Quem acolher em meu nome uma destas
crianças é a mim que estará acolhendo (Mc 9, 37)
23 de setembro de
2018.
O evangelho deste domingo pode ser dividido em três partes.
Jesus ensinando aos discípulos, os discípulos discutindo sobre ser o maior,
Jesus apresentando a criança. As três partes estão unidas por um só tema. Jesus
está se revelando ao seu grupo e trabalhando suas dificuldades em compreendê-lo
e segui-lo. E onde nós entramos neste evangelho? Nós somos os discípulos de
hoje, precisando compreender como Jesus está realizando sua missão.
Jesus estava ensinando aos discípulos. E estava dando
prioridade a isso, atravessando a Galileia. Queria muito que eles entendessem
como ele estava realizando a sua missão e o que iria acontecer com ele. É
verdade que ele era o Messias, como Pedro tinha proclamado. Mas, não pensassem
nessa sua condição com os critérios de grandeza, sucesso e glória dos grandes
que eles conheciam ou de quem ouviam falar. Ele estava realizando a sua missão
como um humilde servidor. O profeta Isaías tinha falado sobre o servo sofredor,
um profeta de Deus carregado de sofrimento e humilhações. Esse era o seu
caminho. Seria rejeitado, condenado e chegaria a ser morto. Ressuscitaria ao
terceiro dia. Assim, realizaria a sua missão.
No caminho, os discípulos, em oposição a tudo que Jesus
estava ensinando, discutiram sobre cargos, sobre posições de prestígio no
grupo, em ser o maior. Eles continuavam na contramão do que Jesus estava
ensinando. Um pouco antes, Pedro já tinha merecido uma bronca de Jesus. Também
ele estava na contramão, desaconselhando Jesus a falar em perseguição e morte. Chegando em casa, Jesus sabendo das pretensões
equivocadas deles, chamou uma criança e
continuou o seu ensinamento, corrigindo essa visão dos discípulos.
Em casa, o ensinamento de Jesus continuou na mesmo linha do
que ensinara antes. “O primeiro é o servidor de todos”. Foi quando abraçou a criança e disse que quem
acolhesse a criança, o acolheria. Jesus estava se comparando com a criança. E
por que Jesus se comparou com a criança? A criança está representando o
pequenino, o sem poder. Na sociedade do tempo de Jesus, a criança não tinha a importância
e a prioridade que tem hoje em nossa civilização. Mesmo entre nós, até algumas
décadas atrás, criança não tinha vez nenhuma. Por exemplo, não podia falar
enquanto adultos estivessem conversando, não podia passar no meio de
adultos, não escolhia suas roupas, nem
sua comida... Criança era por último. No tempo de Jesus, a coisa era bem pior.
Afinal, comparar-se com a criança era comparar-se com a fraqueza, com o sem
poder e sem valor social.
Guardando a mensagem
Somos seguidores de Jesus, somos cristãos. Mas, pode ser que
a imagem que fazemos de Jesus não esteja exatamente a do evangelho. O texto de
hoje nos ajuda a melhorar nossa compreensão sobre Jesus, o Messias filho de Deus e sua missão.
Ele realizou a sua missão, fazendo um caminho bem diferente da grandeza, da
glória e do triunfo humano. O apóstolo Paulo disse que ele se esvaziou a si
mesmo (Fl 2), fazendo-se servo obediente até à cruz. O profeta Isaías falou
dele como o servo sofredor, carregado de humilhações. O próprio Jesus, que já
tinha explicado aos discípulos que seria rejeitado, perseguido e morto e
ressuscitaria, identificou-se com a criança. A criança, nessa passagem, é exemplo dos
pequeninos, dos sem poder, dos desprestigiados. O caminho de Jesus é o caminho da Igreja. O
caminho de Jesus é o caminho do cristão. Não estamos indo para o pódio. Nossa
glória passa pela cruz.
Quem acolher em meu nome uma destas
crianças é a mim que estará acolhendo (Mc 9, 37)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
A verdade é que a
nossa vida cristã, nosso relacionamento com Deus, nossos compromissos no mundo
estão marcados e influenciados pela visão que temos de ti, de teu messianismo. Normalmente,
esquecemos que abraçaste voluntariamente a paixão e a cruz e nos alcançaste a
salvação dando a tua vida em nosso favor. É que, no fundo, queremos escapar aos
conflitos, aos problemas, aos sofrimentos que são inerentes à nossa condição
humana e à nossa vida em sociedade. Assim,
fazemos como os teus primeiros discípulos, que estavam de olho nos cargos, no
poder e no sucesso que alcançariam ao teu lado. Hoje, nos recordas, Senhor, o
teu caminho, que é também o caminho de cada um de nós teus seguidores e de tua
Igreja. E, em resposta, queremos te
acolher na fraqueza do servo sofredor e na condição de pequenino, como as
crianças do teu tempo. Queremos seguir contigo, sempre. Seja bendito o teu
santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
O que de mais importante podemos fazer hoje, em resposta à
palavra? Participar da Santa Missa. Esta é a ação mais digna do seguidor de
Jesus, no dia do Senhor. A Santa Eucaristia é o memorial de sua morte e
ressurreição.
Pe. João Carlos
Ribeiro – 23.09.2018