PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: correção fraterna
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CORRIGIR COM AMOR

Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular (Mt 18, 15)

O amor é o cumprimento perfeito da Lei. É que diz a carta aos romanos. ‘Não fiquem devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a Lei de Deus”.

A comunidade cristã é o lugar da experiência do amor mútuo. Ela é constituída por pessoas amadas pelo Pai, renascidas em Cristo, santificadas pelo Espírito Santo. A comunidade é o lugar do amor, da unidade. É já um reflexo do amor e da comunhão da Santíssima Trindade. Comunidade cristã é a família, a comunidade eclesial da qual participo, a comunidade paroquial, a Igreja.

Na comunidade, buscamos viver o ideal do amor em Deus, amor que nos gerou como filhos pela evangelização e pelo batismo. Deus nos ama, nós o amamos e procuramos viver em fraternidade, em comunhão. Vivendo em unidade, Jesus está presente conosco. “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles”, nos disse o Senhor.  Assim, em unidade, como também nos ensinou, onde dois estiverem concordes sobre o que pedir, o Pai lhes concederá.  Dois é também a menor comunidade, o casal cristão. Os dois estando de acordo, Deus aprova.

Acontece que esse ideal de amor em família, em comunidade, na paróquia, na Igreja muitas vezes é ferido por atitudes egoístas, deslealdades, ofensas.  São pecados contra a fraternidade, a comunhão, contrários ao amor que devemos uns aos outros.  Gente que, por espírito de orgulho e soberba, humilha o irmão ou a irmã, desconsidera, trapaceia, difama o seu próximo. Gente movida pela inveja, por interesses escusos, por sede de poder.... tem de tudo. Estamos mergulhados na grande experiência do amor de Deus na comunidade, mas somos ainda fracos e pecadores.

Diante disso, vem o ensinamento de Jesus no sermão da comunidade, no capítulo 18 de São Mateus. Jesus oferece um passo a passo sobre como reagir no caso de um irmão, na comunidade, pecar contra você. O Profeta Ezequiel, no Antigo Testamento, tinha recebido de Deus a incumbência de comunicar a sua mensagem às pessoas erradas, reprovando sua má conduta. É uma grande chance que Deus dá pra gente se consertar. Somos responsáveis uns pelos outros. Devo corrigir o meu irmão. Não posso deixa-lo no erro e fazer de conta que não tenho nada a ver com isso. É o que chamamos de correção fraterna.

A correção fraterna é a resposta amorosa e responsável de quem se sente ofendido pelo outro ou na obrigação de ajudar o outro a se conduzir melhor. A maioria das pessoas quando se sente ofendida, na comunidade, parte para a murmuração contra aquele irmão ou irmã e procura isolar aquela pessoa dos seus amigos, dos seus grupos de influência. Errado. O caminho para o restabelecimento da fraternidade é o da correção fraterna. Começa quando eu, ofendido, procuro o meu agressor para resolver a situação. “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo”, ensinou Jesus. Não dando certo, voltar a conversar na presença de uma ou duas testemunhas. Se essas pessoas forem amigos em comum, tanto melhor. Assim, a pessoa se sentirá num ambiente seguro, não de ameaça. Se ainda não se resolver, levar o assunto à própria comunidade, ou às suas lideranças. A Igreja deve chamar a atenção daquela pessoa, recordando-lhe o caminho dos discípulos de Jesus, os apelos do Reino de Deus. Não tendo jeito mesmo, então, reconhecer que essa pessoa se excluiu da comunidade, que está fora do caminho do evangelho. Pode, então, trata-lo como um pagão, não mais como um irmão de comunidade.

Vamos guardar a mensagem de hoje

Não é fácil corrigir o outro. Mas, isso é necessário para o seu crescimento no caminho de Jesus. É um sinal de responsabilidade que tenho para com ele e para com a minha  comunidade. A correção fraterna deve ser feita com caridade e com respeito, e passando pelos passos que Jesus indicou (a conversa a sós, a conversa com testemunhas, a comunicação à comunidade). Também não é fácil receber a correção fraterna. É preciso humildade para reconhecer os próprios erros e espírito de conversão para acolher a graça de Deus e o apoio fraterno na superação das próprias dificuldades. O amor é a forma perfeita de viver a Lei de Deus.

RESOLVENDO OS CONFLITOS

Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular (Mt 18, 15)
A Igreja é a grande comunidade dos discípulos que caminham juntos no seguimento de Jesus. Se você tiver essa compreensão sobre a Igreja (que ela é uma grande comunidade), vai entender direitinho o evangelho de hoje. Naquela grande conferência dos bispos da Igreja em Aparecida, em 2007, ficou acertado que toda a Igreja em nosso continente iria trabalhar para que esse aspecto de comunidade aparecesse bem claro pra todo mundo. A Igreja é uma grande comunidade, formada por muitas pequenas comunidades. Tem uma grande comunidade, que é a Paróquia. Tem as comunidades menores, nos bairros por exemplo. E tem a pequena comunidade que é a família. A família é a primeira comunidade cristã.
O ideal da comunidade cristã é a unidade, a comunhão.  A comunidade é um espaço de entendimento, de fraternidade, de apoio mútuo. Assim, as pessoas que a integram fazem experiência de Deus que é amor e comunhão. Quem não participa da comunidade pode apreciar nela uma forte mensagem de fraternidade. Na comunidade de Jerusalém, nos primeiros anos da Igreja, o povo de fora se admirava: “Vejam como eles se amam”. E, está dito, no Livro dos Atos dos Apóstolos, que na comunidade havia um só coração e uma só alma. Este é o ideal da comunidade cristã.
No evangelho de Mateus, há um sermão de Jesus todo voltado para a comunidade, a Igreja. Ele está no  capítulo 18. O texto de hoje é um pedacinho desse discurso. E fala sobre a correção fraterna: como resolver os desencontros, as desavenças entre membros da comunidade. Então, são princípios para a solução de conflitos internos. Note que Jesus está dizendo: “se teu irmão pecar contra ti”, referindo-se, portanto, aos problemas de relacionamento.
Todo mundo sabe: onde tem gente, tem problemas, desavenças, desentendimento. Jesus deu orientações sobre como enfrentar essas situações, sem romper com a fraternidade, sem faltar com a caridade e sem comprometer a vida de comunhão. Quem deve agir para tentar resolver o assunto? Resposta: Quem se sentir ofendido por alguma razão. E razão, claro, não falta: é alguém que levanta um falso, um que ofende com palavras ou atitudes que prejudicam... Bom, sentindo-se ofendido, procure a pessoa que ofendeu você e veja se consegue se entender com ela. Olha que atitude responsável e fraterna! Falar com a pessoa a sós. Não sair espalhando o próprio mal-estar ou angariando apoio contra um possível inimigo. Não tratar seu irmão como inimigo. Procurá-lo a sós para expor sua versão e sua queixa. Na maior parte dos casos, isso já resolve, evitando briga e confusão. Não resultou positivo? Bom, há outra tentativa a fazer, sempre mantendo o espírito de fraternidade e os vínculos da caridade. Voltar a conversar com o interessado ou a interessada, com mais uma ou duas pessoas. Elas servirão de testemunhas, apoiarão o entendimento. Não é para aumentar a confusão. É para a conversa tomar mais força de entendimento. Se a conversa for fraterna, e houver boa vontade da outra parte, com certeza, a coisa ali se acerta. Ah, não deu certo? Tranquilo. Ainda há o que fazer. O assunto precisa ser levado à comunidade. Informe os responsáveis, fale sobre o assunto para todo mundo tomar conhecimento. É possível que a pessoa dê ouvidos à comunidade, especialmente se for chamada pelos líderes para uma conversa. Já foram três tentativas. Todas elas, visando o entendimento, a correção, o restabelecimento da fraternidade. Ah, não teve jeito? Bom, então, agora você pode tratar essa pessoa com distância, como se fazia com os pagãos ou com os pecadores públicos.

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