PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Imaculada, festa da humanidade

Imaculada, festa da humanidade

O povo católico está em festa com a Imaculada Conceição da Virgem Maria. Mas, todos os cristãos deviam estar em festa, se entendessem bem o significado dessa comemoração. E não somente os cristãos. Todos os homens e mulheres. E por uma razão que escapa à maioria das pessoas: estamos festejando a vitória da humanidade sobre o pecado. A vitória da humanidade redimida por Cristo. Vou ver se consigo me explicar.


A humanidade simbolicamente começou com os nossos primeiros pais. Na Bíblia, o início de todos os homens e mulheres na terra está representado por Adão e Eva. Eles foram criados por Deus. Viviam em completa harmonia com o Criador. Completavam-se um ao outro, em sintonia perfeita. Conviviam respeitosamente com toda a natureza criada. Mas, os seres humanos não corresponderam à graça de Deus: escolheram outro caminho que não era o da vontade de Deus. A desobediência está representada em ceder à tentação do diabo (a serpente) e comer o fruto da única árvore que Deus tinha recomendado que não provassem. O pecado dos nossos primeiros pais foi um gesto de liberdade: a humanidade nas suas origens decidiu contra Deus.

As consequências do pecado dos nossos primeiros pais foram desastrosas. Eles romperam a harmonia que havia com o Criador, desmantelaram a boa convivência e a sintonia que existiam entre homem e mulher e entre seres humanos e o mundo circundante. Por isso, Paulo explicou que o salário do pecado é a morte. O pecado desorganizou a felicidade e trouxe desgraça para homens, mulheres e a natureza. Isto é o pecado original. O pecado dos nossos primeiros pais. A condição de toda a humanidade. Quando nascemos, herdamos, como membros da humanidade, essa condição de distância de Deus, de rompimento com o Criador. Nascemos todos com o pecado original.

A obra de Jesus foi vencer o pecado. Resolver essa situação. Por sua morte e ressurreição, Jesus reverteu esse quadro. Restabeleceu a antiga unidade e comunhão entre a humanidade e seu Criador. Apagou o pecado do mundo. Nele, homens e mulheres podem renascer livres e em completa união com Deus. Ele é o novo Adão, pelo qual entrou a graça e a vida no mundo. Pelo antigo Adão, era o pecado e a morte que tinham entrado. Jesus restaurou a obra da criação que fora desfigurada pelos primeiros humanos.

E como é que Maria entra nessa história? É que ela é a primeira na humanidade a ser beneficiada pela obra salvadora de Jesus. Em previsão dos méritos de Jesus, de sua morte redentora, o Pai a preservou do pecado original. Pelos merecimentos da morte e ressurreição de Jesus, Deus antecipou para ela a graça de já nascer na comunhão perfeita com o Criador. Não herdou como nós a condição humana de afastamento e inimizade com Deus. Maria nasceu sem separação do amor de Deus. Essa foi a obra de Jesus: nos reconciliar com Deus. Nós nascemos com o pecado original. Mas, pelo batismo, ele é apagado. Passamos a viver a nova condição de criaturas e filhos em comunhão com o Criador. É por isso que a Igreja batiza as crianças. Elas também são herdeiras da condição de pecado que vem dos nossos primeiros pais, isto é, de nossa solidariedade com a humanidade. Para Maria, essa graça foi antecipada. Foi gerada sem o pecado original. Foi preparada assim para ser a mãe do Verbo encarnado.

Maria é a representante da humanidade redimida por Cristo. É por isso que a festa da Imaculada Conceição não pode ser festa só dos católicos. É festa de todos os cristãos, de toda a humanidade. É a festa da vitória da humanidade redimida por Cristo.

Pe. João Carlos Ribeiro

Postagem em destaque

Vocês também querem ir embora?

20 de abril de 2024 Sábado da 3ª Semana da Páscoa    Evangelho   Jo 6,60-69 Naquele tempo, 60muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram...

POSTAGENS MAIS VISTAS