Tu não estás longe do Reino de
Deus (Mc 12, 34)
09 de março de 2018.
Nem todas as
perguntas feitas a Jesus vinham de gente maldosa e mal intencionada. Dessa vez,
parece que o mestre da Lei estava querendo, de verdade, uma opinião de Jesus. O
que ele queria saber era o seguinte: Qual era o primeiro de todos os
mandamentos? Os mestres da Lei tinham uma lista de centenas de mandamentos, era
coisa que não se acabava mais. Era comum, naquele período, os círculos de
discussão sobre a Lei, ao redor de algum ilustre mestre. Basta você lembrar que
Jesus, quando tinha doze anos, acabou ficando no Templo, e não seguiu com a
família na volta da peregrinação da Páscoa. Claro, ficou entretido nas rodas de
discussão com os mestres da Lei. Ele mesmo fazia perguntas.
Bom, a
pergunta do escriba era sobre o primeiro dos mandamentos. Vamos ver o que Jesus
respondeu. Jesus, como bom judeu, recitou um texto do livro do Deuteronômio. ‘O
primeiro mandamento é este: “Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único
Senhor. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de
todo o teu entendimento e com toda a tua força”. É a oração do Shemá que todo
judeu recitava diariamente. E Jesus acrescentou: ‘O segundo mandamento é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo!’ Também este mandamento estava na
Escritura. ‘Não existe outro mandamento maior do que estes’, disse Jesus.
O que será
que o mestre da Lei achou da resposta de Jesus? Antes de considerar esse ponto,
vamos pensar mais no que Jesus falou. A pergunta, qual era? Qual o primeiro dos
mandamentos, o mais importante. E Jesus respondeu com dois mandamentos. O
primeiro e o segundo, notou? Amar a Deus e amar o próximo. Aproximou os
dois, juntou os dois. Uma coisa não pode ser desligada da outra. Como escreveu
São João na sua primeira carta: “Quem diz que ama a Deus que não vê e não ama o
seu irmão que vê, é um mentiroso”. Podemos dizer que o fundamento disso é
que Deus nos ama, infinitamente. É o que explica o seu relacionamento com
Israel. Deus ama o seu povo, o protege, o livra dos inimigos, o guia. Ele fez
uma aliança com o seu povo, uma aliança de amor.
Agora, vamos
ver a reação do mestre da lei que fez a pergunta. Ele ficou satisfeito com a
resposta de Jesus. “Muito bem, Mestre! Na verdade, é como
disseste: Ele é o único Deus e não existe outro além dele. Amá-lo
de todo o coração, de toda a mente, e com toda a força, e amar o próximo
como a si mesmo é melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios”.
Ele estava de acordo com a resposta de Jesus. E tirou logo uma conclusão:
Quem ama assim a Deus e ao próximo faz uma coisa maior do que o culto feito com
os sacrifícios no Templo.
Jesus ficou
admirado com o mestre da Lei. “Tu não estás longe do Reino de Deus”. Reconheceu
que ele estava no caminho do Reino, do evangelho que ele estava anunciando. De
fato, a pregação de Jesus era sobre o amor de Deus pelos seus filhos. O
verdadeiro culto a Deus tem a ver também com o amor aos irmãos. Lucas contou
que Jesus uma vez deu uma explicação sobre quem é o próximo e como amá-lo, a
parábola do bom samaritano. Naquela historia, os homens que oficiavam o culto
do Templo, oferecendo os sacrifícios e holocaustos de animais passaram ao
largo quando viram o homem necessitado caído na estrada. O samaritano, alguém
que não frequentava o Templo, realizou o maior culto a Deus, amando o seu
próximo, acudindo o homem necessitado caído na estrada.
Vamos
guardar a mensagem
O mestre da
Lei queria saber qual era o maior mandamento. Amar a Deus e amar o próximo. Um
leva ao outro. Deus nos ama. Nós, em resposta, o amamos e amamos o nosso
semelhante. O mestre da Lei pensava igual a Jesus. Os dois mandamentos se
completam, são interfaces da mesma realidade. O culto no Templo e o
serviço na rua. A oração e a caridade.
Tu não estás longe do Reino de
Deus (Mc 12, 34)
Vamos
acolher a mensagem
Senhor Jesus,
Hoje vamos recitar contigo, o Shemá, a
oração diária do teu povo: “Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único
Senhor. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de
todo o teu entendimento e com toda a tua força”.
Amém.
Vamos viver a Palavra
No seu
diário espiritual (ou no seu caderno de anotações) responda a esta pergunta: O
que, na minha vida, mostra que eu estou amando a Deus de todo o coração e
amando o meu próximo como a mim mesmo?
Pe. João Carlos Ribeiro – 08.03.2018