PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Rezar é dialogar

Rezar é dialogar

A gente pode transportar nossa experiência de conversa com os outros para a oração. Rezar é conversar com Deus. Quando a gente conversa com alguém, a gente fala e escuta. Dialoga. Quando se fala sozinho e não se dá chance para a outra pessoa falar, aí é monólogo, não é diálogo, não é conversa. Pode até ser que às vezes o nosso modo de rezar seja mais monólogo do que diálogo... Oração mesmo é a gente invocar a Deus, falar-lhe e escutá-lo também. Por isso que o silêncio é importante na oração. Tagarelando o tempo todo, como vamos ouvir o que ele tem a nos dizer? No silêncio, no recolhimento atencioso, cuidamos de ouvir o que ele nos diz no coração, o que ele está nos dizendo em nossa vida, nos acontecimentos de nossa história pessoal e social, no mistério que estamos celebrando em comunidade.

 

Tem gente que não sabe conversar. Fica falando o tempo todo. Não sabe escutar o que outro tem a dizer. Escutar é uma parte importante do diálogo. Oração é também saber escutar o que Deus está dizendo à Igreja reunida e a cada um, e a cada uma. Em toda celebração, mesmo que não seja Missa, tem sempre uma parte importante em que se proclama a Palavra de Deus na Bíblia. Repare que eu não disse "se lê a Bíblia". Eu disse: "se proclama a Palavra de Deus na Bíblia". Escutar a proclamação da Palavra é uma parte importante da oração da comunidade ou da oração pessoal.

 

Rezar não é fácil, porque dialogar não é fácil. A conversa entre nós começa sempre com uma saudação: bom dia! oiii fulana! Estou mesmo precisando falar contigo! Como vai você? É sempre assim, a gente começa uma conversa com uma saudação, uma primeira aproximação. Conversa é coisa de gente que se encontra, se respeita, se estima. A oração, que é uma conversa entre pessoas que se encontram, se respeitam e se estimam – nós e Deus, começa também com uma saudação: um sinal da cruz, um saudação apostólica, uma pequena palavra de aproximação e acolhimento. E depois, vem o assunto principal: a nossa vida. Na conversa, é assim: Vou bem, obrigado. E você?  Ando meio ocupado nestes dias. Meu pai está doente. Mas, você está com uma cara de preocupado? Que é que está acontecendo? É, meu emprego 'tá ameaçado...  é isso. Oração também é assim. O assunto principal é a vida: ah, meu Deus que será de mim? Tô no maior sufoco... Conta tudo meu filho, senta aí... O que é que está acontecendo? .... Foi assim na história dos discípulos de Emaús.

 

O mais importante mesmo na conversa é a luz que a gente encontra... uma força, um conselho do amigo,.... Na oração é igualzinho. A luz que Deus acende na nossa vida, sobre nossa situação pessoal, familiar e social é que faz a diferença. O conforto, o carinho, a orientação... tudo isso recebemos de Deus, na oração. Mas, Deus não nos orienta só em nossas dificuldades, não. Ele nos vai educando a nos colocarmos no seu grande projeto de felicidade para todos. E é isso que faz a diferença na oração cristã. A gente acolher a vontade do Pai.

 

É! Rezar não é fácil. Nunca foi. Porque rezar não é só recitar fórmulas. Ou cumprir ritos, por mais bonitos que eles sejam. Os ritos, as fórmulas já feitas  nos ajudam a começar a rezar, a entrar no clima de encontro e oração. Rezar é entrar conscientemente na comunhão com Deus. É levar a nossa vida para o diálogo pessoal e comunitário com Deus e acolher a sua santa vontade em nossa vida e na história de todos nós.

 

Pe. João Carlos – 12/01/2011



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Pe. João Carlos Ribeiro
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