“Qual dos dois fez a vontade do pai?”, foi a
pergunta de Jesus, contando a história dos dois filhos. O pedido foi o mesmo:
“Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha”. O primeiro disse que não ia, mas
foi. O segundo, disse que ia, mas não foi.
Quem eram esses dois filhos? Na cena
bíblica (Mateus 21), está tudo bem claro. Quem disse que não ia, mas acabou
indo está representando os cobradores de impostos e as prostitutas. Quem disse
que ia, mas não foi está representando os sacerdotes e os anciãos do povo.
E quem eram os
cobradores dose impostos romanos e as prostitutas? A escória de Israel, as
pessoas mais desprezadas por sua condição pública de pecadores. Muitos desses
se converteram à pregação do Reino. E quem eram os sacerdotes e os anciãos do
povo? Os anciãos eram chefes das famílias abastadas da capital, gente rica e
importante. Os grandes sacerdotes do Templo eram os saduceus, grupo que detinha
o poder religioso e civil, pois presidia o Sinédrio, a maior instância de
autoridade do seu povo. Essa gente ligada aos círculos de poder não acolheu o
Reino, ao contrário, perseguiu Jesus e sua comunidade.
O importante é fazer a
vontade do Pai, não apenas dizer que vai fazer, prometer, mas realizar,
fazer... Olha a pergunta de Jesus: “Qual dos dois fez a vontade do pai?”. Não
basta ser uma pessoa religiosa ou até ter um cargo na comunidade. É preciso
realizar a vontade de Deus. Vivemos em um cultura em que a aparência é um
grande valor, onde o mais importante é aparecer bem na foto. É mostrar-se forte,
bonito, saudável, de boa aparência. No Reino de Deus, não conta o status ou a
aparência, vale a prática, a realização da palavra de Deus.
“O mundo presta culto
à aparência. É gente que se vende por dinheiro. É gente procurando o seu
proveito. É assim que se corrompe uma nação”. É a música “Profetas” que gravei
recentemente. Esse é o filho que disse que ia, fazendo cara de filho dócil e
obediente, mas com a prática longe da verdade e da fidelidade. O refrão dessa
música diz assim: “Eu sou amigo da verdade. Meu sim é sim. Meu não é não. E eu
não posso mais ficar calado, eu sou profeta, eu sou cristão”. Dizendo que vai,
vá mesmo. Não fique só na promessa. E trabalhar na vinha é sair do ócio ou da
vida voltada para si mesmo, para estar voltado para o bem dos irmãos e a glória
do Pai.
Dois filhos, dois
comportamentos diferentes. No ministério de Jesus, isso ficou claro. Os tidos
como muito religiosos e puros não acolheram sua palavra, não aceitaram
trabalhar na vinha do pai. Diziam com a boca, faziam até o culto certinho, mas
a prática não era conforme a vontade de Deus. Ao contrário, entre os mais
pecadores, dentre os mais desprezados pela sociedade, muitos abriam o coração,
arrependiam-se de suas vidas erradas e acolhiam a novidade do Reino de Deus.
Dois filhos, dois comportamentos contrários. Os últimos virando os primeiros.
No evangelho, aparecem
essas duas reações diferentes em várias passagens. Os que entraram no templo
para rezar eram dois: o fariseu e o publicano. Um saiu justificado, o pecador,
e o outro censurado, o fariseu. Na história do filho pródigo, são também dois
filhos: o que saiu de casa e voltou arrependido e o que trabalhava com o pai e
não quis mais entrar na casa dele. E ainda tem a história dos dois, em que um
foi parar no inferno e o outro no seio de Abraão, lembra? O rico epulão e o
pobre Lázaro. Em todas essas passagens se repete o tema: o pai tinha dois
filhos e pediu para eles irem trabalhar na sua vinha. Um fez que ia, mas não
foi. O outro negou-se a ir, mas acabou indo.
O importante é a gente
fazer a vontade de Deus. “Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha”. Ouviu esse
“hoje”? “Vai trabalhar hoje na minha vinha”. É o que o pai está pedindo. Não
faça ouvidos de mercador. Não deixe pra depois. Não prometa e deixe pra lá. Vá
mesmo. Vá logo. Vá hoje.
Pe. João Carlos
Ribeiro
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