Jesus lhe disse: ‘Estende a mão’. Ele a
estendeu e a mão ficou curada (Mc 3, 5)
03
de junho de 2018.
Olhe bem pra suas mãos. Olhou?
Agora, me responda: O que as mãos representam? Mais uma chance. Olhe bem pra
suas mãos... Olhou? E se suas mãos fossem defeituosas, haveria algum problema?
Veja se você concorda comigo: As mãos representam a nossa capacidade de
trabalhar, de ganhar o pão de cada dia. Claro, elas representam mais do que
isso. Mas, com as mãos defeituosas vai ficar muito difícil você construir uma
casa, fazer uma limpeza, digitar um texto, dirigir um carro, fazer o almoço...
está vendo? As mãos têm a ver com o trabalho.
Se isso é verdade hoje, mais
ainda no tempo do povo da Bíblia. O povo trabalhava no campo, na lavoura ou nas
criações de gado ou ovelhas, na pesca, no artesanato... Com um defeito nas
mãos, a pessoa estava impossibilitada de ganhar o pão de cada dia.
Bom, até aqui estamos de
acordo. Então, vou lhe fazer outra pergunta: você já percebeu que a lei do
sábado, no tempo de Jesus, tinha a ver com o trabalho? Na Bíblia, duas
tradições sublinham o valor do sábado, no Antigo Testamento. No Livro do Êxodo,
o sábado tem a ver com o descanso de Deus, e portanto, com a dignidade do
trabalhador. No Livro do Deuteronômio, o sábado tem a ver com a saída da
escravidão do Egito. Guardar o sábado é manter viva a memória da liberdade
conquistada contra o regime do Faraó. A dignidade do trabalhador que é dono do
sua capacidade de produção e para para descansar e celebrar os frutos do seu
trabalho; e a liberdade de um povo que nunca mais quer cair na escravidão e é
dono de sua terra e de sua história. Esse é o sentido do sábado, no antigo
testamento. Claro, que isso tem um sentido religioso. Só um povo senhor do seu
trabalho e de sua história pode render glórias a Deus com a sua vida. Então, o
sábado tem a ver com o trabalho.
E já que estamos nos
entendendo, vamos ver o texto de hoje. Jesus está na sinagoga de Cafarnaum. É
um dia de sábado, claro, dia do culto. E lá ele encontra um homem com a mão
seca. Muita gente está de olho nele pra ver se ele vai curar no sábado. Curar é
uma forma de trabalho. Para eles, isso não podia. Jesus fez uma pergunta
incômoda. Ninguém respondeu. Ele perguntou se sábado era para fazer o bem ou
fazer o mal? Ele sentiu a dureza do coração deles e ficou triste e aborrecido.
E curou o homem da mão seca. Até aqui, tudo tranquilo. Agora, vamos prestar bem
atenção no que ele disse àquele pobre homem.
Ele disse ao homem três coisas:
‘Levanta-te’ – ‘Fica aqui no meio’ – e ‘Estende a mão’. Essas palavrinhas
fizeram toda a diferença. LEVANTA-TE! Você sabe, quando alguém se levanta
assume uma posição, é um sinal de tomada de decisão. Ele estava sentado.
Sentado é um sinal de passividade, de acomodação. Levantar-se é um sinal de
desinstalação. De pé é a condição de Jesus ressuscitado. FICA AQUI NO MEIO! Pra
que isso? Jesus podia tê-lo curado, sem tirá-lo do canto dele. Mas não,
chamou-o para o meio. No centro da preocupação daquelas pessoas estava o
sábado, a lei. Mas, no centro devia estar o homem necessitado. Que bela lição.
ESTENDE A MÃO! Ele estendeu a mão e ela ficou curada. Se for a pessoa humana em
sua necessidade a estar no centro de nossa preocupação, na religião
(representada aqui pelo sábado na sinagoga) atua a força de Deus para devolver
a dignidade da pessoa humana. O homem
foi restabelecido na sua capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia
com as suas mãos.
Vamos
guardar a mensagem
A ação de Jesus nos ajuda a
perceber que é necessário deslocar a preocupação com a instituição ou com a lei
para a pessoa humana. A pessoa humana é que deve ser o centro das atenções na
religião, na economia, na política, em tudo. Na religião cristã, experimentamos
a força de Deus que levanta os oprimidos e sofredores, fazendo-os sujeitos de
sua história (Levanta-te!), reconhecendo a prioridade de sua situação (Vem para
o meio!) e revelando a sua dignidade de filho de Deus (Estende a mão!). Uma fé
comprometida com as pessoas, com os humildes, com os que têm alguma deficiência,
com os doentes... Assim, o nosso culto fica verdadeiro. E nosso Deus, mais
satisfeito conosco.
Jesus lhe disse: ‘Estende a mão’. Ele a
estendeu e a mão ficou curada (Mc 3, 5)
Vamos
acolher a mensagem
Senhor
Jesus,
Não
podemos entender como, depois de tudo o que fizeste, no final do culto na
sinagoga, vários saíram se combinando para te eliminar. Essas pessoas colocavam
a Lei no centro de sua vida social e religiosa e não aceitaram o teu
ensinamento sobre colocar a pessoa humana no centro. Às vezes, em nossas
família, nos esquecemos das pessoas e ficamos mais preocupados com a segurança
dos bens que temos. E na escola, alguém se preocupa mais com o conteúdo a ser
dado do que com os estudantes que estão aprendendo. E até na Igreja, corremos o
risco de colocar no centro os ritos que executamos, nos esquecendo do povo que
celebra. Obrigado, Senhor, por tuas lições. “O sábado foi feito para o homem,
não o homem para o sábado”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos
viver a palavra
Hoje, ao lavar as mãos, olhe
bem para elas e tente lembrar a história do homem da mão seca. Aproveite e reze
pelos desempregados; e para que eles estejam no centro de nossas preocupações
na Igreja e na sociedade.
Pe.
João Carlos Ribeiro – 03.05.2018
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