PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: poder-serviço
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ASSIM NÃO

O Filho do Homem não veio para ser servido, mas servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos (Mt 20,28).
Você pode até pensar: esse negócio de poder não tem nada a ver comigo. É um assunto para quem ocupa altos cargos na Igreja ou para os políticos de Brasília. É aí que você se engana. Todo mundo tem uma relação com o poder. Mesmo que não esteja em uma função de comando, está numa relação com quem comanda. E aí se mostra qual é a sua concepção de poder: o poder-prestígio ou o poder-serviço. O poder no mundo chega a ser um ídolo. Uns se fazem de deuses e outros de seus adoradores. Para cada mandão, na República como na Capela, há um séquito de pessoas subservientes, bajuladoras, infantilizadas e avessas ao diálogo e ao espírito comunitário.
A mãe de dois discípulos – Tiago e João – fez um pedido a Jesus: que, quando ele estivesse no poder, reservasse uma posição de destaque no seu governo para os seus dois filhos. Um à sua direita e outro à sua esquerda. Apesar do exemplo de Jesus, os seus colaboradores mais próximos, os apóstolos, estavam também tentados pela sede de poder. Queriam cargos, posição, prestígio. Nem eles estavam entendendo a proposta de Jesus, nem a família deles. Pretendiam uma posição privilegiada ao lado do Mestre (um à direita e outro à esquerda), ao lado de Jesus e, claro, acima dos outros.
Logo essa pretensão dos dois discípulos espalhou um mal-estar na comunidade dos apóstolos. O poder como prestígio, irmão gêmeo do enriquecimento duvidoso, semeia logo a discórdia, a desunião, a inveja e a competição doentia. É que ele agride gravemente o espírito comunitário. Essa tentação do poder-prestígio é um perigo para um cristão, pois o faz renunciar ao que aprendeu no Evangelho: o amor solidário, o respeito pela dignidade do outro, o espírito de serviço.
Os discípulos tinham diante de si o exemplo de Jesus e o modelo da própria sociedade. O mau exemplo vinha dos fariseus, da turma do templo, do próprio ambiente religioso. E nisso, é claro, imitava-se as disputas de poder na classe dominante, na corte de Herodes, no Sinédrio. Jesus, no jejum do deserto, tinha enfrentado essa tentação. O diabo tinha oferecido o poder sobre todos os reinos do mundo a Jesus se o adorasse. Jesus reagiu. Submeter-se só à vontade de Deus. Nada de aliança com o mal. O poder-prestígio é sustentado por alianças perigosas e concessões à falcatrua, à propina, à troca de favores.
O exemplo de Jesus foi bem outro. Ele deu exemplo com sua vida, suas escolhas e deixou esse precioso ensinamento: eu não vim para ser servido, mas para servir. O exercício do poder em Jesus não afastava as pessoas de si e nem o isolava dos outros. Como Mestre no seu grupo de discípulos, puxava o diálogo, responsabilizava cada um e, para admiração de todos, chegou a lavar os seus pés como um empregado fazia. Servir, essa palavra deve marcar a vida de um cristão em cargos de liderança ou em postos de comando. Servir. Não ser servido. Colocar-se a serviço dos outros, do bem, da justiça, diferentemente do poder-prestígio que se serve dos outros, que busca o seu benefício pessoal, que quer ser o maior.

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