Sobre sua responsabilidade na manutenção da Casa do Senhor... Não se assuste. Vamos conversar sobre sua responsabilidade financeira na Igreja. As igrejas convencionaram organizar essa participação no chamado "dízimo" e nas ofertas. Dízimo não é necessariamente décimo. É oferecimento de algo representativo dos seus ganhos, de sua colheita, de sua safra. As ofertas são as contribuições espontâneas e pontuais durante as celebrações.
As ofertas recolhidas durante o culto ou a Missa não são o dízimo. Elas visam cobrir despesas imediatas daquela celebração. Dízimo tem a ver com seus ganhos, sua pensão, seu salário. É, em primeiro lugar, uma forma de reconhecimento de sua dependência de Deus, de sua gratidão pelo que o Senhor lhe concede. E é um profundo gesto de humildade reconhecer que o que conquistamos, o que colhemos não é só empenho nosso. É fruto em primeiro lugar da generosidade e da providência de Deus. Passa também, é claro, pelo nosso esforço e pelo nosso trabalho. Mas, a vida, a saúde, a criatividade, as oportunidades, o sonho tudo está conectado com a fonte que é Deus. Oferecer o dízimo dos seus ganhos é, em primeiro lugar, reconhecer a intervenção do Criador em sua vida, um gesto de louvor e gratidão a Deus.
Na missa, no momento da apresentação das oferendas, o padre oferece pão e vinho em nome da comunidade, "fruto da terra e do trabalho humano". Os produtos que vêm do trigo e da videira representam tudo o que nossas mãos plantam, confeccionam, constroem, produzem. O fruto do trabalho é algo sagrado e na missa é apresentado a Deus nas oferendas de pão e de vinho. Estes elementos serão depois presença real do Cristo vivo, alimento para vida eterna na mesa da comunhão.
Dízimo é, então, em primeiro lugar uma ação de graças a Deus, um reconhecimento por tudo que ele lhe concede, como pai providente e bom. É também um sinal de comunhão e responsabilidade com a sua comunidade, com a Igreja. Veja o exemplo do filho que arruma um emprego e passa a contribuir com a manutenção de sua família. Seria muito feio esse filho ou essa filha, depois de quase 18 anos de total dependência dos pais, conseguindo seu emprego, não passasse a colaborar com as despesas da família. Acontece o mesmo na Igreja. A comunidade sustenta o seu membro que ainda não tem renda, providenciando tudo em seu benefício, a começar pela longa e cara formação dos seus ministros, a construção e manutenção do templo que ele frequenta, o custo dos serviços de evangelização e caridade com os quais sua comunidade testemunha o amor de Cristo pelos pecadores, pelos pobres, e sofredores. Seria muito estranho que esse filho crescido e já com sua remuneração financeira continuasse usufruindo dos benefícios sem mostrar-se corresponsável e solidário com a manutenção e a missão da Igreja.
O dízimo, que não é necessariamente o décimo, é um sinal de sua pertença e de sua corresponsabilidade na Igreja. E se você ainda não está devidamente integrado como um membro participante, antes de oferecer o dízimo, precisa converter-se a uma participação amorosa e frequente de uma comunidade cristã. O dízimo é do filho que está em casa. O filho ausente, o pródigo, primeiro precisa voltar pra casa. É o seu caso?
P João Carlos Ribeiro – 19.05.2012
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