PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: A filha de Jairo
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ERA UM VEZ UM MUDO



06 de julho de 2021,
Dia de Santa Maria Goretti

EVANGELHO


Mt 9,32-38

Naquele tempo, 32apresentaram a Jesus um homem mudo, que estava possuído pelo demônio. 33Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar. As multidões ficaram admiradas e diziam: “Nunca se viu coisa igual em Israel”. 34Os fariseus, porém, diziam: “É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios”.
35Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, e curando todo o tipo de doença e enfermidade. 36Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: 37“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!”

MEDITAÇÃO


Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar (Mt 9, 33)

Você é um cidadão. Você é uma cidadã. Coisa muito boa, parabéns. Mas, é um cidadão que participa ou que apenas assiste o que está acontecendo? Olha que aqui vai uma grande diferença, não é verdade? Há cidadãos que acompanham o movimento da sociedade, formam sua opinião, discutem, dão palpite... de alguma forma, participam. E há cidadãos que estão por fora, estão à margem, não se sentem em condições de dar sua opinião. Estão mudos, silenciosos. Não participam. Você conhece pessoas assim?

Por que será que há pessoas assim, mudas, num país democrático e numa Igreja de comunidades? Talvez o país não seja tão democrático assim. E a Igreja não esteja assim tão comunitária. O fato é este e é grave: há pessoas deixadas à margem, sem efetiva participação, que não têm opinião para dar ou que apenas repetem a visão dos grupos econômicos detentores dos grandes veículos de comunicação.

Esse problema, com certeza, havia no tempo de Jesus. Gente calada, silenciada por uma educação autoritária ou por uma situação política repressora. Gente acostumada a viver à margem, desconsiderada, só contada para os impostos, mas sem nenhuma participação e envolvimento na vida do país. No evangelho de hoje, está dito que Jesus, vendo o seu povo, compadeceu-se dele, vendo, naquela gente cansada e abatida, ovelhas sem pastor. E por onde ele andasse – povoados, cidades, sinagogas – ensinava, pregava o evangelho do Reino e curava todo tipo de doença e enfermidade. As curas eram uma forma de concretização do efeito da pregação. A Palavra de Deus resgata a dignidade da pessoa, acorda a sua condição de filho de Deus, devolve sua condição de protagonista de sua própria história. Boa parte das doenças se alimenta do abatimento das pessoas, de sua permanente humilhação, de sua falta de horizonte. Jesus, com a força divina, anunciava o amor de Deus, libertando, curando, expulsando o mal da vida das pessoas.

E é aí que entra a história do homem mudo que apresentaram a Jesus. Como eles entendiam, estava mudo porque estava possuído por um demônio. Justo. Povo calado, silencioso, sem opinião sobre nada de importante só pode mesmo estar possuído por uma força maligna que o impede de se sentir e de se expressar como filho de Deus, como cidadão participante e informado, capaz de dizer sua palavra sobre o mundo. Quando o demônio foi expulso, ele começou a falar.

É isso que ocorre com a pregação do Evangelho, o amor de Deus comunicado pela presença de Jesus... os que estão à margem são chamados para o centro; aos que não estão enxergando, os cegos, é dada a luz da fé; os que estão possuídos pelo mal, pela doença, experimentam o poder libertador de Deus. O mudo começa a falar... o cidadão passivo começa a participar.

Guardando a mensagem

Apresentaram um mudo a Jesus. Quase sempre a doença era explicada pela dominação de um mau espírito. Jesus expulsou o demônio e o mudo começou a falar. Em nossa sociedade, há um grande número de cidadãos mudos, silenciosos, à margem dos processos sociais. A verdadeira evangelização liberta essas pessoas de sua mudez, fazendo delas cidadãos participantes na sociedade e na Igreja.

Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar (Mt 9, 33)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Ficamos felizes quando percebemos que a pregação da Palavra de Deus está gerando cristãos conscientes, responsáveis e participativos na vida da Igreja.  Ficamos felizes quando percebemos que cidadãos antes passivos, desconsiderados, começam a ter sua opinião, a se sentir envolvidos e participantes nos processos. É assim que tu continuas curando os mudos, libertando-os das correntes da dominação do mal. Sendo hoje o dia de Santa Maria Goretti, a menina de 12 anos que sofreu um assédio sexual e foi morta pelo agressor por reagir bravamente, nós te pedimos, Senhor, em favor de todas as vítimas de assédio e por todos os adolescentes, eles e elas, para que sejamos capazes de ajudá-los a viver santamente a sua sexualidade. Que os que foram emudecidos pelo abuso ou pelo assédio sexual, não se calem, denunciem, libertem-se. É assim que tu continuas curando os mudos, libertando-os das correntes da dominação do mal. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Talvez hoje se apresente uma situação em que você precise emitir sua opinião. Faça um esforço para participar. Participando, a gente contribui, esclarece, aprende, forma opinião. A evangelização cura as pessoas de sua mudez.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A MENINA, A MULHER E A COMUNIDADE





05 de julho de 2021

EVANGELHO


Mt 9,18-26

18Enquanto Jesus estava falando, um chefe aproximou-se, inclinou-se profundamente diante dele, e disse: “Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe tua mão sobre ela e ela viverá”.
19Jesus levantou-se e o seguiu, junto com os seus discípulos. 20Nisto, uma mulher que sofria de hemorragia há doze anos veio por trás dele e tocou a barra do seu manto. 21Ela pensava consigo: “Se eu conseguir ao menos tocar no manto dele, ficarei curada”. 22Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: “Coragem, filha! A tua fé te salvou”. E a mulher ficou curada a partir daquele instante.
23Chegando à casa do chefe, Jesus viu os tocadores de flauta e a multidão alvoroçada, 24e disse: “Retirai-vos, porque a menina não morreu, mas está dormindo”. E começaram a caçoar dele. 25Quando a multidão foi afastada, Jesus entrou, tomou a menina pela mão, e ela se levantou. 26Essa notícia espalhou-se por toda aquela região.


MEDITAÇÃO


Coragem, filha! A tua fé te salvou! (Mt 9, 22)

O Chefe da Sinagoga chegou informando que sua filha acabara de morrer. E implorou que Jesus fosse à sua casa, trazer a menina de volta à vida. Jesus já seguia pra lá quando uma mulher que sofria de fluxo de sangue tocou na barra do seu manto e ficou curada. Na casa da menina falecida, Jesus dispensou o povo e os músicos que estavam no velório. E levantou a menina pela mão e ela voltou a viver.

São duas histórias entrelaçadas, a da filha do chefe da Sinagoga e a da mulher que sofria de hemorragia. Nos evangelhos de Marcos e Lucas, essa história tem mais detalhes. Fica-se sabendo, por exemplo, o nome do chefe da Sinagoga, Jairo e a idade da menina, 12 anos. As duas histórias estão juntas por alguma razão. As duas mulheres têm um impedimento grave para gerar a vida, para ter filhos. Na menina, aos 12 anos, idade da primeira menstruação, o organismo estaria se preparando para a futura maternidade. Morrendo, morrem as possibilidades de futuro, corta-se pela raiz a possibilidade de ser mãe. No tempo de Jesus, as mulheres se casavam muito cedo. E a mulher, sofrendo de perda de sangue há 12 anos, também não podia ser mãe, possivelmente por ter a sua menstruação desordenada. Afinal, as duas não podiam gerar vida, ser mãe.

E não poder ser mãe era realmente um problema? Ainda é um problema muito grande. Muitos casais hoje vivem em grande sofrimento, porque a esposa não consegue engravidar, não é verdade? Nem sempre a causa está na mulher. No tempo de Jesus, a coisa era ainda mais grave. A mulher não sendo mãe era completamente desconsiderada. A viúva sem filhos não tinha nem direito aos bens deixados pelo marido. E família sem filhos, como a de Abraão, não tinha futuro. Para nos darmos conta do drama, basta nos lembrar das mulheres estéreis da Bíblia, como Sara (a esposa de Abraão) no Antigo Testamento e de Izabel (a esposa de Zacarias) no Novo Testamento. As duas viviam tristes por não poderem dar filhos aos seus maridos, por não garantirem o futuro de suas famílias. Deus interveio na vida dessas duas mulheres estéreis, garantindo–lhes a fertilidade.

Então, eram duas mulheres: a menina de 12 anos e a mulher que perdia sangue há 12 anos. Elas estão impedidas de gerar filhos, descendentes. Por elas, não vai passar o futuro. Será que essas duas mulheres poderiam estar representando o povo de Deus? Bom, o número 12 é o número do povo de Deus, o povo das 12 tribos. Jesus escolheu 12 apóstolos, em seu trabalho de restauração do povo eleito. E a mulher muitas vezes aparece como representante da comunidade. É só pensar na mulher vestida de sol, coroada de 12 estrelas, em dores de parto, na visão que teve o apóstolo João. Então, essas duas histórias entrelaçadas podem estar representando a condição em que se encontrava o povo de Deus, a comunidade de Israel. Uma comunidade estéril, sem frutos como a figueira sem figos; sem filhos, como a história das duas mulheres Sara e Isabel.

Aí é que entra Jesus. Ele, o redentor, veio exatamente para isso: para restaurar o povo de Deus como comunidade fértil, capaz de gerar filhos para Deus. Por sua paixão, morte e ressurreição, comunicou vida nova à sua comunidade, o povo dos 12 apóstolos. Na primeira pregação de Pedro, anunciando Jesus morto e ressuscitado, no Pentecostes, foram gerados filhos sem conta para Deus... mais de três mil convertidos e batizados. Um útero fértil, o do povo de Deus restaurado.

Guardando a mensagem

A menina morreu na idade em que o seu corpo começava a se preparar para a maternidade. A mulher estava perdendo sangue, perdendo vida, sem condições de gerar filhos. A menina e a mulher representam bem o povo de Israel em sua condição de esterilidade e incapacidade de gerar descendência e futuro. Foi por meio de Jesus, que as duas mulheres reencontraram a vida. Pelo ministério de Jesus, particularmente por sua morte e ressurreição, o povo de Deus foi restaurado, ganhando a capacidade de gerar filhos, assegurar descendência e futuro como família de Deus.

Coragem, filha! A tua fé te salvou! (Mt 9, 22)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Na história da mulher do fluxo de sangue que tocou a barra de teu manto, tu lhe disseste “Coragem, minha filha, tua fé te salvou”. A fé é a primeira condição para acolhermos a vida nova que tu nos trazes. A fé é a condição para o batismo. Na fé, renascemos nas águas batismais, como novas criaturas. Dá-nos, Senhor, a graça de viver na fé, como filhos e filhas de Deus, renascidos pela água e pelo Espírito Santo. Senhor, há famílias e comunidades, hoje, que estão na condição das duas mulheres do evangelho. Não estão conseguindo gerar filhos na fé da Igreja, estão com dificuldade para evangelizar seus filhos. Dá, Senhor, que toda a Igreja continue sendo fértil em comunicar a fé e a vida de Deus às nossas gerações. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Faça, hoje, um momento de oração: pelas mulheres casadas que não estão conseguindo engravidar, para que o Senhor as abençoe com a maternidade; pelas Congregações Religiosas, para que sejam férteis na geração de novos filhos e filhas consagrados ao Senhor; por toda a Igreja que é nossa mãe, para que ela continue gerando muitos filhos para Deus pela pregação do evangelho e pelo batismo.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A MENINA E A MULHER

“Coragem, filha! A tua fé te salvou” (Mt 9, 22)

06 de julho de 2020.

O Chefe da Sinagoga chegou informando que sua filha acabara de morrer. E implorou que Jesus fosse à sua casa, trazer a menina de volta à vida. Jesus já seguia pra lá quando uma mulher que sofria de fluxo de sangue tocou na barra do seu manto e ficou curada. Na casa da menina falecida, Jesus dispensou o povo e os músicos que estavam no velório. E levantou a menina pela mão e ela voltou a viver.

São duas histórias entrelaçadas, a da filha do chefe da Sinagoga e a da mulher que sofria de hemorragia. Nos evangelhos de Marcos e Lucas, essa história tem mais detalhes. Fica-se sabendo, por exemplo, o nome do chefe da Sinagoga, Jairo e a idade da menina, 12 anos. As duas histórias estão juntas por alguma razão. As duas mulheres têm um impedimento grave para gerar a vida, para ter filhos. Na menina, aos 12 anos, idade da primeira menstruação, o organismo estaria se preparando para a futura maternidade. Morrendo, morrem as possibilidades de futuro, corta-se pela raiz a possibilidade de ser mãe. No tempo de Jesus, as mulheres se casavam muito cedo. E a mulher, sofrendo de perda de sangue há 12 anos, também não podia ser mãe, possivelmente por ter a sua menstruação desordenada. Afinal, as duas não podiam gerar vida, ser mãe.

E não poder ser mãe era realmente um problema? Ainda é um problema muito grande. Muitos casais hoje vivem em grande sofrimento, porque a esposa não consegue engravidar, não é verdade? Nem sempre a causa está na mulher. No tempo de Jesus, a coisa era ainda mais grave. A mulher não sendo mãe era completamente desconsiderada. A viúva sem filhos não tinha nem direito aos bens deixados pelo marido. E família sem filhos, como a de Abraão, não tinha futuro. Para nos darmos conta do drama, basta nos lembrar das mulheres estéreis da Bíblia, como Sara (a esposa de Abraão) no Antigo Testamento e de Izabel (a esposa de Zacarias) no Novo Testamento. As duas viviam tristes por não poderem dar filhos aos seus maridos, por não garantirem o futuro de suas famílias. Deus interveio na vida dessas duas mulheres estéreis, garantindo–lhes a fertilidade.

Então, eram duas mulheres: a menina de 12 anos e a mulher que perdia sangue há 12 anos. Elas estão impedidas de gerar filhos, descendentes. Por elas, não vai passar o futuro. Será que essas duas mulheres poderiam estar representando o povo de Deus? Bom, o número 12 é o número do povo de Deus, o povo das 12 tribos. Jesus escolheu 12 apóstolos, em seu trabalho de restauração do povo eleito. E a mulher muitas vezes aparece como representante da comunidade. É só pensar na mulher vestida de sol, coroada de 12 estrelas, em dores de parto, na visão que teve o apóstolo João. Então, essas duas histórias entrelaçadas podem estar representando a condição em que se encontrava o povo de Deus, a comunidade de Israel. Uma comunidade estéril, sem frutos como a figueira sem figos; sem filhos, como a história das duas mulheres Sara e Isabel.

Aí é que entra Jesus. Ele, o redentor, veio exatamente para isso: para restaurar o povo de Deus como comunidade fértil, capaz de gerar filhos para Deus. Por sua paixão, morte e ressurreição, comunicou vida nova à sua comunidade, o povo dos 12 apóstolos. Na primeira pregação de Pedro, anunciando Jesus morto e ressuscitado, no Pentecostes, foram gerados filhos sem conta para Deus... mais de três mil convertidos e batizados. Um útero fértil, o do povo de Deus restaurado.

Guardando a mensagem

A menina morreu na idade em que o seu corpo começava a se preparar para a maternidade. A mulher estava perdendo sangue, perdendo vida, sem condições de gerar filhos. A menina e a mulher representam bem o povo de Israel em sua condição de esterilidade e incapacidade de gerar descendência e futuro. Foi por meio de Jesus, que as duas mulheres reencontraram a vida. Pelo ministério de Jesus, particularmente por sua morte e ressurreição, o povo de Deus foi restaurado, ganhando a capacidade de gerar filhos, assegurar descendência e futuro como família de Deus.

“Coragem, filha! A tua fé te salvou” (Mt 9, 22)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Na história da mulher do fluxo de sangue que tocou a barra de teu manto, tu lhe disseste “Coragem, minha filha, tua fé te salvou”. A fé é a primeira condição para acolhermos a vida nova que tu nos trazes. A fé é a condição para o batismo. Na fé, renascemos nas águas batismais, como novas criaturas. Dá-nos, Senhor, a graça de viver na fé, como filhos e filhas de Deus, renascidos pela água e pelo Espírito Santo. Sendo hoje o dia de Santa Maria Goretti, a menina de 12 anos que sofreu um assédio sexual e foi morta pelo agressor por reagir bravamente, nós te pedimos, Senhor, em favor de todas as vítimas de assédio e por todos os adolescentes, eles e elas, para que sejamos capazes de ajudá-los a viver santamente a sua sexualidade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Faça, hoje, um momento de oração: pelas mulheres casadas que não estão conseguindo engravidar, para que o Senhor as abençoe com a maternidade; pelas Congregações Religiosas, para que sejam férteis na geração de novos filhos e filhas consagrados ao Senhor; por toda a Igreja que é nossa mãe, para que ela continue gerando muitos filhos para Deus pela pregação do evangelho e pelo batismo.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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