PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: DE MÃOS ABANANDO

DE MÃOS ABANANDO

Hoje, cumpriu-se essa passagem da Escritura que vocês acabaram de ouvir (Lc 4, 21)

27 de janeiro de 2019.

Nos dias de domingo, como hoje, particularmente nos bairros populares, você percebe um enorme vai-e-vem dos fieis que vão às suas igrejas. Os evangélicos, você logo os identifica. Carregam, invariavelmente, uma bíblia de capa preta. Os católicos, é difícil distinguir. No geral, vão de mãos abanando. Não levam nada, talvez um trocado no bolso para a hora da coleta. Na igreja, na maioria das comunidades, os fieis recebem um folheto litúrgico com as leituras e as orações da Missa do domingo. Nas celebrações, em todas as nossas comunidades, graças a Deus, as leituras bíblicas são feitas por ministros leitores em local apropriado (mesa da palavra ou ambão). em livros litúrgicos muito bem conservados e dignos. No evangelho, a comunidade se levanta, cantando o aleluia e após a proclamação, se senta para ouvir a homilia.

A Santa Missa tem claramente duas partes distintas: a liturgia da palavra e a liturgia eucarística. Na Missa, somos alimentados pelo pão da vida, Jesus Cristo, na mesa da palavra e na mesa da eucaristia. Olha o que diz a Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II sobre a Revelação Divina (Dei Verbum): “A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo” (DV 21). Deu para entender? “A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor”. As leituras bíblicas, organizadas com muito cuidado pela Igreja para cada domingo e para cada dia da semana, são um alimento sagrado para a nossa edificação como cristãos. Somos alimentados pelo mesmo Cristo, palavra e pão.

Você já notou o rumo de nossa conversa de hoje!. Nas leituras bíblicas deste 3º domingo comum há uma mensagem forte sobre a valorização da Palavra de Deus em nossas celebrações. O livro de Neemias, do antigo testamento, nos conta como foi a acolhida da Palavra de Deus, quando o povo voltou do exílio da babilônia e estava se reorganizando. A decisão do povo e dos seus líderes foi voltar a viver na aliança com Deus, conhecendo e observando sua palavra. Todo mundo se reuniu na praça, naquela manhã. O sacerdote Esdras, subiu num estrado de madeira e abriu o livro da lei. O povo se levantou. Ele foi lendo e explicando as passagens. Desde cedinho até o meio dia, os levitas ajudaram a explicar ao povo o sentido do que estava escrito. O povo ficou muito feliz e emocionado. Muita gente começou a chorar, ouvindo aquelas palavras tão abençoadas. Pela Palavra, Deus mesmo se comunica com o seu povo.

No evangelho de São Lucas, Jesus, que ensinava nas sinagogas das cidades, estava naquele sábado na cidade onde se criara, Nazaré. Na Sinagoga, ele levantou-se para ler o livro da Palavra de Deus. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías.  Ele achou ali uma passagem muito especial. Ele leu: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a boa nova aos pobres”. Quando terminou a leitura, ele sentou-se, como faziam os mestres. Todo mundo ficou na maior atenção. E ele começou a explicar como aquela passagem falava precisamente de sua missão. “Hoje, se cumpriu essa passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. A Palavra de Deus é atual, se cumpre hoje.

É surpreendente o que lemos no documento que citamos há pouco, a Dei Verbum: “Nos livros sagrados, o Pai que está nos céus vem amorosamente ao encontro de seus filhos, a conversar com eles; e é tão grande a força e a virtude da palavra de Deus que se torna o apoio vigoroso da Igreja, solidez da fé para os filhos da Igreja, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual” (DV 21)

Guardando a mensagem

No livro de Neemias, vemos a comunidade que voltou do exílio se reencontrando com o livro santo da lei de Deus. Aquele povo ficou emocionado com os textos sagrados, pelos quais Deus se comunicava com tanto amor com eles. Em Nazaré, vemos Jesus, na sinagoga, fazendo a leitura bíblica e nos mostrando a atualidade da palavra. É hoje que Deus nos fala, é hoje que suas promessas se cumprem. Essas duas passagens chamam a nossa atenção para o valor que devemos dar à Sagrada Escritura. Na celebração dominical, a Palavra é proclamada, explicada, rezada. É o pão da vida, alimento sagrado para nos sustentar na caminhada desta vida. Chegando na celebração dominical ou na Santa Missa, acompanhe as leituras no folheto litúrgico, com muita atenção. O folheto é uma forma de facilitar o seu acesso ao texto sagrado. Mas, isso não lhe dispensa de abrir regularmente a sua Bíblia. Se, por acaso, não houver folheto litúrgico em sua comunidade, você pode ter uma assinatura do livrinho da liturgia diária ou  baixar um aplicativo no seu celular para acompanhar as leituras nas celebrações. O que não pode acontecer é se ficar de cara pra cima, indiferente à santa palavra de Deus, com a qual o próprio Deus está se comunicando conosco. O que não pode acontecer é você entrar e sair da igreja, e não ficar nada daquela palavra no seu coração e na sua mente.

Hoje, cumpriu-se essa passagem da Escritura que vocês acabaram de ouvir (Lc 4, 21)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
O Salmo 19 nos ajuda a rezar hoje: “A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes. Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz”. Tuas palavras, Senhor, são espírito e vida. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Não deixe de ler o evangelho de hoje, em sua Bíblia (Lucas 1, 1-4; e 4, 14-21)

Pe. João Carlos Ribeiro – 27.01.2019 


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