PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: o mestre não paga o imposto do templo
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O ENSINAMENTO DO PEIXE

O mestre de vocês não paga o imposto do Templo? (Mt 17, 24)
13 de agosto de 2018.
Várias vezes, eu participei da Santa Missa, na cidade pernambucana de Carpina, no terceiro domingo do mês. Esse é o dia que os fieis daquela paróquia oferecem o seu dízimo. Na hora do ofertório, o povo forma uma longa fila e, um por um, traz o seu envelope, e com ele toca o altar e o deposita num grande cesto. O fato de tocar o altar com o envelope é facilmente compreensível: o que está dentro do envelope representa a participação daquele fiel na oferta que a Igreja faz a Deus. De fato, durante a apresentação das oferendas em cada Missa, o presidente da celebração bendiz o Senhor pelo “fruto da terra e do trabalho do homem”, no sinal do pão e do vinho. O que ali se apresenta e se santifica pela oração é, em parte obra de Deus (a terra, a chuva, etc.) e em parte obra do trabalho humano (o cultivo, a colheita, a fabricação, etc.).
Mas, realmente, o que me chamava a atenção naquela grande fila de pessoas, cantando e apresentando o seu dízimo, em Carpina, era a presença do pároco e do vigário paroquial na fila também. Pe. José Rolim e Pe. Brenno, que estavam à frente da Assembleia, iam também pra fila e cada um apresentava o envelope com o seu dízimo. No início, muita gente entranhou. Achavam, com razão, que os dois padres não precisavam ir pra fila como todo mundo, eles estavam dispensados do dízimo. Já eram ministros do altar, já davam do seu tempo e de sua vida a serviço da Igreja, não havendo mais necessidade de devolver o dízimo. Aliás, do dízimo do povo já saía a sua côngrua, o seu pro labore. Mas, os dois padres não faltavam na fila e nem se preocupavam de fornecer qualquer explicação.
Tudo isso ilustra o evangelho de hoje. Num dia em que Jesus e seu grupo estavam chegando a Cafarnaum, cobradores do imposto do Templo perguntaram a Pedro se Jesus pagava aquela taxa. Pedro, para facilitar as coisas, disse que sim. E quando entrou em casa, Jesus puxou logo o assunto. Perguntou se, num reino, a quem se cobra os impostos, aos filhos do rei ou aos estranhos? Pedro respondeu que, claro, aos estranhos. Os filhos estavam mais do que dispensados; o reino era do pai deles, ora essa. Ainda assim, para não ser motivo de escândalo, Jesus mandou Pedro providenciar o pagamento. Assim, lhe indicou que fosse pescar, que era a profissão de Pedro. No primeiro peixe fisgado, encontraria uma moeda – o estáter – que daria para pagar o imposto por si e pelo Mestre.
Guardando a mensagem
Três coisas, pelo menos, podemos aprender com essa página do evangelho de hoje. O primeiro ensinamento vem dos chatos que cobraram o imposto. O imposto de que se fala, nessa passagem, não é o dízimo. Nem o imposto de César. No dízimo, apresentava-se como oferta a Deus os primeiros frutos da agricultura e os primeiros animais de corte do rebanho. O dízimo tem a ver, então, com ganhos, salários, rendimentos. Também, claro, não se trata do imposto ao império romano, devido pela condição de povo dominado. Este era pago com muita má vontade e, no meio, de muitos conflitos. Além da prática do dízimo, havia, no povo de Deus do tempo de Jesus, um imposto anual para sustentação do Templo (levitas, cantores, sacerdotes, lenha, funcionamento do Templo e do seu culto). O imposto do Templo era anual, pago pelos homens, e equivalia a dois dias de trabalho, pagos com uma moeda grega chamada dracma.Somos responsáveis pela manutenção da Casa de Deus.

O segundo ensinamento vem do exemplo de Jesus. Ele não estava obrigado, como filho de Deus. Aliás, muita gente, pela sua ligação com o Templo, estava dispensada: sacerdotes, levitas, rabinos. Mas, Jesus fez questão de participar, de dar bom exemplo, de mostrar-se também comprometido. Nessa responsabilidade com a Casa de Deus, ninguém deve se omitir. As lideranças podem ajudar muito, como Jesus, como o Pe. Rolim e o Pe. Brenno, dando bom exemplo.
O terceiro ensinamento vem do peixe. É verdade que Pedro foi pescar. Mas, o que se conseguiu para a oferta do imposto não foi só trabalho de Pedro, mas foi, particularmente, providência divina. Ele encontrou a moeda na boca do peixe, conforme a palavra de Jesus. Isso dá pra gente entender, facilmente. Aquilo com que colaboramos na Casa de Deus não vai nos fazer falta. E mais: quando não temos, aparece um jeito, coisa mesmo da providência de Deus. Muita gente já experimentou isso.
O mestre de vocês não paga o imposto do Templo? (Mt 17, 24)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Muito temos que andar em matéria de corresponsabilidade na manutenção da Igreja e de sua missão evangelizadora. O nosso dízimo nem devia ter esse nome, pois não passa de uma simples oferta que não tem relação com os nossos ganhos reais. E as nossas ofertas, ao menos as que oferecemos nas celebrações, são trocados dignos de um esmoler. Damos esmolas, não sustentamos a Casa de Deus. Senhor, converte o nosso coração. Que o teu exemplo nos ajude a partilhar com amor e confiança para o sustento da tua Casa e para a realização de suas responsabilidades para com os mais pobres, com a formação dos nossos ministros, com a evangelização do mundo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
É hora de você rever a sua participação de filho na Casa de Deus. Hoje, tome uma boa decisão nesse assunto.

Pe. João Carlos Ribeiro – 13.08.2018

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