
Sendo hoje o dia de Santa Maria Madalena, a Igreja nos apresenta essa
bela página do evangelho de São João. Madalena não é só uma personagem da
história de Jesus. Ela, com certeza, é uma representante da primeira comunidade
cristã. Nesse texto, ela pode estar representando a própria comunidade dos
seguidores de Jesus, nos seus inícios. Quem é Madalena? Uma discípula. Uma
pessoa resgatada por Jesus. Marcos e Lucas relatam que Jesus a libertou de sete
demônios. João não fala disso. Lucas relata que um grupo de mulheres andava com
Jesus, várias delas libertadas de enfermidades ou de espíritos maus. Afinal, o
que era a comunidade cristã, senão um grupo de pessoas resgatadas por Jesus da
doença, da opressão da Lei, da exclusão social, do pecado? É isso que é a
Igreja, o povo redimido, lavado do pecado no Batismo. Um povo de pecadores
restaurados na graça de Deus. Uma comunidade chamada Madalena.
A cena mostra sete passos da caminhada que a comunidade fez até
descobrir que Jesus havia ressuscitado e anunciá-lo abertamente. Madalena representa
a comunidade. Olha os passos... 1º. Ela vai ao túmulo, ainda escuro. 2º. Ela vê
que a pedra foi retirada do túmulo. 3º. Ela sai correndo para avisar que
tiraram o corpo de Jesus. 4º. Ela vê dois anjos vestidos de branco sentados no
lugar do corpo. 5º. Ela viu Jesus de pé, achando que ele era o jardineiro. 6º.
Ela reconheceu Jesus ao ouvi-lo chamar seu nome. 7º. Ela foi anunciar aos
discípulos: Eu vi o Senhor. Sete passos de Madalena, sete passos da comunidade
cristã na descoberta de Jesus ressuscitado.
Veja que, no começo, tudo está escuro. Foi ao
túmulo, quando ainda estava escuro, diz o texto. Esse é começo de nossa caminhada de fé, não é
verdade? Muita gente hoje só vê a morte de Jesus. Não é à toa que a sexta-feira
da paixão reúne mais gente que o sábado de aleluia. Nesse texto, a palavra ‘túmulo’
ocorre 5 vezes. ‘Choro’ também se repete 4 vezes. O começo é ainda a escuridão
da noite da dor, do sofrimento. A primeira descoberta é que o túmulo está
aberto. Um pouco mais adiante, percebe que o túmulo está vazio. Depois vem o
encontro com a tradição da fé que pode iluminar a compreensão da comunidade.
Qual é, no fundo, o drama? Pelo pecado, fomos expulsos do paraíso. Ficaram dois
anjos na porta do Éden para não deixar ninguém entrar. Mas, Jesus veio para reabrir
as portas do paraíso, da graça de Deus. Com ele, chegou o Reino de Deus. Os dois anjos
estão ali, perguntando se ainda há razões para chorar. Da escuridão para luz
... é o caminho de Madalena, é o caminho da comunidade. Bom, até aqui foram quatro
passos.
Prosseguindo um pouco mais, é o quinto passo, ela encontra Jesus. Ela o
encontra, mas pensa que é o jardineiro e quer saber onde ele colocou o morto. Está
perto de Jesus, mas não o encontrou de verdade. Olha que tem muita gente nesse
passo. Mas, olha o sexto passo: ela voltou-se ao ouvir o seu nome, pronunciado
por Jesus. É aqui que o laço se desata: em sentir-se conhecida e amada por
Jesus. Aí o coração finalmente encontra o Mestre. E é aí que o discípulo se
torna missionário. ‘Vai dizer aos meus irmãos que eu vou subir para o meu Pai e
vosso Pai’... disse Jesus, é a missão. E o sétimo passo é esse mesmo: anunciar
aos outros “Eu vi o Senhor!”
Vamos guardar a mensagem de
hoje
Madalena é uma discípula de Jesus. É uma mulher resgatada pelo amor de
Cristo, como nós que fomos restaurados como novas criaturas, no batismo. Podemos
pensar que, nesse texto, ela esteja representando a comunidade cristã, a de
ontem e as de hoje. Podemos ver no evangelho de hoje, sete passos ... o caminho
da comunidade que aos poucos vai assimilando a obra redentora de Jesus, realizada
por sua morte e ressurreição. Da escuridão inicial (a não compreensão, a falta
de fé), cada discípulo vai progredindo passo a passo, passando pela luz da
Palavra de Deus, até chegar a um encontro pessoal com o Senhor e se tornar seu missionário,
anunciador de sua vitória sobre o mundo.
Vamos acolher a Palavra com um
momento de prece
Senhor Jesus,
No evangelho de hoje, contemplamos, em Madalena, a caminhada que cada
um de nós vai fazendo para te encontrar e te anunciar aos irmãos. No começo,
ela viu que a pedra foi retirada do
túmulo. Foi uma primeira descoberta. Depois, ela viu que o túmulo estava vazio. Foi aí que ela viu os anjos de branco, a Palavra de Deus iluminando o caminho...
as portas do paraíso foram reabertas. Finalmente, tendo encontrado Jesus, ela
pode testemunhá-lo: Eu vi o Senhor! Ajuda-nos, Jesus, a não ficarmos marcando o passo, mas progredirmos no conhecimento da
verdade, para que ela nos ilumine e com ela possamos iluminar os outros. Tu és
o caminho, a verdade, a vida. Amém.
Pe. João Carlos Ribeiro – 21.07.2017
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