PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

OS DOZE E A MULTIDÃO

MEDITAÇÃO PARA A SEXTA-FEIRA, DIA 19 DE JANEIRO DE 2018.
Então Jesus designou Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar (Mc 3, 14)
Meditamos, ontem, como Jesus começou a estabelecer um novo momento no seu ministério, ao pedir uma barca e afastar-se um pouco da multidão que o comprimia, ali à beira mar. Àquele povo movido pela busca de cura e milagres, ele respondeu com a pregação do evangelho. O evangelho comunica o propósito de Deus, a sua vontade. Bem-aventurado o que ouve e pratica a Palavra do Senhor. A barca de Pedro é já uma representação da Igreja, realizando sua missão no mundo (o mundo está representado pelo mar).
A cena de hoje é o que segue após o encontro com o povo à beira mar. Jesus sobe o monte e chama alguns. E nomeia doze para que fiquem com ele e para enviá-los a pregar, com autoridade para expulsar os demônios. É o que está no evangelho de Marcos. O evangelista Lucas detalha que, no monte, ele ficou uma noite em oração. E, ao amanhecer, chamou os discípulos e escolheu doze dentre eles.
Designou doze. Doze é o número do povo de Deus organizado. Israel tinha doze tribos. Estas se organizaram, simbolicamente, em torno de doze patriarcas, os filhos de Jacó. Doze são também os Juízes do Antigo Testamento, bem como os profetas maiores. Doze, então, é o número da organização, da liderança. Parece que o trabalho de Jesus começa a ter um novo nível de organização, com essa escolha dos doze. O seu grupo mais próximo, com quem ele vai peregrinar habitualmente e a quem vai dedicar uma maior atenção à sua formação, é formado por doze lideranças. Eles serão a referência para todos os seus discípulos, seus seguidores.
Escolheu doze para ficar com ele e para enviá-los a pregar. Ficar com ele é a condição de discípulos, dos que estão aprendendo sobre o Reino de Deus. Serem enviados a pregar é a condição de missionários, de apóstolos. Em seu nome, eles vão dar continuidade à missão. Ter escolhido doze não quer dizer que não havia outras lideranças reconhecidas. Certamente, havia. As mulheres, por exemplo, que também eram discípulas, tinham suas funções no grupo e, mais tarde, tiveram um papel muito importante no testemunho da ressurreição e na formação das comunidades.
Certamente, a escolha não agradou todo mundo. Alguém não foi escolhido e ficou meio emburrado. Alguém pode ter considerado a escolha um tanto equivocada e com razão (Judas Iscariotes, por exemplo, não parece ter sido uma boa escolha). Mas, quando Jesus não estava mais presente fisicamente, depois de sua ressurreição e ascensão, foram esses líderes que, mesmo tateando, mas com a força do Espírito Santo, sustentaram o testemunho sobre o Messias e espalharam o seu evangelho pelos quatro cantos.
Vamos guardar a mensagem
Jesus estava conduzindo o povo de Deus para um novo momento de organização. A escolha dos doze é um sinal do seu trabalho de restauração do povo de Deus. Com a escolha dos doze, estão lançadas as bases de organização da igreja cristã. É por isso que dizemos que a Igreja é apostólica, porque ela nasce da liderança, do testemunho e do ensinamento dos apóstolos que Jesus escolheu e formou. Os bispos da Igreja são os apóstolos de hoje, aqueles que o Senhor escolheu e lhes deu participação na sua autoridade. Na atuação dos apóstolos de ontem ou de hoje, independentemente de suas fraquezas ou virtudes, vemos o Bom Pastor Jesus que nos ensina, nos abençoa e nos conduz, na força do seu Santo Espírito.
Então Jesus designou Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar (Mc 3, 14)
Vamos acolher a mensagem em prece
Senhor Jesus,
Pessoalmente, chamaste os doze. Eles seguiam sempre contigo. Tu tinhas o cuidado de explicar-lhes as parábolas, as coisas do Reino. E eles te seguiam com toda boa vontade. Mas eram fracos como nós e te deram muita dor de cabeça. Na hora da paixão mesmo, houve quem dissesse até que não te conhecia, além daquele que te traiu. Mas, tu não desististe deles, nem os desautorizaste. Tu, Senhor, conheces a nossa fraqueza e ainda assim confias em nós. É o mistério de tua encarnação. Hoje, Senhor, queremos te pedir, de maneira muito especial, pelos nossos líderes, nossos diáconos, padres e bispos e pelo Papa, o bispo da Igreja em Roma e referência de unidade para todo o teu povo santo. Pedimos pelo êxito de sua visita ao Peru, aonde chegou ontem. No Chile, houve muita gente ruim fazendo manifestação contra ele e contra a tua Igreja... Senhor, tem piedade de nós. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver na palavra
Faça, hoje, uma oração pelo Papa Francisco, pelo Bispo de sua Diocese e pelo Padre de sua comunidade.

Pe. João Carlos Ribeiro – 19.01.2018

O MAR E A BARCA

MEDITAÇÃO PARA QUINTA-FEIRA, DIA 18 DE JANEIRO DE 2018.
Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)
Jesus está à beira do mar, com os seus discípulos. Gente de todo canto vem atrás dele. Doentes querem tocá-lo, de todo jeito. E se jogam sobre ele. Espíritos impuros caem aos seus pés, dizendo que ele é o filho de Deus. Jesus os manda calar a boca. Que confusão! Foi aí que Jesus pediu aos discípulos que arrumassem uma barca. O evangelista Marcos só conta até aí. Terminou na barca. Em Mateus, está que Jesus, na barca, ficou ensinando ao povo.
Eu queria que você ficasse atento ao cenário dessa narração. Jesus foi para a beira do mar. É para lá que tanta gente está convergindo. No texto, há uma lista de diversos lugares diferentes de onde o povo está chegando, inclusive de fora da terra de Jesus. Está imaginando o cenário? O mar... uma área talvez plana perto do mar... aquele espelho d’água brilhando.... vá imaginando. Aquele povo todo assediando Jesus. E Jesus que arrumou uma barca e entrou nela, afastando-se um pouco da multidão.
Vamos entender esse cenário... A maior parte da atuação de Jesus foi na Galileia, que é o norte do país. Lá, há um grande lago de água doce, mas grande mesmo, que o povo chama de ‘Mar da Galileia’. Muitas vilas e pequenas cidades estão às margens desse grande lago. Cafarnaum, onde Jesus praticamente morava (quando não estava em suas andanças) ficava às margens desse Mar da Galileia. Muita gente vivia desse lago: pescadores, agricultores, comerciantes. Pescava-se, em grupo, com grandes redes. As barcas serviam para a pesca e para o transporte entre as vilas. Sabe-se hoje que essas barcas podiam chegar a oito metros de cumprimento, com uns dois metros de largura. E que para pescar, cada barca levava 6 a 8 homens. Então, esse local onde eles estão é um local de trabalho, não é uma praia de veraneio como se poderia pensar.
Deixe-me acrescentar mais um elemento para compreendermos melhor esse texto. Para o povo da Bíblia, o mar é como o mundo, no qual a gente se aventura, podendo encontrar ventos contrários, ondas fortes, forças de oposição. E como a atividade de Jesus se concentrou muito na Galileia, ficou aquela imagem de que a evangelização (o trabalho de Jesus) é como o trabalho dos pescadores no mar. Veja que os primeiros discípulos são pescadores.
Nessa iniciativa de Jesus, de pedir uma barca pra falar ao povo, afastando-se um pouco da multidão, bem que poderia estar uma representação dos passos que ele deu em sua atividade missionária. É como se ele estivesse organizando a sua comunidade, no mar que é o mundo. Pela pregação do evangelho (ele sentado na barca), aquele povo maravilhado pelas curas, milagres e exorcismos é chamado a passar para a condição de igreja (representada pela barca). A barca é de Pedro, conforme o evangelista Mateus. E a barca de Pedro foi sempre uma representação da comunidade-igreja nascida de Jesus e liderada pelo apóstolo Simão Pedro.
Vamos guardar a mensagem
Ali, à beira do Mar da Galileia, o imenso lago de água doce do norte do país, está um povo que encontra em Jesus a recuperação de sua saúde e a libertação da opressão do mal. Pela pregação do evangelho, vai gradativamente entrando noutro nível, o nível da Igreja, o povo congregado por Cristo, o povo da barca. Nos próximos versículos, o evangelista nos informará o novo passo de Jesus. Ele escolherá os 12 apóstolos. Então, é fato, neste episódio da barca podemos ver a Igreja que está nascendo na obra missionária de Jesus.  Muita gente hoje está buscando curas e milagres, como naquele tempo. É como se estivesse à beira mar. É preciso acolher a Palavra de Deus para ser Igreja, para estar na barca de Pedro.
Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)
Vamos acolher a mensagem em prece
Senhor Jesus,
O mar é o mundo. A barca é a Igreja, onde estás com os discípulos. Pescar é a obra da evangelização, uma obra de equipe como a pescaria no Mar da Galileia. Ajuda-nos, Senhor, a passar da busca de bênçãos e curas (que tanto necessitamos) para a escuta e a prática de tua Palavra (que nos faz Igreja). Abençoa, Senhor, os pastores-pescadores de tua Igreja. Abençoa o Papa Francisco, o Pedro pescador de hoje, em sua viagem apostólica ao Chile e ao Peru.  Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver na palavra
Minha sugestão é que você leia o texto de hoje na sua Bíblia (Mc 3, 7-12) e conte de quantos lugares estava chegando gente atraída pela fama de Jesus.

Pe João Carlos Ribeiro – 18.01.2018

A MÃO E O SÁBADO

MEDITAÇÃO PARA A QUARTA-FEIRA, DIA 17 DE JANEIRO
Jesus lhe disse: Estende a mão. Ele a estendeu e a mão ficou curada. (Mc 3, 5)
Olhe bem pra suas mãos. Olhou? Agora, me responda? O que as mãos representam? Mais uma chance. Olhe bem pra suas mãos... Olhou? E se suas mãos fossem defeituosas, haveria algum problema? Veja se você concorda comigo: As mãos representam a nossa capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia. Claro, elas representam mais do que isso. Mas, com as mãos defeituosas vai ficar muito difícil você construir uma casa, fazer uma limpeza, digitar um texto, dirigir um carro, fazer o almoço... está vendo? As mãos têm a ver com o trabalho.
Se isso é verdade hoje, mais ainda no tempo do povo da Bíblia. O povo trabalhava no campo, na lavoura ou nas criações de gado ou ovelhas, na pesca, no artesanato... Com um defeito nas mãos, a pessoa estava impossibilitada de ganhar o pão de cada dia. Bom, até aqui estamos de acordo. Então, vou lhe fazer outra pergunta: você notou, pela meditação de ontem e pelo que você já sabe, que a lei do sábado, no tempo de Jesus, tinha a ver com o trabalho? Claro, você se lembra. Visava defender o trabalhador da exploração do trabalho e do esgotamento de quem trabalha sem um dia de folga na semana. Claro, que isso tem um sentido religioso. Só um povo senhor do seu trabalho pode render glórias a Deus com a sua vida. O descanso semanal associa o trabalhador ao Criador que trabalhou por seis dias e descansou no sétimo. Então, o sábado tem a ver com o trabalho. A queixa no evangelho de ontem – os discípulos tirando espigas de trigo durante a caminhada – era que eles estavam trabalhando, o que não era permitido em dia de sábado.
Já que estamos nos entendendo, vamos ver o texto de hoje. Jesus está na sinagoga de Cafarnaum. É um dia de sábado, claro, dia do culto. E lá ele encontra um homem com a mão seca. Muita gente está de olho nele pra ver se ele vai curar no sábado. Curar é uma forma de trabalho. Para eles, isso não podia. Jesus fez uma pergunta incômoda. Ninguém respondeu. Ele perguntou se sábado era para fazer o bem ou fazer o mal? Ele sentiu a dureza do coração deles e ficou triste e aborrecido. E curou o homem da mão seca. Até aqui, tudo tranquilo. Agora, vamos prestar bem atenção no que ele disse àquele pobre homem.
Ele disse ao homem três coisas: ‘Levanta-te’ – ‘Fica aqui no meio’ – e ‘Estende a mão’. Essas palavrinhas fizeram toda a diferença. LEVANTA-TE! Você sabe, quando alguém se levanta assume uma posição, é um sinal de tomada de decisão. Ele estava sentado. Sentado é um sinal de passividade, de acomodação. Levantar-se é um sinal de desinstalação. De pé é a condição de Jesus ressuscitado. FICA AQUI NO MEIO! Pra que isso? Jesus podia tê-lo curado, sem tirá-lo do canto dele. Mas não, chamou-o para o meio. No centro da preocupação daquelas pessoas estava o sábado, a lei. Mas, no centro devia estar o homem necessitado. Que bela lição. ESTENDE A MÃO! Ele estendeu a mão e ela ficou curada. Se for a pessoa humana em sua necessidade a estar no centro de nossa preocupação, na religião (representada aqui pelo sábado na sinagoga) atua a força de Deus para devolver a dignidade da pessoa humana.  O homem foi restabelecido na sua capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia com as  suas mãos.
Vamos guardar a mensagem
A ação de Jesus nos ajuda a perceber que é necessário deslocar a preocupação com a instituição ou com a lei para a pessoa humana. A pessoa humana é que deve ser o centro das atenções na religião, na economia, na política, em tudo. Na religião cristã, experimentamos a força de Deus que levanta os oprimidos e sofredores, fazendo-os sujeitos de sua história (Levanta-te!), reconhecendo a prioridade de sua situação (Vem para o meio!) e revelando a sua dignidade de filho de Deus (Estende a mão!). Uma fé comprometida com as pessoas, com os humildes, com os portadores de deficiência, com os doentes. Assim, o nosso culto fica verdadeiro. E nosso Deus, mais satisfeito conosco.
Jesus lhe disse: Estende a mão. Ele a estendeu e a mão ficou curada. (Mc 3, 5)
Vamos acolher a mensagem na prece
Senhor Jesus,
Não podemos entender como, depois de tudo o que fizeste, no final do culto na sinagoga, vários saíram combinando te eliminar. Essas pessoas colocavam a Lei no centro de sua vida social e religiosa e não aceitaram o teu ensinamento sobre colocar a pessoa humana no centro. Às vezes, em casa mesmo, nos esquecemos das pessoas e ficamos mais preocupados com a segurança dos bens que temos. E na escola, alguém se preocupa mais com o conteúdo a ser dado do que com os estudantes que estão aprendendo. E até na Igreja, corremos o risco de colocar no centro os ritos que executamos, nos esquecendo do povo que celebra. Obrigado, Senhor, por tuas lições. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver na palavra
Hoje, ao lavar as mãos, olhe bem para elas e tente lembrar a história do homem da mão seca. Aproveite e reze pelos desempregados; e para que eles estejam no centro de nossas decisões na Igreja e na sociedade.

Pe. João Carlos Ribeiro – 17.01.2018

QUANDO O SÁBADO VIRA UM FARDO

MEDITAÇÃO PARA A TERÇA-FEIRA, DIA 16 DE JANEIRO DE 2018.
O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado (Mc 2, 27).
Uma boa lei surge para assegurar um direito, para facilitar a vida das pessoas, para prevenir de coisas ruins. Não é assim? Uma lei, uma norma é uma coisa boa, quando ela vem para isso. Assim são as leis ou normas religiosas. Elas vêm para assegurar o direito das pessoas. No exílio, quando o povo trabalhava feito escravo na Babilônia, enfatizou-se muito a lei do sábado. O povo começou a pensar assim: ‘Deus mandou a gente descansar no sábado. Não podemos trabalhar nesse dia. Repousando no sábado, nós imitamos o próprio Deus que descansou no sétimo dia da criação’.
Na volta do exílio, essa norma foi ficando cada vez mais complicada: nada de andar muito nesse dia, de cuidar da casa, de viajar... e, sobretudo, nada de trabalhar ou fazer qualquer esforço físico. Resultado: o que era uma lei para libertar virou um peso, um fardo, uma coisa limitadora demais... No final das contas, Deus ficou com a imagem de fiscal da lei. O povo pensava:  ‘Foi ele que nos deu esse mandamento. Ele vai ficar muito bravo se a gente não cumprir a sua lei’.
No tempo de Jesus, a lei do sábado era assim, sobretudo pela cobrança dos fariseus, que eram os mais praticantes da lei de Moisés. E eles estavam de olho em Jesus e no seu grupo. Viram, um dia, que, num deslocamento em dia de sábado, os discípulos colhiam algumas espigas de trigo pelo caminho para comer... Pronto, bastou isso. Estavam trabalhando num dia de sábado. Ficaram horrorizados. Estão fazendo em dia de sábado o que não é permitido. Estão ofendendo a Deus e a sua lei.
Jesus era muito paciente. Explicou, com jeito, que Davi também transgrediu a lei, sem culpa. Seus soldados comeram os pães oferecidos a Deus no Templo, coisa proibida. Mas, eles estavam com fome. A necessidade de um ser humano vem antes da norma.  A lei foi feita para o homem. Não o homem para a lei. A lei é para ajudar, para garantir o bem das pessoas, mas, não pode ser absolutizada.  Ao passar do tempo, pode ser que elas percam o seu foco e a sua utilidade e se tornem um fardo desnecessário e opressor. O bem da pessoa humana é que é a referência fundamental. As leis podem ser revistas, repensadas, reeditadas. Deus nos deu inteligência pra isso.
Vamos guardar a mensagem
O sábado, que era uma lei para libertar o povo tornou-se um fardo pesado, oprimindo as pessoas. E tudo em nome de Deus. Mas, Deus não é um carrasco, um legislador autoritário. Deus quer o bem dos seus filhos. As normas foram surgindo pelas necessidades humanas,  mas não somos servidores da norma, da lei. Somos servidores de Deus que quer a felicidade dos seus filhos. A pessoa humana está acima da lei. É verdade, não somos anarquistas. Precisamos de leis. Prezamos a legislação. Mas, precisamos nos empenhar por boas leis. E ficar atentos quando a lei deixa de nos servir para nos oprimir.
O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado (Mc 2, 27).
Vamos acolher a mensagem em prece
Senhor Jesus,
A lei do sábado era uma coisa sagrada, vinha da Escritura e da experiência de todo um povo. Foi feita para libertar as pessoas da exploração do trabalho e do esgotamento de quem trabalha sem parar. Só o trabalho livre e criativo pode ser um louvor a Deus. No teu tempo, Jesus, as pessoas estavam vivendo oprimidas pela lei do sábado. Não era mais para libertar, era para cercear a liberdade, para ser um instrumento de controle da vida das pessoas. Foi aí que tu recolocaste as coisas no lugar: ‘A lei é para o homem, não o homem para a lei’. Hoje, temos a tal Lei do mercado. Sacrifica-se o trabalhador pelo desemprego, submetendo a pessoa humana à Lei do Mercado. Não pode ser. O mercado é para o homem, não o homem para o mercado. Ajuda-nos, Senhor, a sermos senhores das leis, não escravos delas. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver na palavra
Nós cristãos, por causa da ressurreição de Cristo, guardamos o domingo como dia de descanso e oração. O seu domingo tem sido de descanso e oração? Assunto para o seu caderno de anotações ou o seu diário espiritual.

Pe. João Carlos Ribeiro – 16.01.2018

O JEJUM E O VINHO

MEDITAÇÃO PARA A SEGUNDA-FEIRA, DIA 15 DE JANEIRO DE 2018.
Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum enquanto o noivo está com eles? (Mc 2, 19)
Há uma coisa nova acontecendo na história. Já de algum tempo, é verdade. E o que é? A presença de Jesus entre nós. Essa é a maior notícia de todos os tempos. Jesus entre nós reconstruindo nossa comunhão com Deus. O anjo de Belém tinha falado da chegada dele como “uma grande alegria para o povo todo”. E as pessoas, por onde ele passa, estão se dando conta: “Nunca vimos uma coisa dessa!”. A salvação de Deus está agindo por meio dele, restaurando, reconciliando, libertando. Ele diz que é o Reino de Deus que chegou. Jesus salvador entre nós, que coisa maravilhosa, inédita! Uma coisa nova realmente está acontecendo, na história.
Essa é a nossa experiência, hoje. Essa é a experiência dos seguidores de Jesus no começo de sua atuação na Galileia. Os discípulos são envolvidos nesse clima de alegria, de festa. O Mestre está aqui, ele caminha conosco, ele nos instrui no caminho de Deus. Ele é o bom pastor que dá a vida por suas ovelhas. Ele está buscando e salvando a ovelha já perdida. O filho pródigo está voltando pra casa: motivo de festa, com direito a música, a dança e a churrasco do novilho cevado. Os cobradores de impostos estão sendo incluídos no Reino de Deus: motivo para banquete com Jesus, seus discípulos e pecadores à mesa. É a aliança de Deus com o seu povo que está sendo restaurada, o casamento da comunidade de Israel com o seu Deus que está sendo renovado. Não é à toa que o evangelho de São João comece, propriamente, com o casamento de Caná. O noivo oferece o melhor vinho. Aqui pra nós, o noivo daquela festa é Jesus. Mas, não espalhe.
Então, a presença de Jesus entre nós, em nossa história humana, é a maior novidade de todos os tempos. É o Reino de Deus que chegou com ele nos salvando, nos resgatando, nos libertando. Ele é o noivo desse nosso casamento. Ele traz um vinho novo, a novidade do seu evangelho. Ele nos veste com uma roupa nova, a da graça, da comunhão com Deus. Estamos felizes. O clima é de festa. Agora, tem gente que não entendeu isso. E permanece mergulhado no seu sofrimento, no seu fracasso. Ou fica cobrando de Jesus e da gente uma cara de tristeza. Não, a nossa cara só pode ser de alegria. Estamos cheios de esperança e de luz. O clima não é de abatimento porque somos pecadores. O clima é de festa porque o amor de Deus nos redimiu dos nossos pecados. E começou o novo tempo, o tempo da graça de Deus em nós e no mundo.
O evangelho de hoje tem tudo isso. ‘Jesus dizendo: Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum enquanto o noivo está com eles?’ Quem são os convidados? Nós. Que casamento é esse? A nova e eterna aliança de Deus com a gente. E quem é esse noivo? Aí eu não preciso responder.... Claro, é Jesus. E ele falou assim porque havia uma reclamação: ‘É, tá tudo bem. Mas, o grupo de vocês não pratica o jejum, como os fariseus ou o pessoal de João Batista. Eles, sim, são fiéis e observantes’. Tenham paciência, agora não é hora de jejum. Agora, é hora de festa. É o que Jesus está dizendo. Você entendeu?
A presença salvadora de Jesus entre nós é a grande novidade da história.  O Reino de Deus que ele anuncia é um tecido novinho pra gente fazer uma roupa nova. Não é um remendo pra sua roupa velha.
Vamos guardar a mensagem
Muita gente estranhou o estilo de Jesus, comendo com os pecadores, participando de banquetes, contando histórias de festa. E nada de fazer jejum, com os seus seguidores, como os grupos tradicionais faziam. A presença de Jesus, inaugurando o Reino de Deus no meio do seu povo, é um tempo novo que começou. Seu evangelho é uma novidade fantástica: Deus reinando entre nós, nos conduzindo para a plena realização. Jesus está restaurando a aliança de Deus com seu povo. O clima é de casamento, de festa. Ele é o noivo. Só quem não está entendendo, pode pensar em jejum numa hora dessas. Agora, é hora de festa, de alegria. O evangelho de Jesus não é um remendo pra roupa velha. É pano pra roupa nova. Uma boa lição pra você: não faça do evangelho um remendo de pano novo pra sua vida velha. Jesus não é uma coisa a mais para enfeitar seu cotidiano. É uma novidade que só cabe numa vida nova (vinho novo em odres novos).  
Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum enquanto o noivo está com eles? (Mc 2, 19)
Vamos acolher a mensagem em prece
Senhor Jesus,
Há sempre um risco de sermos pessoas muito religiosas, mas não sermos cristãos de verdade, não expressarmos em nossa vida religiosa a grande alegria da redenção que nos alcançaste por tua morte e ressurreição. Por isso, precisamos estar ligados no evangelho. Ali, nos está comunicada a grande novidade da história: a tua presença salvadora. Essa novidade, centrada no mistério de tua vida, morte e ressurreição, ilumina todas as nossas práticas religiosas, a começar pela vida de oração, assim como o terço, a procissão, o jejum, a esmola, as promessas, as romarias. Tudo isso, Senhor, nos ajude a viver e a servir como pessoas trajadas com a roupa nova da ressurreição. Foi assim que fomos revestidos no batismo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver na palavra
Vá se acostumando a realizar essas pequenas tarefas que vou indicando no final de nossa meditação. São sugestões, claro, mas podem criar um clima de atenção à Palavra de Deus. A dica de hoje é a seguinte: Na sua Bíblia, leia o texto de nossa meditação (Mc 2, 18-22) e conte quantas vezes aparece a palavra “jejum”. Conte também a palavra “vinho”. Uma dica para sua compreensão: Na Bíblia, quatro é um número completo, totalizante, como os quatro pontos cardeais. Seis é um número imperfeito, incompleto. Sete é o número da obra perfeita, como a obra da criação feita em sete dias.
Hoje, é dia do aniversário do nosso programa de rádio. Por favor, peça a Deus por mim e por nossa Associação Missionária Amanhecer (AMA). Obrigado!

Pe. João Carlos Ribeiro – 15.01.2018

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