04 de abril de 2022
Quinta Semana da Quaresma
34º dia da caminhada quaresmal
EVANGELHO
Jo 8, 12-20
Naquele tempo, 12 disse Jesus: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida." 13 Então os fariseus disseram: "O teu testemunho não vale, porque estás dando testemunho de ti mesmo." 14 Jesus respondeu: "Ainda que eu dê testemunho de mim mesmo, o meu testemunho é válido, porque sei de onde venho e para onde vou. Mas vós não sabeis donde venho, nem para onde vou. 15 Vós julgais segundo a carne, eu não julgo ninguém, 16 e se eu julgo, o meu julgamento é verdadeiro, porque não estou só, mas comigo está o Pai que me enviou. 17 Na vossa Lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro. 18Ora, eu dou testemunho de mim mesmo, e também o Pai, que me enviou, dá testemunho de mim."
19 Perguntaram então: "Onde está o teu Pai?" Jesus respondeu: "Vós não conheceis nem a mim, nem a meu Pai. Se me conhecêsseis, conheceríeis também meu Pai."
20Jesus disse estas coisas, enquanto estava ensinando no Templo, perto da sala do tesouro. E ninguém o prendeu, porque a hora dele ainda não havia chegado.
MEDITAÇÃO
Eu dou testemunho de mim mesmo e também o Pai, que me enviou, dá testemunho de mim (Jo 8, 18).
Nós temos acompanhado, nesses dias, o evangelho de São João, nos mostrando a forte oposição que Jesus estava sofrendo. Ontem, armaram para Jesus, naquela cena da mulher adúltera. Eles só queriam uma prova para incriminar Jesus como descumpridor da Lei de Moisés. A verdade era outra. Eles é que tinham rompido a aliança com Deus. Eles, sim, estavam vivendo em condição de adultério, sendo infiéis à aliança. Jesus veio para restaurar a aliança e o fez no sacrifício da cruz, nos reconciliando com Deus.
É muito ruim a pessoa ser rejeitada, não ser reconhecida, não ser acreditada. Foi o que aconteceu com Jesus. Os fariseus, representando um grande grupo de pessoas religiosas do seu tempo, não acreditaram em Jesus. Não acolheram o testemunho sobre ele dado por João Batista, pelo Pai, pelas obras que Jesus fazia, pelas Escrituras. Esses quatro testemunhos afirmavam ser ele o enviado de Deus, o Messias prometido, o próprio filho de Deus.
No evangelho de hoje, Jesus se apresenta: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”. Essa palavra “eu sou” é uma apresentação de sua divindade. Os fariseus enfrentaram Jesus dizendo que o testemunho dele não valia. Jesus recorreu ao próprio costume jurídico do seu povo, que dava crédito ao testemunho de duas pessoas. Jesus apresentou o seu próprio testemunho e o testemunho do Pai. Dois testemunhos verdadeiros. Mas, claro, eles não conheciam quem era realmente Jesus e nem conheciam, de verdade, o Pai, o seu Deus. E não o conheciam, porque negavam-se a crer e a acolher o enviado de Deus.
Ilustrando este evangelho, lê-se hoje a história de Suzana, no livro do profeta Daniel. Suzana era uma linda moça, admirada por toda a cidade por sua bondade, por sua caridade e por sua beleza. Ela foi vítima de dois velhotes que a queriam seduzir e não o conseguiram. Os dois se vingaram de Suzana, inventando uma história de adultério. Alarmaram a cidade, dizendo que presenciaram Suzana tendo um caso com um rapaz, no jardim da casa dela. No julgamento, os dois testemunharam terem visto a cena libidinosa, com todos os pormenores. Com dois testemunhos unânimes, como era o costume da lei de Israel, a verdade estava confirmada. Foi condenada. Quando a levavam para ser executada, apareceu um adolescente que pôs em dúvida o julgamento. Era Daniel. Houve, então, um novo julgamento. Como tudo era inventado por eles, Daniel interrogou cada um separadamente. Os dois velhotes foram desmascarados na sua mentira. A linda e admirada Suzana foi libertada e os dois, castigados.
Guardando a mensagem
Em nosso caminho quaresmal, estamos indo para a Páscoa. Acompanhando os passos de Jesus, vemos uma crescente oposição que vai tomando corpo ao seu redor. Ontem, vimos o episódio da mulher adúltera que trouxeram para apedrejar e queriam a opinião de Jesus. Hoje, eles estão negando os testemunhos que Jesus está apresentando em seu favor: o dele mesmo e o do Pai. O coração deles estava trancado à verdade e não aceitaram os testemunhos. Vem em paralelo, na liturgia de hoje, a história da casta Suzana, que está no livro do Profeta Daniel. Ela também foi acusada e perseguida. Daniel desmascarou os dois velhotes mentirosos e libertou Suzana. Jesus foi vítima da mentira, da difamação, do falso testemunho. Essas são armas que os malvados e mal-intencionados continuam usando contra pessoas que sejam do seu interesse desqualificar e destruir. Vivemos num mundo de muita maldade e de muitos interesses em conflito. É bom a gente ficar alerta.
Eu dou testemunho de mim mesmo e também o Pai, que me enviou, dá testemunho de mim (Jo 8, 18).
Rezando a palavra
Vamos rezar com as palavras da oração de Suzana, em nome de todos os caluniados e perseguidos:
“Ó Deus eterno, que conheces as coisas escondidas e sabes tudo de antemão, antes que aconteça! Tu sabes que é falso o testemunho que levantaram contra mim! Estou condenada a morrer, quando nada fiz do que estes maldosamente inventaram a meu respeito!”.
Vivendo a palavra
Vai ser muito bom você conseguir um tempinho para ler, hoje, a bela história de Suzana. É o capítulo 13 do Profeta Daniel, no Antigo Testamento.
Comunicando
Como sei que o seu tempo, hoje, é pouco, estou deixando o texto bíblico da história de Suzana no final da Meditação de hoje. Não deixe de ler. É só clicar no link que estou lhe enviando pelo WhatsaApp. Considere isso mais um passo no seu caminho quaresmal.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb
A HISTÓRIA DA CASTA SUZANA
Profecia de Daniel
Daniel 13,1-9.15-17.19-30.33-62 ou 41-62.
Naqueles dias, 1na Babilônia vivia um homem chamado Joaquim. 2Estava casado com uma mulher chamada Susana, filha de Helcias, que era muito bonita e temente a Deus.
3Também os pais dela eram pessoas justas e tinham educado a filha de acordo com a lei de Moisés. 4Joaquim era muito rico e possuía um pomar junto à sua casa. Muitos judeus costumavam visitá-lo, pois era o mais respeitado de todos.
5Ora, naquele ano, tinham sido nomeados juízes dois anciãos do povo, a respeito dos quais o Senhor havia dito: “Da Babilônia brotou a maldade de anciãos-juízes, que passavam por condutores do povo”. 6Eles frequentavam a casa de Joaquim, e todos os que tinham alguma questão se dirigiam a eles.
7Ora, pelo meio-dia, quando o povo se dispersava, Susana costumava entrar e passear no pomar de seu marido. 8Os dois anciãos viam-na todos os dias entrar e passear e acabaram por se apaixonar por ela. 9Ficaram desnorteados, a ponto de desviarem os olhos para não olharem para o céu, e se esqueceram dos seus justos julgamentos.
15Assim, enquanto os dois estavam à espera de uma ocasião favorável, certo dia, Susana entrou no pomar como de costume, acompanhada apenas por duas empregadas. E sentiu vontade de tomar banho, por causa do calor. 16Não havia ali ninguém, exceto os dois velhos, que estavam escondidos e a espreitavam. 17Então ela disse às empregadas: “Por favor, ide buscar-me óleo e perfumes e trancai as portas do pomar, para que eu possa tomar banho”.
19Apenas as empregadas tinham saído, os dois velhos levantaram-se e correram para Susana, dizendo: 20“Olha, as portas do pomar estão trancadas e ninguém nos está vendo. Estamos apaixonados por ti: concorda conosco e entrega-te a nós! 21Caso contrário, deporemos contra ti que um moço esteve aqui e que foi por isso que mandaste embora as empregadas”.
22Gemeu Susana, dizendo: “Estou cercada de todos os lados! Se eu fizer isso, espera-me a morte; e, se não o fizer, também não escaparei das vossas mãos; 23mas é melhor para mim, não o fazendo, cair nas vossas mãos do que pecar diante do Senhor!” 24Então, ela pôs-se a gritar em alta voz, mas também os dois velhos gritaram contra ela. 25Um deles correu para as portas do pomar e as abriu. 26As pessoas da casa ouviram a gritaria no pomar e precipitaram-se pela porta do fundo, para ver o que estava acontecendo. 27Quando os velhos apresentaram sua versão dos fatos, os empregados ficaram muito constrangidos, porque jamais se dissera coisa semelhante a respeito de Susana.
28No dia seguinte, o povo veio reunir-se em casa de Joaquim, seu marido. Os dois anciãos vieram também, com a intenção criminosa de conseguir sua condenação à morte. Por isso, assim falaram ao povo reunido: 29“Mandai chamar Susana, filha de Helcias, mulher de Joaquim!” E foram chamá-la. 30Ela compareceu em companhia dos pais, dos filhos e de todos os seus parentes. 33Os que estavam com ela e todos os que a viam, choravam. 34Os dois velhos levantaram-se no meio do povo e puseram as mãos sobre a cabeça de Susana.
35Ela, entre lágrimas, olhou para o céu, pois seu coração tinha confiança no Senhor. 36Entretanto, os dois anciãos deram este depoimento: “Enquanto estávamos passeando a sós no pomar, esta mulher entrou com duas empregadas. Depois, fechou as portas do pomar e mandou as servas embora. 37Então, veio ter com ela um moço, que estava escondido, e com ela se deitou. 38Nós, que estávamos num canto do pomar, vimos essa infâmia. Corremos para eles e os surpreendemos juntos. 39Quanto ao jovem, não conseguimos agarrá-lo, porque era mais forte do que nós e, abrindo as portas, fugiu. 40A ela, porém, agarramos e perguntamos quem era aquele moço. Ela, porém, não quis dizer. Disso nós somos testemunhas”.
41A assembleia acreditou neles, pois eram anciãos do povo e juízes. E condenaram Susana à morte. 42Susana, porém, chorando, disse em voz alta: “Ó Deus eterno, que conheces as coisas escondidas e sabes tudo de antemão, antes que aconteça! 43Tu sabes que é falso o testemunho que levantaram contra mim! Estou condenada a morrer, quando nada fiz do que estes maldosamente inventaram a meu respeito!” 44O Senhor escutou sua voz.
45Enquanto a levavam para a execução, Deus excitou o santo espírito de um adolescente de nome Daniel. 46E ele clamou em alta voz: “Sou inocente do sangue dessa mulher!” 47Todo o povo, então, voltou-se para ele e perguntou: “Que palavra é essa que acabas de dizer?” 48De pé, no meio deles, Daniel respondeu: “Sois tão insensatos, filhos de Israel? Sem julgamento e sem conhecimento da causa verdadeira, vós condenais uma filha de Israel? 49Voltai a repetir o julgamento, pois é falso o testemunho que levantaram contra ela!”
50Todo o povo voltou apressadamente, e outros anciãos disseram ao jovem: “Senta-te no meio de nós e dá-nos o teu parecer, pois Deus te deu a honra da velhice”. 51Falou então Daniel: “Mantende os dois separados, longe um do outro, e eu os julgarei”.
52Tendo sido separados, Daniel chamou um deles e lhe disse: “Velho encarquilhado no mal! Agora aparecem os pecados que estavas habituado a praticar. 53Fazias julgamentos injustos, condenando inocentes e absolvendo culpados, quando o Senhor ordena: ‘Tu não farás morrer o inocente e o justo!’ 54Pois bem, se é que viste, dize-me à sombra de que árvore os viste abraçados?” Ele respondeu: “À sombra de uma aroeira”. 55Daniel replicou: “Mentiste com perfeição contra a tua própria cabeça. Por isso o anjo de Deus, tendo recebido já a sentença divina, vai rachar-te pelo meio!”
56Mandando sair este, ordenou que trouxessem o outro: “Raça de Canaã e não de Judá, a beleza fascinou-te e a paixão perverteu o teu coração. 57Era assim que procedíeis com as filhas de Israel, e elas, por medo, sujeitavam-se a vós. Mas uma filha de Judá não se submeteu a essa iniquidade. 58Agora, pois, dize-me debaixo de que árvore os surpreendeste juntos?” Ele respondeu: “Debaixo de uma azinheira”. 59Daniel retrucou: “Também tu mentiste com perfeição contra a tua própria cabeça. Por isso o anjo de Deus já está à espera, com a espada na mão, para cortar-te ao meio e para te exterminar!”
60Toda a assistência pôs-se a gritar com força, bendizendo a Deus, que salva os que nele esperam. 61E voltaram-se contra os dois velhos, pois Daniel os tinha convencido, por suas próprias palavras, de que eram falsas testemunhas. E, agindo segundo a lei de Moisés, fizeram com eles aquilo que haviam tramado perversamente contra o próximo. 62E assim os mataram, enquanto, naquele dia, era salva uma vida inocente.