, o povo, invocando prejuízos na economia, acabou te expulsando. Essa desculpa da economia, do dinheiro, do administrativo é motivo para muita gente resistir à tua Palavra, esquivar-se da conversão e da mudança de vida. Concede-nos, Senhor, acolher com abertura de coração e espírito de obediência a tua santa Palavra. E não desistirmos, quando trabalhando pelo bem dos outros, encontrarmos incompreensão, oposição, rejeição. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Pare um pouco pra pensar. Você já foi incompreendido(a) numa coisa boa que tenha feito? Desistiu ou continuou? Talvez alguém perto de você precise de uma força neste assunto.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A TEMPESTADE


Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo (Mt 8, 25).
30 de junho de 2020.
Foi este o pedido de socorro dos discípulos a Jesus que estava dormindo, na barca. Estavam no meio de uma grande tempestade, a barca estava sendo coberta pelas ondas. E no meio dessa preocupante situação, Jesus dormia, calmamente. Eles o acordaram aos gritos: “Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo”.
Jesus acordou, certamente sem muita pressa. E lhes fez uma pergunta muita séria: “Por que vocês estão com tanto medo, gente fraca na fé?”. Levantou-se e repreendeu os ventos e o mar, e estes se acalmaram. O medo é a reação de quem se sente acuado, sem saída. O medo é a resposta de quem não tem fé ou de quem tem uma fé muito fraca.
Podemos nos perguntar, por que Jesus estava dormindo àquela hora, na barca, em pleno lago da Galileia? Bom, talvez estivesse cansado. É que a sua vida era uma loucura. Está escrito no Evangelho que ele nem tinha tempo para comer, tantas eram as pessoas que o procuravam. E, além da atenção permanente às pessoas, havia os longos deslocamentos a pé, o cuidado permanente com a formação dos discípulos, as noites de oração... tudo isso contribuía para o seu cansaço. Possivelmente, o seu sono era de cansaço.
Mas, há outra coisa que podemos considerar também. Quem dorme assim na barca, ou no avião ou no carro, dorme tranquilo se tiver confiança em quem está na direção, o motorista, o piloto, não é verdade? Jesus dormiu tranquilo porque estava cansado e também porque confiava na experiência dos seus discípulos pescadores. 
Agora, cansaço é uma coisa. Estresse é outra. Quem está apreensivo, estressado, preocupado, dorme bem? O que acha? Não dorme. O estressado pode perder o sono, ou adormecendo, dorme um sono agitado pelos sonhos que se cruzam com suas preocupações, chegando até a ter pesadelo... e já acorda agitado, nervoso, irritado. Quem está estressado, descansa um pouco, mas o seu sono não é tranquilo, não é repousante.
O sono de Jesus, na barca, estava tranquilo ou agitado? Pela chamada de atenção aos discípulos, podemos deduzir que ele estava tranquilo, sereno. ‘Por que vocês estão com tanto medo?”. Agitados estavam os discípulos, coitados, esbaforidos com a tempestade agitando a barca. Para eles, estavam de cara com a morte, podendo naufragar a qualquer momento.
O mar agitado é uma imagem das crises que se abatem em nossa vida: as crises no casamento, a enfermidade, a situação gerada pelo desemprego, os problemas internos da comunidade, do país... Tem sempre uma tempestade no mar. O que muda é como nós as enfrentamos: com sinais de desespero ou com serenidade? O clamor amedrontado dos discípulos despertou Jesus. O medo é o contrário da confiança. Pedir é correto. Mas, pedir porque confia, porque se está seguro que Deus nos ampara em todas as nossas tribulações. Mas, nunca como expressão de desespero, de desconfiança que estamos perdidos, que vamos naufragar. Deus está em nosso barco, não vamos naufragar. A fé nos dá serenidade em nossas crises. Faz-nos estar calmos no meio da tempestade, embora buscando saída, procurando solução, trabalhando para resolver os problemas que nos afligem. Mas, movidos pela fé, confortados pela convicção profunda que Deus está conosco, que ele não nos abandona, que é ele a nossa segurança.
Guardando a mensagem
O mar estava revolto. Os discípulos estavam agitados. Bateu o desespero. Gritaram, acordaram o Mestre que estava na barca. “Estamos perecendo, salva-nos!”. Jesus pediu calma, serenidade. Essa é atitude de quem tem fé. Ele mesmo estava dormindo um sono tranquilo, cansado, mas confiante na liderança dos seus discípulos. A serenidade nasce da confiança em Deus, em si mesmo e nos outros. A serenidade é o brilho da fé. Se você estiver vivendo uma tempestade, veja se Jesus está no seu barco, peça a ajuda dele. Não se desespere, não morra de medo. Enfrente serenamente a tempestade, com fé, com confiança. Ela vai passar.
Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo (Mt 8, 25).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
São tantas as tempestades em nossa vida pessoal, em nossa familia, em nossa vida profissional. Agora mesmo, muita gente está atravessando grandes turbulências. Como cristãos, Senhor, renascidos na tua morte e na tua ressurreição, estamos confiantes que a vida, o amor, a fraternidade, a justiça terão a última palavra; que a tua ressurreição entrou para a história humana como sinal de superação de todas as crises, sinal da vitória sobre o mal. Por isso, o nosso olhar é um olhar transfigurado pela fé e pela esperança. A todos, chegue, Senhor, a tua palavra e a tua presença que acalmam os ventos fortes e o mar bravio. Seja o teu santo nome bendito, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
No meio dos problemas que você talvez esteja vivendo, faça um ato de confiança no Senhor Jesus, Deus conosco, e nas pessoas que estão à sua volta. Muita gente merece sua confiança. Você pode contar com elas também . 
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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