PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: parábola
Mostrando postagens com marcador parábola. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador parábola. Mostrar todas as postagens

Se você for fiel no pouco, muito mais ele lhe confiará.



  31 de agosto de 2024   

21ª Semana do Tempo Comum,

   Evangelho.   


Mt 25,14-30

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: 14"Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. 15A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou. 16O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles, e lucrou outros cinco. 17Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. 18Mas aquele que havia recebido um só, saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão. 19Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados. 20O empregado que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei’. 21O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ 22Chegou também o que havia recebido dois talentos, e disse: ‘Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. 23O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ 24Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento, e disse: ‘Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. 25Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. 26O patrão lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ceifo onde não semeei? 27Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence’. 28Em seguida, o patrão ordenou: ‘Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! 29Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Ali haverá choro e ranger de dentes!”

   Meditação.   


A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade (Mt 25, 15).

Gente de Deus, não é que eu encontrei o servo que recebeu um talento, aquele da história de Jesus! Encontrei-o numa viagem. Conheci logo pela cara. Aquela cara de tristeza envergonhada... Ele estava acompanhado da esposa, sofrida como ele, coitada. Ah, não perdi a oportunidade. ‘Prazer em conhecê-lo, senhor servo. Tenho muita curiosidade a respeito de alguns fatos de sua vida. Espero não ser inconveniente’... Fui direto ao assunto: ‘Me diga uma coisa, naquele episódio da distribuição dos talentos, o senhor ficou revoltado porque 
recebeu tão pouco?’

Ele ficou me olhando... ‘Bom - me disse ele depois de pigarrear - você quer saber se eu fiquei revoltado porque só recebi um talento. Você sabe quanto era um talento? Era um bom dinheiro. Um talento era uma soma de 6.000 denários. Um denário era a diária de um trabalhador. Um talento daria a soma do ganho de 16 anos de trabalho ou mais. Era um bom dinheiro. Você sabe que meus dois colegas receberam mais do que eu. Um recebeu dois talentos e o outro, recebeu cinco. Mas, sinceramente, eu não fiquei revoltado. O patrão deu a cada um conforme a sua capacidade. Ele entregou os seus bens pra gente administrar. Como ele tinha muito mais, quando ele voltou de viagem e houve a prestação de contas, ele disse a cada um dos meus colegas: “muito bem, servo bom e fiel, como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais”. Verdade seja dita, era um bom patrão e confiou em nós’.

Bom, aí, eu fiquei mais curioso ainda... e fiz uma outra pergunta, com cuidado para não ofendê-lo. ‘E por que o senhor não conseguiu render como os outros, por que o senhor enterrou o dinheiro do seu patrão?’ Ele suspirou profundamente.... e respondeu. ‘Sabe o que foi? Eu fiquei com medo de não dar conta, eu sabia que o patrão iria me cobrar, ele era muito exigente, tive medo de arriscar. Achei melhor não mexer naquele dinheiro e guarda-lo para devolvê-lo certinho quando ele voltasse. Vai que ele voltasse logo... Talvez você não saiba, mas naquela época a forma mais segura de guardar dinheiro era debaixo da terra mesmo’. Foi aí que a mulher dele, meio sem paciência, partiu para uma explicação mais clara: ‘Olha, moço, vamos falar a verdade... Meu marido teve medo de se aventurar em negócios que não dessem certo e teve medo do patrão também. Agora, cá pra nós, o medo dele serviu de desculpa, para ele não se mexer, não enfrentar a trabalheira que iria ter’. Cá comigo, me vieram aquelas palavrinhas da história de Jesus ‘servo mau e preguiçoso’. Esse negligente cruzou os braços, na hora que era preciso ir à luta! Foi aí que eu arrisquei um comentário em voz alta: ‘É, os outros dois não perderam tempo, trabalharam duro e chegaram a dobrar o valor que receberam”. E, antes que viesse uma reação, lancei logo a última pergunta.

Fazendo um pouco de média, eu disse: ‘É, meu irmão, patrão só fica feliz quando tira o couro do empregado. Você foi honesto com ele, devolveu o dinheiro dele certinho... Você não acha que ele foi injusto com você? Ele o despediu sem dó, nem piedade.’ O sujeito, já apanhado da vida, ponderou... ‘É, a gente colhe o que planta. Como empregado dele, minha obrigação era fazer prosperar o seu negócio, esse era o meu trabalho. Se eu me neguei a isso, não merecia mais permanecer na sua casa. Ele estava com a razão. Agora, aqui fora é que eu sei a oportunidade que perdi... E a mulher dele completou: ‘Nós sabemos, meu velho, nós sabemos...’.




Guardando a mensagem

Na parábola, o patrão é Deus. Ele nos confia seus bens para administrarmos. Cada servo recebe segundo sua capacidade. E não recebe pouco. Sua função é trabalhar, é empreender, é fazer render o que recebeu. Com os dons que o senhor nos confia, podemos contribuir para que tudo melhore ao nosso redor: a família, a comunidade, a escola, o bairro, o mundo... Não foram poucos os recursos que Deus nos deu: consciência, inteligência, saúde, família, amigos, oportunidades... E esses dons humanos são pequenos e poucos diante dos bens eternos que ele nos concede: a fé, a intercessão da Virgem Maria, a pertença à Igreja, o dom do Espírito Santo, o perdão dos pecados, a luz de sua Palavra, a presença eucarística de Jesus... Não podemos enterrar esses talentos. Temos que nos empenhar, como servos bons e fiéis, para que haja crescimento, para que apareçam frutos, para que tudo melhore para felicidade nossa, para o bem dos que nos cercam e para a glória do nosso Senhor e Deus.

A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade (Mt 25, 15).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
obrigado por tudo que nos confiaste. Sabemos que são teus esses bens que estamos administrando e que deles vamos prestar contas. É verdade, esta é a hora do empenho, do trabalho, do compromisso. Hora de confiar e empreender, de ousar e ir à luta. Queremos ouvir a tua aprovação: “muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar de minha alegria”. Ah, Senhor, é tudo o que, no final, nós queremos ouvir. Senhor, cuida, hoje, daqueles que estão se julgando inúteis e fracassados. Dá-lhes o ânimo do teu Santo Espírito. Enquanto aguardamos a tua chegada, ou a tua chamada, é tempo de crescimento, de superação, de conquista. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Pense em como empenhar-se, com fidelidade e perseverança, no desenvolvimento dos talentos que Deus lhe deu.

Comunicando

Em setembro, teremos o Curso Bíblico on-line sobre o Profeta Ezequiel, na semana de 16 a 20. Vá se programando para participar. Vai ser muito valioso para o seu crescimento cristão.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

Abandonaram o irmão.


   09 de outubro de 2022.   

Segunda-feira da 27ª Semana do Tempo Comum


   Evangelho.   


Lc 10,25-37


Naquele tempo, 25um mestre da Lei se levantou e, querendo pôr Jesus em dificuldade, perguntou: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?”
26Jesus lhe disse: “O que está escrito na Lei? Como lês?” 27Ele então respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!”
28Jesus lhe disse: “Tu respondeste corretamente. Faze isso e viverás”. 29Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?”30Jesus respondeu: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu na mão de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no, e foram-se embora, deixando-o quase morto.
31Por acaso, um sacerdote estava descendo por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado.
32O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado.
33Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão. 34Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e entregou-as ao dono da pensão, recomendando: ‘Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais’”.
E Jesus perguntou: 36“Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” 37Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze a mesma coisa”.

   Meditação.  

Na sua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? (Lc 10, 36)


Com o evangelho nas mãos, vamos dar a palavra a alguém muito especial...


Acordei, naquela manhã, cheio de dores. Abri os olhos e me assustei. Onde estou? Um lugar diferente, um quarto modesto, mas organizado. Eu estava sozinho. O sol estava clareando o dia. Tentei me levantar. Dores muito fortes nas costas, na cabeça, hematomas por toda parte. Onde estou? O que me aconteceu?


Comecei me lembrar vagamente de alguma coisa. Aos poucos, as imagens, na minha mente, foram se alinhando. Vinha forte, a imagem de um homem jovem me carregando no seu burro. Lembro que ele ia a pé e segurava a rédia do animal. De vez em quando, levantava minha cabeça, conferindo se eu estava reagindo.E dizia alguma coisa que eu não me lembro.

Mas, pera aí... eu estava voltando de Jerusalém, no caminho para Jericó. Estou me lembrando... Eu vinha tranquilo, voltando pra casa, quando, de repente, do nada, apareceu um grupo de malfeitores. Gritavam, ameaçavam, me batiam com violência. Fiquei apavorado. Tentei acalmá-los, puxar conversa. Mas, nada, eles não queriam me ouvir, me tomaram tudo o que eu trazia, o dinheiro, as coisas que eu tinham comprado na feira, até minha roupa. Eles me chutaram, ferozmente, me deram pauladas... eu caí, sem poder me levantar e fiquei gemendo de dor. Ainda estou sentindo as pancadas na cabeça.

Devo ter ficado muito tempo assim, caído, na beira daquela estrada deserta. Pedi muito a Deus que mandasse alguém... alguém que passasse por ali e me ajudasse. Nem levantar a cabeça eu conseguia. Passado algum tempo, senti o barulho de passos pela estrada... quis gritar, não consegui, todo travado de dor. Os passos se aproximaram... ‘alguém vem me socorrer, pensei. Bendito seja Deus!’ Os passos pararam a uma certa distância... e senti que tomaram outro rumo e foram diminuindo até não ouvir mais nada, só o vento. Depois de alguns minutos, acendeu-se de novo a minha esperança. ‘Graças a Deus, vem mais alguém por aí’, pensei, ouvindo o rumor de passos. Mas, quem vinha fez igualzinho ao primeiro... afastou-se de mim e foi-se embora. Estou perdido, pensei.

Desta vez, estava ouvindo o trote de um cavalo ou um animal de carga. Bom, vinha devagar, devia ser um burro. Será que vai me ver? Tentei me mexer, mas não consegui. Mas, o animal parou. E desceu alguém, que me observou de perto. Voltou ao animal, pegou alguma coisa. Limpou minhas costas com as mãos e derramou um pouco do que ele trouxe. Cuidou também de minha cabeça e dos meus braços. Depois me carregou e colocou na sua montaria. Não sei para onde me levou. Acho que fiquei desacordado boa parte do caminho. Sei que me pôs num quarto e providenciou um banho, sopa e cobertas limpas. Vi quando ele pagou a alguém, talvez o dono do lugar. Também o ouvi recomendando que cuidasse de mim, pois na volta de sua viagem ele pagaria qualquer despesa a mais.

Preciso saber quem foi essa pessoa caridosa que me salvou. Só ele teve compaixão de mim. Ele me tirou da beira da estrada, quase morto. Pelo sotaque dele, sei que não é dos nossos, não é do nosso povo. Fico pensando numa coisa, mas acho que não pode ser. Será que ele é um samaritano? Não pode ser, samaritanos não se dão conosco. Mas, pela fala dele, bem que poderia ser. Preciso encontrar essa pessoa. Sei que se eu conhecê-la, muita coisa vai mudar na minha vida. Tenho que reconhecer que lhe devo a minha vida. E não posso deixar de fazer com os outros o que ele fez por mim.





Guardando a mensagem

A parábola do bom samaritano é a história de quem foi resgatado de sua condição de morte, por pura misericórdia. É a história de quem foi socorrido em sua condição de assaltado e largado semi-morto. Ele sentiu-se amado e socorrido numa condição de extrema penúria e abandono. É a experiência da ovelha perdida que foi resgatada e carregada nos ombros do pastor. É a sua história. É a nossa história. O bom samaritano é, particularmente, Jesus. Ele, movido de compaixão por você que estava ferido pelo pecado, aproximou-se, por sua encarnação, e lhe tratou as feridas, derramando sobre elas o seu próprio sangue derramado na cruz (o vinho) e o Santo Espírito de Deus que nos comunica a vida nova (o óleo). Foi ele que o carregou nas costas, como a ovelha resgatada. Foi ele quem pagou, com o preço de sua vida, por sua salvação. E quando voltar, na sua segunda vinda, recompensará regiamente a quem fez como ele, socorrendo seus irmãos. Na história do bom samaritano, está o retrato de Jesus e de quem age como ele.

Na sua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? (Lc 10, 36)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
nós te agradecemos e te bendizemos pelo teu imenso amor por nós, nos redimindo do pecado e de suas consequências destruidoras. Tu és o nosso bom samaritano. Em ti, vemos realizado o mandamento do amor a Deus e ao próximo, como a si mesmo. O teu amor mostrou-se real, concreto, redentor. Somos novas criaturas, restaurados na tua morte e na tua ressurreição. Só há um modo de viver essa vida nova: amando como tu amaste. Amando a Deus e ao nosso próximo. Nesse amor fiel e redentor, tu Senhor Jesus, revelas o Pai. Dá-nos, Senhor, a graça de viver mergulhados nesse mistério de amor, amando a Deus e amando o próximo, como bons samaritanos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém


Vivendo a palavra

Muita coisa chama a atenção nessa parábola do bom samaratino, contada por Jesus no evangelho de hoje. Mais do que o assalto e a violência, me chama a atenção o abandono. Aquele judeu assaltado, semi-morto foi abandonado por dois religiosos que, como ele, estavam voltando do Templo ou da peregrinação. Viram, afastaram-se, passaram de longe. Abandonaram o irmão. Pense nisso, durante o dia de hoje.

Comunicando

No Recife, temos, hoje, Encontro dos Ouvintes das Rádios Recife FM e Olinda FM. O encontro - celebrando o mês missionário - começa às 11 horas, na Igreja de Santo Antonio, na pracinha do Diário. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

VOCÊ, FAÇA A MESMA COISA!





10 de julho de 2022

15º Domingo do Tempo Comum


EVANGELHO



Lc 10,25-37


Naquele tempo, 25um mestre da Lei se levantou e, querendo pôr Jesus em dificuldade, perguntou: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?”
26Jesus lhe disse: “O que está escrito na Lei? Como lês?” 27Ele então respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!”
28Jesus lhe disse: “Tu respondeste corretamente. Faze isso e viverás”. 29Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?”30Jesus respondeu: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu na mão de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no, e foram-se embora, deixando-o quase morto.
31Por acaso, um sacerdote estava descendo por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado.
32O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado.
33Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão. 34Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e entregou-as ao dono da pensão, recomendando: ‘Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais’”.
E Jesus perguntou: 36“Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” 37Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze a mesma coisa”.




MEDITAÇÃO



Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? (Lc 10, 36)


Com o evangelho nas mãos, vamos dar a palavra a alguém muito especial...


Acordei, naquela manhã, cheio de dores. Abri os olhos e me assustei. Onde estou? Um lugar diferente, um quarto modesto, mas organizado. Eu estava sozinho. O sol estava clareando o dia. Tentei me levantar. Dores muito fortes nas costas, na cabeça, hematomas por toda parte. Onde estou? O que me aconteceu?


Comecei me lembrar vagamente de alguma coisa. Aos poucos, as imagens, na minha mente, foram se alinhando. Vinha forte, a imagem de um homem jovem me carregando no seu burro. Lembro que ele ia a pé e segurava a rédia do animal. De vez em quando, levantava minha cabeça, conferindo se eu estava reagindo.E dizia alguma coisa que eu não me lembro.

Mas, pera aí... eu estava voltando de Jerusalém, no caminho para Jericó. Estou me lembrando... Eu vinha tranquilo, voltando pra casa, quando, de repente, do nada, apareceu um grupo de malfeitores. Gritavam, ameaçavam, me batiam com violência. Fiquei apavorado. Tentei acalmá-los, puxar conversa. Mas, nada, eles não queriam me ouvir, me tomaram tudo o que eu trazia, o dinheiro, as coisas que eu tinham comprado na feira, até minha roupa. Eles me chutaram, ferozmente, me deram pauladas... eu caí, sem poder me levantar e fiquei gemendo de dor. Ainda estou sentindo as pancadas na cabeça.

Devo ter ficado muito tempo assim, caído, na beira daquela estrada deserta. Pedi muito a Deus que mandasse alguém... alguém que passasse por ali e me ajudasse. Nem levantar a cabeça eu conseguia. Passado algum tempo, senti o barulho de passos pela estrada... quis gritar, não consegui, todo travado de dor. Os passos se aproximaram... ‘alguém vem me socorrer, pensei. Bendito seja Deus!’ Os passos pararam a uma certa distância... e senti que tomaram outro rumo e foram diminuindo até não ouvir mais nada, só o vento. Depois de alguns minutos, acendeu-se de novo a minha esperança. ‘Graças a Deus, vem mais alguém por aí’, pensei, ouvindo o rumor de passos. Mas, quem vinha fez igualzinho ao primeiro... afastou-se de mim e foi-se embora. Estou perdido, pensei.

Desta vez, estava ouvindo o trote de um cavalo ou um animal de carga. Bom, vinha devagar, devia ser um burro. Será que vai me ver? Tentei me mexer, mas não consegui. Mas, o animal parou. E desceu alguém, que me observou de perto. Voltou ao animal, pegou alguma coisa. Limpou minhas costas com as mãos e derramou um pouco do que ele trouxe. Cuidou também de minha cabeça e dos meus braços. Depois me carregou e colocou na sua montaria. Não sei para onde me levou. Acho que fiquei desacordado boa parte do caminho. Sei que me pôs num quarto e providenciou um banho, sopa e cobertas limpas. Vi quando ele pagou a alguém, talvez o dono do lugar. Também o ouvi recomendando que cuidasse de mim, pois na volta de sua viagem ele pagaria qualquer despesa a mais.

Preciso saber quem foi essa pessoa caridosa que me salvou. Só ele teve compaixão de mim. Ele me tirou da beira da estrada, quase morto. Pelo sotaque dele, sei que não é dos nossos, não é do nosso povo. Fico pensando numa coisa, mas acho que não pode ser. Será que ele é um samaritano? Não pode ser, samaritanos não se dão conosco. Mas, pela fala dele, bem que poderia ser. Preciso encontrar essa pessoa. Sei que se eu conhecê-la, muita coisa vai mudar na minha vida. Tenho que reconhecer que lhe devo a minha vida. E não posso deixar de fazer com os outros o que ele fez por mim.


Guardando a mensagem

A parábola do bom samaritano é a história de quem foi resgatado de sua condição de morte, por pura misericórdia. É a história de quem foi socorrido em sua condição de assaltado e largado semi-morto. Ele sentiu-se amado e socorrido numa condição de extrema penúria e abandono. É a experiência da ovelha perdida que foi resgatada e carregada nos ombros do pastor. É a sua história. É a nossa história. O bom samaritano é, particularmente, Jesus. Ele, movido de compaixão por você, que estava ferido pelo pecado, aproximou-se, por sua encarnação, e lhe tratou as feridas, derramando sobre elas o seu próprio sangue derramado na cruz (o vinho) e o Santo Espírito de Deus que nos comunica a vida nova (o óleo). Foi ele que o carregou nas costas, como a ovelha resgatada. Foi ele quem pagou, com o preço de sua vida, por sua salvação. E quando voltar, na sua segunda vinda, recompensará regiamente a quem fez como ele, socorrendo seus irmãos. Na história do bom samaritano, está o retrato de Jesus e de quem age como ele.

Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? (Lc 10, 36)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
nós te agradecemos e te bendizemos pelo teu imenso amor por nós, nos redimindo do pecado e de suas consequências destruidoras. Tu és o nosso bom samaritano. Em ti, vemos realizado o mandamento do amor a Deus e ao próximo, como a si mesmo. O teu amor mostrou-se real, concreto, redentor. Somos novas criaturas, restaurados na tua morte e na tua ressurreição. Só há um modo de viver essa vida nova: amando como tu amaste. Amando a Deus e ao nosso próximo. Nesse amor fiel e redentor, tu Senhor Jesus, revelas o Pai. És a imagem do Deus invisível, como nos disse Paulo. Em ti, Deus quis habitar com toda a sua plenitude. Por ti, ele quis reconciliar consigo todos os seres. Realizaste a paz pelo sangue de tua cruz, como escreveu o apóstolo. Dá-nos, Senhor, a graça de viver mergulhados nesse mistério de amor, amando a Deus e amando o próximo, como bons samaritanos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém


Vivendo a palavra

Muita coisa chama a atenção nessa parábola do bom samaratino, contada por Jesus no evangelho de hoje. Mais do que o assalto e a violência, me chama a atenção o abandono. Aquele judeu assaltado, semi-morto foi abandonado por dois religiosos judeus que, como ele, estavam voltando do Templo ou da peregrinação. Viram, afastaram-se, passaram de longe. Abandonaram o irmão. Pense nisso, durante o dia de hoje.

Um domingo abençoado e samaritano pra você! Até amanhã, se Deus quiser.


Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A PÉROLA QUE GANHOU O COMERCIANTE


Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo (Mt 13, 44).
23 de agosto de 2018.
Duas parábolas parecidas, a do tesouro escondido e a da pérola preciosa. Comparações que Jesus fez sobre o Reino de Deus. O Reino dos Céus é um como um tesouro escondido no campo que o homem encontra. O Reino é um dom de Deus, um tesouro que está escondido em nossa vida, em nossa história. Nós só o encontramos, mas ele já estava lá. Nós nos deparamos com ele, nos surpreendemos com a sua existência. Não o produzimos. Ele é um tesouro que nós não amealhamos. Mas, ele está ali para nós, um grande dom em nossa vida. Assim é o Reino de Deus.
O Reino dos Céus é como um comprador que procura pérolas preciosas e encontra uma de grande valor. O homem procura pérolas preciosas. Em sua busca, encontra algo maravilhoso, a pérola dos seus sonhos. O Reino não deixa de ser dom, uma pedra preciosa de imenso valor que não é obra de nossas mãos. Mas, há uma detalhe nessa parábola. O homem a buscava... ela é a resposta aos seus sonhos, à sua busca. O Reino de Deus é uma resposta aos profundos anseios de nosso coração: o amor, a paz, a unidade, a comunhão, a fraternidade, a justiça... Assim é o Reino de Deus.  
As duas parábolas também nos dizem como teremos parte no Reino de Deus. O agricultor que encontrou o tesouro escondido no campo vendeu tudo quanto possuía e comprou o campo. O comerciante também vendeu tudo o que tinha  e comprou aquela pérola. Como podemos entender isso? O tesouro vale mais do que todos os bens que o agricultor possui. Será o grande bem de sua vida. A pérola preciosa vale mais do que todos os bens que o comerciante tem. Será o seu maior bem. Quando se encontra o Reino de Deus, que é o maior bem que a gente pode ter, a gente renuncia a qualquer outro valor para colocá-lo em primeiro lugar. Como disse Jesus: “Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais lhes será dado em acréscimo”. E Paulo apóstolo: “Na verdade, julgo como perda todas as coisas, em comparação com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por ele, tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo” (Filipenses 3,7).

É claro, nós não compramos o Reino de Deus. Não é isto que a parábola está dizendo. Nós damos ao Reino de Deus o lugar mais importante, colocando o resto em segundo plano. Como disse Paulo: “por ele, tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo”. Na verdade, ao vender tudo para comprar o campo, é o tesouro que agora me tem. Ao vender tudo para comprar a pérola, é a pérola que agora me possui. Paulo não desprezou tudo para ser dono de Jesus. Pelo contrário, para ser completamente de Jesus é que renunciou a tudo.
Guardando a mensagem
Na parábola do tesouro, entendemos que o Reino de Deus é, em primeiro lugar, um dom de Deus em nossas vidas. Um dom, um tesouro encontrado pelo agricultor. Na parábola da pérola, entendemos que o Reino de Deus é uma resposta de Deus aos nossos anseios, aos nossos sonhos. É a resposta à busca do comerciante. Mas, não basta encontrar o Reino de Deus. Precisamos redimensionar tudo em nossa própria vida para que ele esteja em primeiro lugar. Para que nós pertençamos a ele.
Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo (Mt 13, 44).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Nós já encontramos o Reino de Deus ou ele nos encontrou. O Reino é a tua presença entre nós, nos comunicando o amor do Pai. Nós te descobrimos, como o agricultor cavando a terra. Nós te encontramos, como o comerciante procurando a pérola mais valiosa. Falta-nos ainda nos empenhar por completo, para colocar-te, para colocar o Reino de Deus como valor supremo de nossas vidas, não para te possuirmos, mas para pertencermos a ti. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
No seu diário espiritual (o seu caderno de anotações), escreva uma oração a Jesus, falando da pérola preciosa que você encontrou.

Pe. João Carlos Ribeiro – 01.08.2017

Postagem em destaque

Você consegue amar seus inimigos?

     12 de setembro de 2024.    Quinta-feira da 23ª Semana do Tempo Comum    Evangelho    Lc 6,27-38 Naquele tempo, falou Jesus aos seus dis...

POSTAGENS MAIS VISTAS