PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

O SÁBADO FOI FEITO PARA O HOMEM


19 de janeiro de 2021

EVANGELHO


Mc 2,23-28

23Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?”
25Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”.
27E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado”.

MEDITAÇÃO


O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 27)


Na semana passada, dedicamos dois programas, no rádio, a uma conversa sobre o desemprego. Ouvimos relatos dolorosos. Gente desempregada há bastante tempo, gente perdendo a esperança, gente passando necessidade. Diante dessa situação, as pessoas se viram como podem, com a ajuda de parentes, a caridade de desconhecidos e muito espírito de iniciativa. Uma grande maioria sobrevive no mercado informal, sai vendendo alguma coisa de porta em porta ou batalha algum trocado como camelô pelas ruas. Quando não pode mais pagar aluguel, fica pela rua mesmo ou ocupa algum imóvel fechado ou constrói um barraco na beira de um canal. No aperto, empurra o filho adolescente para vender alguma coisa no semáforo ou farol de uma avenida ou ser flanelinha em algum lugar. É, o desemprego é um drama pra todo mundo, mas para a família pobre é uma verdadeira tragédia.

Diante da lei, essa família está cometendo graves irregularidades. No comércio informal, não recolhe impostos e atrapalha a atividade dos comerciantes estabelecidos. A fiscalização da Prefeitura e os lojistas estão de olho no camelô. Na moradia, é um invasor de propriedade privada. Mais cedo ou mais tarde a justiça, a polícia e a prefeitura vão chegar lá, nem sempre com bons modos. No cruzamento ou nas ruas, a sociedade olha com desconfiança o flanelinha e já o julga um trombadinha, um marginal, quem sabe, um traficante. No aperto da família pobre, a lei e a sociedade os condenam. 

Os fariseus estavam de olho nos discípulos de Jesus. Essa turminha era vista com reserva e desconfiança. Eles não jejuavam como os discípulos piedosos de outros mestres. Não se mantinham separados, evitando contato com gente reconhecidamente pecadora. Não guardavam o sábado, com o respeito e a seriedade que ele merecia. Afinal, mal cumpridores da Lei. No texto de hoje, os fariseus vão tomar satisfação com Jesus. “Num dia de sábado, em que não se pode trabalhar por respeito à Lei de Deus, os teus discípulos vem pelo caminho, arrancando espigas de trigo para comer”. Por que eles fazem uma coisa dessas num dia de sábado, violando a lei?

Jesus foi claro. Eles estavam com fome. A necessidade da pessoa humana interpela a norma, a regra, a lei. A lei foi feita para o homem. Não o homem para a lei. Aí Jesus lembrou um episódio do Antigo Testamento. Davi e seus guerreiros, com fome, chegaram ao Santuário e comeram os pães exclusivos dos sacerdotes. Na necessidade, agiram acima da lei. O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado.

Guardando a mensagem

O camelô não é um fora da lei. O ocupante não é invasor mal intencionado. O flanelinha não é um marginal. A lei é que precisa se adaptar à sua realidade, à sua fome, à necessidade premente de sobrevivência. Aliás, a situação de desemprego e abandono social não foi criada pelos marginalizados. A lei deve estar aí para assegurar oportunidades para todos. O pobre não merece cadeia porque está “arrancando espigas em dia de sábado”. Merece emprego, moradia digna, escola integral para os seus filhos.

O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Disseste aos fariseus que o “o filho do homem é senhor também do sábado”. Falavas de ti mesmo; e do sábado, que era uma lei civil e religiosa, ao mesmo tempo. És o senhor também do sábado. Teu evangelho nos liberta de uma interpretação da lei que desconheça a necessidade do outro. Estás nos ensinando que a situação de carência e sofrimento deve ser a primeira inspiração da lei. As leis, as normas, as regras, nós as estabelecemos para garantir a justiça, o direito, a segurança, a boa convivência. Elas estão a serviço do homem. Podem ser revistas e modificadas, se se tornarem instrumento de opressão ou quando não respeitarem as pessoas em suas reais condições. Obrigado, Senhor, por dares à pessoa humana o primeiro lugar, por nos ensinares a viver com respeito e liberdade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Quem sabe, hoje, você não veja na rua ou no noticiário alguma situação em que a pessoa humana necessite ser respeitada, acima de qualquer regra estabelecida!

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

VINHO NOVO EM ODRES NOVOS



18 de janeiro de 2021

EVANGELHO 


Mc 2,18-22

Naquele tempo, 18os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?”
19Jesus respondeu: “Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. 20Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar.
21Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. 22Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos”.

MEDITAÇÃO 


Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos (Mc 2, 22)

Vou logo lhe dizer o que é um odre. Odre é uma bolsa feita de couro de animal para guardar ou transportar líquidos, particularmente vinho. Claro, no tempo de Jesus não existia garrafas de plástico ou de alumínio para isso. Tinha-se que recorrer a utensílios de barro, madeira ou couro. O odre era feito de couro curtido de carneiro ou de bode. Uma das extremidades servia como gargalo, fechada com uma rolha de madeira ou também amarrada fortemente. 

Então, odre é uma bolsa de couro curtido de bode ou carneiro para guardar ou transportar líquidos, especialmente o vinho. O vinho novo ainda está fermentando e se expande dentro do recipiente. Se o odre for novo, ele tem elasticidade suficiente para continuar mantendo o vinho no seu interior. Se o odre for velho, já sem elasticidade, o vinho novo na sua fermentação acaba por arrebentá-lo e se derramar. 

Tudo certo até agora? Ótimo. Então, posso lhe fazer uma pergunta: o vinho de Jesus é novo ou velho? Calma, primeiro vamos saber que vinho é esse. 

O vinho representa festa, alegria, celebração de alguma coisa muito boa. Quando começou a sua pregação, Jesus disse que o tempo tinha se cumprido e o Reino de Deus tinha se aproximado. A presença dele renovando vidas, reunindo os dispersos, restaurando a aliança com Deus inaugura um novo tempo, o tempo do Reino de Deus. É o tempo da salvação que chegou. Esta obra redentora tem seu ponto mais alto na cruz, nos reconciliando com Deus, no sacrifício de sua vida em favor dos pecadores, sacrifício da nova e eterna aliança. 

Com Jesus, chegou o novo tempo: o tempo da reconciliação, da restauração da aliança, da salvação. Em Jesus, Deus está fazendo novas todas as coisas. (Você está conseguindo me acompanhar? Ótimo). No evangelho, isso está dito de muitas formas. Em Caná da Galileia, no casamento, ele oferece o vinho melhor, vinho que estava faltando naquela festa de aliança. Na mesa da última ceia, ele oferece o cálice de vinho, cálice do seu sangue derramado pela remissão dos pecados. A santa ceia, a Missa, é a celebração do sacrifício da cruz pela qual ele nos alcançou a reconciliação e ação de graças pela salvação que nos chegou por ele. 

A obra redentora de Jesus é um vinho novo. O evangelho que anuncia essa notícia é um vinho novo. A vida em Cristo, pela habitação do Espírito Santo em nós, é um vinho novo. 

Vamos à palavra de Jesus, hoje: “Ninguém põe vinho novo em odres velhos”. Dá para entender? “Ninguém põe vinho novo em odres velhos”. Essa novidade que é a obra redentora, a vida em Cristo, anunciada no evangelho não cabe numa vida velha, num jeito pecador de se viver; pede uma vida nova, pede mudança de vida. “Vinho novo em odres novos”.

Guardando a mensagem

Muita gente estranhou o estilo de Jesus, comendo com os pecadores, participando de banquetes, contando histórias de festa. E nada de fazer jejum, com os seus seguidores, como os grupos tradicionais faziam. A presença de Jesus, inaugurando o Reino de Deus no meio do seu povo, é um tempo novo que começou. Seu evangelho anuncia a grande novidade: Deus está reinando entre nós, nos conduzindo para a plena realização, para a salvação. Ele está restaurando a aliança de Deus com seu povo. O clima é de casamento, de festa. Ele é o noivo. Só quem não está entendendo, pode pensar em jejum numa hora dessas. Agora, é hora de festa, de alegria. O evangelho de Jesus não é um vinho velho. É um vinho novo. Não pode ser guardado ou transportado pelo velho Adão pecador. É uma novidade que só cabe numa vida nova, restaurada pela graça. 

Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos (Mc 2, 22)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Há sempre um risco de sermos pessoas muito religiosas, mas não expressarmos em nossa vida religiosa a grande alegria da redenção que nos alcançaste por tua morte e ressurreição. Dá-nos, Senhor, ser odres novos para guardar e transportar essa novidade de vida que é a reconciliação que nos alcançaste na cruz. A tua obra redentora, anunciada no evangelho, não é mais um elemento a ornamentar a nossa vida velha, o nosso modo de pensar e viver no egoísmo, na injustiça, no pecado. Pela pregação de tua palavra e pelos sacramentos de tua Igreja, tu nos dás o vinho novo. Que sejamos, Senhor, odres novos para recebê-lo, conservá-lo e portá-lo a outros. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra 

Leia o evangelho de hoje, em sua Bíblia: Mc 2,18-22. E responda no seu caderno espiritual o que você entendeu por ‘roupa nova’.

Você que recebe a Meditação pelo seu celular pode ver melhor o que é  um ODRE, na foto que está junto com o texto da Meditação. É só clicar no link que estou lhe enviando. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

EIS O CORDEIRO DE DEUS


17 de janeiro de 2021

EVANGELHO


Jo 1,35-42

Naquele tempo, 35João estava de novo com dois de seus discípulos 36e, vendo Jesus passar, disse: “Eis o Cordeiro de Deus!” 37Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus. 38Voltando-se para eles e vendo que o estavam seguindo, Jesus perguntou: “O que estais procurando?” Eles disseram: “Rabi (que quer dizer: Mestre), onde moras?” 39Jesus respondeu: “Vinde ver”. Foram pois ver onde ele morava e, nesse dia, permaneceram com ele. Era por volta das quatro da tarde.40André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus. 41Ele foi encontrar primeiro seu irmão Simão e lhe disse: “Encontramos o Messias” (que quer dizer: Cristo). 42Então André conduziu Simão a Jesus. Jesus olhou bem para ele e disse: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas” (que quer dizer: Pedra). 

MEDITAÇÃO


Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito Santo (Jo 1, 33)

E chegamos ao segundo domingo do tempo comum. A Palavra de Deus nos revela quem é Jesus. Ele é o servo de Deus, com a missão de ser luz para as nações (Isaías 49). Ele é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (João 1). Ele é o Filho de Deus, habitado pelo Espírito do Senhor (João 1). 

A Palavra de Deus também nos revela quem somos nós. Nós fomos batizados com o Espírito Santo (João 1), assim, somos filhos de Deus. Nós fomos santificados em Cristo Jesus (1 Coríntios 1), assim somos chamados a ser santos, a viver em comunhão com Deus e em obediência à sua vontade. 

A Palavra do Senhor nos aponta a pessoa de Jesus. Os evangelhos são testemunhos sobre Jesus, para que nós o conheçamos, para que o acolhamos. E mesmo o Antigo Testamento é lido pelos cristãos na perspectiva da revelação da pessoa de Jesus, o Messias prometido e já figurado na atuação dos sábios, profetas e reis. A Escritura nos aponta a pessoa de Jesus.

A missão de João Batista foi preparar o povo para receber Jesus. O ponto alto de sua missão foi indicar Jesus ao seu povo, apontar-lhe o Messias ali presente. “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. O grande testemunho de João sobre Jesus foi esse: ‘Ele é o Filho de Deus’.

Podemos dizer assim: todo o evangelho é um João Batista indicando Jesus. O que os evangelhos querem é exatamente apresentar Jesus para que sejamos seus seguidores. Seguir Jesus é tomá-lo como modelo de vida, é tornar-se seu discípulo, para aprender a viver como ele. Os evangelhos nos convidam ao seguimento de Jesus.

João Batista, os evangelhos, os missionários nos apontam Jesus. “Eis o cordeiro de Deus”. Nós, em atenção a esta palavra, nos pomos no seguimento dele. Seguir Jesus é toma-lo como nosso Mestre, nosso orientador, nosso guia; É abraçar o seu evangelho, os seus ensinamentos. Seguir Jesus é acolher o seu sacrifício salvador na cruz, acolhendo a salvação que ele nos alcançou, o dom de, agora, sermos filhos de Deus. Seguir Jesus é pôr-se a caminho com ele, imitando seu modo humano de amar e servir, acolhendo-o como caminho, verdade e vida. E, claro, integrar-se no grupo dos discípulos que o seguem e cultivam a sua memória, a sua Igreja. Assim, nos tornamos discípulos do Senhor, seus seguidores.

Guardando a mensagem

Nós até que temos bastante informações sobre Jesus. Nós temos, inclusive, ouvido diariamente o seu evangelho. Mas, a Palavra nos aponta Jesus para o seguirmos. Nossa resposta à Palavra de Deus proclamada é nos tornarmos seguidores de Jesus. Segui-lo é tomá-lo como nosso mestre, nosso guia. Segui-lo é imitá-lo no seu amor e na sua fidelidade ao Pai e ao seu povo. Segui-lo é tomar cada dia a cruz de nossas dificuldades e lutas e subir o calvário com ele. E ressuscitar com ele, em cada vitória, em cada conquista, em cada etapa vencida. Nisso consiste a santidade, isto é, em vivermos habitados por sua graça, pelo Espírito Santo, sermos seus seguidores na normalidade de nossas vidas.

Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito Santo (Jo 1, 33)

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 
João Batista, no auge do seu trabalho de preparação do povo para te receber, te revelou como cordeiro de Deus, como aquele que iria batizar com o Espírito Santo, como Filho de Deus. Esse testemunho, nós o temos recebido pela pregação, pela meditação bíblica, pela evangelização. Senhor, que a nossa resposta à Palavra seja o teu seguimento, como nosso mestre, modelo e guia. São muitas as dificuldades que aparecem no nosso caminho, tentando nos afastar do teu seguimento. Às vezes, pensamos em deixar esse chamado à santidade para alguém mais esforçado e nos contentarmos com o mais ou menos, com uma vida cristã desidratada, claudicante. Que o teu Santo Espírito, que age em nós nos movendo para a comunhão contigo, não nos deixe esmorecer, nem desistir, nem trair esta sagrada vocação de filhos de Deus. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Além de ler o evangelho de hoje na sua Bíblia, no seu momento de oração pessoal, peça a Deus a graça de ser fiel no seguimento de Jesus.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

UM JANTAR NA CASA DE SEU LEVI

 

16 de janeiro de 2021

EVANGELHO


Mc 2,13-17

Naquele tempo, 13Jesus saiu de novo para a beira do mar. Toda a multidão ia a seu encontro, e Jesus os ensinava. 14Enquanto passava, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Levi se levantou e o seguiu.
15E aconteceu que, estando à mesa na casa de Levi, muitos cobradores de impostos e pecadores também estavam à mesa com Jesus e seus discípulos. Com efeito, eram muitos os que o seguiam.
16Alguns doutores da Lei, que eram fariseus, viram que Jesus estava comendo com pecadores e cobradores de impostos. Então eles perguntaram aos discípulos: “Por que ele come com os cobradores de impostos e pecadores?”
17Tendo ouvido, Jesus respondeu-lhes: “Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”.

MEDITAÇÃO


Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores (Mc 2, 17)

Eu queria saber se você gosta de coalhada. E que tal leite ou queijo de cabra? Ah... É que eu ia convidar você para um jantar na casa de uma pessoa muito especial, na casa de Seu Levi... Mas, de frutas você gosta? Talvez lá sirvam frutas secas como tâmara, uva-passa, figo... Pão integral feito em casa vai ter na mesa, com certeza. E, claro, é possível que sirvam vinho. Um conselho: ponha água no seu vinho, porque é meio grosseiro, muito forte. Mas, é gostoso. Então, está feito o convite. Jantar, hoje, na casa de Seu Levi. Quem vai estar lá? Além de você? Ah, lá vai estar um convidado muito especial: Jesus. Ah, que bom, então você vai! Ótimo. 

É o seguinte. Jesus chamou Seu Levi para fazer parte do grupo dele. Seu Levi é empregado na coletoria de impostos, aqui em Cafarnaum, mas largou tudo para andar com Jesus. E hoje, Jesus vai jantar na casa dele. E ele está convidando os amigos para estarem lá. Vai ter um bocado de gente. Jesus, com certeza, vai com o grupo dele. Agora, como você também vai, eu preciso lhe dar umas dicas para você se ambientar melhor. Você sabe, já começam as críticas contra Jesus. Pode ser que alguém, sentado perto de você, faça alguma insinuação maldosa contra o Mestre. Por isso, eu queria lhe passar algumas informações. É bom pra você depois não ficar com a mente confusa ou até mesmo você ter condições de defender Jesus dessas línguas ferinas. 

O que você precisa saber é o seguinte. Seu Levi é um cobrador de impostos. Bom, isso você já sabe. O cobrador de impostos não é bem visto por aqui. E eu lhe digo o porquê. Eles cobram o imposto para os dominadores romanos. Cobrar o imposto é tratá-los como um povo dominado pelos estrangeiros, a quem devem entregar boa parte do fruto do seu trabalho. No fundo, os cobradores de impostos são colaboradores dos romanos. Além do mais, os romanos são pagãos, com quem os hebreus não deviam ter nenhuma amizade. Então, com certeza, você vai encontrar pessoas que estão estranhando essa aproximação entre Jesus e Levi. E, pior, Levi convidou seus amigos cobradores de impostos para estarem lá também. Os fariseus não vão perdoar isso. Os cobradores de impostos são tidos como pecadores. Vai rolar muita crítica. Mas, não vá se assustar com isso.

Repare só a cabeça das pessoas aqui: elas não querem se misturar com pecadores. Todo o povo na Palestina pensa assim. Tem os que praticam a Lei, a Lei de Moisés. Esses são os justos. E tem os que fazem tudo errado, são os pecadores. Justo não deve se misturar com pecador. Jesus não devia ser amigo de cobradores de impostos. Mesa, mesa é coisa sagrada. Um justo não pode comer com um pecador. Um hebreu não pode comer com um pagão. A mesa é um sinal de amizade. O povo de Deus não tem comunhão de mesa com os pagãos ou com os pecadores. Se você entendeu isso, você vai entender alguma crítica que você venha a escutar hoje, no jantar, na casa de seu Levi.

Com certeza, alguém vai olhar pra você de cara feia e vai lhe perguntar: Por que ele come com os cobradores de impostos e com os pecadores? ... Veja lá o que você vai responder.

Guardando a mensagem

Jesus chamou um cobrador de impostos para ser seu discípulo. Esse foi Levi, chamado depois de Mateus. O chamado de Jesus já foi uma surpresa, porque mostrou uma nova mentalidade, sem discriminação, nem preconceitos. A resposta de Levi foi também surpreendente: aceitou imediatamente o convite de Jesus e deixou tudo para segui-lo. No jantar em sua casa, houve muitas críticas sobre essa aproximação de Jesus com os pecadores. Jesus deu uma razão muito simples: só quem está doente é que precisa de médico. Nós vivemos num mundo que se acha muito liberal, mas nos movemos no meio de muitos preconceitos. Pelo preconceito, excluímos as pessoas, desrespeitamos sua dignidade e seus direitos. É hora de aprender com Jesus a incluir, a integrar, a defender quem foi marginalizado, a viver com outra lógica.

Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores (Mc 2, 17)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Fechando o coração, como os fariseus, nós perdemos a novidade que vem de tuas ações e de tuas palavras, do teu evangelho. Dá-nos, Senhor, que a novidade do Reino que tu inauguraste neste mundo, com um novo olhar e com novas atitudes, encontre abrigo em nossos corações e nos capacite a também sermos construtores de novas relações e de uma nova sociedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Se você já tiver o seu diário espiritual, o seu caderno de anotações, responda lá à pergunta que lhe fizeram no jantar na casa de Levi: Por que ele come com os pecadores? Não tendo o caderno, escreva a resposta em outro lugar.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O PARALÍTICO E SEUS QUATRO AMIGOS



15 de janeiro de 2021

EVANGELHO


Mc 2,1-12

1Alguns dias depois, Jesus entrou de novo em Cafarnaum. Logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. 2E reuniram-se ali tantas pessoas, que já não havia lugar, nem mesmo diante da porta. E Jesus anunciava-lhes a Palavra. 3Trouxeram-lhe, então, um paralítico, carregado por quatro homens. 4Mas não conseguindo chegar até Jesus, por causa da multidão, abriram então o teto, bem em cima do lugar onde ele se encontrava. Por essa abertura desceram a cama em que o paralítico estava deitado. 5Quando viu a fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados”. 6Ora, alguns mestres da Lei, que estavam ali sentados, refletiam em seus corações: 7“Como este homem pode falar assim? Ele está blasfemando: ninguém pode perdoar pecados, a não ser Deus”. 8Jesus percebeu logo o que eles estavam pensando no seu íntimo, e disse: “Por que pensais assim em vossos corações? 9O que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, pega a tua cama e anda?’ 10Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder de perdoar pecados, disse ele ao paralítico, 11eu te ordeno: levanta-te, pega tua cama, e vai para tua casa!” 12O paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos. E ficaram todos admirados e louvavam a Deus, dizendo: “Nunca vimos uma coisa assim”.

MEDITAÇÃO 


Jesus disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados” (Mc 2, 5)

Ele chegou carregado por quatro homens. Deitado no leito, coitado. Tentaram entrar na casa onde Jesus estava. Lotada. Tiveram uma ideia. Subiram no terraço da casa e abriram uma brecha no teto de palha e barro e desceram o paralítico. Jesus interpretou aquele esforço todo como expressão de fé daqueles homens. E, como estava ensinando, aproveitou para uma grande lição. A grande obra é curar a alma, perdoar os pecados. E perdoou publicamente o paralítico dos seus pecados. Claro, muita gente ali estranhou. Perdoar, só Deus. Curar o corpo, também. Assim, Jesus mandou o paralítico se levantar e ir pra casa. 

O carregado saiu carregando. Ele entrou ali deitado no seu leito, carregado por quatro homens. Agora, estava de pé, carregando o seu leito. Foi liberto de seus pecados e de sua doença. Há um vínculo muito estreito entre a saúde da alma e a saúde do corpo. Quando a pessoa entra num quadro de sofrimento moral, de decepção, de saudade ou de tristeza, que são sofrimentos da alma, também o corpo se ressente. Nestas condições, facilmente, uma doença pode se desenvolver no seu organismo. Do mesmo modo, quando alguém cuida bem do seu corpo, com boa alimentação, caminhada, repouso suficiente, logo sua parte espiritual reage positivamente. A inteligência, a memória, o bom humor, a alegria, tudo isso melhora. A pessoa humana é corpo e alma, soma e psiquê.

Então, há um vínculo entre pecado e doença, entre perdão e saúde. No sacramento da Reconciliação, que a gente chama de Confissão, nós recebemos o perdão dos nossos pecados. A graça de Deus que nos vem com o seu perdão é uma força muito grande para enfrentarmos as dificuldades da vida e a doença do corpo. O sacramento da Unção dos Enfermos, que também perdoa os pecados, é administrado, para que a pessoa tenha conforto, paz, coragem, e sendo da vontade de Deus, se recupere, vença a doença. O perdão que nós precisamos dar a quem nos ofende ou pedi-lo a quem nós ofendemos é uma fonte de alívio, de alegria, de saúde. Da mesma forma, o rancor, o ressentimento, o ódio são portas abertas para gastrite, úlcera e outros probleminhas desagradáveis.

Claro que o texto bíblico é muito rico e por ele Deus nos diz muitas coisas importantes para nossa vida. Mas, hoje fiquemos com essa consideração da proximidade que há entre o perdão e a saúde. Não é à toa que Jesus tenha se preocupado tanto com os doentes, quando sua missão era tirar o pecado do mundo.

Guardando a mensagem

Jesus perdoou os pecados do paralítico. Fez isso em consideração à fé que ele viu nos homens que o carregavam e no próprio doente. Depois o curou de sua doença. Fez isso para que compreendessem que ele tinha autoridade para isso. Com essa cura do corpo e da alma, percebemos também como as duas coisas andam bastante juntas, uma vez que a pessoa humana é, numa só unidade, corpo e alma. Consultório e Confessionário, precisamos dos dois.

Jesus disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados” (Mc 2, 5)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Quando curaste o paralítico, o mandaste ficar de pé, carregar o leito e ir para casa. Tu o devolveste perdoado e sadio à sua família. Essa é a graça de vivermos santa e sadiamente: fazermos alguma coisa para os outros, a começar pelos de nossa casa. A sogra de Simão que tu ajudaste a se levantar de sua febre pôs-se logo a serviço. Servir é o que dá sentido à vida do cristão com saúde no corpo e na alma. Rezamos, hoje, Senhor, pelos enfermos. Dá-lhes conversão, oportunidade para receberem o perdão dos seus pecados e saúde para estarem a serviço, em suas famílias e em suas comunidades. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Reze, hoje, por um enfermo, em especial. Sendo possível, mande uma mensagem ou telefone. Mostre interesse pelo seu bem.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A SURPREENDENTE HISTÓRIA DO LEPROSO



EVANGELHO


Mc 1,40-45

Naquele tempo, 40um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: “Se queres, tens o poder de curar-me”. 41Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero: fica curado!” 42No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado.
43Então Jesus o mandou logo embora, 44falando com firmeza: “Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!” 45Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.

MEDITAÇÃO


Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade, ficava fora, em lugares desertos (Mc 1, 45)

Um leproso chegou perto de Jesus e pediu para ser curado. Jesus, cheio de compaixão, tocou nele e o curou. Mas, lhe pediu para não dizer nada a ninguém. Que fosse logo ao Templo para comprovar que já estava bom e fazer a oferenda necessária, para ser reintegrado em sua comunidade. Mas, ele saiu divulgando o acontecido. Resultado: Jesus já não podia mais entrar publicamente numa cidade. Tinha que ficar fora, em lugares desertos.

No tempo da Bíblia, lepra era qualquer doença de pele que se apresentasse um tanto repulsiva. Nem tudo era propriamente a hanseníase como nós a conhecemos. Não havia cura para esse mal, diferentemente de hoje. E o leproso era afastado da convivência da família e da sociedade de uma maneira muito dramática. As leis, a um tempo civis e religiosas, estavam codificadas no Livro do Levítico, o terceiro livro da Bíblia. Por essas leis, o leproso tinha que ser excluído da comunidade, andar com as roupas rasgadas e cabelo desgrenhado, o rosto ou a barba cobertos e permanecer sempre fora das áreas de moradia. Leproso era um condenado. Devia ficar fora, excluído, afastado de todos. E ainda mais, ao se aproximar de qualquer um devia gritar que era impuro, pra ninguém chegar perto.

Impureza era um conceito a um tempo religioso e sanitário. Impuro era quem estivesse afastado da bênção de Deus. No tempo de Jesus, impuro, além do leproso, era quem entrasse em contato com estrangeiros, com sangue ou mesmo tivesse tocado num corpo sem vida. A impureza só se resolvia no Templo, oferecendo-se um sacrifício. Quem ficasse bom da lepra devia comparecer no grande Santuário, e comprovada a sua cura, oferecer um cordeiro em reparação expiatória para ser declarado puro e, só então, retornar ao convívio familiar. Por isso, Jesus sempre manda os leprosos se apresentarem aos sacerdotes, para serem declarados puros. Mas, claro, não é o Templo quem os purifica, mas sim o próprio Jesus.

O leproso no fundo é um representante do pecador. O pecador, sim, é esse impuro que se distanciou de Deus e está fora da comunhão com o seu Deus e Criador. O pecador é o Adão que foi expulso do paraíso, ficou fora. Ele e Eva, sua mulher e companheira de desobediência. João Batista identificou Jesus como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Na verdade, não é o cordeiro sacrificado no Templo que limpa o pecador, é Jesus quem nos liberta do pecado. Ele, sim, é o cordeiro de Deus que tira o pecado. E como ele fez isso? Tomando o nosso lugar, pagando por nós.

Guardando a mensagem

O leproso é um representante do pecador. São Paulo escreveu com todas as letras: "o salário do pecado é a morte". Essa é a sorte do pecador, sua pena: a morte. Na cruz, Jesus tomou o nosso lugar, morreu por nós, isto é, morreu em nosso lugar. Expiou o nosso pecado. Ele o fez oferecendo-se a si mesmo ao Pai, como humano que era e como Deus verdadeiro que sempre foi. O Pai recebeu essa oferenda expiatória: seu filho, humano e divino, ofereceu sua vida, morreu em nosso lugar. Foi expiada nossa culpa. Note como termina o evangelho de hoje. Jesus já não podia entrar na cidade, tinha que ficar fora, em lugares desertos. Ele assumiu o lugar do leproso. O leproso é quem devia ficar fora, excluído, marginalizado. Jesus tomou o nosso lugar de pecador, de leproso, ficou do lado de fora. Fisicamente, morreu fora da cidade, banido, executado como malfeitor, como pecador. Tomou o nosso lugar. Foi assim que expiou o nosso pecado.

Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade, ficava fora, em lugares desertos (Mc 1, 45)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Essa história do leproso é surpreendente. Os leprosos, somos nós os pecadores. O pecador está excluído da comunhão com Deus e com os irmãos. Pôs-se do lado de fora. O pecado nos conduz à morte. Mas, tu, na tua compaixão, nos purificaste, assumindo o nosso lugar de pecadores. Morreste no nosso lugar. Na santa missa, repetimos teus gestos e palavras ao ofereceres tua vida por nós: "Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados". Tua morte - teu sangue derramado como um cordeiro oferecido em sacrifício - expiou nossa culpa, remiu nosso pecado. Obrigado, Senhor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Vou pedir pra você ler o texto de hoje na sua Bíblia (Marcos 1, 40-45). Mas, leia substituindo a palavra “leproso” pela palavra “eu”. O leproso é você. Sou eu.

Participe da Santa Missa de Ação de Graças pelo aniversário do nosso programa Tempo de Paz. Transmissão pelo rádio e pelas redes sociais, às 9 horas da manhã de hoje.  

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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