21 de outubro de
2018.
Jesus estava indo a Jerusalém, na sua grande viagem que
culminaria na paixão. Essa é a lógica de sua vida: dar-se a si mesmo pelos outros.
Ele nos resgata, pagando o preço de nossas vidas, como se fazia no resgate dos
escravos. E o preço foi alto: a sua própria vida. Essa é a lógica de Jesus:
servir, dando sua vida por nós. É assim que ele exerce o seu poder divino:
inclina-se sobre a humanidade pecadora para lavar-lhe os pés, como servo, como
escravo; purifica-nos, lavando-nos com o seu sangue derramado, tomando na cruz o
nosso lugar de pecadores. Não veio para ser servido, mas para servir. Servir e
dar a sua vida como resgate de muitos.
Ser cristão é assimilar essa lógica de Jesus. Ser discípulo
é entrar nesse caminho e caminhar com ele, experimentando o poder como serviço
aos outros. Jesus é o modelo. A vida cristã é um permanente compromisso de
seguimento de Jesus e, portanto, de renúncia a modelos que estejam na contramão
do evangelho. É permanente a tentação do poder como prestígio, como
autopromoção, como busca de benefícios para si e para seus pares. Nesse modelo,
ninguém dá a vida pelos outros. Serve-se dos outros para seu engrandecimento,
buscando privilégios, enriquecimento, prestígio social. E para conseguir e
manter essas benesses, humilha, oprime, discrimina, exclui os outros.
Nesse caminho para Jerusalém, Jesus se esforçava para
explicar aos discípulos que o seu confronto com os grandes da capital lhe
renderia a morte, mas não seria o fim. Dar a sua vida, em sintonia com a vontade
do Pai, seria o coroamento do seu caminho, confirmado na ressurreição. Jesus
falou disso várias vezes aos discípulos, no caminho. Mas eles tinham
dificuldade para entender, justamente porque ainda não tinham assimilado a
lógica do poder-serviço de Jesus. Foi assim que, dois dos discípulos,
aproveitando a distância dos outros, fizeram um pedido suspeito a Jesus.
Pediram não, eles quase exigiram. Queriam participar do poder de Jesus, quando este
triunfasse em sua causa. “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua
esquerda, quando estiveres na tua glória”. Queriam participar do poder de
Jesus, comandar ao lado dele nos postos mais altos e destacados do seu governo
ou sabe-se lá o que eles estavam pensando. Foi aí que Jesus lhes disse: “Vocês
não sabem o questão pedindo”. E tentou que eles entendessem de outra forma. Até
poderiam beber o cálice da perseguição e serem também batizados numa morte
dolorosa como a sua, mas os cargos requeridos... isso não dependia dele. Ele também
fazia a vontade do Pai.
O pedido interesseiro dos dois discípulos logo gerou um mal
estar no grupo dos apóstolos. Claro, os outros também queriam participar do
poder de Jesus. Sentiram-se passados pra trás. Jesus, então, juntou os doze e
lhes fez uma bela catequese sobre o exercício do poder. Eles não deviam imitar
o que viam no mundo que eles conheciam. Palavras de Jesus: “Vocês sabem que os
chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Entre vocês, não deve
ser assim”. E apresentou a sua vida como modelo: “eu não vim para ser servido,
mas para servir. Quem quiser ser grande, seja o servo de vocês. Quem quiser ser
o primeiro, seja o escravo de todos”.
Guardando a mensagem
Vivemos em contato com experiências de poder que são o
contrário do que Jesus fez e ensinou. Como disse Jesus: “Os chefes, os grandes
tiranizam, oprimem as nações”. Não é a lógica de Jesus de estar a serviço do
povo, como servos. É a lógica de servir-se do povo, como seus senhores. Não se
quer garantir e promover os direitos de todos, particularmente dos mais pobres
e vulneráveis. Busca-se o poder como modo de garantir os interesses das elites
sobre o povo. O Mestre continua nos instruindo: “Entre vocês, não seja assim”. Como ficou claro no caso dos dois discípulos, a
tentação é permanente também no seio da comunidade eclesial. E a busca de
privilégios e cargos sempre causa desunião e divisão dentro da Igreja. “Entre
vocês, não seja assim”, continua nos ensinando
o nosso Mestre e Senhor.
Vocês não sabem o que estão pedindo
(Lc 10, 38)
Rezando a palavra
Sendo hoje o dia mundial das missões, rezemos a oração
missionária:
Deus Pai, Filho e
Espírito Santo, nós vos louvamos e bendizemos pela vossa comunhão, princípio e
fonte da missão. Ajudai-nos, à luz do evangelho da paz, a testemunhar com esperança
um mundo de justiça e diálogo, de bondade e verdade, sem ódio e sem violência.
Ajudai-nos a ser todos irmãos e irmãs, seguindo Jesus Cristo rumo ao Reino
definitivo. Amém.
Vivendo a palavra
Começando essa última semana de debates sobre o próximo
governo do Brasil, em oração, invoque o Espírito Santo de Deus para que ajude
você no discernimento da melhor opção possível, no quadro que temos.
Despedida
Hoje é o nosso dia, o dia do Senhor e do povo redimido. Celebramos
isto na Santa Missa. A Missa dominical é o nosso primeiro compromisso.
Vou lhe enviar, separadamente, o vídeo de minha nova música.
Podendo, compartilhe com outras pessoas. Um domingo abençoado pra você e para os seus.
Pe. João Carlos
Ribeiro – 21.10.2018