
Vocês serão testemunhas de tudo isso
(Lc 24, 48)
02 de junho de 2019.
Este é o domingo da ascensão de Jesus ao céu. A ascensão é o
coroamento de toda sua vida e sua obra: vida, paixão, morte e ressurreição.
Pela ascensão, o vemos entrando na glória de Deus, inserindo-se definitivamente
em Deus. E lá se foi ele com a nossa humanidade. Sempre foi o filho, no seio da
Trindade. Mas, agora, é também um de nós, filho da nossa humanidade. O primeiro
de todos nós, vencedor do mal, do pecado e da morte. Foi à nossa frente e vai
nos preparar um lugar para estarmos sempre com ele. Os discípulos, no monte,
ficaram olhando para o alto, absortos com esse mistério tão grande. Jesus está
em Deus.
Antes dessa partida, Jesus tinha instruído os discípulos.
Duas coisas importantíssimas ele explicou. A primeira: Nele, estava todo o
cumprimento das Escrituras Sagradas. Como eles diziam “a lei, os profetas, os
salmos”, tudo apontava para ele que veio anunciar o reino de Deus. Na sua
paixão, morte e ressurreição estava o cumprimento de todas as promessas aos
antigos. E a segunda: Voltando, ele enviaria o Espírito Santo, a força do alto que
seria derramada sobre eles. O Espírito, que vinha da parte do Pai e dele, os
ajudaria a entender o seu legado e a ser fieis à grande tarefa que ele lhes
deixaria.
A grande tarefa seria a continuação de sua missão. Eles
seriam suas testemunhas. Falariam a todos sobre sua vida e seus ensinamentos,
anunciando a conversão e o perdão dos pecados no seu nome. Começariam isso por
Jerusalém. Foi ali que Jesus concluiu a sua parte. Ali, começaria a deles. Em
pouco tempo, receberiam o mesmo Espírito que conduziu Jesus em sua vida missionária.
Nesse ano, nós estamos lendo o evangelho de São Lucas. A
ascensão é o finalzinho do seu evangelho. A mesma cena é o início do segundo livro
de Lucas, os Atos dos Apóstolos. Ali, fica bem claro: a missão de Jesus continua
pelas mãos dos seus discípulos, de suas comunidades. Revestidos pela força do
Espírito Santo, apóstolos, pregadores, comunidades, mesmo enfrentando problemas
e dificuldades, eles continuaram a presença redentora de Jesus.
A ascensão não é a ausência de Jesus. Certo, não está mais
presente fisicamente. Mas, é uma nova forma de estar presente. É ele quem
anuncia o Reino, quem vai atrás da ovelha perdida, quem purifica o leproso,
quem redime os pecadores. Agora, ele age por meio de seus discípulos, de suas
comunidades, de sua Igreja, o seu corpo. A sua presença é obra do Espírito
Santo na vida e na missão dos que o amam e guardam a sua palavra. Depois de dar
aos discípulos o mandato de realizar a missão pelo mundo todo, ele fez uma
promessa: “Eis que estarei com vocês, todos os dias, até a consumação dos séculos”.
A ascensão é uma nova e eficiente forma dele estar presente.
Guardando a mensagem
Jesus despediu-se dos seus discípulos e foi elevado ao céu. É
lá onde Jesus agora está, sentado à direita do Pai. Pela ascensão, entrou
definitivamente na esfera de Deus, levando consigo a nossa humanidade. Agora,
sabemos: é lá também o nosso lugar. O coroamento de nossa vida será também o
nosso ingresso definitivo em Deus. Mas, estar na glória de Deus não quer dizer
que Jesus esteja ausente. Pelo contrário, pela ascensão ele está entre nós de
uma maneira nova e surpreendente. E isso é possível pela atuação do Espírito
Santo que ele derramou sobre nós, com o qual fomos batizados. Revestidos do
Espírito Santo, agimos, agora, em seu nome, isto é, em comunhão com ele.
Reeditamos os seus gestos de amor pelos irmãos, de inclusão dos desprezados, de
defesa dos injustiçados. A todos, com nossa palavra e nossas atitudes, falamos
de sua dignidade de filhos de Deus e do grande sonho da fraternidade neste
mundo. Em seu nome, abençoamos. Em seu nome, convidamos o filho pródigo à
conversão. Em seu nome, os irmãos são perdoados e nos alimentamos do pão de sua
Palavra e de sua presença sacramental na Eucaristia. Ele está presente. Ele
está no meio de nós.
Vocês serão testemunhas de tudo isso
(Lc 24, 48)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Hoje, celebramos a tua
ascensão ao céu e a entrega da missão à tua comunidade de discípulos, a Igreja.
Nesta oportunidade, estamos sintonizados com o 53º Dia Mundial das Comunicações.
As redes sociais são, hoje, instrumentos e espaços importantes para a formação
de verdadeiras comunidades humanas, construídas sobre o anúncio e a vivência do
teu evangelho. O teu Santo Espírito continua nos ajudando a viver em missão,
com criatividade, ousadia, espírito missionário e com o teu mesmo amor pelos
pequenos e sofredores. Que ele nos ajude ainda mais a fazer das redes sociais,
não redes que capturam, denigrem e espalham mentiras, mas redes que fortaleçam
o conhecimento, a justiça e a solidariedade. Seja bendito o teu santo, hoje e
sempre. Amém.
Vivendo a palavra
“Ele está no meio de nós” – é a resposta que damos na Missa.
Seja a sua prece hoje, muitas vezes, durante a sua jornada. “Ele está no meio
de nós”.
Pe. João Carlos
Ribeiro – 02 de junho de 2019.
Pe. João Carlos Ribeiro
Esse título maldoso é meu. O do Papa é bem mais positivo e bíblico: “Somos membros uns dos outros” (Ef 4, 25). Das comunidades de redes sociais à comunidade humana. É a sua mensagem para o 53º dia mundial das comunicações.
Para desenvolver esse tema, ele joga com três imagens: Rede, Comunidade e Corpo – A Igreja pensando na internet como uma grande REDE a serviço do encontro das pessoas e da solidariedade entre todos. O ambiente virtual é hoje uma fonte de conhecimento e de relacionamento que produz profundas transformações no modo de aprender e ensinar, na produção e circulação de conteúdos, na convivência entre as pessoas.
Mas, a rede tem também seus problemas. Em vez de ligar as pessoas e instituições, fortalecendo os vínculos e reforçando a luta comum por um mundo melhor, às vezes, ela pode se tornar uma teia de aranha. Esse tipo de rede serviria para capturar os desavisados. A aranha monta tudo e fica só esperando algum inseto bobo passar por ali e se enroscar na rede. Aí, é partir para imobilizar o bichinho e devorá-lo. É o que acontece muitas vezes: isolamento, manipulação política, difamação, incitamento do ódio. E nem precisamos lembrar das fake news, as mentiras espalhadas por maldosos ou por algorítimos manipulados por poderosos grupos de interesse político e econômico. Mas, a rede social não nasceu pra ser uma teia de aranha, de jeito nenhum.
A COMUNIDADE humana é a melhor rede. E ela é mais forte quanto mais for coesa e solidária, como espaço de escuta e diálogo. As redes sociais podem ajudar a fortalecer as comunidades humanas. Mas, há também o risco de serem apenas vitrines de narcisismo, onde as pessoas pousam do que não são ou do que gostariam de ser.
A metáfora do CORPO e DOS MEMBROS é já uma resposta a tudo isso. São Paulo fala disso: “Por isso, despi-vos da mentira e diga cada um a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos outros”. A verdade revela-se na comunhão. A mentira é a recusa de fazer parte com o outro, de se reconhecer parte do único corpo. Em Cristo, somos membros uns dos outros. Não nos vejamos como concorrentes e adversários. Tenhamos o olhar de inclusão de Cristo. Deus é comunhão, é comunicação. O amor sempre comunica. Mergulhados nessa realidade divina, sentimos o outro não como um rival, mas como um companheiro de viagem.
A rede social tem que ser um recurso para a comunhão. Ela ajuda a família a viver mais conectada, em vista de uma vida harmoniosa e dialogante. Ela possibilita que a comunidade cristã coordene melhor suas atividades e sua vida missionária, levando-a a celebrar, em unidade, a Santa Eucaristia. Esta é a rede que queremos. Uma rede não para capturar, mas para libertar e gerar comunhão.
Aí, é quando o like vira amém.
Clique aqui para ler na íntegra a Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações que será celebrado neste domingo 02 de junho.