Jesus
tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte,
sobre uma alta montanha (Mt 17, 1)
Você já subiu uma montanha? Bom, pelo
menos um monte mais alto já, não é verdade.
A montanha é um símbolo do encontro
com Deus. O homem busca Deus, como que subindo uma montanha. Quando chega ao
ponto mais alto, tem uma visão deslumbrante. Nem se lembra mais do cansaço da
subida. É, em certa medida, um momento de transfiguração, de êxtase, de
encantamento. Veja que em cima dos montes tem sempre uma igreja construída ou,
pelo menos, um cruzeiro. Já reparou isso? A montanha é o lugar simbólico do
encontro com Deus.
Na Bíblia, há também essa
identificação da montanha com o fascinante encontro com Deus. Moisés, por
exemplo, falou com Deus no monte Sinai. Houve lá o episódio da Sarça Ardente. Mas,
também a entrega da Lei nas tábuas de pedra.
No Monte Horeb (que é o mesmo Monte Sinai), também Elias falou com Deus.
No monte Carmelo, o mesmo Elias desafiou centenas de sacerdotes pagãos. A
montanha é o lugar da manifestação de Deus. No Sinai, eram tantos relâmpagos e
trovões que o povo lá em baixo, quase morre de medo. Moisés desceu de lá com o
rosto brilhando.
No evangelho da Transfiguração, lido
hoje em Mateus capítulo 17, está contado que Jesus subiu à montanha com Pedro,
Tiago e João, três dos seus discípulos. Lá, eles tiveram uma experiência
maravilhosa da manifestação de Jesus em sua condição gloriosa. E, quando tudo
passou, desceram a montanha, com a recomendação de não contarem nada a ninguém.
E o que aconteceu na montanha? Ali, houve um profundo encontro com Deus, um
momento de revelação da pessoa de Jesus. Jesus foi transfigurado diante deles,
ficou com o rosto e as roupas brilhantes. E apareceram Moisés e Elias
conversando com ele. Depois, uma nuvem os cobriu e ouviram a voz de Deus: “Este
é o meu filho amado, no qual pus todo o meu afeto. Ouvi-o”.
Subir a montanha é o que nós fazemos
na Oração. No momento em que entramos profundamente na comunhão com Deus é como
se nós chegássemos ao topo da montanha. Ali, podemos viver uma maravilhosa experiência
com Deus. E quem pode nos conduzir assim à oração profunda e verdadeira? O acesso,
o caminho já foi aberto por Jesus. E o Espírito Santo de Deus é quem nos conduz
ao topo da montanha. Mas, ele conta com nossa docilidade, com nosso esforço em
rezar com simplicidade e profundidade. Ficando só na superficialidade, rezando
da boca pra fora, distraindo-nos com tudo ao nosso redor, dificilmente subimos
à montanha. Ficamos no meio do caminho, não concluímos a subida. Quando
alcançamos o topo, rezando de verdade, tudo se torna luminoso, nosso interior
se enche de paz e de santa alegria. Ali, Deus nos fala, como pai. Ele nos aponta Jesus como nosso caminho, nos
dá direção, discernimento, conforto. Ficamos até com a tentação de permanecer naquela
situação, como os três apóstolos que queriam montar tendas para se fixarem por ali.
Depois da experiência lá no topo,
precisamos descer a montanha, voltar à normalidade de nossa vida. Mas, voltamos
reabastecidos, reanimados. O encontro com Jesus ressuscitado dá novo ânimo à
nossa existência e às nossas lutas.