PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

ELE FAZ BEM TODAS AS COISAS


12 de Fevereiro de 2021

EVANGELHO


Mc 7,31-37

Naquele tempo, 31Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole. 32Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão. 33Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. 34Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!” 35Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade.
36Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. 37Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”

MEDITAÇÃO 


Ele tem feito bem todas as coisas (Mc 7, 32)

Você já viu um oleiro trabalhando o barro? E já o viu fazendo alguma coisa de barro: um jarro, um animal, a figura de uma pessoa? Mas, garanto que você já ouviu essa frase antes: “Ele tem feito bem todas as coisas” ou “Ele viu que tudo era bom”. Lembra onde escutou essa frase?

Essa frase evoca a primeira página da Bíblia. Livro do Gênesis, a narração da criação. Deus criou o mundo em sete dias. E, no final de cada dia de trabalho, está escrito: “Deus viu tudo que tinha feito: e era muito bom” (Gn 1,31). Isso quer dizer: tudo estava bem feito. No sexto dia, Deus criou o homem. E o fez do pó da terra. Soprou em suas narinas o sopro da vida e o homem se tornou um ser vivente. E de novo “viu que tudo estava bem feito”.

Veja se essa narração não é o modelo para a narração da cura do surdo-mudo, no evangelho de hoje! Trouxeram o homem surdo. Jesus o levou para longe do povo, tocou nos seus ouvidos com os seus dedos, cuspiu, tocou em sua língua com a saliva e suspirou dizendo “Efatá” (abre-te). Ele ficou bom. Começou a ouvir e falar direito. E o povo admirado dizia: “Ele tem feito bem todas as coisas”.

Achou alguma coisa parecida entre a narração da criação do homem e a cura do surdo?! Veja lá... Deus fez o homem do pó da terra. Claro, essa é a imagem do oleiro, que faz uma imagem de barro, mexendo, ajeitando com os dedos as suas feições, os seus ouvidos, a sua boca... E depois soprou em suas narinas para lhe comunicar a vida. Agora veja o que Jesus fez: separou o homem do meio do povo, ficou mexendo nos seus ouvidos com os dedos e na sua língua (as partes que não estavam funcionando bem, pois não escutava e não falava bem). E depois suspirou... suspirou? Deve-se entender melhor: soprou... Foi assim na criação do homem: Deus soprou nas narinas do protótipo de barro. Percebem, é uma espécie de reedição da criação do homem. E as pessoas entendem isso, pois reconhecem admiradas “Ele tem feito bem todas as coisas”.

Guardando a mensagem

A cura, no fundo, é uma representação da ação mais profunda de Jesus, da realização de sua missão. Jesus não estava apenas curando pessoas.... ele estava consertando a obra prima da criação que o pecado tinha desfigurado. Deus tinha feito tudo bem-feito, mas o homem, pelo pecado, atrapalhou tudo, introduzindo a destruição, a morte. O ser humano que saiu perfeito das mãos de Deus estava todo desfigurado espiritualmente. Jesus veio resolver isso, veio salvar o ser humano desfigurado pelo pecado... por isso, nos evangelhos, aparecem tantas curas de doentes e possuídos pelo mal. Ele está restaurando a obra de Deus. E o faz, como Deus que é, agindo como o Criador na primeira página da Bíblia.

Ele tem feito bem todas as coisas (Mc 7, 32).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
No batismo, tem uma parte em que o ministro, como tu fizeste com o surdo-mudo, mexe no ouvido do batizando, sopra e diz “Éfata”, isto é “abre-te”! É um rito, depois do batismo na água, que realça a grande verdade que Deus, no batismo, nos restaura, nos faz novas criaturas, nos põe de novo na condição original de escutar Deus e de falar com ele, de sermos seus interlocutores. Claro, só fala bem quem ouve bem. Concede, Senhor, que nós, restaurados por tua morte e ressurreição, vivamos dignamente essa nossa santa vocação de filhos de Deus. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Repita muitas vezes, no dia de hoje, essa palavra do povo, no evangelho: “Ele tem feito bem todas as coisas”. Isso pode ajudar você a recordar, com gratidão, a obra redentora de Jesus, o seu batismo,... Liberto de sua condição de surdo-mudo, você agora é seu interlocutor, ouvindo sua Palavra, falando com ele, dizendo aos outros como ele é bom.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

OS CACHORRINHOS DEBAIXO DA MESA

 




11 de Fevereiro de 2021


EVANGELHO


Mc 7,24-30

Naquele tempo, 24Jesus saiu e foi para a região de Tiro e Sidônia. Entrou numa casa e não queria que ninguém soubesse onde ele estava. Mas não conseguiu ficar escondido.
25Uma mulher, que tinha uma filha com um espírito impuro, ouviu falar de Jesus. Foi até ele e caiu a seus pés. 26A mulher era pagã, nascida na Fenícia da Síria. Ela suplicou a Jesus que expulsasse de sua filha o demônio. 27Jesus disse: “Deixa primeiro que os filhos fiquem saciados, porque não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos”.
28A mulher respondeu: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”.
29Então Jesus disse: “Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha”. 30Ela voltou para casa e encontrou sua filha deitada na cama, pois o demônio já havia saído dela.

MEDITAÇÃO

É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair (Mc 7, 28)

Não foi uma coisa fácil as primeiras comunidades cristãs se abrirem para os pagãos. Jesus era judeu. Maria era judia. Os apóstolos, todos judeus. Aquela gente tinha consciência clara de ser o povo de Deus, o povo com quem Deus vivia em uma sagrada aliança. O Senhor Deus mesmo o tinha escolhido como seu povo, libertando-o da dominação dos pagãos no Egito e em Canaã. A orientação sempre foi tomar distância dessas nações idólatras. Então, os pagãos estavam fora do horizonte dos judeus piedosos do tempo de Jesus. Certo, os que queriam viver a fé no Deus vivo podiam se aproximar das comunidades judaicas como prosélitos, mas não com os mesmos direitos. Todo homem judeu estava circuncidado, sinal de sua aliança com Deus. E todo judeu marcava bem sua condição de membro do povo da aliança pelo cumprimento do sábado, da páscoa, das peregrinações e festas anuais e por tudo o que a Lei de Moisés prescrevia.

Na verdade, essa ideia de separação e exclusão dos outros povos cresceu muito com o exílio da Babilônia. Foi quase uma forma de sobrevivência de uma comunidade muito machucada e humilhada pelos grandes impérios que se sucederam. O ambiente em que Jesus nasceu e cresceu era esse. Aliás, tinha um novo complicador: a dominação dos pagãos romanos. Mas, nem sempre se pensou assim em Israel. Quando o povo começou a se formar, Abraão foi chamado por Deus para ser uma bênção para todas as nações da terra. E mesmo nos momentos mais dramáticos da história deles, havia quem pensasse diferente. Vários profetas, como Isaías do tempo do exílio, sonharam com um mundo em que todas as nações conheceriam o Deus verdadeiro e se encontrariam numa grande peregrinação à cidade santa de Jerusalém.

Depois que Jesus voltou para o Pai, as comunidades cristãs foram se espalhando e, aos poucos, foram integrando também pagãos convertidos. Foi uma mudança muito grande, assimilada com dificuldade pelos cristãos que vinham da prática da Lei de Moisés. Chegou-se a uma tensão tão grande, que precisou haver uma reunião em Jerusalém com Paulo, Pedro e todos os apóstolos e lideranças para resolver isso. Afinal, a comunidade se abriu ao Espírito Santo e foi vendo com clareza, que chegara o tempo em que Deus queria que todos conhecessem, amassem e seguissem a Cristo, fossem judeus ou não. E pra seguir Jesus não era preciso ter os mesmos costumes que os judeus (como por exemplo a circuncisão, o sábado, etc.). O cristianismo era um novo momento do povo de Deus, aberto a todas as nações e povos do mundo.

Assim, quando os evangelistas e suas comunidades contaram a história de Jesus, se lembraram desse passo tão sério que foi deixar de discriminar os pagãos para integrá-los na comunidade, como irmãos. Foi assim que Marcos contou que Jesus estava visitando um território pagão e veio uma mulher daquela região pedir-lhe para libertar a filha da dominação do demônio. A resposta de Jesus foi como o seu povo pensava, a resposta de uma comunidade que ainda não tinha acolhido os pagãos como irmãos: “Deixa primeiro que os filhos fiquem saciados, porque não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos”. Os filhos, claros, são os judeus. Os cachorros são os pagãos. Essa era a mentalidade. A resposta da mulher representa bem toda a humildade e o espírito penitente com que os pagãos se aproximaram da fé em Jesus Cristo: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”. Diante dessa condição necessitada, penitente e humilde dos pagãos, as comunidades abriram os braços para acolhê-los. A resposta de Jesus é o retrato disso: “Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha”. A salvação em Cristo veio para todos.

Hoje, com o Dia de Nossa Senhora de Lourdes, estamos celebrando o 29° Dia Mundial do Doente. Em sua Mensagem para para esta data, o Papa Francisco apresentou o tema: "Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos" (Mt 23,8), um caminho de fraternidade na atenção aos enfermos. 

Guardando a mensagem

O episódio da mulher pagã que foi pedir a Jesus para libertar sua filha do demônio representa bem as pessoas de outros povos e religiões que procuraram a comunidade cristã para participar também da salvação em Cristo. Os seguidores de Jesus tiveram muita dificuldade para integrar os pagãos na comunidade, porque viviam dentro de uma mentalidade de discriminação dos não-judeus. Contando essa história, os evangelistas mostravam como Jesus, dentro daquele contexto de exclusão dos pagãos, rompeu com esse esquema e alargou a sua missão também para os pagãos. Hoje, padecemos também de uma mentalidade que separa claramente o religioso do profano, as coisas de Deus das coisas do mundo. Jesus veio para salvar o mundo. E nos mandou anunciar a salvação a todos. A comunidade cristã tem a vocação de ser uma comunidade em diálogo com o mundo, com as outras religiões, com todos. A Igreja é o fermento na massa, o fermento de Deus no mundo.

É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair (Mc 7, 28)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Tu és o salvador da humanidade. Venceste o pecado e o mal que mandavam no mundo. É assim que lemos no evangelho tantas histórias em que libertaste pessoas do teu povo da dominação do demônio, até mesmo dentro da sinagoga. Nessa história da mulher pagã que foi te pedir para tu libertares sua filha, vemos como tua ação redentora abriu-se também para as pessoas pagãs. Tu te colocaste como missionário do Pai a serviço do bem de todos, sem discriminação. Tua atitude ajudou as primeiras comunidades cristãs a compreenderem que a salvação chegara para todos. Senhor, ajuda-nos a vencer também a estreiteza de nossos pensamentos que nos fecham em nossos templos e não nos permitem ver a missão na sua abrangência no mundo, como bênção que deve chegar a todos, transformando toda a realidade com a tua graça. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

A tarefa, hoje, é rezar pelos doentes. E rezar com o coração aberto para todos os sofredores, recordando que a salvação, por meio de Cristo, veio para todos. 

Participe conosco da Santa Missa de hoje, na memória de Nossa Senhora de Lourdes, neste Dia Mundial dos Enfermos. A Missa começa às 11 horas da manhã, transmitida pelo rádio e pelas redes sociais. Para você que recebe a Meditação no seu celular, estou enviando o link para você acompanhar a celebração e compartilhar com os seus contatos. Convide a pessoa idosa ou enferma de sua casa para acompanhar a Santa Missa. Haverá um momento de bênção dos enfermos, no final da celebração. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A LIMPEZA DO CORAÇÃO


10 de fevereiro de 2021


EVANGELHO


Mc 7,14-23

Naquele tempo, 14Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: “Escutai todos e compreendei: 15o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. 16Quem tem ouvidos para ouvir ouça”.
17Quando Jesus entrou em casa, longe da multidão, os discípulos lhe perguntaram sobre essa parábola. 18Jesus lhes disse: “Será que nem vós compreendeis? Não entendeis que nada do que vem de fora e entra numa pessoa pode torná-la impura, 19porque não entra em seu coração, mas em seu estômago e vai para a fossa?” Assim Jesus declarava que todos os alimentos eram puros.
20Ele disse: “O que sai do homem, isso é que o torna impuro. 21Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, 22adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. 23Todas estas coisas más saem de dentro e são elas que tornam impuro o homem”.

MEDITAÇÃO


O que torna a pessoa impura não é o que vem de fora, mas o que sai do seu interior (Mc 7, 15).

No tempo de Jesus, havia uma preocupação exagerada com a pureza ritual. A pureza era a condição de quem estava limpo, de quem não foi contaminado por alguma coisa externa. Muita coisa podia contaminar uma pessoa e torná-la impura. E uma vez impura, a pessoa tinha que passar por muitos rituais para se limpar: quarentena, banho, abluções, sacrifícios de animais e outras coisas mais. A pessoa impura ficava afastada das coisas de Deus, não podia praticar a religião publicamente, não estava em condições de se apresentar a Deus. Nem podia estar junto dos outros, para não contaminá-los.

E o que causava impureza para uma pessoa? A lista é longa. O sangue era o elemento mais perturbador da harmonia religiosa do povo de Deus. Nisto, a mulher saía muito prejudicada pela menstruação mensal e pelo parto. Muitos alimentos estavam proibidos, pois transmitiam impureza, por exemplo, carne de porco e de outros animais. Também se tornava impuro quem tocasse num morto, quem tivesse qualquer aproximação com pagãos, quem tivesse qualquer contato com um leproso. Era um crime um impuro se aproximar de uma pessoa e, impensável, que viesse a tocá-la. Isto contaminaria gravemente a pessoa que fosse tocada.

Você já percebeu que as leis da pureza no tempo de Jesus representavam uma grande opressão para as pessoas, impedindo que se cuidasse melhor dos doentes, discriminando os pobres e marginalizando ainda mais a mulher. Os fariseus, que formavam uma numerosa confraria de homens praticantes da Lei, ficavam antenados para recriminar ou denunciar qualquer um que não andasse segundo essas leis da pureza. E Jesus, você sabe, não estava muito preocupado com essas leis, fruto de uma religiosidade feita de coisas exteriores e fomentadora de discriminação entre as pessoas.

O grave era que Jesus era tocado por pessoas impuras. A mulher do fluxo de sangue tocou na franja do seu manto. Ele tocou no leproso para curá-lo. Pegou no caixão do morto em Naim, e mandou o rapaz se levantar. Desculpou os discípulos que estavam comendo sem terem lavado as mãos... Jesus não era um bom cumpridor das leis da pureza ritual do seu tempo. E os fariseus ficavam revoltados com isso. O raciocínio de Jesus era simples: não é o que entra pela boca que suja o homem, que o torna impuro. O que torna impura uma pessoa é o que sai dela, as coisas ruins que vêm do seu coração. O coração, para o povo da Bíblia, é onde se tomam as decisões. Aí ele fez uma lista: más intenções, imoralidades, roubos, assassinatos, adultérios, ambições, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho,... Tudo isso sai do coração de uma pessoa, disse Jesus. Isso, sim, torna a pessoa impura.

Guardando a mensagem

O que faz impura uma pessoa não é o que vem de fora, mas o que sai de dentro do seu coração. Foi esse o ensinamento de Jesus. O que vamos guardar da palavra dele, hoje? Uma lição pode ser essa: se uma prática, religiosa ou não, servir de alguma forma para desprezar, discriminar, afastar, cercear a liberdade, com certeza não é uma coisa de Deus. Outra lição: Com certeza, há muitos preconceitos que nós introjetamos durante a vida de que deveríamos nos libertar. Jesus era uma pessoa livre e libertadora. Por amor a Deus e aos irmãos, procure libertar-se dos preconceitos.

O que torna a pessoa impura não é o que vem de fora, mas o que sai do seu interior (Mc 7, 15).

Acolhendo a mensagem

Senhor Jesus,
Ficamos olhando, com curiosidade e admiração, para tua pessoa, vivendo na Galileia, naqueles anos 30. Eras um judeu piedoso, conhecedor das Escrituras como muitos outros, fiel às celebrações da sinagoga e às peregrinações anuais, respeitoso da bela história de fé do teu povo. Quando falavas do Reino, do amor misericordioso de Deus, revelando-o como pai amoroso dos seus filhos e filhas, o povo ficava encantado. Essa verdade de um Deus próximo e amoroso mexia com a religião de Israel, ou melhor, punha em xeque aquela religiosidade marcada por normas e ritos externos. Foi por isso que os fariseus e os mestres da lei reagiram tão ferozmente. Eles saíram em defesa da tradição como eles a entendiam e de sua posição de liderança ameaçada. Dá-nos, Senhor, que essa novidade, que é o teu evangelho, seja sempre um fermento para nos libertar de qualquer farisaísmo e de toda opressão. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, no seu diário espiritual (ou na sua agenda ou no seu caderno), anote as 13 coisas ruins que saem do coração. Isso sim torna a pessoa impura, disse Jesus. Para saber quais, leia Marcos 7, 20-23.

E a Missa dos Ouvintes e Associados que celebramos toda quinta-feira, às 11 da manhã, nesta quinta feira coincide com o Dia de N. Sra. de Lourdes, e com ele, a Jornada Mundial dos Enfermos. Prepare a sua participação enviando o seu pedido de oração e convidando o doente de sua casa para particpar da Missa. Como a transmissão é também pelo Youtube, você tem a opão de acompanhar por sua Smart TV. Vale também pelo rádio e pelas redes socias. Então, amanhã, quinta-feira, às 11 horas da manhã, a Santa Missa pelos doentes e por quem cuida deles..

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

DA BOCA PRA FORA

 


09 de fevereiro de 2021

EVANGELHO


Mc 7,1-13

Naquele tempo, 1os fariseus e alguns mestres da Lei vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus. 2Eles viam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado.
3Com efeito, os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. 4Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre.
5Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram então a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” 6Jesus respondeu: “Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. 7De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’. 8Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”.
9E dizia-lhes: “Vós sabeis muito bem como anular o mandamento de Deus, a fim de guardar as vossas tradições. 10Com efeito, Moisés ordenou: ‘Honra teu pai e tua mãe’. E ainda: ‘Quem amaldiçoa o pai ou a mãe deve morrer’.
11Mas vós ensinais que é lícito alguém dizer a seu pai e à sua mãe: ‘O sustento que vós poderíeis receber de mim é Corban, isto é, Consagrado a Deus’. 12E essa pessoa fica dispensada de ajudar seu pai ou sua mãe. 13Assim vós esvaziais a Palavra de Deus com a tradição que vós transmitis. E vós fazeis muitas outras coisas como estas”.


MEDITAÇÃO


Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (Mc 7, 6) 

O que Jesus está fazendo na Galileia chama a atenção das autoridades religiosas da capital Jerusalém. Assim, de lá vem gente para fiscalizar o que está acontecendo e, claro, para por sob controle esse novo fenômeno. Uma comissão de fariseus e mestres da Lei chegou de Jerusalém e foi logo encontrando defeito naquela movimentação em torno de Jesus. Identificaram logo um perigo naquele movimento: ‘Jesus não segue à risca os costumes e os rituais da tradição’. Que tradição é essa? Vamos ver se descobrimos. 

Vamos dar um jeito de entrar na roda da conversa que está se formando, em torno de Jesus. É bom a gente chegar mais perto para ouvir bem o que estão dizendo. Chega mais! Olha a cara de sonsos dessa turma de Jerusalém! Estão se queixando que os discípulos de Jesus comem sem lavar as mãos. Parece uma bobagem. Não ria! Isso pra eles é uma coisa muito séria. O que é que eles estão dizendo? Dá para escutar alguma coisa? Ah, estão dizendo que os discípulos comem com as mãos impuras... Vamos escutar. “Isso é um desrespeito à nossa religião. Comer o pão sem lavar as mãos, onde já se viu uma coisa dessa? A religião manda lavar as mãos antes de tomar o alimento, isso é que é o certo. Para estarmos bem com Deus, não podemos nos contaminar com coisas impuras. E nós fariseus levamos isso muito a sério e cobramos isso de nossa gente. Ao voltar da praça, deve-se tomar banho. E, em casa, tomar cuidado com o alimento que se come, lavar direito as vasilhas e os copos. Nós somos um povo santo. Precisamos estar atentos para não nos contaminarmos com a impureza em relação a alimentos, doenças de pele, sangue, estrangeiros... A pessoa impura está afastada de Deus que é santo e não pode frequentar o culto até se purificar”. 

Puxa! Você ouviu isso? Pra eles, Jesus está acabando com a religião deles, desconsiderando as normas religiosas da pureza. Veja que eles fazem uma separação rígida entre o puro e o impuro. Contraindo uma impureza, a pessoa se afasta da presença de Deus e de sua bênção. Para se purificar, há vários ritos previstos, conforme a impureza contraída: abluções (lavar as coisas ou parte do corpo), tomar banho, oferecer sacrifícios depois de sete dias, etc. Opa, parece que Jesus vai falar. Presta bem atenção. “O que o profeta Isaías escreveu, nas Escrituras Sagradas, foi mesmo pra vocês, hipócritas: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim”. Uma coisa é o ensinamento de Deus, outra coisa são os costumes que vocês criaram. Vocês estão confundindo o mandamento de Deus com as tradições humanas. Vocês estão esvaziando a Palavra de Deus, com essa preocupação exagerada com coisas externas”. Nossa! Essa lição que Jesus deu aos fariseus serve direitinho pra gente. 

Guardando a mensagem 

A preocupação dos fariseus com a pureza legal levava as pessoas a viverem uma religião de práticas externas, de ritos, deixando de lado coisas mais importantes da fé como o amor a Deus e ao próximo. Esse perigo de se ficar no ritualismo estéril é de toda religião. No cristianismo católico também podemos incorrer nesse engano. As práticas externas nos ajudam a viver na fé e na comunhão com o Senhor nosso Deus. Mas, cuidemos para que elas não esvaziem a Palavra de Deus e acabem nos fazendo servidores apenas de tradições humanas. 

Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (Mc 7, 6)

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 
Encanta-nos Senhor, a liberdade com que anunciavas o Reino de Deus, sem aquela preocupação exagerada com os rituais de purificação que os fariseus tanto prezavam. Não estavas preocupado com o exterior, com o que se vê, com a aparência. O interno, o que está no coração, é isso que realmente tem valor. Senhor, nós vivemos, hoje, sob a ditadura da aparência. Em nosso mundo, importa mais a embalagem, o externo. Assim, é na roupa que se veste, no corpo que se quer ter, na idade que se disfarça, na foto sorridente das redes sociais. Importante é parecer que se está bem, vitorioso, feliz. Até na liturgia, chega essa preocupação excessiva com a exterioridade. Liberta-nos, Senhor, com o teu evangelho. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra 

Os ritos são importantes pelo que eles representam, pela compreensão que está por trás deles. Se os ritos não forem sinais de algo mais profundo, eles se esvaziam. Lavar as mãos era um rito religioso no tempo de Jesus. Benzer-se é um rito religioso cristão. Benzer-se pode ter um grande significado ou pode ser apenas um gesto vazio e supersticioso. No seu caderno espiritual, responda: quando você se benze (traça a cruz sobre si mesmo), o que isso significa?

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

JESUS E OS DOENTES



08 de Fevereiro de 2021

EVANGELHO 


Mc 6,53-56

Naquele tempo, 53tendo Jesus e seus discípulos acabado de atravessar o mar da Galileia, chegaram a Genesaré e amarraram a barca. 54Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. 55Percorrendo toda aquela região, levavam os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava.
56E, nos povoados, cidades e campos onde chegavam, colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste. E todos quantos o tocavam ficavam curados.

MEDITAÇÃO


Colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste (Mc 6, 56)

No clima do Dia Mundial do Enfermo, que vamos celebrar quinta-feira próxima, com a festa de N. Sra. de Lourdes, a palavra do evangelho de hoje nos fala da atenção de Jesus aos doentes. Jesus desembarcou com os discípulos em Genesaré, um povoado à beira do mar da Galileia e começou a percorrer aquela região. E logo se espalhou a notícia de sua presença. Mal Jesus chegava num lugar (um povoado, um sítio, uma cidade), chegava o povo com seus doentes, pedindo para tocar nele, nem que fosse na barra de sua veste. E os que tocavam nele ficavam bons.

Impressiona a quantidade de doentes citados nos evangelhos. No texto de hoje, eles são trazidos em seus leitos ou colocados nas praças, onde Jesus estivesse. E Jesus, cuja missão principal era anunciar a chegada do Reino, não parece se incomodar com tanto doente. Pelo contrário, mostra-se sempre atencioso, próximo, toca neles. Ficamos, assim, admirados com a bondade de Jesus, com sua paciência, com sua compaixão pelos sofredores. No evangelho de ontem, na cena da cura da sogra de Pedro, vimos três atitudes de Jesus que precisamos imitar em relação aos doentes e sofredores: proximidade, solidariedade e apoio.

E por que Jesus tem estes sentimentos? O Papa Francisco responde a essa pergunta em sua mensagem para o dia mundial do doente. Porque Ele próprio Se tornou frágil, experimentando o sofrimento humano e recebendo, por sua vez, alívio do Pai. Na verdade, só quem passa pessoalmente por esta experiência poderá ser de conforto para o outro. 

Nós também nos damos conta da condição em que Jesus encontra o seu povo. E você sabe muito bem, quanto mais sofrimento e opressão, mais as pessoas adoecem. O povo da terra de Jesus estava vivendo debaixo de muitas tensões, seja pela violência e exploração da dominação romana e seus impostos, seja pelo clima interno de exigência das leis religiosas que asfixiavam o seu dia-a-dia.

Uma coisa que não podemos deixar de considerar é o significado da doença na vida humana. A doença expõe a nossa fragilidade. O ser humano que Deus criou, infelizmente, pega doença, e em muitos casos, aquele mal físico o leva a óbito. Como o povo da Bíblia e nós entendemos isso? Na fé, recordamos que, no começo, não foi assim. O pecado que entrou no mundo é que nos puxa para baixo. Depois da desobediência de Adão, o Senhor Deus sentenciou: “Lembra-te que és pó e em pó te hás de tornar”. O pecado introduziu a destruição. O pecado abriu as portas para a doença e a morte. São Paulo escreveu bem clarinho: “O salário do pecado é a morte”. Entendendo isso, entendemos os doentes do evangelho.

A pessoa não está doente porque pecou. Isso não. Perguntaram a Jesus, no episódio do cego de nascença, se foi o pecado dele ou dos pais que o levou à cegueira. Jesus explicou: nem de um, nem de outro. Estamos falando da condição de pecadores em que todos nos encontramos, como filhos de Adão, como membros da humanidade. Sendo assim, podemos já ir percebendo que a atenção de Jesus aos doentes tem a ver diretamente com a sua missão. Olha como João Batista o apresentou: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. O perdão dos pecados e a cura da doença estão muito próximos. Naquela cena do paralítico, Jesus perdoou os seus pecados. E depois o curou de sua paralisia. 

Jesus encontrou a humanidade marcada pelo pecado. O pecado desfigura a imagem de Deus nas pessoas. Por isso, Jesus, no evangelho, está cercado de doentes de todo tipo, cegos, coxos, paralíticos, leprosos... Sua missão é restaurar, libertar, purificar. Veio para trazer vida abundante. 

Guardando a mensagem

Todo o período de Jesus na Galileia, peregrinando pelo interior, pelas vilas e cidades, está marcado, no evangelho, pela presença de muitos doentes. As famílias levavam seus doentes e queriam que, pelo menos, eles pudessem tocar na sua veste. O grande número de doentes no povo de Jesus indica um grave quadro de sofrimento e opressão pelo qual estava passando. A doença é uma demonstração da fragilidade humana e é lida como resultado do desequilíbrio que entrou na criação com o pecado dos nossos primeiros pais. O pecado trouxe sofrimento e morte. Jesus é o vencedor do pecado, do mal e da morte. Como redentor da humanidade, é ele quem tira o pecado do mundo. Na cura dos doentes, já vemos a sua missão se realizando, como comunicação da vida e do perdão de Deus.

Colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste (Mc 6, 56)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
queremos te recomendar os nossos doentes, os que estão em nossas casas, os que se acham em hospitais e todos os que precisam de maior cuidado e atenção, particularmente em razão da presente pandemia, mas também de tantos outros males. Nós os colocamos sob a proteção da Virgem Maria,  tua  mãe, Saúde dos Enfermos. Que ela nos ajude a partilhar com espírito de diálogo e mútuo acolhimento; a viver como irmãos e irmãs, atentos às necessidades uns dos outros; a ser solidários com coração generoso e a aprender do serviço voluntário de tantos irmãos e irmãs. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Atualize a lista de pessoas doentes de sua família e conhecidos seus pelos quais você vai rezar nessa Semana Mundial dos Enfermos.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A FEBRE E A MISERICÓRDIA



07 de Fevereiro de 2021

EVANGELHO


Mc 1,29-39

Naquele tempo, 29Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los.
32À tarde, depois do pôr do sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. 33A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era.
35De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. 38Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. 39E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.

MEDITAÇÃO


E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los (Mc 1, 31)

No atual contexto de doença em que estamos vivendo, os textos da liturgia deste quinto domingo do tempo comum têm um sabor muito especial. Chegando na casa de André e Simão, Jesus cura a sogra de Simão que estava acamada, com febre. Ao anoitecer, cura muitas pessoas de diversas doenças, pessoas que se aglomeraram na frente da casa onde ele estava. 

O que será que a Palavra de Deus está nos dizendo neste domingo, a nós marcados por um agravamento da pandemia da coronavírus, tendo ultrapassado a marca de 230.000 óbitos no país, em consequência desse mal?

Mas, o nosso contexto, graças a Deus, não é só de pandemia. É também de experiência da proteção divina, de solidariedade, de confiança em Deus. E neste sentido, na quinta-feira dia 11, vamos celebrar a memória de Nossa Senhora de Lourdes, com o 29º. Dia Mundial do Doente. E para esta data, o Papa Francisco escreveu uma bela mensagem insistindo que, nesta situação, não deixemos que ninguém se sinta sozinho, nem se sinta excluído e abandonado. E apresentou a figura do Senhor Jesus, o bom Samaritano, que, compadecido, se fez próximo de todo ser humano, ferido pelo pecado. 

A grande quantidade de enfermos nos evangelhos revela a condição em que Jesus encontra o seu povo. E você sabe muito bem, quanto mais sofrimento e opressão, mais as pessoas adoecem. O seu povo estava vivendo debaixo de muitas tensões, seja pela violência da dominação romana e seus soberanos aliados, seja pela carga pesada da Lei de Moisés interpretada pelos fariseus. O nosso sofrimento hoje e o adoecimento da população, por causa do vírus e para além dele, é também por medo, solidão, fome, desemprego, apreensão com o futuro e com as contas para pagar. 

Jesus encontrou a humanidade marcada pelo pecado. O pecado desfigura a imagem de Deus nas pessoas. Por isso, Jesus, no evangelho, está cercado de doentes de todo tipo, cegos, coxos, paralíticos, leprosos... Sua missão é restaurar, libertar, purificar. Veio para trazer vida abundante. Na cruz, ele expiou o nosso pecado. Na ressurreição, nos comunicou a vida de Deus.

No caso da doença da sogra de Simão, o evangelho nos diz como Jesus agiu e como devemos agir diante do doente. Ele se aproximou. Segurou sua mão. E ajudou-a a levantar-se. Neste “Ele se aproximou” já está a primeira atitude: proximidade. O Papa escreveu em sua mensagem: “A proximidade é um bálsamo precioso, que dá apoio e consolação a quem sofre na doença”. O bom samaritano viu e aproximou-se do homem caído na estrada, vítima de assaltantes. Proximidade é a superação da indiferença. Indiferença é não ligar para o sofrimento dos outros, não sentir a dor alheia.

Depois de ter se aproximado, ELE SEGUROU A SUA MÃO. Bastaria ter dado uma bênção ou uma ordem para a febre dela passar. Mas, ele segurou sua mão, numa demonstração de consideração e afeto. Mostrou-se misericordioso, solidário. Solidariedade é a segunda atitude. Solidariedade como expressão de afeto e respeito pelo ser humano adoecido. Solidariedade que vence a esmola pela partilha. Solidariedade que é vitória contra o egoísmo que estrutura vidas e a própria sociedade. 

Aproximou-se, segurou a sua mão e AJUDOU-A A LEVANTAR-SE. Não foi um passe de mágica que a ergueu curada. Nem uma palavra poderosa por ele proclamado. Foi o apoio de quem estava ao seu lado, oferecendo o braço, acompanhando o seu esforço. E ela, sentindo-se apoiada e estimulada, aos poucos levanta-se, vencendo a condição de acamada. É o papel do educador na emancipação das pessoas. Apoio é a terceira atitude. 

Guardando a mensagem

Todo o período de Jesus na Galileia, peregrinando pelo interior, pelas vilas e cidades, está marcado, no evangelho, pela presença de muitos doentes. O grande número de doentes no povo de Jesus indica um grave quadro de sofrimento e opressão pelo qual se estava passando. A doença é uma demonstração da fragilidade humana e é lida como desequilíbrio que entrou na criação com o pecado dos nossos primeiros pais. O pecado trouxe sofrimento e morte. Jesus é o vencedor do pecado, do mal e da morte. Como redentor da humanidade, é ele quem tira o pecado do mundo. Na cena da cura da sogra de Simão, aparecem três atitudes de Jesus que devemos imitar no cuidado com os enfermos: proximidade, solidariedade e apoio. Na cura dos doentes, já vemos a sua missão se realizando, como comunicação da vida e da misericórdia de Deus. 

E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los (Mc 1, 31)

Rezando a palavra

Rezemos, nos inspirando na mensagem do Papa para o Dia Mundial do Doente deste ano:

Senhor Jesus, 
o mandamento do amor que nos deixaste encontra uma realização concreta no relacionamento com os doentes. Obrigado, Senhor, pelos ensinamentos que nos deste hoje. Queremos imitar tuas atitudes de proximidade, solidariedade e apoio aos doentes e sofredores. Nessa proximidade da festa de N. Sra. de Lourdes, nós queremos confiar à tua e nossa Mãe Maria, Mãe de Misericórdia e Saúde dos Enfermos, todas as pessoas doentes, seus cuidadores e os profissionais da saúde. Que Ela, da Gruta de Lourdes e dos seus inumeráveis santuários espalhados por todo o mundo, sustente a nossa fé e a nossa esperança e nos ajude a cuidar uns dos outros com amor fraterno. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Faça uma lista de pessoas doentes de sua família e conhecidos seus pelos quais você vai rezar nessa semana. A lista fica bem no seu diário espiritual ou dentro de sua Bíblia.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

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