O povo
que vivia nas trevas viu uma grande luz, e para os que viviam na região escura
da morte uma luz brilhou” (Mt 4, 16)
E chegamos ao terceiro domingo do tempo comum. Neste ano, estamos lendo
o evangelho de São Mateus (ano A).
Celebramos, há pouco, o batismo de Jesus (na última segunda-feira) e hoje comtemplamos os
primeiros passos do seu ministério público. No evangelho de hoje, talvez
tenhamos uma leitura geral do significado de sua missão. Com Jesus, está
começando um novo tempo para o povo de Deus e para as nações do mundo. Poderíamos
chamar esse domingo de Domingo da Galileia ou Domingo da Luz que chegou para a
Galileia. Vamos entender isso...
No tempo de Jesus, chamar alguém de “galileu” era uma
ofensa. O povo do sul discriminava o povo da Galileia. Aliás, a discriminação já
começava em casa. Natanael perguntou: “De
Nazaré, pode vir alguma coisa boa?“. Por que será que a Galileia era tão mal
vista?
Galileia é uma região da terra de Jesus. A terra de Jesus é
a Palestina. A Galileia ficava bem ao norte do país. Só pra gente entender
melhor, grosso modo, o norte era formado pela Galileia e Samaria, e o sul pela
terra de Judá, onde está Jerusalém. Houve
um tempo em que tudo foi um reino só, o tempo de Davi e Salomão. Mas, depois formaram-se
dois reinos: o do norte (Samaria e Galileia) e o do sul (Judá). No século VII
a.C, o reino do norte foi invadido pelos assírios, que exilaram muita gente
daquela região e colonizaram a terra com estrangeiros. Assim, ficou uma região
meio misturada nos costumes, na religião, na cultura. Por isso, era chamada de
Galileia das Nações, isto é, Distrito dos Pagãos. Até o modo de falar era um
pouco diferente. O povo do sul identificava
o norte facilmente pelo sotaque. Quando Jesus
estava preso na Casa do Sumo-Sacerdote, um dos criados da casa identificou
Pedro pelo sotaque: “Você fala igual a ele. Você é um galileu também. Você é do
grupo dele”.
O profeta Isaías (primeira leitura de hoje), no passado,
tinha apresentado uma promessa de Deus: “um dia essa região sofrida, a
Galileia, que vive mergulhada na escuridão, vai conhecer uma grande luz”. Lendo
o texto: “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz, e para os que viviam
na região escura da morte a luz resplandeceu”. As comunidades, no tempo do
evangelista Mateus, procurando entender a vida de Jesus e a sua missão,
perceberam logo a realização dessa promessa de Deus.
Jesus, que era um galileu do povoado de Nazaré, tinha andado
pelo sul e entrado em contato com o movimento do Batista. Quando soube da
prisão do profeta, voltou para a Galileia . Ao invés de manter-se no anonimato
ou voltar pra Nazaré, foi morar em Cafarnaum e aí iniciou sua missão. Começou a
pregar. Convocava o povo à conversão, a voltar-se para o Reino de Deus que
estava chegando.
Boa parte da missão pública de Jesus se concentrou nesta região
castigada e sofrida da Galileia, terra de judeus tidos como de segunda
categoria, de gente discriminada, terra onde se cruzavam muitas nacionalidades
e cultos. Há que se dizer também que a Galileia do tempo de Jesus foi a parte
do país onde aconteceram mais levantes e revoltas contra a dominação do império
romano. A marca daquele povo era sofrimento
e resistência. É nessa região que Jesus
concentra grande parte de sua ação e de sua pregação. Circula por suas cidades
e vilas. Prega em suas sinagogas. (Lendo
o finalzinho do texto de hoje:) “Jesus
andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o evangelho
do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo”.
Então, Jesus concentrou o primeiro período de sua missão na
Galileia, uma região sofrida e desprezada. Lá, as pessoas começaram a
experimentar que a sua sorte estava mudando. Com Jesus, o Messias, estava começando
um novo tempo. A sua pregação anunciava o Reino e convocava o povo à conversão,
isto é, à adesão ao reinado de Deus. As curas das doenças e enfermidades concretizavam
a sua pregação. Por meio de Jesus, Deus está restaurando o seu povo, libertando
os seus filhos, expandindo o seu Reino.
E como é que vamos viver esse evangelho (nesse domingo,
nessa semana que está começando?) Vou lhe oferecer duas dicas. Primeira: acolha Jesus que é essa luz
vencendo a escuridão. “O Senhor é minha
luz e salvação”. É o que rezamos com o
salmo 27 (o salmo de hoje). Ele é a luz
que brilha na terra do sofrimento e da resistência. E a segunda dica pra você
viver esse evangelho: ouça e atenda o seu chamado “segue-me”. Siga Jesus, como
os primeiros discípulos, com generosidade e prontidão.
Acolha a sua luz e seja seu discípulo, sua discípula!
O povo
que vivia nas trevas viu uma grande luz, e para os que viviam na região escura
da morte uma luz brilhou” (Mt 4, 16)
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