PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: UMA DECISIVA QUEBRA DE BRAÇOS

UMA DECISIVA QUEBRA DE BRAÇOS

Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos (Mt 22, 39). 


No tempo de Jesus, a coisa não era fácil. A religião de Israel era uma coisa um tanto complicada. Os mestres da lei catalogaram 613 mandamentos na Lei de Deus. Haja mandamento! A coisa era tão complexa, que só os estudados, como os mestres da Lei, podiam dar uma orientação. O povo ficou meio perdido, com tanta norma, tanto mandamento. E era taxado de ignorante e, claro, de pecador, por não cumprir a Lei em todos os seus detalhes. 

Nesse contexto, havia muita discussão sobre quais mandamentos eram os mais importantes ou se todos eram igualmente importantes. Levaram a pergunta a Jesus. Vou logo alertando que a pergunta foi levada pelos fariseus, justo para complicar Jesus, não para encontrar a verdade. “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”.

A resposta de Jesus foi surpreendente. Ele começou por recitar a oração que os judeus homens rezavam todo dia, pela manhã e à noite, o Shemá. Essa oração são palavras do Livro do Deuteronômio, capítulo 6. “Ouve, ó Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento”. Pronto, devem ter ficado satisfeitos com a resposta. Amar a Deus é o mandamento número um, o primeiro mandamento, o mais importante. Foi aí que Jesus veio com uma novidade, disse também qual era o segundo mandamento. O segundo é semelhante ao primeiro: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Essa é uma citação também das Escrituras, é do Livro do Levítico. 

Todos aqueles 613 mandamentos catalogados pelos estudiosos estavam resumidos numa coisa central: o amor a Deus e ao próximo, no amor. E Jesus completou que toda a Escritura estava resumida nesses dois mandamentos. “Nisto consiste a Lei e os Profetas”. Olha que revolução. O amor é o centro da revelação de Deus. O amor é a única Lei. Amar a Deus e amar o próximo. 

O amor é a grande novidade que o cristianismo professa. O amor é a grande revolução no mundo. O amor a Deus e o amor ao próximo, como a mim mesmo. Amar projeta a gente pra fora. Faz a gente incluir os outros em nossa vida. Amar é encontrar e honrar o grande Outro que é Deus. Amar é notar a existência do próximo, esteja perto ou longe. Amar é preocupar-se com ele ou com ela, é comprometer-se com o seu bem e sua qualidade de vida. Amar é reconhecer no outro um irmão, uma irmã, filhos do mesmo Pai, caminhando conosco para a eternidade. 

Nossa cultura nos propõe outro caminho. Propõe o individualismo. No individualismo, eu me volto para mim mesmo, me esquecendo dos outros. Não me envolvo com os problemas que afetam a todos, achando que cada um deve se resolver por sua conta. Vivendo voltado para mim mesmo, não me importo com a injustiça e a exploração que geram sofrimento e empobrecimento ao meu redor. 

O individualismo prega uma religião intimista e socialmente irresponsável. É a religião do “Meu Pai” não a do “Pai nosso”. O individualismo mata o amor. A religião de Jesus é a do amor. A religião do mercado é a do individualismo, gerando pessoas egoístas e omissas diante do sofrimento, do desemprego, do abandono, da falta de oportunidades. 

Vamos guardar a mensagem de hoje

No tempo de Jesus, os mestres da Lei cobravam ao povo o cumprimento de centenas de mandamentos. Os fariseus perguntaram a Jesus qual era o maior deles. Jesus respondeu mais do que eles perguntaram. Disse que a verdadeira religião é a do amor. A que nos leva a amar a Deus de todo o coração e ao próximo, como a nós mesmos. Deus é amor, disse São João. Nossa cultura cultiva o individualismo, não o amor. Amor é voltar-se para o outro. Individualismo é voltar-se para si mesmo. Nos dias de hoje, amor e individualismo estão em uma grande quebra de braços. Na sua vida, quem está ganhando?

Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos (Mt 22, 39). 

Vamos acolher a mensagem de hoje com uma prece

(Sl 17)

— Eu vos amo, ó Senhor, sois minha força e salvação.

— Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força, minha rocha, meu refúgio e Salvador! Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, minha força e poderosa salvação.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém. 

Vamos praticar a palavra que meditamos hoje

Como exercício de amor ao próximo, faça hoje uma oração ao Senhor Deus pedindo em favor de alguém, fora de sua família, que esteja em grande necessidade.


Pe. João Carlos Ribeiro – 28.10.2017

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