Recomendou-lhes que não levassem nada para o
caminho, a não ser um cajado (Mc 6, 8).
15 de julho de 2018.
No evangelho deste décimo quinto domingo comum, Jesus está
enviando os doze em missão. Só isso, já vale uma meditação. E enviando-os de
dois em dois, num recado claro de comunhão e unidade. E lhes faz algumas recomendações, sobretudo que eles partissem em
missão, em grande despojamento. Não levassem pão, nem sacola, nem dinheiro. Só
com a túnica do corpo, sandálias nos pés e um cajado. Um cajado. Por que deviam
levar um cajado?
Cada um dos evangelistas, mesmo
narrando a mesma cena, deixa seu toque especial. Cada pessoa, mesmo contando a
mesma história, marca sua diferença num detalhe, não é assim? Marcos, o nosso
evangelista deste ano, diz que Jesus mandou levar um cajado. Mateus e Lucas dão
outros pormenores, e incluem o cajado na lista do que Jesus disse que não
levasse. E agora? Agora, é ver qual é o sentido desse cajado na história.
Bom, vamos deixar o evangelho de Marcos
quieto e vamos para o livro dos Salmos. O salmo 23, que você conhece bem, diz
assim: “O Senhor é o meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens, me faz
repousar.... Ainda que eu caminhe por vale tenebroso nenhum mal temerei, pois
estás junto a mim. Teu bastão e teu cajado me deixam tranquilo”. Viu que entrou
o cajado nessa oração? O Senhor é o meu pastor. Deus é o nosso pastor. Nós
somos as ovelhas do seu rebanho. Ele nos conduz para boas pastagens e para
águas correntes. E mesmo que você esteja numa situação muito difícil, como é
ele que lhe conduz, você não tem o que temer. O bastão e o cajado dele são a
sua segurança. Bom, bastão e cajado são a mesma coisa. É a vara com uma haste
arredondada que o pastor tem sempre na mão.
E por que o cajado de Deus, nosso
pastor, é a sua segurança? Bom, aí eu preciso lhe dizer pra que servia o cajado
ou bastão, na mão do pastor. Você não tem ideia como a profissão de pastor era
trabalhosa, no tempo da Bíblia! O pastor tinha que levar as ovelhas, todo dia,
para pastar, num lugar que tivesse água também. Coisa difícil naquela
terra seca (grande parte da Palestina) e complicada se encontrasse pela frente
um roçado, uma plantação. E você pode imaginar, ovelha é bicho obediente, mas
em grande número, é um quebra-cabeça pra manter o rebanho junto ou no caminho
certo. Aí o cajado é importante para tanger ou conter ovelhas afoitas. Já tem
uma haste arredondada própria para segurar as ovelhas que estiverem se
afastando, por exemplo. E mais, no campo havia muitas feras doidas pra comer
uma ovelha gordinha: lobos, ienas, leões... Aí o cajado era a arma para
enfrentar as feras e defender as ovelhas. E, de noite, tinha-se que ficar
vigilante...não faltava ladrão querendo carregar as ovelhas. Aí o cajado era a
defesa do pastor. Ele partia com tudo pra cima do ladrão e o bandido saía todo
machucado. Olha aí os três usos do cajado ou do bastão: organizar a marcha das
ovelhas, afugentar as feras do campo e lutar contra os assaltantes. Os
pastores eram quase sempre jovens, fortes e briguentos. Ninguém se metesse com
eles, não.
Vamos de novo ao salmo 23: “O Senhor é
o meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens, me faz repousar.... Ainda que
eu caminhe por vale tenebroso nenhum mal temerei, pois estás junto a mim. Teu
bastão e teu cajado me deixam tranquilo”. Deus me defende. Ele enfrenta o lobo
ou o ladrão e não permite que me façam mal. O seu cajado é a sua segurança.
Deus toma a sua defesa. Ele cuida de você. Jesus disse no evangelho de João:
“Eu sou o bom pastor. O mercenário, quando o lobo ataca, ele corre e larga as
ovelhas. Eu dou a vida pelas minhas ovelhas”.
Vamos guardar a mensagem
Jesus enviou os doze em missão. A
recomendação foi que não levassem nada, a não ser um cajado. Cajado é coisa de
pastor. O pastor é Jesus. Eles participam da missão de Jesus, de cuidar do
rebanho. O cajado representa a responsabilidade do pastor de cuidar das ovelhas
(com o cajado, ele tange as mais lentas e segura as mais apressadas). Mas
representa também o zelo que eles devem ter na defesa do rebanho (com o cajado,
o pastor afugenta as feras do mato e enfrenta os larápios). Os doze são, então,
os pastores do rebanho de Deus, nossos líderes religiosos. É por isso que os
nossos bispos têm um báculo, imitando o cajado dos pastores. O báculo
representa a responsabilidade que eles, como bons pastores, receberam de cuidar
do povo de Deus e de defendê-lo de todas as ameaças (heresias, ideologias
totalitárias, divisões, etc.).
Recomendou-lhes que não
levassem nada para o caminho, a não ser um cajado (Mc 6, 8).
Vamos acolher a mensagem
Senhor Jesus,
Está dito no evangelho de hoje, que os
doze partiram e fizeram três coisas: pregaram que todos se convertessem,
expulsaram muitos demônios e curaram numerosos doentes. Realmente, tinham mesmo
que levar o cajado, assim começaram a entender que são pastores do teu povo:
organizam o rebanho, expulsam o mal e derrotam as doenças. Senhor, nós te
bendizemos porque somos ovelhas do teu rebanho. E te pedimos que, com o
teu Santo Espírito, sustentes os teus ministros em sua missão de ensino, de
pastoreio e de santificação do rebanho. Seja bendito o teu santo nome,
hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a palavra
Reze, hoje, pelo padre de sua
comunidade. Faça uma prece pelo seu bispo, também.
Pe. João Carlos Ribeiro – 15.07.2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe sua opinião.
Desejando comunicar-se em particular com o Pe. João Carlos, use esse email: padrejcarlos@gmail.com ou o whatsapp 81 3224-9284.