EVANGELHO
Mt 8,23-27
Naquele tempo, 23Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. 24E eis que houve uma grande tempestade no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, dormia.
25Os discípulos aproximaram-se e o acordaram, dizendo: “Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo!” 26Jesus respondeu: “Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?” Então, levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria. 27Os homens ficaram admirados e diziam: “Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?”
MEDITAÇÃO
Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo! (Mt 8, 25).
Tradicionalmente, 29 de junho é o Dia de São Pedro. Na liturgia, porém, a celebração está transferida para o próximo domingo, quando celebraremos a Solenidade de São Pedro e São Paulo.
"Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo". Foi este o pedido de socorro dos discípulos a Jesus que estava dormindo, na barca. Estavam no meio de uma grande tempestade, a barca estava sendo coberta pelas ondas. E em meio a esta preocupante situação, Jesus dormia, calmamente. Eles o acordaram aos gritos: “Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo”.
Jesus acordou, certamente sem muita pressa. E lhes fez uma pergunta muita séria: “Por que vocês estão com tanto medo, gente fraca na fé?”. Levantou-se e repreendeu os ventos e o mar, e estes se acalmaram. O medo é a reação de quem se sente acuado, sem saída. O medo é a resposta de quem não tem fé ou de quem tem uma fé muito fraca.
Podemos nos perguntar, por que Jesus estava dormindo àquela hora, na barca, em pleno mar revolto? Bom, talvez estivesse cansado. É que a sua vida era uma loucura. Está escrito no Evangelho que ele nem tinha tempo para comer, tantas eram as pessoas que o procuravam. E, além da atenção permanente às pessoas, havia os longos deslocamentos a pé, o cuidado permanente com a formação dos discípulos, as noites de oração... tudo isso contribuía para o seu cansaço. Possivelmente, o seu sono era de cansaço.
Mas, há outra coisa que podemos considerar também. Quem dorme assim na barca, ou no avião ou no carro, dorme tranquilo se tiver confiança em quem está na direção, o motorista, o piloto, não é verdade? Jesus dormiu tranquilo porque estava cansado e também porque confiava na experiência dos seus discípulos pescadores. Confiava nos discípulos. E, claro, depositava sua confiança no Pai. Se confiamos em Deus, não vivemos asustados, como se estivéssemos largados, sem referência, abandonados a nós mesmos.
Agora, cansaço é uma coisa. Estresse é outra. Quem está apreensivo, estressado, preocupado, dorme bem? O que acha? Não dorme. O estressado pode perder o sono, ou adormecendo, dorme um sono agitado pelos sonhos que se cruzam com suas preocupações, chegando até a ter pesadelo... e já acorda agitado, nervoso, irritado. Quem está estressado, descansa um pouco, mas o seu sono não é tranquilo, não é repousante.
O sono de Jesus, na barca, estava tranquilo ou agitado? Pela chamada de atenção aos discípulos, podemos deduzir que ele estava tranquilo, sereno. ‘Por que vocês estão com tanto medo?”. Agitados estavam os discípulos, coitados, esbaforidos com a tempestade agitando a barca. Para eles, estavam de cara com a morte, podendo naufragar a qualquer momento.
O mar agitado é uma imagem das crises que se abatem em nossa vida: as crises no casamento, a enfermidade, a situação gerada pelo desemprego, os problemas internos da comunidade, do país, a pandemia... Tem sempre uma tempestade no mar. O que muda é como nós as enfrentamos: com sinais de desespero ou com serenidade? O clamor amedrontado dos discípulos despertou Jesus. O medo é o contrário da confiança. Pedir é correto. Mas, pedir porque confia, porque se está seguro que Deus nos ampara em todas as nossas tribulações. Mas, nunca como expressão de desespero, de desconfiança que estamos perdidos, que vamos naufragar. Deus está em nosso barco, não vamos naufragar. A fé nos dá serenidade em nossas crises. Faz-nos estar calmos no meio da tempestade, embora buscando saída, procurando solução, trabalhando para resolver os problemas que nos afligem. Mas, movidos pela fé, confortados pela convicção profunda que Deus está conosco, que ele não nos abandona, que é ele a nossa segurança.
Guardando a mensagem
O mar estava revolto. Os discípulos estavam agitados. Bateu o desespero. Gritaram, acordaram o Mestre que estava na barca. “Estamos perecendo, salva-nos!”. Jesus pediu calma, serenidade. Essa é atitude de quem tem fé. Ele mesmo estava dormindo um sono tranquilo, cansado, mas confiante na liderança dos seus discípulos. A serenidade nasce da confiança em Deus, em si mesmo e nos outros. A serenidade é o brilho da fé. Se você estiver vivendo uma tempestade, veja se Jesus está no seu barco, peça a ajuda dele. Não se desespere, não morra de medo. Enfrente serenamente a tempestade, com fé, com confiança. Ela vai passar.
Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo! (Mt 8, 25).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
São tantas as tempestades em nossa vida pessoal, em nossa familia, em nossa vida profissional. Agora mesmo, estamos no meio de uma grande turbulência, esta pandemia. Senhor, como cristãos, renascidos na tua morte e na tua ressurreição, estamos confiantes que a vida, o amor, a fraternidade, a justiça terão a última palavra; que a tua ressurreição entrou para a história humana como superação de todas as crises, sinal da vitória sobre o mal. Por isso, o nosso olhar é um olhar transfigurado pela fé e pela esperança. A todos, chegue, Senhor, a tua palavra e a tua presença que acalmam os ventos fortes e o mar bravio. Seja o teu santo nome bendito, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
No meio dos problemas que você talvez esteja vivendo, faça um ato de confiança no Senhor Jesus, Deus conosco, e nas pessoas que estão à sua volta. Muita gente merece sua confiança. Você pode contar com elas também .
Um convite. Podendo, me acompanhe hoje na Rede Vida, às 11 horas, no programa Escolhas da Vida, apresentado pelo meu amigo Dalcides Biscalquin.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb