PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: falar do menino
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O CASAMENTO DE ANA


Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém (Lc 2, 38) 
30 de dezembro de 2019
A passagem do evangelho de São Lucas em que aparecem dois profetas idosos – Simeão e Ana – é uma verdadeira surpresa. Há, no início da história de Jesus, uma valorização clara dos idosos, das gerações mais velhas.  A passagem de hoje concentra-se, particularmente, em Ana. 
Primeiro, apresenta essa idosa. E depois, diz o que ela fez de tão especial, no dia em que José e Maria levaram seu bebê para apresenta-lo no Templo. Vamos à apresentação de quem era Ana: “Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada. Quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois, ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações”. 
Esta breve biografia de Ana está construída com sete informações. Como numa moldura, estão duas informações sobre seu papel religioso: uma profetisa judia que não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus, com jejuns e orações. Coisa rara se encontrar na Bíblia a figura de uma mulher profetisa. Bom, tem muitas outras, tudo bem.  Mas, convenhamos, são raras. E essa - maravilhemo-nos - vivia no Templo, servindo a Deus.
Outras duas informações são sobre sua idade: idosa de oitenta e quatro anos. Um número altamente simbólico. Dividindo oitenta e quatro por dois, resulta 42. 40 anos é o tempo da peregrinação no deserto que precedeu a entrada na terra prometida. Ao se referir ao número 40 ou aproximado, todo membro do povo de Deus estremecia numa só sintonia: a caminhada não fora em vão, já se estava avistando a terra da promessa. É como se dissesse: chegamos ao final de nossa viagem tão sofrida; agora, é a hora da posse dos bens que Deus nos prometeu. Ao dizer que ela estava com oitenta e quatro anos, o leitor da Bíblia fica avisado: depois de ter atravessado o deserto de tantas incertezas e sofrimentos, agora ela vai conhecer a realização das promessas de Deus. 
Duas outras informações são sobre seu estado de vida: quando jovem tinha sido casada e depois ficara viúva. Casamento é um tema frequente também no Novo Testamento. O evangelho de São João começa com o casamento de Caná. A imagem do casamento remete ao tema da Aliança. Deus fez uma aliança com Israel, do jeito de um casamento.  A informação foi que quando jovem, tinha sido casada – claro, Israel celebrou seu casamento com Deus, bem nos inícios. Mas, depois ficara viúva. Verdade, a aliança foi enfraquecida e esquecida pela infidelidade de Israel. É bom lembrar que a missão de Jesus seria restaurar esses laços, reconstruir o casamento, celebrar uma nova e eterna aliança de Deus com o seu povo. 
A sétima informação é como a cereja no bolo: ela vivera sete anos com o marido. O que é que o leitor da Bíblia entende com essa informação? Vamos testar: que viveu bem ou viveu mal?... Claro, viveu bem. Sete é número perfeito. Ela foi muito feliz com seu esposo, viveu intensamente feliz aquele tempo. E o que houve? Ficou viúva, ficou sem marido. A infidelidade à aliança afastou Israel do seu Deus, do seu marido. Foi assim que Jesus encontrou o seu povo: ovelhas sem pastor, bodas sem vinho, convidados ausentes da festa do casamento. 
Guardando a mensagem
Ana, a idosa profetisa viúva pode estar representando o próprio povo de Deus. A aliança com Deus, o seu casamento feliz, se perdeu por causa de sua infidelidade. Mas, a idade de Ana, 84 anos, sugere que depois de uma longa peregrinação no deserto, chegara a hora de ingressar na terra prometida; chegara a hora da realização das promessas de Deus. E Deus tinha prometido um Salvador, alguém que restauraria definitivamente a aliança. O próprio texto nos ajuda a entender essa novidade: “Ana chegou nesse momento e põe-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém”.  Como Simeão, ela também reconheceu, naquela criança, a realização das promessas de Deus, a chegada do prometido. E assim, louvou muito a Deus e saiu evangelizando seu povo, comunicando-lhe essa boa notícia. 
Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém (Lc 2, 38) 
Vivendo a palavra
Senhor Jesus, 
Ficamos felizes de compreender, em tua palavra de hoje, o sentido de tua vinda ao mundo. Em Simeão e Ana, vemos o teu povo abrindo os braços para te acolher. Ele, reconhecendo que Deus tinha te enviado como Luz para as Nações. Ela, reconhecendo que Deus te enviou para restaurar a aliança. És o salvador prometido a Israel, teu povo. És o salvador deste mundo que se afastou de Deus e nem mais o conhece e ama. Vieste para nos reconciliar com o nosso Criador e Pai, para nos reintegrar em nosso lugar de filhos amados, exilados daí pelo pecado. Obrigado, Senhor. Que este tempo de natal nos ajude a compreender o sentido de tua vinda. E a te acolher de todo coração. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 
Vivendo a palavra
Para você entender melhor a explicação de hoje, peço que você, além de ouvir, l-e-i-a esta Meditação, atentamente. Quando lhe envio a meditação, sempre faço uma pequena apresentação indicando o link para o texto. É só você clicar no link e já estará em meu blog www.padrejoaocarlos.com.  É lá que está o texto. Bom proveito. 
Pe. João Carlos Ribeiro – 30 de dezembro de 2019


VEJA COMO O TEXTO DO EVANGELHO DE HOJE ESTÁ ORGANIZADO:


Evangelho - Lc 2,36-40

APRESENTAÇÃO DE ANA

36Havia também uma profetisa, 
chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser.

Era de idade muito avançada;

quando jovem, tinha sido casada

         e vivera sete anos com o marido.

37Depois ficara viúva,

e agora já estava com oitenta e quatro anos.

Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus
com jejuns e orações.

O QUE ANA FEZ

38Ana chegou nesse momento
e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino
a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.


39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor,
voltaram à Galiléia, para Nazaré, sua cidade.
40O menino crescia e tornava-se forte,
cheio de sabedoria;
e a graça de Deus estava com ele.

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