MEDITAÇÃO PARA O 2º DOMINGO DA QUARESMA,
DIA 25 DE FEVEREIRO DE 2018.
Este é o
meu filho amado. Escutem o que ele diz! (Mc 9, 7)
Pedro, diante da maravilha da transfiguração de Jesus na
montanha, teve uma ideia. Acampar ali mesmo. Fazer três tendas. Uma para Jesus,
outra para Moisés e outra para Elias. Será que a ideia de Pedro foi boa?
Jesus foi para a montanha, com três dos seus discípulos. Lá,
transfigurou-se diante deles. Apareceu com roupas brancas brilhantes, luminoso.
Moisés e Elias, personagens do Antigo Testamento conversavam com ele. Que coisa
linda! Que visão deslumbrante! Foi aí que Pedro teve a ideia de acamparem por
ali. E logo uma nuvem desceu e os encobriu. E da nuvem, veio uma voz: “Este é o
meu filho amado. Escutem o que ele diz”. Tudo desapareceu. E eles só viram
Jesus com eles.
Montanha tem um significado muito especial. Para o povo
semita, montanha é o lugar do encontro com Deus. Basta lembrar o Monte Sinai,
onde Moisés recebeu a Lei, das mãos do próprio Deus. Ou o Monte Carmelo, onde
Deus acolheu o sacrifício oferecido por Elias, desmascarando a idolatria no
meio do seu povo. Jesus muitas vezes passa a noite em oração... na montanha. O monte
é o lugar do encontro com Deus. Então, a experiência dos três discípulos na montanha,
com Jesus, é uma experiência de oração.
Precisamos sempre subir a montanha. Lá, em oração, fazemos
experiência do encontro com Deus. Na oração, Deus nos revela o seu filho único.
“Este é o meu filho amado”. O Pai, que nos revela o filho, nos convida a
escutá-lo. A principal oração dos membros do povo de Deus era o Shemá. Shemá
Israel. “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Recitava-se essa
passagem do livro do Deuteronômio muitas vezes ao dia. O discípulo precisa
ouvir, escutar, acolher o filho único. Na experiência da montanha, ou seja da
oração, encontramos Jesus vivo, ressuscitado, glorioso, triunfante sobre o
pecado, o mal e a morte. Essa profunda experiência espiritual está descrita nas
roupas brancas brilhantes de Jesus. É uma antevisão de sua ressurreição. Mas,
também na oração entramos em contato com o Pai. Somos envolvidos por sua presença
divina. É o que está representado na nuvem. Ao revelar o filho, reconheçamos
quem é o Pai: ‘aquele que não poupou o seu filho único, mas o entregou por
todos nós’, no dizer da Carta aos Romanos.
Uma tentação é, diante da maravilhosa experiência do encontro
com Deus na montanha, querer ficar por ali mesmo, acampar. Mas, Jesus desce com
eles a montanha. A experiência da oração é um momento de reabastecimento das
baterias, de animação, de respiro da alma. É luz para iluminar a escuridão da
vida. É esperança e força para se enfrentar os dramas de cada dia. É preciso
descer a montanha. Voltar à normalidade da vida, reforçados em esperança e confiança
em Deus.
Desde o começo, Jesus tinha indicado as condições para
segui-lo: ‘Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia
e me siga”. A tentação é sempre querer a vitória sem luta; a contemplação sem
compromisso; a oração sem ação. É preciso descer a montanha, com Jesus, para
enfrentar os problemas, os dramas de cada dia. Descer, com a certeza de que
Deus caminha conosco, que está ao nosso lado. Ele me ajuda, abençoa, protege. Mas,
eu sou sujeito de minha história. Assistido pela graça de Deus, tenho que dar
conta da minha vida, temos que dar conta da nossa história. É preciso descer a
montanha, com Jesus.
Vamos guardar a
mensagem
A montanha é uma representação da experiência da oração. Na
oração, o Pai nos revela o seu filho único. E nos indica que o escutemos.
Escutar Jesus é acolher sua pessoa e seus ensinamentos. Na experiência de
encontro com o Senhor, conhecemos também o Pai que não poupou o seu filho
único, mas o entregou em nosso favor. Num segundo momento, se desce da montanha
para a planície da vida ordinária, para os empenhos de todo dia e para os
compromissos que nos cabem no mundo. A tentação é fixar-se nos louvores, nos
aleluias e esquivar-se de enfrentar os dramas de cada dia, com as luzes e as
forças que o Senhor nos oferece na oração.
Este é o
meu filho amado. Escutem o que ele diz! (Mc 9, 7)
Vamos acolher a
mensagem
Senhor Jesus,
Nesta quaresma,
continua subindo a montanha conosco. Precisamos muito da oração, do encontro
profundo com Deus. No meio das dificuldades e dos problemas dessa vida, a
oração nos põe em contato profundo contigo, com o Pai. Nisso, somos conduzidos
pelo Santo Espírito.
Nesta quaresma,
continua descendo a montanha conosco. Precisamos muito que a nossa ação, os compromissos
do dia-a-dia sejam iluminados pela luz de tua presença de ressuscitado.
Ajuda-nos, Senhor a vencer a tentação de uma religião desligada da vida, de pretender
vitória sem luta, glória sem cruz.
Seja bendito o teu
santo nome, hoje e sempre.
Amém.
Vamos viver a palavra
Afinal, a ideia de Pedro de fazer três tendas no alto da
montanha, foi uma boa ideia ou não foi? Hoje, fale com alguém sobre isso.
Pe. João Carlos
Ribeiro 25.02.2018