PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

A RAPOSA, A GALINHA E OS PINTINHOS


29 de Outubro de 2020

EVANGELHO

Lc 13,31-35

31Naquela hora, alguns fariseus aproximaram-se e disseram a Jesus: “Tu deves ir embora daqui, porque Herodes quer te matar”. 32Jesus disse: “Ide dizer a essa raposa: eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu trabalho. 33Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.

34Jerusalém, Jerusalém! Tu que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas tu não quiseste! 35Eis que vossa casa ficará abandonada. Eu vos digo: não me vereis mais, até que chegue o tempo em que vós mesmos direis: Bendito aquele que vem em nome do Senhor”.

MEDITAÇÃO

Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas tu não quiseste!  (Lc 13, 34)
Como foi o relacionamento de Jesus com as autoridades do seu tempo? Boa pergunta. Jesus não acabou bem, humanamente falando. Para sua condenação, concorreram os fariseus que o perseguiram, o tempo todo; o tetrarca da Galileia, Herodes; o poder romano representado pelo Procurador Pilatos; e, especialmente, o grande Conselho de Jerusalém, o Sinédrio, sob a liderança do Sumo-Sacerdote. Embora estivessem sempre em desacordo entre si, todos eles uniram-se para eliminar Jesus.

E por que Jesus foi tão mal visto pelas autoridades, que acabaram por decretar sua morte na cruz, como malfeitor? Pe. Zezinho, como poeta e teólogo, resumiu assim: “Um certo dia, ao tribunal / Alguém levou o jovem Galileu / Ninguém sabia qual foi o mal / E o crime que ele fez, quais foram seus pecados / Seu jeito honesto de denunciar / Mexeu na posição de alguns privilegiados. / E mataram a Jesus de Nazaré / E no meio de ladrões puseram sua cruz / Mas o mundo ainda tem medo de Jesus / Que tinha tanto amor!”.
“Seu jeito honesto de denunciar mexeu na posição de alguns privilegiados”. De fato, Jesus não representava nenhum desses segmentos de poder. Não era fariseu, nem saduceu. Claro, não era um romano; nem sacerdote do Templo. Era um leigo, um profeta do interior, com ampla circulação nos povoados, vilas e pequenas cidades da Galileia. Um profeta independente. Não vivia pregando contra o império romano, nem atacando Herodes, nem desmerecendo a autoridade dos sacerdotes do Templo. Mas sua pregação sobre o Reino de Deus e sua influência sobre o povo foram tidas como perigosas para o poder estabelecido.
O evangelho de hoje fala particularmente de um opositor: Herodes. Este era o Tetraca da Galiléia, o rei daquela região onde Jesus vivia. Sua capital era uma cidade reconstruída por ele, perto do Mar da Galileia, Tiberíades. O evangelho não menciona essa cidade. Pelo visto, Jesus não andou por lá. Esse Herodes tinha calado o profeta João, que pregava a conversão e batizava o povo no Rio Jordão. E andava incomodado com a fama de Jesus.
No evangelho de hoje, alguns fariseus foram levar um aviso a Jesus, não sei se para preveni-lo ou para se verem livres dele. Disseram: “Tu deves ir embora daqui, porque Herodes quer te matar”. Um aviso sério. Uma ameaça de morte. “Tu deves ir embora daqui, porque Herodes quer te matar”. Olha a reação de Jesus: “Vão dizer a essa raposa (que raposa? Herodes)... Vão dizer a essa raposa que eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã. E no terceiro dia, terminarei o meu trabalho”. O que ele está dizendo? Que iria continuar sua missão até o fim. O terceiro dia talvez seja a sua morte em Jerusalém ou quem sabe a sua ressurreição. É quando termina o seu trabalho, quando se completa a sua missão.
Guardando a mensagem
A pregação de Jesus anunciava ao povo o Reino de Deus, a proximidade amorosa de Deus que restaura o fraco, levanta o humilhado, liberta o oprimido. Foi o que ele leu no Profeta Isaías e explicou na Sinagoga de Nazaré. Com curas, exorcismos, milagres ele levava o povo a experimentar o amor de Deus que tem compaixão do doente e dos sofredores, e oferecia o perdão aos pecadores que aceitassem começar uma vida nova de comunhão com Deus e com os irmãos. Essa prática de Jesus foi sentida como uma ameaça ao poder do Templo, à influência dos fariseus sobre o povo e ao poder dos romanos e seus aliados. Em resposta, Jesus não recuou, manteve seu trabalho missionário com destemor e fidelidade.

Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas tu não quiseste!  (Lc 13, 34)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
A resposta certa à tua palavra, à tua pregação é a conversão, a mudança de direção da própria vida. São tantos os que recebem a tua palavra e são restaurados e renascem para a vida nova da graça! Mas, infelizmente, muitos também rejeitam a pregação do Reino. E até reagem com violência contra tua pessoa e contra teus missionários. No evangelho de hoje, está a lamentação que dirigiste à cidade de Jerusalém: “Quantas vezes eu quis reunir os teus filhos como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas tu não quiseste”. Hoje, contemplamos, Senhor, tua firmeza e tua fidelidade na missão, até o fim. Dá-nos, Senhor, a graça da conversão. E faz-nos firmes e fortes no teu caminho, não deixando-nos vencer pelo cansaço, nem pelo espírito de acomodação, nem nos determos pela oposição de outros. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.  
Vivendo a palavra
No seu caderno espiritual, continue a conversa com Jesus. Pergunte a ele, por exemplo, como ele se sentia com tanta oposição ao seu ministério.
Às 11 horas de hoje, estou rezando por você na Santa Missa, com transmissão pelo Youtube e Facebook. Hoje, no canto, vamos ter a prsença da cantora Joanna.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

SÃO SIMÃO E SÃO JUDAS




28 de outubro de 2020

EVANGELHO DE HOJE


(Lc 6,12-19)

12Naqueles dias, Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus. 13Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: 14Simão, a quem impôs o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; 15Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; 16Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor. 17Jesus desceu da montanha com eles e parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e grande multidão de gente de toda a Judeia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia. 18Vieram para ouvir Jesus e serem curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus também foram curados. 19A multidão toda procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele, e curava a todos.


MEDITAÇÃO 


Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus (Lc 6, 12)

E quase ao término deste mês missionário, celebramos hoje dois apóstolos de Jesus: São Simão e São Judas Tadeu. Mais uma oportunidade, então, para aquecermos o nosso coração missionário.

Olha que grande lição Jesus está nos dando, no evangelho de hoje. Ele tinha uma decisão importante para tomar. Àquela altura da missão, um grupo numeroso de discípulos e discípulas o seguia. E ele precisava dar um mínimo de organização ao seu grupo. E pensar no futuro do seu ministério. Ele precisava tomar decisões importantes em benefício de sua missão, em perspectiva de continuidade do seu trabalho. O que faz? Sobe a montanha para rezar e passa a noite inteira em oração a Deus.

A montanha é o lugar da oração, do encontro com Deus. É na oração, que o cristão precisa encontrar a luz de Deus para sua vida. É na oração que pode discernir qual é a vontade do Senhor. E, uma vez compreendida a sua santa vontade, aderir a ela de todo o coração. Uma noite de oração na montanha, antes de tomar uma decisão importante: esse é o exemplo de Jesus.

E que decisões Jesus tomou naquela noite de oração? Nessa passagem, dá pra gente identificar ao menos quatro decisões. A primeira, chamar e escolher 12 líderes. Doze para marcar a continuidade com o povo de Deus, o povo das doze tribos. Doze, porque está construindo um novo momento do povo de Deus. Segunda decisão: escolher os doze do meio dos seus muitos discípulos. Não buscá-los fora. Tirar seus missionários dentre aqueles que o estavam acompanhando. Terceira: Designá-los como apóstolos, enviados. Essa será a sua identidade: serem apóstolos, enviados por ele. Quarta decisão: Reconhecer a liderança de Simão à frente do grupo, trocando o seu nome para Pedro. Na Bíblia, o nome é a missão. E a missão de Simão é ser a pedra, o alicerce da nova comunidade.

Guardando a mensagem

Jesus precisava tomar decisões importantes sobre a sua missão. Subiu a montanha e passou uma noite em oração. Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze para serem seus apóstolos. O Papa Francisco explicou outro dia que “A oração é o coração da missão”. Não podemos acertar nosso caminho, sem o diálogo com Deus, sem uma noite de oração. Sempre que um cristão precisa tomar uma importante decisão, precisa subir a montanha, isto é, dedicar-se a um tempo razoável de discernimento e oração. Na oração, encontramos a luz de Deus para nossa vida, para nossas decisões. Esse é o caminho para podermos conhecer e acolher a vontade de Deus. E essa é a grandeza de nossa vida: fazer a vontade de Deus.

Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus (Lc 6, 12)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Vendo o teu exemplo, em oração na montanha, nos perguntamos se as decisões mais importantes de nossa vida têm sido tomadas dentro de um processo de discernimento, que inclui também um tempo sério de oração. Pela oração, asseguravas que as tuas decisões estivessem de acordo com a vontade do Pai. E são tantas as decisões que um cristão, uma cristã precisa tomar em espírito de obediência ao Pai: a escolha da profissão, o casamento, a consagração religiosa, mudanças importantes na vida profissional e familiar e tanta coisa mais. Senhor, nessas horas, lembra-nos de subir a montanha e a decidir no diálogo com Deus. Assim, poderemos realizar o melhor para nossa vida, o melhor segundo o teu coração. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Ter um caderno para suas anotações espirituais é uma coisa muito útil. Caso você ainda não o tenha, adquira um caderno comum e cole alguma coisa bonita na capa. Ele poderá lhe servir de diário espiritual. Seria bom, diariamente, registrar nele, ao menos, a palavra do dia. Hoje, inspirado neste evangelho, vou lhe sugerir que escreva uma pequema oração a Jesus, pedindo luzes para tomar suas decisões se mpre de acordo com a vontade de Deus. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

AS LIÇÕES DO PÃO CASEIRO


27 de outubro de 2020

EVANGELHO


Lc 13,18-21

Naquele tempo, 18Jesus dizia: “A que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? 19Ele é como a semente de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce, torna-se uma grande árvore, e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos”. 20Jesus disse ainda: “Com que poderei ainda comparar o Reino de Deus? 21Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”.

MEDITAÇÃO


O Reino de Deus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado (Lc 13, 21) 

Vamos começar com uma aula de culinária. Mas, não se espante. Vamos aprender a fazer pão, como no tempo de Jesus. Só assim poderemos entender melhor a comparação que ele fez com o Reino de Deus.

É bom lembrar: no tempo de Jesus, não havia padaria, o pão era feito em casa. E era feito pelas mulheres. A farinha para o pão precisava ser preparada na hora. Não havia fermento químico. Nem fogão e forno a gás. Mas, tudo bem. Vamos começar separando os grãos para fazer a farinha. A farinha de cevada era mais barata do que a de trigo, logo, a maior parte do povo fazia o pão de cevada. Pegue uma peneira, coloque nela uma boa porção de grãos de cevada ou de trigo. Sacuda bem a peneira para os talinhos, pedrinhas ou grãos diferentes aparecerem. Vá sacudindo, catando e limpando sua porção de grãos. Agora, triture tudo nas pedras de moer, na mó. São duas pedras achatadas e você põe o grão entre elas e vai rodando a pedra de cima. Precisa de jeito e de força também. Triturando os grãos, vai aparecendo a farinha. Está meio grossa, não se preocupe. É integral mesmo. Agora, ponha três porções de farinha numa vasilha de argila e um pouco de água e comece a misturar com as mãos. Cansou? Ponha o fermento agora. O fermento é um pouco de massa fermentada, chamada massa velha, guardada de outra ocasião. Misture tudo e, com paciência, vá amassando até pegar uma boa ligadura. É como fazem os pizzaiolos de hoje, preparando a massa para a pizza. Tudo pronto? Separe logo um pouco da massa fermentada para guardar: será o fermento do pão de amanhã. Achate as porções como se fosse uma pizza... Deixe a massa descansar... depois ponha no forno de lenha para assar. Cuidado para não se queimar. Ponha para assar dentro de um recipiente de argila. Quando tiver pronto, me chame... lembre que o pão não era pra comer só de manhã, o pão era o alimento principal para todas as refeições. Deu trabalho?! Não se preocupe, amanhã tem mais. Todo dia, a mulher precisa fazer o pão.

Foi assim que Jesus fez uma comparação simples: “O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”. Agora você já sabe que não é tão simples assim... fazer pão não é uma coisa banal. É uma atividade vital. Uma rotina muito importante para a família.

Nessa parábola de Jesus, vamos ficar atentos a três pontos: O fermento não é a massa; o fermento é misturado na massa; o fermento leveda a massa.

1. O fermento não é a massa. É uma porção menor, diferenciada. É um ingrediente que se incorpora à massa. O Reino de Deus é a obra de Deus entre nós, por meio de Cristo, nos comunicando vida e salvação. O Reino não é a massa, é o fermento. O evangelho é fermento na massa. Cristão não é massa, é fermento. Tem uma missão no meio do mundo.

2. O fermento é misturado na massa. O fermento precisa ser misturado na massa para fazer efeito. O evangelho precisa permear a vida das pessoas... sem isso não leveda, não influi, não transforma. E não é só colocar o fermento, dar uma mexidinha e deixar pra lá. Assim se faz com o fermento químico. A mistura do fermento, a massa fermentada, nas outras três porções de farinha é trabalhosa, demorada. Exige paciência, habilidade, perseverança. A mulher fica socando, amassando a massa por um longo tempo, até a massa chegar ao ponto. Aí se põe a massa para descansar um pouco e ser colocada no forno. Sem a paciência da mulher que faz o pão, não se produz mudanças no mundo. 

3. O fermento leveda a massa. O Reino veio para melhorar o mundo, para transformá-lo. O evangelho é uma força de mudança, de transformação. É um fermento bom no meio de nossa sociedade. Não pode ser anulado e virar farinha com os outros. Assim, deixa de realizar sua missão. Não pode se afastar da sociedade, se ausentar do mundo: assim não faz o efeito pelo qual é fermento.

Guardando a mensagem

Jesus comparou o Reino de Deus com o fabrico artesanal do pão, pelas mulheres do seu tempo. O Reino produz mudanças no mundo, como o fermento que leveda a massa. Essa fermentação do mundo pelo evangelho vem pelo serviço dedicado dos pequenos, representados pelas mulheres. O fermento não é a massa. Se não for bem misturado, se não entrar na vida das pessoas, não fermenta nada.

O Reino de Deus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado (Lc 13, 21)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Teu Reino é o bom fermento a levedar a nossa vida, as estruturas sociais, o mundo. E nós somos agentes desse Reino, como fermento transformador da realidade. Dá-nos, Senhor, a graça de compreender e viver teu evangelho, sustentados por tua graça e por teu Santo Espírito. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Só para você recordar esse evangelho, pergunte hoje a quem faz a sua comida que tipo de fermento usa em bolos ou outras massas.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A MULHER ENCURVADA


26 de outubro de 2020

EVANGELHO



Lc 13,10-17

Naquele tempo, 10Jesus estava ensinando numa sinagoga, em dia de sábado. 11Havia aí uma mulher que, fazia dezoito anos, estava com um espírito que a tornava doente. Era encurvada e incapaz de se endireitar. 12Vendo-a, Jesus chamou-a e lhe disse: “Mulher, estás livre da tua doença”. 13Jesus pôs as mãos sobre ela, e imediatamente a mulher se endireitou, e começou a louvar a Deus.

14O chefe da sinagoga ficou furioso, porque Jesus tinha feito uma cura em dia de sábado. E, tomando a palavra, começou a dizer à multidão: “Existem seis dias para trabalhar. Vinde, então, nesses dias para serdes curados, não em dia de sábado”.

15O Senhor lhe respondeu: “Hipócritas! Cada um de vós não solta do curral o boi ou o jumento, para dar-lhe de beber, mesmo que seja dia de sábado? 16Esta filha de Abraão, que Satanás amarrou durante dezoito anos, não deveria ser libertada dessa prisão, em dia de sábado?” 17Esta resposta envergonhou todos os inimigos de Jesus. E a multidão inteira se alegrava com as maravilhas que ele fazia.

MEDITAÇÃO


Jesus colocou as mãos sobre a mulher encurvada, e imediatamente a mulher se endireitou, e começou a louvar a Deus (Lc 13, 13)
Nos filmes de guerra, aparece o general vencedor e seu exército entrando na cidade, num desfile onde se exibe inimigos acorrentados como troféus. Eles desfilam sua humilhação, de cabeça baixa.

Nas partidas de futebol, ao apito final, o time vencedor festeja aos pulos e gritos, partilhando a euforia da torcida. Os jogadores do time perdedor retiram-se, desviando-se no quanto possível da torcida e da imprensa. Escondem-se do constrangimento, de cabeça baixa.

Na vida real, pessoas habituadas a serem tratadas aos gritos, a sempre cumprir ordens sem serem ouvidas, humilhadas pela miséria ou atormentadas pelo sentimento de impotência ou inferioridade se apresentam, em público, de cabeça baixa.

"Cabeça baixa" é um sinal da pessoa vencida, humilhada, perdedora; arqueada pela prepotência, pela impotência; aviltada em sua dignidade de ser humano. Há pessoas que de tanto sofrimento, de tanto olhar para o chão, adoecem fisicamente, contraem doenças na coluna vertebral.

Era um dia de sábado. Jesus estava pregando numa sinagoga. E curou uma mulher encurvada. O chefe da Sinagoga não gostou. Achou que Jesus estava fazendo um trabalho que não devia ser feito no dia de sábado. E falou ao povo: ‘Em dia de sábado, não. São seis dias de trabalho na semana, venham nesses dias’. Mas Jesus insistia em curar no sábado. Por quê? Bom, a Obra da Criação, que teve seu ponto alto na criação do ser humano, foi coroada com o descanso de Deus, no sétimo dia, no sábado. Mas, o homem, obra prima de Deus foi desfigurado pelo pecado. Então, era preciso libertar o homem para que a glória de Deus fosse realmente completa. E ‘a glória de Deus é o homem vivo’, escreveu Santo Irineu, um dos primeiros teólogos da Igreja. O ser humano de pé é glória para Deus, gente de cabeça erguida, não de cabeça baixa, humilhada, desfigurada. Esse sim manifesta a glória de Deus, de quem é a imagem. O sétimo dia, o sábado da Bíblia, é o dia da glória de Deus, da obra de Deus perfeita, restaurada. É o trabalho de Jesus, coroado na ressurreição no primeiro dia da semana.
No texto, está dito que um espírito a fazia doente esse tempo todo. Temos que fazer um desconto: o povo de Jesus achava que toda doença era uma obra de um espírito mal. Mas, de verdade o sofrimento, a humilhação, a violência geram pessoas fisicamente cabisbaixas, encurvadas. O evangelho de hoje está nos ensinando que a obra de Jesus é a restauração da pessoa humana. Ele ‘conserta’ a obra prima de Deus arrebentada pelo pecado (o próprio ou o dos outros). Ele nos liberta de tudo o que tira nossa dignidade de filhos de Deus.
Guardando a mensagem
Num sábado, numa sinagoga, Jesus cura uma mulher encurvada. As lideranças da comunidade consideram que não se pode fazer esse trabalho em dia de sábado. Mas, Jesus aparece sempre curando no sábado. O sábado é o dia de dar glória a Deus. E a glória de Deus é ver seus filhos libertados e felizes. Jesus está restaurando o homem decaído pelo pecado. A obra de Jesus, o seu trabalho, é esse mesmo: conduzir-nos da morte para a vida, nos ressuscitar para vivermos na dignidade de filhos e filhas de Deus. Há muita coisa que oprime as pessoas: a violência doméstica, a falta de oportunidades, o trabalho escravo, a prostituição infantil, o preconceito... Sobre tudo isso, nossa fé em Cristo nos faz vitoriosos. Com ele, trabalhamos para erguer os encurvados.
Jesus colocou as mãos sobre a mulher encurvada, e imediatamente a mulher se endireitou, e começou a louvar a Deus (Lc 13, 13)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,

Recordamos-te, hoje, todos os que estão na situação de encurvados, humilhados pelo desemprego, pela miséria, pelo abandono, pela violência. Concede-nos viver, com destemor, a dignidade de filhos e filhas de Deus, em solidariedade com todos os que precisam do nosso apoio, de nossa consciência cidadã, de nossa caridade cristã. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
No dia de hoje, tente identificar alguma pessoa “encurvada” no seu convívio e veja em que você pode ajudá-la a não perder a esperança e a não se deixar vencer pelo desânimo.

Pe. João Carlos Ribeiro sdb

É HORA DO BEM SE ORGANIZAR!


25 de outubro de 2020

EVANGELHO


Mt 22,34-40

Naquele tempo, 34os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, 35e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36“Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”

37Jesus respondeu: “‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento!’ 38Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. 40Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.


25 de outubro de 2020

MEDITAÇÃO

Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? (Mt 22, 36)

E a Meditação deste domingo, com certeza, vai sair sob o impacto do nosso Acampamento Tempo de Paz que terminou ontem, na entrada da noite. Um acampamento missionário que, tenho certeza, mesmo virtual, ajudou muita gente a rever a sua vida cristã sob a ótica da missão. A missão é tarefa de todos nós. E, na AMA, na Associação Missionária Amanhecer, nós procuramos realizá-la como uma grande família comprometida com a evangelização na comunicação social, com o jeito salesiano de viver e atuar. Agradeço de coração a quem esteve conosco nas tardes de sexta e sábado e no show de sexta-feira à noite. Igualmente agradeço a quem, como você, nos ajudou a divulgar o evento e a rezar por ele. 

Comentando o evangelho de hoje, na Missa do encerramento do acampamento, chamei a atenção para uma informação no início do texto. Os fariseus se reuniram em grupo para traçar uma estratégia contra Jesus. Estavam assustados com o modo como ele tinha calado os saduceus. Ensinando as palavras de Deus, Jesus falava claramente sobre aqueles que se faziam de muito religiosos, mas usavam a religião a serviço de seus interesses, praticando uma religião de fachada. E logo os fariseus chegaram com uma pergunta, tentando encontrar alguma coisa que pudesse desmoralizá-lo. 

Sempre que aparece uma necessidade comum, as pessoas tendem a se reunir, pra encontrar uma solução para o problema. Acertam-se passos e formam-se equipes, comissões... afinal, a necessidade provoca a organização. Mas, nem sempre as pessoas se juntam para o bem. Há quem se junte para o mal. Aliás, ao que parece, o mal é muito bem organizado. Basta lembrar da expressão que já se tornou corrente “crime organizado”... pense-se em milícias, facções, gangues... o mal se organiza bem. E o bem? Na homilia de ontem, no acampamento, lembrei um pensamento de São João Bosco: “Os maus se organizam para praticar o mal. Convém que os bons não fiquem de braços cruzados ou apenas se lamentando... é hora do bem se organizar!”. Neste sentido, falei da AMA como uma organização para se fazer o bem: evangelizar com a comunicação.

A pergunta do fariseu foi ‘qual é o maior mandamento’. Ninguém pôde rebater a resposta de Jesus. Amar a Deus de todo o coração, com toda alma, com todo entendimento. E ao próximo, como a si mesmo. E acrescentou que toda a Escritura depende desses dois mandamentos. 

Aos participantes do acampamento, lancei uma pergunta: “O que significa para você, amar o próximo?” Amar a Deus, eu já fui adiantando uma explicação. Amar é muito mais que querer bem. Amar a Deus é, em primeiro lugar, honrá-lo, com reverência e temor. Temor de não ofendê-lo. Amar é também ser-lhe grato, reconhecendo que existimos por um ato de sua vontade e de seu amor. Amar é particularmente acolher o seu enviado, seu filho Jesus Cristo. Amar é, finalmente, obedecer e confiar nele. 

Sobre o amor ao próximo, li as respostas que chegaram dos ouvintes. Muitas respostas. Amar o próximo é ver nele Jesus Cristo e contribuir para o seu bem. É não ser indiferente ao seu sofrimento. É colocar-se no lugar do outro. O mandamento não foi amar a si mesmo no próximo, mas amar o próximo como a si mesmo. O próximo tem o direito de ser diferente de mim. Acolhê-lo na sua diferença. Ser solidário, oferecendo-lhe apoio material ou espiritual. 

Guardando a mensagem

Os fariseus reuniram-se para tramar contra Jesus. Isto nos lembra que o mal muitas vezes se mostra organizado. Convém que os bons se unam para praticar o bem. O bem também precisa de organização. O fariseu perguntou a Jesus qual era o maior mandamento. A resposta de Jesus surpreendeu. Não se trata apenas de uma ordem hierárquica. O amor a Deus e ao próximo estão unidos, não se separam e são o coração das Escrituras Sagradas. 

Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? (Mt 22, 36)

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 
Tua resposta ao fariseu foi uma resposta e tanto. Não é possível demostrar amor verdadeiro a Deus, tratando mal o seu irmão, tramando contra ele, como eles o estavam fazendo contigo. Como podiam honrar a Deus, rejeitando o seu enviado, tramando contra o seu próximo? Acolher-te é a melhor forma de amar o Deus e Pai que te enviou. Que o respeito e a solidariedade com que queremos acolher e tratar o nosso próximo manifestem o amor com que tu nos amas e o amor que nós te devotamos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

É possível que alguma coisa precise ser mudada no seu comportamento em relação ao seu próximo. Comece enxergando nele ou nela, seja quem for, um irmão ou uma irmã.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

OS SINAIS DE DEUS



23 de Outubro de 2020

EVANGELHO


Lc 12,54-59

Naquele tempo, 54Jesus dizia às multidões: “Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece. 55Quando sentis soprar o vento do sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. 56Hipócritas! Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente? 57Por que não julgais por vós mesmos o que é justo?

58Quando, pois, tu vais com o teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto estais a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao guarda, e o guarda te jogará na cadeia. 59Eu te digo: daí tu não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.


20 de outubro de 2020

MEDITAÇÃO 


Como é que vocês não sabem interpretar o tempo presente? (Lc 12, 56)


Jesus estava chamando a atenção para uma coisa muito simples: não perder a hora da graça. Aquela era a hora do Messias, a realização da grande promessa de Deus. A hora da graça tinha chegado e as pessoas não estavam percebendo. Reconheciam as mudanças de tempo, sabiam se ia chover, se o inverno seria bom... mas, não estavam reconhecendo os sinais que indicavam o novo tempo que Deus marcou para a humanidade, o tempo do enviado, o tempo da salvação.

Na atuação de Jesus, com boa vontade e com o olhar da fé, eles podiam perceber os sinais de Deus. Os gestos, as palavras, as ações de Jesus apontavam para uma coisa muito importante e definitiva. A acolhida amorosa dos pequenos e dos excluídos, a cura das doenças, a expulsão de demônios, tantos sinais... tudo isso apontava para uma grande realidade: o Reino de Deus tinha chegado. Em Jesus, Deus tinha se aproximado do seu povo para encontrar e salvar a ovelha perdida. Mas, muita gente não estava se dando conta do que estava acontecendo.

Nós estamos na mesma situação e, portanto, merecendo a mesma chamada de atenção. Tem gente informada de toda a programação cultural da capital e dos próximos lançamentos de séries no Netflix, em dia com o último capítulo da novela e por dentro da final do campeonato, mas está completamente por fora de todas as propostas de evangelização que a Igreja está fazendo. Não toma conhecimento da movimentação religiosa de sua Igreja. Nem se apercebe que esse é o tempo da graça, que essa é a hora de Deus em sua vida, em sua história. Não se dá conta que Jesus, o salvador, está entre nós, abrindo-nos o sentido da vida e nos conduzindo para a plenitude da paz.

Com o advento das redes sociais, onde qualquer um pode escrever qualquer coisa ou editar qualquer foto ou vídeo, muita gente vive em sobressaltos, pelas fake news. É uma nova cegueira. Deixam-se ofuscar pela mentira, pelo jogo ideológico e em vez de enxergar uma igreja missionária, movida pelo Espírito Santo, enchem-se de suspeita e passam a disseminar a divisão na própria Igreja.

No tempo de Jesus, muita gente preferiu ver nele um perigo, um falso profeta, um agente de satanás. Assim, fecharam os olhos para a manifestação de Deus, na pessoa do seu Filho encarnado, amigo dos pobres e dos pecadores. Na verdade, encontravam assim boas desculpas para se esquivarem do grande apelo de conversão, de mudança de vida, de fazerem-se próximos dos que estavam caídos à beira da estrada (como na história do bom samaritano).

É o que Jesus estava e está cobrando. Não deixemos a hora da graça passar, reconheçamos a hora de Deus em nossa história.

Guardando a mensagem

Os sinais de Deus e de sua passagem entre nós estão em nossa história pessoal, familiar, social. Seus sinais estão nos acontecimentos dos nossos dias. Há um grande apelo de Deus para nós, nos dias de hoje. Posso lembrar alguns. O apelo para cuidarmos com responsabilidade da Casa Comum, do planeta terra, ameaçado pelas mudanças climáticas. A encíclica do Papa Francisco é um grande apelo a toda pessoa de boa vontade. A hora é essa, enquanto há tempo. O fato de a Igreja ter se debruçado sobre o tema dos Jovens e a fé, em um Sínodo, é um sinal de Deus: é o momento de integrarmos os jovens no caminho de Jesus. A hora de abraçarmos essa causa, que é urgente e decisiva para o futuro da Igreja, é agora. A questão da Imigração é um grande sinal dos nossos tempos. Não se interessar por ela, não abraça-la é negar a evangelho de Jesus, sua atualidade e a sua força de transformação. O Sínodo da Amazônia foi outro sinal de Deus. E a Encíclica Fratelli Tutti igualmente é uma grande convocação divina à fraternidade universal. E será que essa pandemia esteja nos dizendo alguma coisa? Todos perdemos, se não crescemos em cidadania, em compromisso com a evangelização, com a comunhão e a unidade.

Como é que vocês não sabem interpretar o tempo presente? (Lc 12, 56)


Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Tanta coisa significativa acontecendo em nossa história, tantos sinais de Deus em nossa vida... É só abrir os olhos pra ver: estamos no tempo da graça, no kairós de Deus. Ajuda-nos, Senhor, pelo teu Santo Espírito, a compreender os sinais de tua presença redentora entre nós, fazendo novas todas as coisas. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No seu caderno espiritual, escreva algumas linhas sobre “A hora de Deus em minha vida”.

O nosso Acampamento Tempo de Paz começa hoje, às 15 horas. Você pode acompanhar pelo youtube, pelo facebook e pela Rádio Tempo de Paz. Na programação da tarde, temos Rodas de Conversa e Palesra com o cantor Antonio Cardoso. Não perca o meu Show na noite de hoje. Começa às 19:30. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Postagem em destaque

A menina, a mulher e a comunidade estéril

07 de julho de 2025 Segunda-feira da 14ª Semana do Tempo Comum     Evangelho.     Mt 9,18-26 18Enquanto Jesus estava falando, um chefe a...

POSTAGENS MAIS VISTAS