PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

ASCENSÃO DE JESUS



Eis que estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo (Mt 28, 20)

24 de maio de 2020



Este é o domingo da ascensão de Jesus ao céu. A ascensão é o coroamento de toda sua vida e sua obra: vida, paixão, morte e ressurreição. Pela ascensão, o vemos entrando na glória de Deus, inserindo-se definitivamente em Deus. E lá se foi ele com a nossa humanidade. Sempre foi o filho, no seio da Trindade. Mas, agora, é também um de nós, filho da nossa humanidade. O primeiro de todos nós, vencedor do mal, do pecado e da morte. Foi à nossa frente e vai nos preparar um lugar para estarmos sempre com ele. Os discípulos, no monte, ficaram olhando para o alto, absortos com esse mistério tão grande. Jesus está em Deus.

Antes dessa partida, Jesus tinha instruído os discípulos. Duas coisas importantíssimas ele explicou. A primeira: Nele, estava todo o cumprimento das Escrituras Sagradas. Como eles diziam “a lei, os profetas, os salmos”, tudo apontava para ele que veio anunciar o Reino de Deus. Na sua paixão, morte e ressurreição estava o cumprimento de todas as promessas aos antigos. E a segunda: Voltando, ele enviaria o Espírito Santo, a força do alto que seria derramada sobre eles. O Espírito, que vinha da parte do Pai e dele, os ajudaria a entender o seu legado e a ser fieis à grande tarefa que ele lhes deixaria.

A grande tarefa seria a continuação de sua missão. Eles seriam suas testemunhas. Falariam a todos sobre sua vida e seus ensinamentos, anunciando a conversão e o perdão dos pecados em seu nome. Começariam isso por Jerusalém. Foi ali que Jesus concluiu a sua parte. Ali, começaria a deles. Em pouco tempo, receberiam o mesmo Espírito que conduziu Jesus em sua vida missionária.

Com este Domingo da Ascensão do Senhor, estamos celebrando o 54º. Dia Mundial das Comunicações. O Papa Francisco dedicou uma bela mensagem, para esta jornada, escrevendo sobre a narração, as histórias boas que ajudam o mundo a encontrar o caminho de Deus. Estamos encarregados de levar ao mundo a história das histórias, a de Jesus, a maior história do amor de Deus pelo homem e do amor do homem por Deus. Como disse São Paulo, nós somos a Carta de Cristo, escrita pelo Espírito Santo em nossos corações. Somos as testemunhas de Jesus. E a história de Jesus não é história do passado, é a nossa história com ele.

A ascensão não é a ausência de Jesus. Certo, não está mais presente fisicamente. Mas, é uma nova forma de estar presente. É ele quem anuncia o Reino, quem vai atrás da ovelha perdida, quem purifica o leproso, quem redime os pecadores. Agora, ele age por meio de seus discípulos, de suas comunidades, de sua Igreja, o seu corpo. A sua presença é obra do Espírito Santo na vida e na missão dos que o amam e guardam a sua palavra. Depois de dar aos discípulos o mandato de realizar a missão pelo mundo todo, ele fez uma promessa: “Eis que estarei com vocês, todos os dias, até a consumação dos séculos”. A ascensão é uma nova e eficiente forma dele estar presente.

Guardando a mensagem

Jesus despediu-se dos seus discípulos e foi elevado ao céu. É lá onde Jesus agora está, sentado à direita do Pai. Pela ascensão, entrou definitivamente na esfera de Deus, levando consigo a nossa humanidade. Agora, sabemos: é lá também o nosso lugar. O coroamento de nossa vida será também o nosso ingresso definitivo em Deus. Mas, estar na glória de Deus não quer dizer que Jesus esteja ausente. Pelo contrário, pela ascensão ele está entre nós de uma maneira nova e surpreendente. E isso é possível pela atuação do Espírito Santo que ele derramou sobre nós, com o qual fomos batizados. Revestidos do Espírito Santo, agimos, agora, em seu nome, isto é, em comunhão com ele. Reeditamos os seus gestos de amor pelos irmãos, de inclusão dos desprezados, de defesa dos injustiçados. A todos, com nossa palavra e nossas atitudes, falamos de sua dignidade de filhos de Deus e do grande sonho da fraternidade neste mundo. Em seu nome, abençoamos. Em seu nome, convidamos o filho pródigo à conversão. Em seu nome, os irmãos são perdoados e nos alimentamos do pão de sua Palavra e de sua presença sacramental na Eucaristia. Ele está presente. Ele está no meio de nós.

Eis que estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo (Mt 28, 20)

Rezando a palavra

Rezemos a oração com que o Papa Francisco termina sua mensagem para este Dia Mundial das Comunicações:

Ó Maria, mulher e mãe, tu teceste em teu seio a Palavra divina, tu narraste com a tua vida as maravilhosas obras de Deus. Ouve as nossas histórias, guarda-as no teu coração e faz tuas também as histórias que ninguém quer escutar. Ensina-nos, mãe, a reconhecer o fio bom que guia a história. Olha a quantidade de ‘nós’ em que se emaranhou a nossa vida, paralisando a nossa memória. Pelas tuas mãos delicadas, todos os ‘nós’ podem ser desatados. Mulher do Espírito, Mãe da confiança, inspira-nos, Senhora. Ajuda-nos a construir histórias de paz, histórias de futuro. E indica-nos o caminho para as percorrermos juntos. Amém.

Vivendo a palavra

“Ele está no meio de nós” – é a resposta que nós damos na Missa. Seja a sua prece hoje, muitas vezes, durante a sua jornada. E na Missa que você vai participar, possivelmente, pelas redes sociais, responda com gosto: “Ele está no meio de nós”.

No final da apresentação da Meditação de hoje, no seu aplicativo, estou deixando um link pra você ler a mensagem do Papa Francisco para este Dia Mundial das Comunicações, uma página breve e inspiradora.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

EM NOME DE JESUS

Se vocês pedirem ao Pai alguma coisa em meu nome, ele lhes dará (Jo 16, 23)

23 de maio de 2020

Todo dia, a gente reza no Pai Nosso: “Santificado seja o vosso nome”. Este é o primeiro dos sete pedidos desta bela oração. Com esta palavra “Santificado seja o vosso nome”, estamos pedindo e nos comprometendo com a glorificação de Deus. “Nome” aqui não é um nome que Deus tenha. “Nome” é o próprio Deus, a sua santíssima pessoa, uma forma de falar dele mesmo. “Santificado seja o vosso nome” é quase como dizer “Que todos te glorifiquem, te bendigam, Senhor Deus”. Se você entendeu isso, entendeu o evangelho de hoje. 

Jesus disse aos discípulos: “Se vocês pedirem ao Pai alguma coisa em meu nome, ele lhes dará”. Você entende isso, claro. Mas, se você der uma chance ao Espírito Santo, você vai ter um entendimento ainda maior. É o Espírito Santo quem nos revela os mistérios de Deus.

Quando alguém nos diz “peça isso a fulano de tal em meu nome”, entendemos que vamos pedir alguma coisa invocando o prestígio ou a autoridade daquela pessoa que nos enviou. Não é assim? ‘Em meu nome’ seria, no nosso entendimento, a mandado dele ou no lugar dele. É isso? Mesmo que isso seja verdade no nosso linguajar, não é o sentido do texto bíblico, o que Jesus quis dizer. Olhando direitinho o que está escrito (e está escrito originalmente em grego), esse “em meu nome” quer dizer “em união comigo”. Lembre-se do Pai Nosso. “Santificado seja o vosso nome”. O “nome” é a pessoa de Deus. Jesus dizendo “em meu nome” quer dizer “em mim”, “comigo”. Está seguindo? “Em nome de Jesus” não é a mando de Jesus ou no lugar dele. É ‘com’ Jesus, nele. “Em meu nome” quer dizer “em união comigo”.

Você se lembra da parábola da videira? Ele disse: “Permaneçam em mim e eu permanecerei em vocês”. O raminho enxertado agarra-se à videira e se identifica com ela. Só assim alimenta-se de sua seiva e realiza a vocação da videira, produz muito fruto. O cristão está de tal forma unido a Cristo, que identifica-se com ele. Paulo escreveu naquela carta: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”. Essa identificação com Cristo é obra do Espírito em nós.

Quando pedimos alguma coisa “em nome de Jesus”, pedimos ‘unidos a Jesus’. Não somos mais ramos periféricos, somos um com a videira. Se estivermos unidos a Jesus, então quem pede mesmo é Jesus. Sendo assim, claro que o Pai atende. Aliás, como disse Jesus, “eu nem vou dizer que vou pedir por vocês, porque o Pai ama vocês porque vocês me amam e acreditam sinceramente que saí dele”. Jesus está de tal modo unido ao Pai, que se identifica com ele. “Eu e o Pai somos um”. E nós estamos de tal forma unidos a Jesus que nos identificamos com ele. “Permaneçam em mim, eu permaneço em vocês”.

Guardando a mensagem

“Em meu nome” quer dizer “em união comigo”. “Em nome de Jesus” quer dizer “em união com ele, identificados com ele”. A comunidade recebe todos os dons por meio de Jesus. Toda a sua comunicação com o Pai se faz em Jesus. Quando pedimos ao Pai, unidos a Cristo, o Pai nos atende. Desde que acolhemos a vida nova – no nosso novo nascimento celebrado no batismo – estamos unidos a Cristo, como o ramo na videira. Nossa oração ao Pai é sempre ‘em nome de Jesus’, isto é, com ele, unidos a ele. Ele reza conosco, como no Pai Nosso. O filho número 1 é ele mesmo. Ele é o primeiro a rezar com a comunidade e a pedir ao Pai: “Santificado seja o vosso nome”. O “nome” é Deus mesmo na grandeza do seu amor.

Se vocês pedirem ao Pai alguma coisa em meu nome, ele lhes dará (Jo 16, 23)

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 
Como é bela a prece com que abrimos nossas orações. Dizemos sempre, nos persignando: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. “Em nome” quer dizer “Em união, em comunhão”. É como dizer: “Em comunhão com o Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo”. Estamos em comunhão com o Pai, porque estamos unidos e identificados contigo, Jesus. Tu és a escada de Jacó. Vamos ao Pai por ti. E o Pai se comunica conosco em ti. E essa unidade com o Pai, por meio do Filho, só é possível pela atuação do Espírito Santo que nos une a ti. Assim somos introduzidos na presença do Deus uno e trino, em teu nome. “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Amém.

Vivendo a palavra

Para estar em sintonia com a Palavra, hoje, nas horas santas do dia (simbolicamente 06:00, 12:00 e 18:00 ou em qualquer outra hora igualmente santa), reze o “Em nome do Pai”, se persignando. Persignar-se é traçar sobre si o sinal da cruz. Vergonha, só tenha se não souber o que significam palavras e gestos tão preciosos.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

5ª-feira da 6ª Semana da Páscoa Santa Missa com o Pe. João Carlos

A ALEGRIA DE UMA NOVA VIDA


Depois que a criança nasceu, a mulher já não se lembra dos sofrimentos, por causa da alegria de um homem ter vindo ao mundo (Jo 16, 21)

22 de maio de 2020

Essa palavra de Jesus é impressionante: uma comparação que ajudou os discípulos e as discípulas a entenderem o que estava acontecendo ou se prepararem para o que iria acontecer. A comunidade estava angustiada e sofrendo, porque chegara a hora de Jesus, a hora de sua paixão. Jesus comparou a situação da comunidade à mulher que está sentindo as contrações do parto.

No tempo de Jesus, não havia cesariana, nem anestesia. As mulheres davam à luz em casa, nem nenhuma assistência médica. As mães da idade de minha mãe, mesmo vinte séculos depois, também deram à luz em casa, apenas com a assistência de parteiras práticas. Essas mães podem dizer de que sentimentos eram tomadas na proximidade do parto: apreensão, angústia. E as dores que tinham que suportar no parto... É a essa angústia da chegada da hora que Jesus está se referindo.

Ele está falando de sua paixão e morte, da apreensão e do sofrimento que provocaram na comunidade dos discípulos. E olha que coisa incrível! Está falando de sua morte como de um parto, de um nascimento. “A mulher, quando deve dar à luz, fica angustiada porque chegou a sua hora”. Essa palavrinha ‘hora’ é usada muitas vezes por Jesus, no evangelho de João, para falar de sua paixão e morte. Por exemplo: “Pai, chegou a hora, glorifica o teu filho”. A hora é a hora de sua morte. E ele está comparando a comunidade dos discípulos com a parturiente. Quando a comunidade pressentiu que chegara a hora de Jesus, ficou triste, angustiada, sofrida.

E Jesus completou: “Mas, depois que a criança nasceu, a mulher já não se lembra dos sofrimentos, por causa da alegria de um homem ter vindo ao mundo”. A alegria de um homem ter vindo ao mundo. De que Jesus está falando? Está se referindo à sua ressurreição. A ressurreição está sendo comparada com um novo nascimento. A tristeza vai se transformar em alegria. A ressurreição é a vitória sobre a morte, a morte natural e a morte eterna. Na ressurreição, nasceu o homem novo, a nova criatura. Jesus ressuscitado é a pessoa humana que realizou plenamente a sua vocação de pessoa humana. Na ressurreição, nasceu a nova humanidade: a pessoa humana em paz com Deus, vencedora sobre o pecado e a morte. Renascemos na ressurreição de Jesus. Renascemos numa nova condição, a de filhos e irmãos reconciliados. Foi para isso que nascemos.

Guardando a mensagem

Jesus comparou a sua morte com o parto. Hora de angústia e sofrimento. Mas, a ressurreição trouxe muita alegria, pois significou a chegada de um novo momento na história. Com a ressurreição, a pessoa humana chegou naquele ponto de plenitude e realização para a qual foi criada. Pela comparação com a mulher em dores de parto, a gente logo entende o que ele queria dizer. Quando nasce a criança, a mãe se esquece das dores e do sofrimento, fica tomada de alegria. A tristeza é vencida pela alegria.

O que Jesus falou no contexto de sua morte e ressurreição, também serve para as situações de crise e sofrimento nas comunidades e na vida dos seus seguidores. Em todas as situações de angústia e sofrimento, você pode contar com a vitória de Deus em sua vida. Você que está passando por um momento de dor e sofrimento, acolha essa palavra de hoje, é palavra de Jesus. Persevere no bem, na verdade, no que é justo e certo, afaste-se de mal. Aguarde com paciência a hora de Deus. Mergulhe sua dor na paixão redentora do Senhor. O justo vive pela fé. O justo triunfa por sua fidelidade e pela fidelidade do seu Senhor.

Depois que a criança nasceu, a mulher já não se lembra dos sofrimentos, por causa da alegria de um homem ter vindo ao mundo (Jo 16, 21)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Nós te agradecemos pela tua vitória na cruz. Com ela, aprendemos que a vitória já está inscrita em nossa luta e nas horas turbulentas de nossas cruzes. Aprendemos também que a alegria da ressurreição, a alegria da vitória é sem tamanho, e que ninguém tirará essa nossa alegria. E ninguém a roubará, porque ela é vitória de Deus em nossas vidas de gente sofrida e pecadora. Apressa, Senhor, esse dia de vitória e alegria na vida de tantos irmãos e irmãs que estão vivendo dias de sofrimento e tribulação. Abençoa, Senhor Jesus, com a bênção da paciência e da fortaleza as pessoas que estão angustiadas por situações de família, de trabalho, de saúde. Dá a todos nós a tua paz e a alegria de tua ressurreição, da qual participamos desde o batismo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Nesse isolamento social que estamos vivendo, com tantas notícias ruins desse coronavírus, certamente essa palavra de hoje pode ser um conforto na vida de muita gente que você conhece. Que tal você compartilhar essa mensagem com mais mais gente do que você habitualmente já faz? Vamos espalhar o bem, sobretudo se o bem é a palavra de Deus.  

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

É POR POUCO TEMPO - VAI PASSAR

Vocês ficarão tristes, mas a tristeza de vocês se transformará em alegria (Jo 16, 20).
21 de maio de 2020


Nós sempre enfrentamos crises, não é verdade? Crises vão e vêm. Elas podem ser momentos de crescimento, de superação. Crises são oportunidades, se bem aproveitadas. Quando se está num momento de crise, ela parece durar uma eternidade. Quando passa, nos damos conta que o tempo não era tão longo assim. A crise dá qualidade ao tempo que segue, o novo tempo, o tempo da superação. 

“Pouco tempo”. Essa expressão domina o texto do evangelho de hoje. Se você contar direitinho, essa expressão se repete sete vezes no evangelho de hoje. É o tema da ausência de Jesus, de sua morte. E o tempo de sua nova presença, na condição de ressuscitado.

Vamos entender essa parte “Pouco tempo ainda e vocês já não me verão”. A paixão e morte de Jesus foi um tempo de desorientação para os discípulos, de desespero, de sofrimento. De repente, chegam os soldados, lá no Horto, e prendem Jesus e começa uma série triste de espancamento, interrogatório, julgamento e condenação; e a cruel execução de Jesus, acusado de tudo o que não presta, sem eles poderem fazer nada; e o sepultamento apressado; e o silêncio pesado daquele sábado. Um tempo de angústia, medo, desespero para os seus discípulos e discípulas. Uma crise sem precedentes. O desânimo tomou conta do grupo. Os dois de Emaús foram se embora. Judas se enforcou. O grupo se trancou, amedrontado, na casa que os acolhera para a última ceia. Esse é o pouco tempo da ausência de Jesus, um tempo que parecia uma eternidade, menos de três dias que transtornaram a vida dos discípulos. A ausência de Jesus foi uma morte para o grupo. “Pouco tempo ainda e vocês já não me verão”.

Vamos agora para a outra parte “E outra vez pouco tempo e me vocês me verão de novo”. Pode ser entendido como “Mas, um pouco mais tarde, vocês me verão”. Na madrugada do primeiro dia da semana, eis que Jesus ressuscita e começa a se encontrar com as discípulas e os discípulos. A superação do tempo ruim foi tão surpreendente que quase não acreditavam no que estavam vendo e tocando: o crucificado deu a volta por cima, ressuscitou, trazendo perdão aos pecadores. A morte não foi o fim. Pela morte, ele se apresentou em reparação dos pecados da humanidade. O novo tempo chegou: tempo de alegria, tempo de vitória, tempo de ressurreição. “E outra vez pouco tempo e me vocês me verão de novo”.

Numa de minhas canções, eu escrevi: “Não há tempestade sem bonança. Neste novo reino, em dor de parto, a esperança”. O poema traduz bem as palavras de Jesus no evangelho de hoje. Um tempo de ausência, pouco tempo, mesmo que parecesse uma eternidade. E em pouco tempo, o tempo da presença, da superação, da ressurreição. Essa experiência com a morte e ressurreição de Jesus é modelo agora para toda crise que cada um de nós tenha e das crises que a comunidade cristã também passe. A comunidade também caminha por momentos de crise e de superação, de ausência ou proximidade do Senhor.

Guardando a mensagem

Jesus estava preparando os discípulos para a grande crise que seria a sua ausência, pela morte de cruz. Em pouco tempo, chegaria essa hora dolorosa. Mas, em pouco tempo ela passaria e daria lugar a outro momento, uma nova forma dele estar presente ainda mais eficaz e duradoura. Ressuscitado, ele comunicaria o Espírito Santo que atualizaria permanentemente sua presença. Momentos de crise também são vividos na vida pessoal de cada seguidor de Jesus. Você também já viveu momentos de crise e momentos de superação, tempos de tempestade e tempos de bonança. Se o seu momento atual for de angústia e sofrimento, escute o que Jesus está dizendo hoje.

Vocês ficarão tristes, mas a tristeza de vocês se transformará em alegria (Jo 16, 20)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
“Quanto mais escura a noite, mais carrega em si a madrugada”, dizia Dom Hélder Câmara. Vez por outra, passamos por noites escuras, como neste momento da pandemia. Dá-nos, Senhor, não nos desesperarmos nesses momentos. Como disseste, é “pouco tempo”. Que não nos faltem paciência, humildade para revermos nossos erros e esperança para construirmos o novo momento que não tarda a chegar. E chegará, como bênção do alto, como madrugada depois de uma noite escura. Que tua morte e ressurreição, Senhor, seja a dinâmica a nos iluminar em nossas pequenas e grandes crises. Contigo, já somos mais que vencedores. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Na oração, vem sempre primeiro os nossos problemas, os de nossa família... mas, precisamos também nos lembrar dos outros. Eles atravessam os mesmos dramas que nós ou até maiores. Hoje, reze por quem está vivendo dias muito difíceis nessa pandemia. Reze também para que, passada essa tormenta, voltemos à normalidade com um coração solidário e temente a Deus. Que, passada essa noite escura, venha um tempo de paz e de fraternidade para toda a humanidade. 

A gente se encontra às 22 horas, na Live da Oração da Noite, pelas redes sociais. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O ESPÍRITO DA VERDADE

Quando vier o Espírito da Verdade, ele conduzirá vocês à plena verdade (Jo 16, 13)
20 de maio de 2020

“Tenho ainda muitas coisas a dizer a vocês, mas vocês não são capazes de compreender agora”, disse Jesus em clima de despedida, na ceia. A despedida é sempre uma hora muito difícil. Quem está se despedindo, você sabe, está preocupado com uma porção de coisas, não é verdade? Preocupa-se em garantir a continuidade dos seus trabalhos, em instruir sobre o que fazer quando aparecer esse ou aquele problema, em assegurar o amparo para aquele membro mais frágil da família... Enfim, enquanto coisas como essas não estejam resolvidas, a pessoa não pode partir em paz, seja para uma viagem curta, seja para a grande viagem. A despedida de Jesus leva vários capítulos, no evangelho de São João. É o momento de grandes revelações. E de orientações muito sérias. 

Então, Jesus está se despedindo dos discípulos. Nessa hora de despedida, Jesus lhes faz, de maneira especial, uma revelação maravilhosa. Não os deixará órfãos. Ele irá e o Pai enviará o Espírito Santo. O novo enviado é o Espírito da Verdade que o mundo não conhece. E não o conhece porque não reconhece Jesus como enviado do Pai. Ele é o outro defensor ou consolador que o Pai enviará. E não virá para ficar no lugar de Jesus. Virá para dar eficácia à missão de Jesus, em sua ausência física. Jesus não estará mais presente fisicamente. Mas, vai estar realmente presente. O Espírito Santo é quem vai tornar isso possível. Mais: o Espírito vai ficar sempre ao lado dos discípulos, sempre conosco.

“Quando vier o Espírito da Verdade, ele conduzirá vocês à plena verdade”. O Espírito vai ajudar os discípulos a entenderem quem é Jesus e qual o significado do seu ensinamento. Jesus disse que tinha muita coisa para comunicar, mas os discípulos não estavam em condições de entender... Jesus é a manifestação maior do amor de Deus. É o Espírito que vai nos conduzindo na compreensão de suas palavras, na acolhida da revelação que ele faz sobre o Pai, sobre a pessoa humana e sobre o mundo. Ele vai nos conduzindo para a verdade completa. Mas, a verdade plena não é um conhecimento. A plenitude da verdade é o amor. Deus é amor.

“Tudo o que o Pai possui é meu”, disse Jesus. O Espírito vai nos dar do que Jesus tem. É o Espírito que une Jesus ao Pai. Jesus está de tal modo identificado com o Pai, que ele e o Pai são um. A essa união profunda de Jesus com o Pai, pela mediação do Espírito Santo, chamamos AMOR. É também o Espírito que nos une a Jesus. Nossa comunhão com Jesus nos torna participantes do seu AMOR. É também o Espírito Santo que nos une uns aos outros com Cristo. Estamos unidos a Cristo e entre nós, formando o seu Corpo Místico, que é a Igreja. Essa comunhão entre nós e com Cristo, no seu Corpo Místico, é obra do Espírito Santo, participação no AMOR de Jesus e do Pai. 

Guardando a mensagem

O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, vem depois de Jesus, como o novo enviado. E vem como Testemunha de Jesus. Ajudará os discípulos a conhecerem a revelação que Jesus fez sobre o Pai e o sobre seu projeto de amor. Ele, o Espírito Santo, vai estar ao lado dos discípulos, atualizando a palavra e a presença de Jesus e fortalecendo-os no testemunho que eles devem dar de Cristo, sobretudo nas horas de provação e perseguição. É ele quem une Jesus ao Pai. É ele quem nos une a Cristo. É ele quem nos possibilita viver em comunhão uns com os outros, como membros do Corpo Místico do Senhor. Ele nos leva à verdade completa: o AMOR.

Quando vier o Espírito da Verdade, ele conduzirá vocês à plena verdade (Jo 16, 13)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Nós te bendizemos pela obra redentora que realizaste com tua presença entre nós, andando pelos nossos caminhos, instruindo-nos com a tua santa palavra e oferecendo-te em reparação pelos nossos pecados. Nós te bendizemos porque esta obra redentora continua na história sendo anunciada e atuada em favor dos pecadores, através de tua Igreja, pela presença e pela atuação do Espírito Santo. Ele é a tua testemunha. Ele está sempre conosco. Ele nos conduz à verdade plena, ao teu amor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Você já ouviu falar de jaculatória? É uma breve oração que se pode repetir muitas vezes durante o dia. É uma forma de se continuar na presença Deus, durante toda a jornada. Quer fazer uma experiência, nesta quarta-feira? Então, tome a palavra de hoje como jaculatória e repita-a muitas vezes durante o dia: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele nos conduzirá à plena verdade”.

A gente se encontra às 22 horas, na Live da Oração da Noite, nas redes sociais. Amanhã, celebro a Santa Missa nas suas intenções, às 11 horas, com transmissão também pelo youtube, facebook e o aplicativo Tempo de Paz. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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