Então Jesus disse: Dai, pois, a César o que é de César, e
a Deus o que é de Deus (Mc 12, 17)
Eles já vieram com uma pergunta
bem escolhida para derrubar Jesus. Quem veio fazer a pergunta? Alguns fariseus
e alguns partidários de Herodes, mandados pelas autoridades de Jerusalém. E a
pergunta o pegaria de qualquer jeito. “É certo ou não pagar o imposto a César? Devemos
pagar ou não?”.
Esse negócio do imposto de César
era estopim para muita confusão. Os romanos, que dominavam o mundo e aquela
pequena província onde estava a terra de Jesus, cobravam altos impostos dos
povos submetidos. O povo já era pobre e já dava suas contribuições para o
Templo, para o seu próprio povo. Mas, tinha que pagar um alto imposto ao
império estrangeiro, os romanos. Além de o imposto ser extorsivo, era pago a
estrangeiros. Isso para o povo de Israel, que considerava estrangeiro impuro,
era um grande sofrimento. As forças de ocupação romanas agiam com muita
crueldade para assegurar o pagamento e para coibir as rebeliões. E rebeliões,
aconteceram muitas no tempo de Jesus.
Então, não era uma pergunta de
resposta fácil. Dissesse “O certo é pagar o imposto a Roma”, estaria indo
contra os interesses do seu próprio povo. Seria taxado de colaborador dos
dominadores. Dissesse “Não, nada de pagar o imposto a César”, aí seria
denunciado pelos próprios inquisidores como rebelde, com a acusação de incitamento
das massas contra o império romano.
A pergunta não era uma dúvida, de
verdade. Era uma armadilha política. Jesus até reclamou: por que vocês ficam me
tentando? Mas, tinha que responder. Tudo bem. E se paga o imposto com quê? Com
o dinheiro romano, o denário. Tudo bem. Vocês têm uma moeda dessa aí? Tá aqui. E tem uma imagem nessa moeda? Claro.
De quem é essa imagem? É de César, do imperador de Roma. E essa inscrição, essa
frase aqui, de quem é? É de César. E o que é que estava escrito? Bom, no tempo
de Jesus, o imperador era Tibério César. A imagem era a cara dele. E a
inscrição era essa: “César Augusto Tibério, filho do Divino Augusto”.
Augusto César foi o primeiro imperador romano. Ele se autodeclarou Deus e fez-se adorar por todo
o império. A moeda estava dizendo que Tibério, seu sucessor, era filho do divino
Augusto, filho de Deus. Ele também era adorado, no império, como Deus.
Então, Jesus estava diante de
três problemas. 1º - A dominação romana que violentamente arrancava altos
impostos do povo; 2º – A imagem na moeda. Os judeus não aceitavam imagens de
forma nenhuma, a moeda para eles era uma ofensa grave às suas leis religiosas;
e 3º- A imagem e os dizeres referiam-se ao imperador que cobrava culto, pois se
apresentava como divino, como filho de Deus. E agora, Jesus?
Bom, diante da violência dos
romanos, tinha-se que pagar o imposto, não havia outro jeito. Mas, quem estava
rezando pela cartilha dos romanos, como os partidários de Herodes, os saduceus
ou outros que de seu lado também oprimiam o povo, esses faziam do pagamento do
imposto um ato de subserviência, de homenagem a César, de culto ao imperador e
à sua ordem. E era isso que eles queriam do povo: o imposto como uma oferta,
uma homenagem ao divino César, como uma submissão a César, como Deus. Está me
entendendo? Se o imposto for isso, então você está traindo a sua fé, está
tirando de Deus a honra e a glória que só a ele são devidas. Porque Deus, só
ele. César não é Deus. A Deus, o que é de Deus. A César, o que é de César. César
não é seu Deus. Então, não dê a ele o seu coração e a sua alma. Pague apenas o
imposto. A honra, a glória, o louvor só ao único e verdadeiro Deus, com quem
você está em aliança.
Vamos guardar a mensagem de hoje
A pergunta era se era lícito
pagar o imposto a César, ou não. Não era uma pergunta inocente. O imposto era
razão de muitas rebeliões no seio do povo da Palestina e de massacres violentos
por parte dos militares romanos. Jesus pediu para ver a moeda e perguntou de quem
era a imagem e a inscrição. De César. A imagem e a inscrição eram uma pregação
à submissão a César, como filho de Deus, como Deus. O imposto se transformava
então num ato de louvor, num sacrifício em favor de um falso Deus, uma
idolatria. Naquelas condições, era preciso pagar o imposto. Mas, que não fosse
uma idolatria, traindo e injuriando o Deus verdadeiro. Só a ele se deve todo
louvor e toda glória. Então, dê a César o que é de César e a Deus o que é de
Deus.
Sem querer, elegemos novos deuses
em nossa vida a quem nos submetemos, nos sacrificamos, a quem prestamos o culto
de nossa submissão. Alguns transformam o trabalho num Deus. Alguns, o dinheiro.
Outros, o lazer é o seu Deus. Há quem escolha uma pessoa, uma causa, uma ideologia
e os ponha no lugar de Deus. Isso é a idolatria denunciada por Jesus nesse evangelho.
Só o Deus verdadeiro, que nos mantém livres de qualquer dominação, merece nossa
adoração, nosso sacrifício, nosso louvor.
Então Jesus disse: Dai, pois, a César o que é de César, e
a Deus o que é de Deus (Mc 12, 17)
Senhor Jesus,
tua palavra é uma luz em nossa
vida. Ela ilumina as situações que enfrentamos, mostrando suas ambiguidades.
Nesse assunto do imposto ao
império romano, percebeste que o problema não era pagar ou não o imposto. O
problema era fazer do imposto um ato de idolatria, de culto a um falso Deus.
Ajuda-nos, Senhor, com a luz do
teu Santo Espírito, a não elegermos falsos deuses em nossa vida, a quem sirvamos
e nos sacrifiquemos. Só o Deus vivo e verdadeiro merece toda honra e toda
glória.
Glória ao Pai e ao Filho e ao
Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre.
Amem.
Só a Deus o grande devemos toda honra e toda glória amém
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