O Senhor disse ao fariseu: “Vocês, fariseus, limpam o copo e o prato por fora, mas o interior de vocês está cheio de roubos e maldades (Lc 11, 39).
15 de outubro de 2019.
A Igreja hoje celebra uma de suas filhas mais ilustres, Santa Tereza de Jesus. Ela viveu na Espanha, no início do século XVI. No tempo dela, a situação da mulher era muito ruim. Não podiam estudar. Eram inteiramente dominadas pelos maridos. E havia sempre o risco de uma mulher inteligente e escritora cair na desconfiança da Inquisição. Tempos difíceis. Ela foi ser freira, pensando encontrar um espaço de maior liberdade. Liberdade mesmo ela encontrou quando conseguiu viver uma vida de grande amizade e comunhão com Jesus. Foi quando ela venceu o medo pelo amor: um profundo amor por aquele que a amou primeiro. A conversão ao amor de Deus, manifestado em Jesus crucificado, a curou de tudo e a tornou uma grande apóstola, escritora e fundadora. A misericórdia de Deus transformou sua vida. Começou a sonhar com uma comunidade de religiosas onde se vivesse o evangelho com autenticidade. E aos poucos, reformou a vida das freiras e organizou dezenas de novos conventos carmelitas segundo essa nova mentalidade: oração, trabalho, silêncio e fraternidade, fazendo de cada pequena ação um ato de amor para melhorar o mundo. O Papa Paulo VI, hoje santo, a proclamou doutora da Igreja. Foi a primeira mulher reconhecida nessa condição de mestra na Igreja. Santa Tereza de Jesus.
Essa história de Santa Tereza nos ajuda a compreender o evangelho de hoje. Não basta a aparência. Aliás, não é a aparência que conta. O que conta é o coração. Há muito cristão de fachada. A religião não é apenas um conjunto de regras e normas para serem cumpridas. Não se é verdadeiro cristão por obrigação, por conveniência ou por medo. Tudo isso pode gerar um cristão só do lado de fora. Dentro, pode não ser uma pessoa de Deus, como aparenta.
O que muda tudo isso é quando a pessoa faz experiência do amor de Deus, quando se deixa amar por ele. Tudo muda quando se ama. Só o amor pode nos libertar das amarras dos instintos, das prisões sociais, do simples cumprimento externo das normas. E o nosso grande amor, como o de Tereza, é Jesus Cristo. Nossa vida é uma caminhada para a completa união com Cristo. Tereza experimentou e ensinou que nossa liberdade e nossa realização estão nesta união com Cristo. Só assim um discípulo se torna um apóstolo ardoroso, como ela.
O evangelho de hoje conta assim: Um fariseu convidou Jesus para jantar em sua casa. E Jesus aceitou. Sentou-se à mesa, na casa dele e começou a fazer a refeição. O fariseu escandalizado porque Jesus não lavou as mãos antes da refeição. Por que o fariseu ficou assim tão escandalizado? Porque Jesus estava descumprindo uma norma religiosa. Sem cumprir essa formalidade externa, de lavar as mãos antes de comer, parecia que a pessoa ficasse suja, impura, sem mais a bênção de Deus. Eles viviam uma excessiva preocupação com o exterior.
Jesus pensava assim: O problema não é o que está fora. O problema é o que está dentro. Ali mesmo, no jantar, ele disse ao fariseu: ‘vocês fariseus limpam o copo e o prato por fora. O interior de vocês é que está sujo, podre, cheio de roubos e maldades’. Os fariseus eram cumpridores de centenas de normas e leis, mas descuidavam-se do principal da Lei de Deus: a justiça, a misericórdia, a piedade. Cuidavam da limpeza exterior, mas o interior é que estava sujo. Sem o amor, a religião vira um peso, uma formalidade cansativa.
Guardando a mensagem
Tereza não estava satisfeita em ser uma freira apenas cumpridora de suas obrigações. Isso não lhe trazia felicidade. Muita gente pode viver na religião por fuga, por medo, por conveniência. Assim, pratica uma religião de fachada. Por fora, está tudo certo. Mas, por dentro está tudo vazio. O que mudou a vida de Tereza, de Paulo, de Vicente, de Pedro, de Dulce foi experimentar o grande amor de Deus. Eles descobriram que Deus os amava demais, sem merecimento da parte deles. E eles deixaram-se amar. E responderam ao amor de Deus com um grande amor. Jesus passou a ser o amor de suas vidas. Passaram a viver em grande intimidade e comunhão com o Senhor Jesus. Mudou tudo na vida deles. Os fariseus eram muito religiosos, aparentemente. Viviam preocupados com a aparência, com as coisas externas, com a prática fiel das normas religiosas. Escandalizaram-se porque Jesus se descuidava das coisinhas miúdas da prática religiosa deles, como era o caso de lavar as mãos antes da refeição. Jesus ensinou que o importante é o que está dentro do coração. A limpeza tem que começar ali.
O Senhor disse ao fariseu: “Vocês, fariseus, limpam o copo e o prato por fora, mas o interior de vocês está cheio de roubos e maldades (Lc 11, 39).
Rezando a palavra
Rezemos com as palavras de Santa Tereza:
“Ó meu Senhor, como és o amigo verdadeiro; és poderoso, quando queres podes, e nunca deixas de querer quem te quer! Louvem-te todas as coisas, Senhor do mundo! (Vida 25, 17)
“Bendito sejas para sempre, porque,
mesmo quando te deixei,
tu não te afastaste de mim por inteiro,
Dando-me sempre a mão
Para que eu voltasse a me levantar;
Muitas vezes, Senhor, eu não a queria,
Nem procurava entender porque tantas vezes
Me chamavas de novo”. (Vida 6,9)
Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Bom, lavar as mãos não deixa de ser importante para a nossa saúde. Mas, é bom lembrar, hoje, ao lavar as mãos antes da refeição, que é mais importante e necessário purificar o próprio interior. Só um grande amor no coração pode sustentar uma vida de trabalho e doação.
Para ler o texto da Meditação de hoje acesse www.padrejoaocarlos.com.
Eu estou lhe enviando o link da nova música QUERO QUE VALORIZE, a terceira faixa do meu novo trabalho musical. Espero que goste.
A gente se encontra às dez da noite, no facebook.
Pe. João Carlos Ribeiro – 15 de outubro de 2019.